Os diferentes posicionamentos das marcas que patrocinam a seleção
Direitos humanos, transição energética, promoção da igualdade, convívio e união são alguns dos eixos de comunicação seguidos pelas marcas que patrocinam a seleção portuguesa de futebol. Desta vez, com o […]
Rui Oliveira Marques
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Direitos humanos, transição energética, promoção da igualdade, convívio e união são alguns dos eixos de comunicação seguidos pelas marcas que patrocinam a seleção portuguesa de futebol. Desta vez, com o Mundial de Futebol a decorrer no inverno, as marcas têm o desafio de sobressair no território do futebol, tendo o Natal como pano de fundo
É algo inédito. Uma marca portuguesa que patrocina a equipa da seleção portuguesa que vai participar no Mundial de Futebol lança uma campanha com foco na necessidade da inclusão, incluindo das pessoas LGBTI, e no apoio às famílias que viram membros morrer na edificação dos estádios que tornaram essa competição possível.
“Vamos utilizar o nosso investimento em espaço de media para dar voz a uma causa maior numa iniciativa conjunta com a Amnistia Internacional e promover a necessidade de ajudar as famílias dos trabalhadores que foram vítimas das condições de trabalho sub-humanas no Catar”, declarou João Epifânio, CSO B2C da Altice Portugal, no comunicado divulgado esta segunda-feira, dia de arranque da campanha de publicidade do Meo, assinada pela Partners, a propósito do Mundial. A marca desafia os clientes a realizarem um donativo para a Amnistia Internacional. Por cada euro doado, a empresa compromete-se a entregar o mesmo valor à ONG de defesa dos direitos humanos. “Os abusos generalizados no decorrer da preparação do Mundial do Catar, que, enquanto país organizador da competição, tem sido palco de uma das maiores violações dos direitos humanos, um autêntico atentado à vida, à dignidade, à liberdade e segurança pessoal dos trabalhadores migrantes e das suas famílias, na construção de estádios e outras infraestruturas”, denunciou o Meo. Apesar de o governo do Catar negar os números, várias ONG apontam que terão morrido entre seis mil e 12 mil imigrantes na construção dos estádios que nas próximas semanas irão celebrar o futebol.
As leis do Catar, que criminalizam a homossexualidade, também levaram a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), juntamente com as congéneres de outros países, a declarar que se congratulavam “com as garantias dadas pelo governo catari e pela FIFA sobre a segurança e inclusão de todos os adeptos que vão marcar presença no Mundial, incluindo os fãs LGBTQ+”. “Abraçar a diversidade e a tolerância significa também apoiar os direitos humanos. Os direitos humanos são universais e aplicam-se em todo o lado”, podia ler-se no texto subscrito pela FPF.
Outras marcas patrocinadoras da seleção seguiram caminhos alinhados com as estratégias corporativas na sua associação à competição. A Galp, que patrocina a seleção há mais de 20 anos, aproveita o Mundial de Futebol para lançar uma campanha de publicidade que tem como um dos objetivos alavancar a sustentabilidade e a transição energética ao longo da sua cadeia de valor. Uma das iniciativas que a marca irá desenvolver é a da compensação das emissões associadas à deslocação da seleção nacional para o Catar, o que inclui as viagens de avião e as viagens entre o centro de estágio e os vários estádios onde decorrerão os jogos. “A compensação destas emissões será realizada através do apoio a dois projetos que promovem a captura e redução de emissões de carbono em regiões em que a Galp exerce a sua atividade, nomeadamente em Portugal e em Moçambique”, diz ao M&P Filipa Appleton, head of brand & marketing da energética.
A campanha foi desenvolvida pela agência O Escritório e contempla um plano de meios que inclui televisão, rádio, imprensa e branded content. “O objetivo é sensibilizar os portugueses, particulares ou empresas, para importância de todos termos um papel ativo no processo de transição energética, seja através da redução das nossas emissões, associadas aos produtos e serviços que consumimos no nosso quotidiano, incluindo os que se referem ao futebol, mas também da procura por créditos de carbono que nos permitam compensar uma parte dessas emissões”, refere a mesma responsável.
Ainda entre as iniciativas e ativações coladas ao Mundial, a Galp voltou a lançar, em outubro, o Monopólio da seleção, assim como a iniciativa Todos os Passos Contam, desafiando os portugueses a doarem um milhão de refeições à Rede de Emergência Alimentar.
