Uma das perguntas que mais oiço, em contexto profissional na Snack Content, é: “em que plataforma devo concentrar os meus esforços, para conseguir os melhores resultados para a minha marca?”. A pergunta faz sentido.

Com a quantidade de plataformas que surgem e a atenção do público cada vez mais dispersa, as marcas ficam na dúvida onde vale a pena investir. Para piorar, o orçamento necessário para criar, produzir, promover conteúdos, nunca é suficiente para estar em todas as redes sociais ao mesmo tempo.

A verdade é que não dá para ‘ir a todas’. E a parte boa, é que não é preciso. Mas como escolher a melhor plataforma? É aqui que entram os dados. São os dados que ajudam a escolher a plataforma certa para investir o orçamento disponível e criar conteúdos nativos. Não adianta espalhar o mesmo conteúdo em todas as plataformas e esperar que alguma coisa funcione bem, em todas as frentes.

O que se deve fazer é analisar uma série de métricas para descobrir onde é que esse mesmo conteúdo vai performar melhor. Por exemplo: um dos primeiros indicadores a analisar é o número de criadores de conteúdos que falam sobre uma determinada área ou nicho de interesse. Se há muita gente a falar sobre um determinado tema, significa que essa área pode ser bastante competitiva, mas também tem uma grande audiência interessada.

Outra métrica é o número de visualizações que um conteúdo específico está a gerar em cada plataforma. E este dado é muito importante, porque às vezes um assunto qualquer está a ferver no Instagram, mas não tem força nenhuma no TikTok, ou o contrário. E depois, o ‘engagement’, que é fundamental. Gostos, comentários e partilhas, tudo isto pesa e muito. Porque, no fim de contas, é esse tipo de interação, que demonstra o quão relevante o conteúdo é para o público de cada plataforma.

Outro ponto interessante de analisar é como é que isso varia de país para país, de região para região. O que funciona num sítio pode não dar certo noutro. Um exemplo clássico são os conteúdos de surf. Nos Estados Unidos, o YouTube é rei quando se trata de surf. Mas em Portugal, o TikTok tornou-se na plataforma preferida e principal para este tipo de conteúdos. Isto muda completamente a estratégia de uma marca que quer falar com esse público. Por isso é que não dá para aplicar a mesma fórmula, em todos os sítios.

Há ainda uma coisa comum a quase todas as marcas, em Portugal. É que quase todas ainda pecam por acharem que dá para fazer ‘repost’ do mesmo conteúdo em todas as plataformas. Isto não funciona bem e sabe-se disso na prática. E porquê? Porque cada plataforma ou canal, tem sua própria linguagem, as suas particularidades, as suas boas-práticas.

O que funciona no Instagram pode não funcionar no TikTok. E o que é incrível no YouTube Shorts pode não criar ‘engagement’ nos Reels. A audiência sabe muito bem quando um conteúdo foi pensado para aquela rede social específica, ou se foi só um ‘copy paste’ de outro sítio qualquer. E qual é o resultado, quando assim é? A performance cai.

Por isso, se a marca quer ou precisa de estar em mais do que uma plataforma, é muito importante que o conteúdo seja pensado especificamente para a melhor forma de funcionar naquela rede social. Faz toda a diferença no resultado final. A verdade é que estar em todos os lugares ao mesmo tempo, só mesmo para o Todo-Poderoso que tem o dom da ubiquidade. Nos ambientes digitais prevalece a lógica criada pelo filósofo canadiano Marshall McLuhan, nos anos 60: “o meio é a mensagem”. E diria que, se o conteúdo é rei, o contexto é a rainha.