«Estamos cegos para o futuro e ele está mesmo à nossa frente»
Por, João Paulo MenesesEm várias partes do mundo, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, há diversas pessoas a pensar o futuro da rádio – seguindo vários caminhos, das universidades […]

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Por, João Paulo MenesesEm várias partes do mundo, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa, há diversas pessoas a pensar o futuro da rádio – seguindo vários caminhos, das universidades à propriedade, passando pelo marketing. Neste contexto gostava de partilhar com os leitores desta crónica um nome que é, do meu ponto de vista, a pessoa que mais publicamente manifesta preocupações com as quais me identifico. Chama-se Mark Ramsey, é proprietário de uma empresa de consultoria de marketing chamada Mercury Radio Research e escreve regularmente num blogue com o sugestivo nome de «hear2.0» (http://www.hear2.com/).
Mark demonstra nos seus textos uma clarividência e uma acutilância que são raras neste negócio. Uma das máximas que tenho afixadas é dele: «Estamos cegos para o futuro e ele está mesmo à nossa frente» (do seu livro «Fresh Air», de 2005). O plural que Mark usa significa a rádio e os seus decisores e refere-se ao facto de esta continuar preocupada em comprar emissores (frequências hertzianas) em vez de adquirir ferramentas tecnológicas que serão decisivas quando a Internet se transformar numa plataforma fundamental. «Quando é que foi a última vez que ouviu falar de uma rádio que comprou alguma firma de Internet, ligada ao áudio-entertenimento ou à informação? A Yahoo ou a Google estão a fazê-lo. As empresas de telemóvel também», cito com alguma liberdade.
O livro visa a realidade dos Estados Unidos mas – penso – pode aplicar-se a Portugal. As nossas empresas continuam a sonhar com mudanças na lei da rádio que lhes permitam acumular mais frequências e continua a ouvir-se falar de milhões, na compra de alvarás nas zonas urbanas de Lisboa ou Porto.
Se há dinheiro para a concentração e para compras “hertzianas' também haveria para aquisições na área do software – se calhar mais baratas do que a realidade analógica.
Eu, se tivesse emissores, estaria preocupado com a sua desvalorização próxima e surpreende-me que, perante tantos avisos, de vários lados, se continuem a gastar esses milhões. Quantas rádios, em alternativa, têm canais de áudio associados às suas páginas, em quantas o multicasting já é uma realidade, quantas fazem da interacção com os ouvintes uma bandeira, quantas apostam em conteúdos a partir do on line?
«Estamos cegos para o futuro e ele está mesmo à nossa frente» – convoco a frase inspiradora para esta crónica porque, depois de várias vezes em que critiquei a falta de ousadia (ou melhor, de visão) dos responsáveis pela indústria radiofónica portuguesa (administradores e directores), sinto que devo dizer isto: eles são os únicos responsáveis por não abrirmos os olhos para o futuro. Os jornalistas, entendendo aqui a generalidade dos produtores de conteúdos, têm também uma grande responsabilidade neste domínio: por tradição e cultura, são conservadores e temerosos.
Mal ou bem há uma revolução tecnológica – e de mentalidades – em curso. Mas os jornalistas não fazem parte dela. Irão adoptá-la quando não tiverem alternativa, não sem antes resistirem corporativamente, e continuarão a não ser um factor de mudança.
Um exemplo, tão simbólico quanto irrefutável: há blogues em Portugal há mais de cinco anos e quantos programas/espaços e rubricas na rádio portuguesa têm associado um blogue (já para não falar de um site próprio), dinamizado diariamente, como exemplo de protagonismo da tal revolução que está mesmo à nossa frente? Meia dúzia, se calhar em toda a rádio nacional.