Um dos eixos da estratégia da marca passa por “desafiar os portugueses a que participem connosco na profunda e entusiasmante jornada de transformação que abraçámos. A nossa ambição é fazer da Galp um case study mundial na transição energética. Assumimos um compromisso da neutralidade carbónica em 2050 e estamos a materializá-lo de forma muito robusta, com passos concretos para reduzir a intensidade carbónica das suas atividades, consolidar uma posição de liderança nas energias renováveis e apostar em novos modelos de negócio descarbonizados”, prossegue Filipa Appleton. “Isso passa por envolver as pessoas, desde a população mais jovem até aos mais velhos, com mensagens claras sobre os caminhos que temos de seguir para vivermos num mundo melhor. E foi por querermos liderar pelo exemplo, que decidimos compensar todas as emissões de CO2 associadas à participação da seleção portuguesa no Mundial 2022”, completa.
O BPI, que desde 2018 se apresenta como o Banco Oficial das Seleções, renovou o acordo com a FPF até 2024. Esta ligação “representa uma excelente oportunidade de fortalecer o papel ativo de ambas as entidades na promoção da igualdade, da diversidade e do compromisso social”, diz, ao M&P, Constança Macedo, diretora executiva da direção de comunicação e marca da instituição bancária. “O BPI não apoia apenas a seleção A, mas também as seleções feminina e de jovens, procurando envolvê-las em conjunto na sua comunicação. Por isso, iniciou agora uma campanha de apoio às seleções nacionais (masculina, feminina e jovens), dando continuidade ao conceito ‘Só o mundo pode mudar o mundo’. A campanha, que se prolonga por mais de um mês, terá uma abordagem inclusiva, centrada na igualdade de oportunidades, tendo como protagonistas atletas das diferentes seleções e mostrando que o futebol é para todos”, descreve. A campanha, criada pela Partners, decorre em televisão, digital e na rede comercial do banco.
“O futebol é provavelmente o fenómeno mais agregador da sociedade portuguesa e a seleção nacional, por representar cada um de nós, ainda mais, mobilizando famílias, amigos e comunidades, sem os constrangimentos do ‘clubismo’. A parceria com a FPF dá-nos a possibilidade de oferecer aos nossos clientes experiências diferentes, o que é também uma forma de retribuir a confiança que os clientes depositam em nós e agradecer a sua preferência”, contextualiza Tiago Soeiro, brand activation & sponsorship manager do Continente, a propósito do Qatar 2022. No caso da insígnia, os clientes poderão ganhar prémios nos dias dos jogos da equipa de Fernando Santos no Catar. A app Cartão Continente disponibilizará uma área de jogos, Hat-trick de Descontos, em que os aderentes à app podem jogar sem que seja necessário realizar uma compra. Todos os participantes terão um prémio, que pode ir de descontos em produtos até 500 euros em Cartão Continente.
A FPF é parceira do Continente fora das quatro linhas, nomeadamente nas iniciativas de responsabilidade social da Missão Continente. Na campanha de Natal Presentes à Mesa, a FPF associou-se à cadeia de distribuição para ajudar a “combater a fome em Portugal numa altura em que muitas famílias veem o seu orçamento familiar muito mais reduzido e os pedidos de ajuda aumentaram”, indica Tiago Soeiro. Esta iniciativa decorre até 8 de janeiro de 2023.
Para esta edição do Mundial de Futebol, “e sendo esta a primeira edição pós-pandemia, decidimos incluir algumas novidades nas nossas iniciativas, campanhas e ativações através do apoio da cerveja Sagres à nossa seleção nacional”, aponta, por sua vez, Catarina Ferraz, responsável de marketing da Sagres. “Sentimos que nestes quase dois anos em que estivemos afastados dos convívios houve a necessidade, de certa forma, de reaprender a conviver. A nossa campanha multimeios tem o mote ‘Com a seleção, sem cerimónias’ e mostra, num tom positivo e informal, como o convívio, a união e o fair-play se complementam perfeitamente com uma Sagres na mão”. A campanha, presente em televisão, digital e exterior, pretende retratar os valores da cerveja Sagres: portugalidade, convívio e inclusão, contando com a participação dos jogadores Diogo Dalot, Bruno Fernandes, Ricardo Horta e Nuno Mendes, e da guarda-redes da seleção feminina de futebol, Rute Costa. As ativações incluem a visibilidade de marca no canal horeca e nos hiper e supermercados, assim como um novo pack de Cerveja Sagres Mini. Está também a decorrer o desafio És Tu e Mais 10, em que o vencedor e 10 amigos podem ser jogadores da seleção por um dia na Cidade do Futebol. “Numa altura como esta, a marca pretende estar mais próxima dos consumidores, contribuindo para transmitir os seus valores de forma relevante, não esquecendo os momentos de convívio e consumo que um campeonato como este proporciona”, destaca Catarina Ferraz.
