Opinião

As novas gerações e o consumo de rádio

As rádios locais são uma fonte confiável de notícias e um espaço para a divulgação de tradições e artistas regionais

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As novas gerações e o consumo de rádio

As rádios locais são uma fonte confiável de notícias e um espaço para a divulgação de tradições e artistas regionais

Vitor Dourado
Sobre o autor
Vitor Dourado

O consumo de áudio tem passado por uma verdadeira revolução nos últimos anos, principalmente após uma pandemia com mudanças culturais e sociais que moldaram fortemente as preferências de consumo das pessoas.

Não é segredo que a rádio, que já foi uma das principais fontes de acesso a conteúdos musicais e informativos, permanece relevante nos dias de hoje, mas tem enfrentado grandes desafios diante do crescimento exponencial das plataformas de ‘streaming’ e de outros meios digitais, que permitem maior personalização e flexibilidade.

Estas tendências são pensadas, na generalidade, como uma questão geracional onde os mais novos são vistos como os mais afastados destes formatos tradicionais. No entanto, os dados fornecidos pela GWI, empresa de estudos e insights sobre audiências, revelam que a Geração Z, embora apresente um menor tempo médio de consumo diário de rádio (44 minutos), foi a geração que demonstrou um maior crescimento no consumo deste meio (26%) em comparação com 2019.

Já as gerações mais velhas, revelaram ambas um decréscimo no consumo pós-pandémico, com os Millennials a totalizarem uma hora e 22 minutos diários (-1% vs. 2019) e a Geração X, historicamente mais fiel ao rádio, a registar um declínio de 8% (uma hora e 27 minutos por dia).

Isto revela que, apesar de ainda manter um espaço relevante no dia a dia dos ouvintes e ser o formato de consumo de áudio predileto para a Geração X, já não se trata apenas de uma questão geracional e as plataformas de ‘streaming’ de música estão a integrar-se cada vez mais eficazmente também nas rotinas destas faixas etárias.

Certamente, a Geração Z lidera o consumo de áudio no digital, com um tempo médio impressionante de duas horas e 13 minutos diários em plataformas de ‘streaming’ de música (+23% vs. 2019). No entanto, é prontamente seguida neste formato pelos Millennials (uma hora e 28 minutos, +38%) e pela Geração X (53 minutos, +39%), ambas com um crescimento de consumo significativo. E, sem grandes surpresas, o Spotify é a plataforma predileta entre todas as gerações, com um ‘engagement’ de cerca de 74% de adesão.

Atrás (mas não muito), também os podcasts explodiram em popularidade de forma transversal, e não foi por acaso. Os podcasts de comédia lideram as preferências entre gerações, seguido de música e temas de saúde e ‘lifestyle’.
De acordo com GWI, a Geração Z aumentou o consumo diário em 27% desde 2019, para os 52 minutos, tempo que é igualado pelos Millennials e que representa um aumento exponencial de 58% para esta faixa etária. Já a Geração X não se deixa ficar na tendência e soma um consumo médio de 34 minutos por dia.

Não obstante, apesar da ascensão destes formatos digitais, a rede de rádios, particularmente as locais, continua a desempenhar um papel crucial, principalmente em Portugal. Estas rádios são mais do que simples canais de entretenimento, representam um elo entre as comunidades, promovem a cultura local e são uma importante ferramenta de informação.

Em muitas regiões, especialmente nas mais afastadas dos grandes centros urbanos, as rádios locais são uma fonte confiável de notícias e um espaço para a divulgação de tradições e artistas regionais.

Por isso, é seguro dizer que a rádio ainda tem o seu espaço garantido, mas, como tudo, tem de saber adaptar-se a novas dinâmicas de consumo. A crescente adesão transversal das gerações a podcasts e ‘streaming’ de música mostra que a personalização e a flexibilidade são os principais fatores na escolha de conteúdos de áudio (e não só).

A rádio, por sua vez, segue como peça-chave na preservação cultural e na construção de laços comunitários, demonstrando que, mesmo em um mundo digitalizado, a voz da rádio ainda ressoa forte onde a identidade e a proximidade mais importam.

Sobre o autorVitor Dourado

Vitor Dourado

Diretor de investimento da Havas Media Network Portugal
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