‘Mais do que lançar títulos, queremos explorar as marcas que temos’
No próximo dia 29 a Blitz dá o passo para a plataforma televisão com um magazine na SIC Notícias. Em entrevista ao M&P,
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No próximo dia 29 a Blitz dá o passo para a plataforma televisão com um magazine na SIC Notícias. Em entrevista ao M&P, Miguel Cadete, director da revista de música, dá conta dos projectos para a marca Blitz, que recentemente lançou a MyBlitz para o segmento teen, e faz o balanço dos títulos do núcleo de revistas masculinas da Impresa Publishing, que dirige desde 2008. O regresso ao segmento das masculinas, área que o grupo abandonou este ano com o fim da FHM, parece estar afastado. “Não tenho uma bola de cristal, mas como as coisas estão penso que vai ser difícil”, admite o responsável.
Meios & Publicidade (M&P): O grupo encerrou no ano passado os títulos infanto-juvenis, com excepção da Visão Júnior, argumentando que as crianças tinham mais oferta em termos de conteúdos e que os títulos tinham de ser repensados. A MyBlitz dirige-se a um segmento teen, entre os 12-17 anos, porquê esta aposta?
Miguel Cadete (MC): Esta aposta não foi pensada para ter uma publicação para o segmento teen, surge da ideia de explorar a marca Blitz em todas as vertentes possíveis e são muitas. Quando pensamos na Blitz, Exame Informática ou AutoSport, não pensamos numa revista em papel, mas como marca que existe na forma de revista, de um website e agora em rádio, com um programa que já chega a quase 30 estações locais. O cerne não são as revistas infanto-juvenis mas sim a marca Blitz e o que posso fazer por essa marca. Estou certo de que posso fazer muitas coisas porque a marca provou ao longo dos anos que é robusta, tem elasticidade. Mudámos de um jornal semanal para uma revista mensal e, apesar de alguma turbulência existente, os resultados foram fantásticos. A marca aguentou isso muito bem e até triplicou a venda de cada um dos seus exemplares. Lançámos um site que é líder em informação musical e dos mais bem sucedidos de uma marca de informação em Portugal. A Myblitz é apenas mais uma representação da marca Blitz que acontece em papel.
M&P: A MyBlitz, pelos temas, entra nas revistas juvenis já no mercado, como a Bravo, líder de segmento. A revista tem argumentos para disputar a liderança?
MC: Não consigo fazer futurologia, muito menos na actual situação do mercado de publicações, e de revistas em particular. Mas não fizemos esta revista nem para entrar no mercado infanto-juvenil, nem para combater a Bravo ou a 100% Jovem, fizemos para responder a uma necessidade de preencher espaço da marca Blitz. Apesar desta revista ter muitos pontos de contacto com a Bravo ou com essas revistas, não sei se nessas revistas aparecem artigos a defender os direitos dos animais, por exemplo. Temos elementos distintivos muito próprios.
M&P: Essa diferenciação de conteúdos será suficiente para contrabalançar a periodicidade não regular? Já afirmou que a MyBlitz vai para a banca quando os conteúdos o justificarem.
MC: Nesta fase inicial de lançamento a revista terá uma periodicidade irregular e responderá aos acontecimentos e coisas importantes. Não me importava nada de poder fazer uma revista diária MyBlitz, mas o Expresso também não sai todos os dias. Já temos previstas mais duas edições no futuro próximo, não posso ainda dizer quando.
M&P: Na rádio diz já ter acordo com cerca de 30 estações…
M&P: Tivemos esses pedidos. Na próxima Blitz vamos apresentar 22 rádios e, entretanto, já aderiram mais ainda. O objectivo é estar presente em todas as que quiserem estar connosco. Lançámos um repto na revista a dizer ‘se quiser passar o nosso programa contacte-nos’ e isso tem acontecido.
