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‘Like’: o herói subestimado pelas marcas

O valor de um ‘like’ não é estático. Pode significar coisas diferentes em contextos diferentes

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‘Like’: o herói subestimado pelas marcas

O valor de um ‘like’ não é estático. Pode significar coisas diferentes em contextos diferentes

Sobre o autor
Pedro Filipe-Santos

Em tempos de marketing digital, uma expressão comum que ouvimos é: “ah, ela/ele faz tudo isto para ganhar ‘likes’”. Quase como se o ‘like’ fosse uma moeda de troca barata, desvalorizada e indigna de respeito. Mesmo no círculo mais sofisticado dos CMO – aqueles que moldam estratégias de marketing para grandes marcas, o ‘gosto’ é frequentemente visto com um certo desdém.

“Likes não importam,” dizem. “O que importa é a conversão, o impacto real no público-alvo”. No entanto, talvez seja hora de revisitar essa perspetiva e dar ao ‘like’ o crédito que merece.

(Esclareço de antemão que este texto não é uma apologia ao conteúdo apelativo, desprovido de qualquer responsabilidade ética e social. Fazer tudo pelo ‘like’ tem aqui o sentido de valorizar este pequeno ato de apertar o botão que transforma corações delineados em corações vermelhos).

Vamos lá então. Em primeiro lugar, todas as redes sociais funcionam com base em algoritmos que dão prioridade aos conteúdos com mais interações. E qual é a forma mais básica e acessível de interação? O ‘like’. Num mundo onde os comentários e as partilhas exigem um esforço adicional, o ‘like’ destaca-se pela simplicidade.

É o primeiro passo para o conteúdo ganhar visibilidade. Se o objetivo é alcançar mais pessoas, deve-se, sim, desejar o ‘like’, que é o motor que faz a máquina das redes sociais girar a favor do conteúdo publicado.

Mas vamos além das redes. Pense na Uber. Diariamente, milhões de pessoas confiam em estranhos para levá-las de um ponto A a um ponto B. E como escolhem estes estranhos? Com base nas avaliações, nos ‘likes’ em forma de estrelas que esses motoristas receberam.

O mesmo vale para o AirBnB. Hospedamo-nos em casas de desconhecidos baseados nas notas e comentários de outros utilizadores. Estes sistemas de avaliação são, essencialmente, ‘likes’ que nos guiam nas decisões de consumo.

Agora imagine um mundo onde o ‘gosto’ desaparecesse, não existisse. Em vez de simplesmente clicarmos num coração ou num polegar para cima, teríamos de escrever uma dissertação cada vez que quiséssemos expressar aprovação.

“Caro perfil de Fulano de Tal aqui no TikTok, venho por este meio expressar o meu mais profundo apreço por essa coreografia curta que decidiu partilhar hoje”. O ‘like’ poupa-nos este esforço.

Não é por acaso que os influenciadores que são criadores profissionais pedem sempre ‘like’ nos seus vídeos. Eles sabem a importância do ‘gosto’ para se manterem relevantes e para continuarem a ser ‘servidos’ a cada vez mais pessoas.

Mesmo os mega influenciadores, aqueles com milhões de seguidores, nunca deixam de solicitar o simples ‘like’. Sabem que esta interação é crucial para o sucesso contínuo.

Finalmente, vale a pena lembrar que o valor de um ‘like’ não é estático. Pode significar coisas diferentes em contextos diferentes. Pode ser um sinal de apoio, de amizade, de reconhecimento ou de aprovação. Desdenhar o ‘like’ é desdenhar a expressão humana, nas suas formas mais variadas e imediatas.

Então, sim, façamos tudo pelo ‘like’. Porque, no fim das contas, o ‘like’ não é apenas um clique, é uma parte essencial do ecossistema digital, facilitando conexões, validando experiências e impulsionando conteúdos. Celebremos o ‘like’ por aquilo que ele realmente é: o herói subestimado das redes sociais.

Sobre o autorPedro Filipe-Santos

Pedro Filipe-Santos

Codiretor executivo e sócio da Snack Content Portugal
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