O fim do ‘Não tocar’
Lifetime, YDreams e Edigma.com são três das empresas que têm desenvolvido soluções tecnológicas inovadoras para museus e exposições. O projecto interactivo mais recentemente inaugurado está no Museu de História Natural […]
Maria João Lima
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Lifetime, YDreams e Edigma.com são três das empresas que têm desenvolvido soluções tecnológicas inovadoras para museus e exposições. O projecto interactivo mais recentemente inaugurado está no Museu de História Natural de Sintra (MHNS) e foi implementado pela Lifetime em parceria com a Euro M. Tiago Andrade, executive director da Lifetime, empresa que tem mais dois projectos em desenvolvimento para museus, garante que todas as soluções têm como base o princípio da interactividade. “É fundamental para a captação de novos públicos e audiências que as ferramentas de exposição contenham soluções inovadoras e apelativas e que proporcionem uma experiência diferente e inesquecível”. E acrescenta que as gerações mais novas estão ligadas às novas tecnologias, com elevado grau de curiosidade e capacidade de experimentação.
Abílio Dias, marketing manager assistant da Edigma.com, sublinha por seu lado que o recurso à interactividade é uma das armas que os museus estão a usar no processo de reaproximação com o público e modernização dos conteúdos.
Através da utilização de ecrãs e chãos interactivos, a quantidade de informação disponível é superior e permite que o visitante seleccione apenas os conteúdos que tem interesse em visualizar, refere. As novas tecnologias, como a interacção através do toque, permitem aos visitantes dos museus sentirem-se mais perto do conhecimento. E Abílio Dias acrescenta: “Quebrou-se a barreira do ‘do not touch’ dos antigos museus, para o ‘please touch’. Para as pessoas, ver não chega, é preciso tocar para saber mais e melhor.” Segundo este profissional, isto torna os visitantes mais pró-activos na busca da informação. Deixa de haver a informação a ser “ditada” por guias ou outro meio e passa a haver pessoas a dirigirem-se a uma mesa e a extraírem dela a informação que pretendem, não o que lhes é imposto. “Isto leva a que as pessoas se interessem mais na visita e, no limite, leva a que se encantem e absorvam melhor tudo aquilo que visualizam”, assegura.
No que respeita aos mais novos, as tecnologias inovadoras fazem-nos vibrar com a experimentação, especialmente as crianças que possuem uma atracção muito forte pela interactividade.
E a verdade é que o feedback dos clientes tem sido positivo até porque os visitantes dos museus passam também essa reacção. “Basta olhar atentamente para as pessoas que visitam os museus onde instalamos soluções interactivas para reparar que estão bastante agradadas com aquilo que os museus lhes proporcionam”, comenta Abílio Dias.
Karina Israel, directora executiva da YDreams Life, área de projectos da empresa, explica que os métodos tradicionais são hoje inadequados na comunicação e relação com as camadas mais novas da população. Conhecida como geração Y, os seus integrantes pretendem satisfação imediata dos seus pedidos e sonhos, são muito exigentes, querem com rapidez, cultivam a liberdade de expressão, pretendem uma comunicação bidireccional, valorizam muito a experiência e a co-criação como requisitos mínimos para uma relação, expressam-se de formas criativas e inovadoras, descreve Karina Israel. Daí que as novas tecnologias consistam numa ferramenta essencial para estabelecer uma conexão com este novo visitante. “A sua aplicação em contextos como museus e centros de interpretação é determinante para que a visita a estes espaços se transforme numa experiência memorável de aprendizagem e entretenimento, que se dá essencialmente pela participação activa dos visitantes na exploração dos conteúdos do museu”, defende. E acrescenta que na YDreams acreditam que esta transformação dos espaços museológicos e a concepção de narrativas interactivas através da conjugação de design e soluções tecnológicas, é essencial para proporcionar uma experiência dinâmica, divertida e ao mesmo tempo didáctica.
O trabalho nestes espaços não se trata de tecnologia e sim de estilo de vida. Karina Israel explica: “Quando estamos a introduzir novos modelos de interacção ou de acesso a informação, transferimos lógicas habituais de funcionamento da vida real como televisão, internet, iPods ou mobile phones, para o ambiente museológico, utilizando tecnologias de computação ubíqua, realidade aumentada e interacção humana natural com o computador que nos conduzem a criação de ambientes experienciais.”
Daí que defenda que é fundamental perceber como os conteúdos podem ser valorizados e adaptados para que a sua comunicação aos visitantes seja feita de uma forma divertida e memorável. “Há que aliar a tecnologia à criatividade e ao design para criar ambientes interactivos que surpreendam, cativem e divirtam os visitantes. Se estes factores estiverem presentes, é muito mais provável que o visitante recomende o espaço a outro, e regresse para repetir a experiência”, resume.
Os mais pedidos
Soluções inovadoras é a expressão de ordem nos pedidos dos museus às empresas fornecedores na área tecnológica.