A área da saúde é o território da CUF. “Pretendemos reforçar a associação positiva entre saúde e performance desportiva, de forma emotiva e próxima dos portugueses, e impactando de forma transversal a sociedade portuguesa. Com este objetivo, vamos comunicar com base em duas vertentes complementares: por um lado uma comunicação mais generalista e emotiva evidenciando o papel da CUF, enquanto prestador de serviços médicos da seleção, e, por outro lado, vamos reforçar os conteúdos que habitualmente publicamos associados à nossa intervenção junto da FPF, numa ótica de literacia para a saúde”, aponta Ana Allen Lima, diretora de marketing estratégico da CUF.
A rede de saúde irá apostar numa campanha multimeios, a decorrer durante o Mundial, com destaque para as redes sociais e rádio. A marca também irá comunicar o lançamento de uma nova gama de check ups, os Check Ups Desportivos CUF. “A estratégia de comunicação da marca CUF posiciona-se na complexidade e diferenciação dos cuidados médicos. Nesse sentido, o patrocínio com a FPF é uma expressão natural de reforço da confiança, credibilidade e competência clínica que nos são reconhecidas. O Mundial é um momento marcante na competição da seleção principal e, portanto, também o é para a CUF, pela responsabilidade e contributo que tem na avaliação de saúde destes atletas de alta competição”, diz a mesma responsável, que acredita “que a nossa ligação à Federação contribui para o top of mind da marca CUF e reforça atributos relevantes como a confiança e a excelência na prestação de cuidados médicos, sendo este reforço positivo superior nos momentos-chave das competições internacionais”. “É também por isso que nosso mote é ‘A seleção vai à CUF’, trazendo a seleção para o nosso espaço de atuação. Acredito que os patrocinadores mais focados na celebração e apoio em campo poderão sentir mais o impacto e os desafios de um Mundial de inverno”, refere Ana Allen Lima.
Um problema chamado Natal
Com o Mundial a decorrer, de forma inédita, durante o inverno, a comunicação das marcas patrocinadoras vai coincidir com o período de máximo investimento das marcas tendo em conta o Natal. Como é que as marcas lidam com as diferentes prioridades que se avizinham?
“As fases finais de grandes competições desportivas já são, por princípio, momentos muito férteis em comunicação, com muitas campanhas e até algum ruído nos diferentes media. O facto de, este ano, se estender até quase às vésperas de Natal faz com que este Mundial coincida com outro dos picos tradicionais na comunicação e nas estratégias de marketing, o que representará um desafio ainda maior para que as marcas consigam destacar-se e conquistar o seu território. Por isso, a ligação que iremos estabelecer com os portugueses durante este período vai viver não apenas da presença da campanha nos ‘media tradicionais’, mas também de alguns momentos mais originais e complementares que reforçarão a ligação da Galp ao quotidiano dos portugueses. Há dois exemplos muito claros desse objetivo: a distribuição do Monopólio da seleção e o retomar do projeto Todos os Passos Contam, agora associado ao Mundial”
Filipa Appleton (Galp)
“Os espaços publicitários nesta época ficam mais saturados e, por isso, estaremos sobretudo presentes em todos os jogos transmitidos em todos os canais de televisão”
Constança Macedo (BPI)
“O facto de o Mundial decorrer no inverno e não no verão pode tornar as iniciativas ou ativações mais desafiantes, mas os retornos verificam-se nas várias dimensões da marca, nomeadamente no serviço e nas vendas, porque proporcionamos aos clientes um produto de interesse (bilhetes para os jogos da seleção), com vantagens em Cartão Continente (o que enriquece o ecossistema do Cartão), mas também do ponto de vista de reputação e visibilidade, porque, para além da questão dos valores, os portugueses gostam de ver as grandes marcas nacionais a apoiar os seus atletas, que também ganham visibilidade com isso”
Tiago Soeiro (Continente)
“Geralmente os campeonatos realizam-se no verão, período em que existe um maior consumo de cerveja. No entanto, este ano, com o Mundial fora de época, vemos aqui uma oportunidade, na medida em que a cerveja poderá, sem dúvida, registar um maior consumo num período que, por norma, é caracterizado pelo consumo de outras bebidas”
Catarina Ferraz (Sagres)
“Este Mundial será um desafio em vários aspetos, não só pela concorrência, pela atenção do consumidor entre a Black Friday e o Natal, como pelo facto de ser no inverno, impossibilitando algumas ações tradicionais de ativação de marca em grandes eventos. No entanto, a CUF é, de alguma forma, um patrocinador especial, que se posiciona pelo seu contributo genuíno para a saúde e performance da seleção. Desta forma, o nosso objetivo é trabalhar a notoriedade da CUF na complexidade e diferenciação da saúde, permanecendo sempre no domínio clínico, com seriedade e excelência na prestação de serviços”
Ana Allen Lima (CUF)