M&P: Porque é que acha que as rádios locais têm reagido mais positivamente do que as nacionais? O grupo tem boas relações com a R/com…
MC: Não contactámos especificamente as rádios nacionais, mas não tenho nada contra, pelo contrário. Agora, sentimos que era bastante mais fácil para as rádios locais retransmitirem um programa como este, porque imagino que as nacionais tenham grelhas mais fixas, mais rígidas. Mas a nossa ideia inicial era espalharmo-nos pelo país inteiro.
M&P: Este programa não tem custos para as estações? O que a marca ganha com esta iniciativa? Notoriedade?
MC: Não tem nenhuns [custos para as estações]. Posso desenvolver um modelo de publicidade no programa, mas ainda não [estamos a desenvolver esse modelo].
M&P: Com uma partilha de receita com as estações?
MC: Não vejo porquê, já lhes estou a dar o conteúdo de forma gratuita.
M&P: A televisão é o passo que se segue? Tendo o grupo televisão imagino que a passagem para essa plataforma seja mais simples.
MC: É um sonho antigo. No dia 29 de Maio estreia o primeiro programa da Blitz TV, magazine de actualidade musical na SIC Notícias. É um programa que pretende impor a Blitz como marca de informação musical e que, durante 15 a 20 minutos, deixa o espectador da SIC Notícias a perceber tudo o que se passa no universo da música. A SubFilmes irá produzir este programa sob a minha direcção editorial, não temos apresentador nesta primeira fase.
M&P: Quais são as expectativas para esse programa?
MC: Penso que vai ser bem sucedido. Não há muitos programas de música em Portugal, as televisões são um bocadinho alérgicas à música, se calhar com razão, mas é um programa muito rápido, nada maçador e que pretende deixar as pessoas a par do que de mais interessante está a acontecer no universo da música.
M&P: Olhando para o núcleo de revistas que dirige, depois da Exame Informática e da Blitz terem um programas de televisão, a Volante é a que se segue?
MC: Eventualmente. Faz tudo parte da mesma estratégia de explorar as marcas que são credíveis e que têm histórico. O AutoSport, por exemplo, tem 32 anos, a Exame Informática comemora no próximo número 15 anos, a Blitz tem 25 anos. São marcas que consolidaram uma reputação e credibilidade, são líderes todas elas de mercado, o que permite invadir outras plataformas.
M&P: A entrada da Volante nessa plataforma tem uma data?
MC: Não há datas. Até porque estas coisas… Se fosse por mim era já amanhã. Posso querer casar-me amanhã e não acontece. São muitos casamentos e muitos namoros.
M&P: O facto de a Turbo, título que alienaram, ter um programa na SIC Notícias é um factor de ponderação?
MC: Aí vai ter de perguntar ao director da Turbo ou ao director da SIC Notícias.
M&P: A Volante nos primeiros dois meses deste ano tinha uma média de circulação paga de 10.831 exemplares. Estes números garantem a viabilidade da revista?
MC: Com certeza. A Volante parte também do sistema de marcas mas, neste caso, de competências. Temos a AutoSport e as pessoas que fazem a revista são perfeitamente capazes de fazer a Volante, criámos uma estrutura de custos bastante ágil para a fazer. Começámos no primeiro número com 12 mil [de venda em banca], acima de todas as outras mensais de automóveis, baixámos depois um bocadinho, os números de Março voltaram a subir. É uma revista que, para quem está a começar, já tem uma implantação no mercado assinalável. O caminho faz-se caminhando e não estamos nada desapontados com os resultados da Volante, que têm sido bons.
M&P: Em Março entraram com esta revista no segmento dos usados. Foi uma forma de captar uma fatia dos leitores do Guia do Automóvel?
MC: A Volante, ao contrário de outras no mercado, não é uma revista de carros aspiracionais, nem se dirige aos ‘maluquinhos’ dos automóveis. É uma revista que quer prestar serviço a quem deseja comprar automóvel, sejam homens, mulheres, mais velhos ou mais novos. É isso que distingue a Volante das outras revistas, não foi feita contra a Turbo ou o Guia do Automóvel.
