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SXSW 2024 Dia 3: Façam o favor de ser felizes

Acordei com um jet lag desgraçado. O humor hoje não estava num ponto alto no arranque do dia.

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SXSW 2024 Dia 3: Façam o favor de ser felizes

Acordei com um jet lag desgraçado. O humor hoje não estava num ponto alto no arranque do dia.

Sobre o autor
Miguel Moreira Rato

Ou a meio da noite, já que nem sei a que horas a pestana abriu. Mau feitio. Ainda assim, decidi dedicar o dia às tendências da cultura no trabalho. Enchi a agenda de sessões que tivessem ‘ambiente de trabalho’, ‘felicidade’, ‘Geração Z’, ‘saúde mental’ ou ‘cultura organizacional’ no título.

Afinal, pertenço à já acinzentada geração X, o que significa que tenho muito a aprender com este tema. Pertenço a uma geração em que a palavra ‘flexibilidade’ não fazia parte do dia-a-dia no serviço e onde as emoções se expressavam bem longe do escritório. A ‘escada corporativa’ era o foco. Emprego para a vida e a pedir dedicação quase exclusiva.

Escusado será dizer que as coisas mudaram. Radicalmente. Para melhor. E hoje fiquei a saber ainda mais sobre como criar ainda mais condições para que a Adagietto seja um grande caso de estudo em cultura de empresa. Somos já Best Agency to Work For, no estudo da Scopen, mas sei que conseguimos, juntos, ser ainda melhores.


Segui para uma sessão sobre a geração Z, talvez a mais paradoxal de todas: são o grupo mais incompreendido da força de trabalho

Ainda a pensar no pouco que tinha dormido, e que se calhar o melhor era fazer uma sesta, lá comecei por ouvir Laurie Santos, apresentadora do podcast The Happiness Lab e professora em Yale. Diz Santos que a maior prioridade no mercado de trabalho é alcançar e alimentar a felicidade. E traz dados para suportar uma aparente ligeirinha afirmação. Um estudo da Universidade de Oxford determina uma clara relação entre os resultados financeiros de uma empresa com a felicidade que se vive nessa mesma empresa.

E são cinco as recomendações para melhorar o bem-estar no local de trabalho, naquilo que Santos classifica de tendências emergentes da ciência da felicidade: reconhecer as emoções negativas e usá-las com sabedoria, repensar o conceito de produtividade e proteger o tempo, motivar um melhor desempenho através da compaixão, combater o chamado burnout transformando o trabalho numa vocação, socializar para uma melhor integração no trabalho.


Vivemos num mundo onde 50% das pessoas já passaram por uma situação de pré-esgotamento no local de trabalho

Ligeiramente menos mal-humorado mas ainda longe de estar tão feliz como a professora de Yale, sigo para a sessão “Má cultura no local de trabalho está a provocar esgotamentos”. Hesito se entro ou não. Siga, mas pelo sim, pelo não, levo um café na mão. Vivemos num mundo onde 50% das pessoas já passaram por uma situação de pré-esgotamento no local de trabalho.

Cinquenta. E baixar essa percentagem não é fácil. Precisamos de “cuidados pessoais ruidosos”. Do lado do colaborador, não existir medo de falar. Do lado do empregador, criar as condições para que os colaboradores sejam ouvidos. Se não existirem essas condições, os colaboradores têm que ser verdadeiramente ruidosos.

Fiquei confuso com o conceito de ‘ruído’ e decidi seguir para uma sessão sobre a geração Z, talvez a mais paradoxal de todas: são o grupo mais incompreendido da força de trabalho. Vêm de recessões, passaram pela covid-19. Querem flexibilidade, mas também estabilidade. A geração Z trabalha para viver e não vive para trabalhar. Procuram formas de realizar as suas vidas e o trabalho é apenas uma delas. Graças a esta geração, as empresas estão a olhar para a saúde mental como um tema prioritário.

Por causa desta geração, as universidades têm que repensar a oferta: os Gen Zers olham para competências muito mais do que para os estudos académicos. E como são tão orientados para o propósito daquilo que fazem, obrigaram as empresas a reinventarem-se enquanto marcas de captar talento: as empresas precisam de atrair a atenção dos candidatos com conteúdos, valores, propósito e garantir que o equilíbrio entre vida profissional e pessoal é real.

É engraçado ouvir todas estas pessoas e ir visualizando cada uma das pessoas com quem passo os meus dias, em Alvalade. É tão verdade que é uma geração apaixonada e empenhada em dar relevância ao que faz, sempre com uma palavra a dizer sobre os valores da empresa e sobre a liderança. E é da vivência entre gerações que trabalhar, nos dias de hoje, é mesmo recompensador.

Depois de um arranque de dia sonolento, saio da última sessão com um sorriso na cara. Sinto-me confiante e orgulhoso nas pessoas que escolheram a Adagietto para trabalhar. Pelo que ouvi hoje, estamos a trabalhar bem. Mas ainda temos muito pela frente. E, de repente, a atravessar a ponte do costume, lembro-me dessa grande máxima do Raúl Solnado: façam o favor de ser felizes. É esse o verdadeiro ponto de partida e nem sempre fácil de concretizar. Eu que o diga que mal dormi. Hoje, garanto, não me esqueço de tomar a melatonina.

Sobre o autorMiguel Moreira Rato

Miguel Moreira Rato

CEO da Adagietto
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