Jornais em queda
A chegada dos gratuitos, o menor poder de compra dos portugueses e a melhoria da informação na internet são os principais motivos apontados pelos inquiridos na 37ª Sonda para a […]

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A chegada dos gratuitos, o menor poder de compra dos portugueses e a melhoria da informação na internet são os principais motivos apontados pelos inquiridos na 37ª Sonda para a queda na circulação dos jornais generalistas verificada em 2007. A grande maioria do painel entende que tal poderá reflectir-se no investimento publicitário e que terá impacto na situação profissional dos jornalistas nas redacçõesSegundo os dados da APCT (Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação) referentes a 2007, os jornais generalistas – diários e semanários – foram os que registaram, de uma forma geral, a maior queda na média de circulação paga em Portugal
A queda de vendas nos jornais generalistas, diários e semanários, deve-se principalmente a (escolha apenas uma opção):
Menor poder de compra dos portugueses – 26%
Chegada dos gratuitos a Portugal – 33%
Qualidade das publicações em causa – 8%
Melhoria da informação na internet – 24%
Outra – 6%
Não sabe/Não responde – 3%
A queda registada nestes dois segmentos pode ter reflexos negativos em 2008 ao nível do investimento publicitário (neste dois segmentos)?
Sim – 90%
Não – 10%
A queda registada pode agravar a situação profissional de alguns jornalistas?
Sim, pode agravar as situações salariais – 5%
Sim, pode aumentar as rescisões – 49%
Sim – 43%
Não, uma vez que é uma queda ligeira – 3%
Não, uma vez que o sector deve recuperar este ano – 0%
Não – 0%
Luís Pimenta*
A quebra generalizada do volume de circulação paga no universo dos diários e semanários generalistas acaba por acontecer numa proporção inversa à do crescimento do número de jornais gratuitos, assim como do seu enorme sucesso no mercado português.” É desta forma que Luís Pimenta, director do jornal Metro, olha para os resultados da 37ª edição da “Sonda – Central de Informação / Meios & Publicidade”. Na sua opinião, a tendência da sociedade portuguesa de querer aceder gratuitamente à informação abrange toda a comunicação social. Recordando que a ideia de informação grátis tem, pelo menos, uma década, Luís Pimenta refere que as estratégias que foram sendo desenhadas tinham como meta combater a internet e os clássicos meios audiovisuais, que apostam na informação para captar publicidade.
Assim, analisa, a queda dos “pagos” face aos “gratuitos” deve-se, em primeiro lugar, à maior eficácia da distribuição destes últimos, “isto é, vão ter com o seu público-alvo”. O que significa a satisfação dos investidores do produto. “Ou seja, este “triunfo da distribuição” proporciona o conforto para o leitor – que não tem de alterar a sua rotina para ter acesso ao jornal – e uma poderosa arma de mercado para os anunciantes”, adianta.
Luís Pimenta defende que os jornais gratuitos em Portugal “têm apostado na qualidade editorial, conscientes de que essa é a única via para fortalecer a marca”. Num universo cada vez mais “multiplataforma”, o caminho com futuro é o “jornalismo de marcas”. Partindo do exemplo de uma busca no Google por uma determinada notícia, o director do Metro defende que a escolha recai “naquela que for fornecida pela fonte mais credível. Pela marca que merece mais confiança”.
Actualmente com 28 milhões de leitores em todo o mundo, o Metro escolheu 2008 como “o ano do produto”, ou seja, “o ano em que todas as apostas estratégicas se dirigem, em todos os países, para o fortalecimento do jornal enquanto produto editorial”. Estas soluções aqui apontadas, a inovação e a enorme teia de distribuição fazem, assim, com que os investidores se dirijam para o segmento de mercado dos gratuitos. “Neste aspecto, os resultados da Sonda são claramente indicadores de que o mercado já o percebeu”, disse.
Mário Barros / Central de Informação
Gisa Martinho*
A divisão dos inquiridos na resposta à primeira pergunta da 37ª Sonda é partilhada por Gisa Martinho, chefe de redacção do Semanário Económico, destacando que os vários factores estão “todos interligados”. A partir do momento em que há um “menor poder de compra por parte dos portugueses, é natural que substituam a compra de jornais pelos jornais gratuitos e, ao mesmo tempo, que haja uma transferência de públicos para a internet”, refere a responsável. No entanto, Gisa Martinho acredita que esta realidade é “temporária”, pois entende que quando se der uma “retoma do poder de compra”, os jornais generalistas pagos vão regressar às prioridades dos portugueses, tendo em conta que “tratam os assuntos de forma mais aprofundada”.
A grande maioria dos inquiridos parece não ter dúvidas de que a queda pode ter reflexos negativos ao nível do investimento publicitário, posição secundada por Gisa Martinho. “A quebra no investimento publicitário está relacionada com a crise económica, pelo que todos os jornais se ressentem”, entende a chefe de redacção do Semanário Económico.
Quanto à última questão, referente ao emprego na área do jornalismo, Gisa Martinho concorda com a maioria do painel inquirido, admitindo que a actual situação “pode aumentar o número de rescisões”. Situação que a responsável atribui ao “abrandamento da economia” e ainda ao facto dos “media estarem a atravessar um período de reorganização”, motivado nomeadamente com a explosão das plataformas digitais. Esta é, ainda assim, uma tendência comparável a outra área qualquer, uma vez que “quando o crescimento abranda o emprego é sempre dos primeiros a ser cortado”. Apesar disso, a chefe de redacção não acredita que esse cenário se agrave em relação “ao que tem acontecido nos últimos anos”.
Maria João Morais / Meios&Publicidade