A liderança (intra)empreendedora na era da IA
Caminhamos para aquilo que, acredito, será um foco cada vez maior em profissionais generalistas, já que as tarefas mais técnicas serão desenvolvidas pelas diversas aplicações da IA. Não significa que os especialistas deixarão de ter lugar no mercado
Num contexto competitivo organizacional cada vez mais feroz, o empreendedor ou o intraempreendedor é o profissional de marketing que não apenas sobreviverá mas igualmente prosperará no mercado. Cada vez existirá menos espaço para a rotina e para a repetição de tarefas, e a mudança será uma constante diária.
A capacidade de adaptação regular a novas conjunturas, a resiliência, a pró-atividade, a coragem e a humildade para nos questionarmos regularmente sobre aquilo que não sabemos que não sabemos, será crítica para termos sucesso ou, por outras palavras, liberdade de escolha.
A revolução tecnológica é imparável. Engane-se quem pensa que tem tempo para apanhar o comboio mais tarde. A oportunidade vai passar. Estamos a caminho de uma realidade exponencial e hiperbolizada na maneira como criaremos produtos e serviços, e em tudo aquilo que envolve a forma como os monetizámos no mercado, desde o ‘pricing’ à distribuição, à forma como os comunicamos e que processos utilizamos para escalar a nossa organização, bem como quais são as pessoas que fazem tudo isto acontecer.
A inteligência artificial (IA) vem trazer escala no apoio à resolução dos diferentes ‘pain points’ que temos nos nossos projetos. Sim, vem apoiar-nos, e não substituir-nos. A nós, seres humanos. A liderança, na era da IA, continuará a ser a profissão mais bem paga do mundo. Por isso, termos a capacidade de cooperar uns com os outros, desenvolvermos um pensamento crítico e estruturado, termos, no fundo, mundo, será mais importante do que nunca.
Caminhamos para aquilo que, acredito, será um foco cada vez maior em profissionais generalistas, já que as tarefas mais técnicas serão desenvolvidas pelas diversas aplicações da IA. Não significa que os especialistas deixarão de ter lugar no mercado, mas sim que, simplesmente, teremos formas mais rápidas e, a médio prazo, eficientes, de conseguirmos produção de valor significativo através da tecnologia.
Ora, se o líder deve ter a capacidade de executar através dos outros, das pessoas, deve também entender como consegue desenvolver a sua organização através da IA. Isto é, não chega saber que a IA é importante para o desenvolvimento organizacional. É preciso saber fazê-lo. E para isso devemos começar por testar, experimentar, e perceber aquilo que funciona para nós e para os projetos em que estamos envolvidos.
Atualmente, temos diversas ferramentas de IA que permitem ao profissional de marketing otimizar o seu trabalho. Algumas que todos podem e devem experimentar, são as de IA generativa, como o ChatGPT ou o Mid-Journey, talvez duas das mais conhecidas. Podemos, por exemplo, com o ChatGPT, fazer um brainstorm sobre uma indústria na qual gostaríamos de desenvolver um projeto, e entender quais os problemas/’pain points’ que esta tem e quais as soluções existentes no mercado.
Podemos idear o nome do nosso novo SaaS ou até desenvolver as bases da nossa estratégia go-to market. As possibilidades são… infinitas. Vamos apanhar o comboio?
Cofundador e COO da Full Venue, e cocoordenador da pós-graduação em Inteligência Artificial no Marketing, do IPAM