M&P: A AutoSport, reformulada no ano passado, obteve no primeiro bimestre uma média de circulação paga de 16.588 exemplares, à frente da AutoFoco, com 16.075 exemplares de média de circulação. Dada a crise do sector automóvel, a revista tem margem para crescer?
MC: Enquanto o mercado estiver com tantas outras publicações, não sei se haverá espaço para um muito maior crescimento. O Auto-Sport é líder mas também se distingue das outras publicações no mercado, não só por já ter 32 anos de existência, mas por se basear muito no desporto automóvel e, aí sim, achamos que há espaço para carros mais aspiracionais, as tais ‘bombas’ que interessam aos amantes do desporto automóvel. O certo é que temos vindo a conquistar a liderança e estamos a manter, quer em audiência, quer em circulação. Temos um site mais do que líder em termos de desporto automóvel em Portugal, com índices de tráfego verdadeiramente assinaláveis, cheja aos 6 milhões de pageviews por mês.
M&P: O sector automóvel foi bastante atingido o ano passado pelas quebras de investimento publicitário. O lançamento da Volante foi justificado com a perspectiva de retoma desse investimento. Os dados actuais permitem falar de uma recuperação efectiva?
MC: Lentamente verifica-se uma recuperação. O mês de Janeiro foi muito bom, a instabilidade, até política, não será um factor de grande alento para a economia, mas registamos uma recuperação gradual, Março registou uma recuperação de 30 por cento das vendas automóveis. As nossas equipas comerciais também estão mais feitas ao produto.
M&P: Em Fevereiro encerraram a FHM invocando erosão de vendas, de investimento do segmento e da concorrência dos sites a este tipo de publicações. A saída do segmento das masculinas é para sempre?
MC: A Impresa não renovou o contrato com a Bauer que lhe permitia publicar a FHM, mas sentíamos todos também uma menor relevância desse sector e, muito provavelmente, estamos certos: a FHM inglesa está numa queda acentuadíssima e é um tipo de publicação que sofre uma concorrência desenfreada da internet, onde as pessoas podem aceder a esse tipo de conteúdos à borla, sem serem vistas e, eventualmente, com uma liberdade de escolha bastante maior.
M&P: Não vê então sinais no mercado que lhe permitam pensar eventualmente num regresso a este segmento.
MC: Não tenho uma bola de cristal, mas como as coisas estão penso que vai ser difícil. E a queda, volto a sublinhar, não é da FHM, era internacional e das outras revistas que ainda estão no mercado.
M&P: Nas TI tem a Exame Informática e a Stuff. Vão ficar por aqui neste segmento?
MC: Já não são poucos [títulos]. Mas mais do que lançar novos títulos, queremos explorar as marcas que temos. A Exame Informática é uma revista que existe há 15 anos, é mais do que líder no mercado, tem um site, também referência, e o mais visto das TI, dois programas por semana na SIC Notícias com excelentes audiências, lançámos agora a Biblioteca Exame Informática com resultados qu, se fossemos auditados para o top de livros, estávamos de certeza no top 10 ou 5 dos livros mais vendidos em Portugal. Mais do que lançar novas marcas para o mercado, estamos interessados em explorar as nossas marcas que são líderes, com grande credibilidade e que construíram uma reputação ao longo dos anos que lhes permite fazer uma série de outras coisas, algumas delas ainda por fazer.
M&P: Tais como?
MC: Não vou dizer nada de muito concreto, mas a área de eventos é uma que ainda que não exploramos convenientemente. O AutoSport tem o evento Carro do Ano, a Exame Informática os troféus que ainda estão na penumbra, mas aí não só nos prémios, mas também em eventos mais genéricos… A credibilidade que conquistamos junto dos nossos leitores pode permitir também a exploração do e-commerce no futuro, que gostava que fosse mais próximo.
M&P: Dada a temática de tecnologias equacionam a hipótese de passar as revistas exclusivamente para o digital?
MC: Nem pense nisso. A Exame Informática é editada com a edição seca, só com a revista, mas também com um DVD pejado de conteúdos, o DVD tem vendas muito fortes. São produtos muito viáveis.