José Manuel Fernandes (Observador)
“O Observador ambiciona concorrer com o líder digital, o Público”
“Não julgo que haja por parte dos leitores uma procura de informação às 18h, mesmo que seja uma informação mais digerida”, refere José Manuel Fernandes, a propósito do Expresso Diário. Em entrevista ao M&P, o publisher do Observador levanta a ponta do véu sobre o projecto.
Rui Oliveira Marques
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Dentro de uma a duas semanas deverá ser conhecida em pormenor o Observador, o novo projecto de informação digital que ficará online ainda este mês e que irá apostar no modelo gratuito. O projecto, dirigido por David Dinis, é promovido por um grupo de empresários que inclui nomes como António Carrapatoso, Alexandre Relvas, João Talone, Filipe de Botton, Luís Amaral e Carlos Moreira da Silva. Em entrevista ao M&P, José Manuel Fernandes, publisher do Observador, levanta a ponta do véu.
Meios & Publicidade (M&P): Porque optaram por lançar o Observador com um modelo de acesso totalmente gratuito?
José Manuel Fernandes (JMF): O modelo gratuito é o das rádios e das televisões, que não pedem às pessoas dinheiro. No online é preciso, neste momento, experimentar todos os modelos: os baseados exclusivamente na publicidade, os baseados em fórmulas de subscrição, os modelos com compras pontuais ou os modelos com patrocínio. Há muitas fórmulas que têm de ser testadas porque ninguém sabe qual o modelo de negócio de futuro. Num produto novo, que está a chegar ao mercado, para vingar, não é possível estar já a pedir dinheiro às pessoas.
M&P: No médio prazo pode então haver conteúdos pagos.
JMF: Sim.
M&P: Quanto estão a investir neste projecto?
JMF: São valores muito moderados. Se fosse lançado dentro de um grupo quase que não pesava nada. No meio das contas nem se reparava.
M&P: Quando pretendem atingir o break-even?
JMF: Dentro de três anos.
M&P: Em termos de acesso ao Observador, está já pensado para privilegiar os tablets e os smartphones, em detrimento do computador? O que se pode esperar?
JMF: O Observador procura ir ao encontro das pessoas, perceber quais as suas necessidades, não procura fazer jornalismo igual ao que já existe no espaço público, procura acrescentar valor indo por outros caminhos. Não é fazer mais ou menos reportagens ou ter mais ou menos artigos de opinião. É encontrar formas de tornar o nosso trabalho útil para as pessoas. Será um meio independente, atento ao momento. O facto de não estarmos dentro de um grupo também tem vantagens, não estamos condicionados por escolhas como a de publicar aquela notícia no jornal do dia seguinte, às 18h no tablet ou no imediato.
M&P: Mas o Observador nasce com um grupo de empresários por detrás, que também terão os seus interesses.
JMF: São empresários muito diferentes. É um grupo de empresários que não tem relações entre eles. Juntaram-se para tornar possível este projecto. O maior accionista [Luís Amaral, CEO da Eurocash] nem está presente em Portugal, tem interesses noutro país, na Polónia
M&P: O que acha de o Expresso Diário ficar disponível às 18h?
JMF: Percebo as opções do Expresso em função do que o Expresso é hoje. Não julgo que haja por parte dos leitores uma procura de informação às 18h, mesmo que seja uma informação mais digerida. E não creio que por haver essa oferta, haja depois uma procura. Não corresponde aos ciclos informativos, pode corresponder a outros ciclos que façam sentido dentro da estrutura actual do Expresso. Mas todos os modelos são possíveis e as pessoas têm de fazer o possível com os recursos que têm. Todos os caminhos devem ser experimentados. Não estou a dizer que esse caminho não vai dar a lado nenhum.
M&P: Há esta coincidência temporal de tanto o Expresso Diário como o Observador serem lançados em Maio. O projecto da Impresa é o vosso maior concorrente?
JMF: O líder de mercado digital é o Público, um projecto digital com ambição que surja no mercado só pode ambicionar concorrer com o líder. Se fosse um clube de futebol, não diria que queria concorrer com o Beira-Mar, mas sim com os três grandes. É nesse campeonato que queremos estar.