E nesse âmbito incluem-se, no caso da Lifetime, hologramas de grande dimensão que consigam transmitir conteúdos em alta definição e ao mesmo tempo proporcionar experiências inesquecíveis. É que, explica Tiago Andrade, existe uma nova filosofia nas direcções dos museus. “Se virmos em perspectiva, percebemos que Lisboa e Porto são cidades que retêm os seus visitantes durante dois ou três dias no máximo. Se ao mesmo tempo virmos a quantidade de potenciais visitas que estes turistas podem realizar, vemos que qualquer museu compete com várias atracções.”
Daí que se conclua que vivemos num mercado competitivo em que a qualidade das colecções e conteúdos científicos já não bastam para atrair público. Ou seja, há que usar os instrumentos de comunicação tecnológicos que consigam responder às necessidades dos clientes (museus) e ao mesmo tempo possibilitar uma interacção e experimentação fácil aos seus visitantes. “Actualmente implementamos soluções como hologramas em 360º, living wall, living floor, ecrãs interactivos, realidade aumentada e globo 4D (globo com quatro pontos de interacção simultâneos)”, resume Tiago Andrade.
Entre as soluções apresentadas a Edigma.com dispõe da displax interactive systems que lhes permite oferecer:
“galerias de sensações”, túneis de conteúdos de som e vídeo, capazes de transportar o visitante para ambientes que recriam, por exemplo, o ecossistema de uma região, mesas e chãos interactivos, videowalls e montras interactivas. A par de tudo isso a empresa desenvolve tecnologias e soluções à medida com a sua equipa de research. Museu Marítimo de Ílhavo, Museu da Reciclagem em Oviedo, Museu da Ciência em Coimbra, Museu da Telefónica em Madrid e o Ecomuseu de Barroso são alguns dos projectos com assinatura Edigma.com no que toca à implementação de tecnologias interactivas. E neste momento estão já na calha dois novos projectos em Portugal e outros dois em Espanha, que serão inaugurados no próximo trimestre.
Atrasos em Portugal?
Ainda um longo percurso para atingirmos a dimensão e disponibilização de novas tecnologias de alguns dos maiores museus mundiais. Quem o diz é Tiago Andrade que, no entanto, justifica que, como em qualquer projecto, são necessários investimentos avultados e na maioria das vezes não existe essa capacidade nas estruturas museológicas nacionais.
O responsável da Edigma.com acredita que Portugal está agora a descobrir no que a interactividade pode resultar quando relacionada com o conhecimento e transmissão de informação em museus. “Temos todas as condições para colocar os museus portugueses ao nível do que melhor se faz por esse mundo fora na área da interactividade”, acredita Abílio Dias.
Já Karina Israel, da YDreams Life, defende que Portugal “não está atrasado de forma alguma, muito pelo contrário”. E explica: “Em diversas áreas do país já se podem encontrar exemplos de museus interactivos que não deixam nada a desejar se comparados aos vizinhos da Europa, nem dos EUA. Temos excelentes exemplos de municípios inovadores como Sines, Belmonte, Castelo Branco, ou Bragança.” Na perspectiva desta profissional, o desafio em Portugal passa por tornar a utilização da tecnologia nos museus e espaços culturais em algo comum e frequente. A YDreams está actualmente a desenvolver dois projectos, um para o Museu do Quartzo em Viseu (com inauguração prevista para Novembro) e o futuro Centro Interpretativo da Biscaia no País Basco, a inaugurar no final deste ano. Do seu portfólio fazem parte trabalhos como o Centro de Ciência Viva de Bragança, Centro Interpretativo de Belmonte – À Descoberta do Novo Mundo, Casa Vasco da Gama – Museu de Sines, Centro de Interpretação Ambiental de Castelo Branco, Sistema de audio-guias ao ar-livre para a aldeia histórica de Monsanto, Exposição Monstros Marinhos para o Oceanário de Lisboa e o EGF Roadshow ‘Resíduos em Movimento – Uma Viagem Virtual’.
Karina Israel confidencia que os clientes procuram a YDreams com o objectivo de criar espaços museológicos únicos e diferenciados da oferta existente, que constituam um factor de atracção de visitantes e contribuam para o desenvolvimento local. “O espaço deve ser acessível, relevante, intuitivo e envolvente; deve transmitir conteúdos educacionais e informativos de maneira natural e divertida. Procuram um parceiro capaz de conceber, desenvolver e implementar um espaço que atraia visitantes, que se torne uma referência para a localidade, para o país, e em alguns casos, que coloque aquele museu no mapa mundial”, define a responsável da empresa liderada por António Câmara.
E o feedback dos museus com que têm trabalhado é positivo. “O que os nossos clientes nos transmitem é que as visitas aumentam significativamente e que os visitantes elogiam o próprio museu pela forma como apresenta a informação”, diz. E do lado da YDreams estão a utilizar uma plataforma de estatísticas que permite avaliar o desempenho, contabilizando não só o número que visitantes que as utilizam, como também avaliar, por exemplo, a qualidade dessa utilização.
Agora resta-nos esperar e estar atentos para ver as novidades que estas e outras empresas nos vão trazer no futuro dos museus na área tecnológica nas próximas inaugurações.