O drama dos cartões
Muitas pessoas têm vários cartões de diversas marcas na carteira, mas não os usam. Esquecem-se deles e não identificam as vantagens de utilização. “Na maioria dos casos estes cartões são […]
Maria João Lima
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Muitas pessoas têm vários cartões de diversas marcas na carteira, mas não os usam. Esquecem-se deles e não identificam as vantagens de utilização. “Na maioria dos casos estes cartões são simplesmente um comoditie, não trazem mais valia”, comenta Victor Vasques. A perspectiva de valor acrescentado, depois não é devidamente explorada no sentido de criar uma relação. Não é gerido dessa forma, na maioria dos casos. “Normalmente é apenas a disponibilização de bens e serviços que são disponibilizados através de pontos que são conseguidos através do consumo”, refere o responsável da Grey. A questão segundo este responsável é que há earning systems (utiliza-se o cartão e carregam-se pontos), mas os burning systems que existem não são geridos numa perspectiva do consumidor poder utilizar, não são cruzados em termos do perfil do consumidor, explica. E acrescenta que há momentos na vida que são fáceis de monitorizar. Há nas ofertas destes programas muitas coisas que poderão ser relevantes nesses momentos. Bastava nesses momentos lembrar. E Victor Vasques dá um exemplo de quando as crianças vão para a escola. A marca podia lembrar que em vez de ir ao supermercado, o pai/mãe podia ir ao catálogo e gastar os pontos do seu cartão levando a mochila, cadernos, etc. “Se calhar se fizessem isso ia pensar que estavam a lembrar-se de si e que ainda ia levar uma coisa “à borla”. Mas isto custa dinheiro”, refere.Na opinião de Mário Rui Silva, os cartões perderam valor por haver tantos, de tantas empresas e serviços. “A intenção é boa quando se pretende fidelizar, quando se lança um clube, um agregado de pessoas com o mesmo tipo de interesse. Mas depois tem que se ter uma gestão eficaz dessa base de dados, activa, que vá criando motivos de interesse para que a pessoa vá usando o cartão”, comenta.
“Os programas de fidelização têm sobre si muitas vezes vantagens a que as pessoas não dão valor. Quando se constrói um programa de fidelização tem que se ter em atenção as parcerias, os benefícios”, alerta Nuno Antunes. É que há dois tipos de benefícios: os racionais e os emocionais. Os programas de fidelização normalmente têm muitos benefícios racionais que passam por descontos e acumulação de pontos. E esquecem-se dos benefícios emocionais. “O que acontece é que no dia em que uma marca deixar de oferecer descontos ou promoções, ou seja deixar de basear a sua oferta em benefícios racionais, as pessoas vão-se embora porque deixam de ter o engodo racional. E como não têm elo emocional vão-se embora”, comenta Nuno Antunes. Com esse tipo de promoções as pessoas não são fieis à marca, mas sim às promoções da marca. “O que é uma coisa completamente diferente”, assegura o responsável da Proximity.
Ricardo Lamy é da mesma opinião: “O problema de muitos programas actuais é que se ficam na fase de cartão/pontos/prémios ou descontos e este não é o ponto mais importante se tivermos em conta o estabelecimento de uma relação tendente a fidelizar um cliente.”
Mas também há marcas que exploram o lado dos benefícios emocionais. Exemplo disso é a Optimus, com o Experimenta. “A questão do Experimenta apesar de ter descontos e benefícios racionais pega mais pelo lado emocional. Consegue uma relação tanto maior quanto a aposta no emocional”, explica Nuno Antunes. E dá o exemplo da Nike que não anda a oferecer descontos, mas as pessoas têm uma relação emocional com ela. Com a Mimosa a Proximity lançou o Clube Mamãs e Pré-mamãs. “Há um elo emocional muito forte das mães com os filhos. E o que se oferece são babetes com o nome da criança, ou álbuns para a fotos. Mais vale fazer este tipo de ofertas emocionais do que outras mais racionais”, explica.
E Ricardo Lamy acrescenta que se olharmos para o mercado internacional de programas de fidelização, por exemplo, através do Loyalty Monitor (estudo de marketing relacional/fidelização que se realiza em Espanha e que compara as realidades de vários mercados) vemos que nos Estados Unidos, em média, cada pessoa participa em 3,32 programas de fidelização, estando já instituído o conceito de 'Wallet Share'. O 'Wallet Share' é a quota de cartões de fidelização que cada pessoa traz na sua carteira, ou seja, aqueles que mais valoriza e utiliza. “Estamos neste momento a estudar com a PSM a viabilidade de iniciar o Loyalty Monitor em Portugal já a partir de 2008”, diz Ricardo Lamy.