Frederico Roquette confessa: Como é que não me lembrei disto?
Na rubrica ‘Como é que não me lembrei disto’ desafiamos várias personalidades a confessar qual a campanha que gostariam de ter feito e que os levou a pensar ‘como é que […]
Sónia Ramalho
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Na rubrica ‘Como é que não me lembrei disto’ desafiamos várias personalidades a confessar qual a campanha que gostariam de ter feito e que os levou a pensar ‘como é que não me lembrei disto?!?”
Frederico Roquette, founder e creative director da Alfred, destaca a campanha ‘Liquid Billboard’, da Adidas pela Havas Middle “pelo poder transformador de mentalidades, unindo criativos às marcas por um propósito muito maior que a mera reputação ou comercialização de um produto”.
Qual a campanha que gostaria de ter feito e porquê?
Escolha difícil, pois sou um verdadeiro apaixonado pelas ideias que nascem tanto na Alfred, como em todo o mundo, seja em concorrentes, parceiros ou experimentalistas. Assim, opto por uma mais recente e que me acompanha mentalmente nos últimos tempos, pelo poder transformador de mentalidades, unindo criativos às marcas por um propósito muito maior que a mera reputação ou comercialização de um produto. Além disso, envolve mar uma das minhas paixões!
O Liquid Billboard da Adidas pela Havas Middle East nos Emirados Árabes Unidos é mesmo aquela campanha que gostaria de ter desenhado. Escolho-a por reunir vários elementos que me fascinam, nomeadamente a primeira: é uma marca que arrisca num mercado com uma cultura muito concreta. Ainda há pouco tempo não era permitido às mulheres do Médio Oriente nadar em público e muitas ainda se sentem relutantes. Com esta ação, a Adidas convida a um salto de fé para o mar, inspirando mulheres a quebrar as suas próprias barreiras culturais e físicas.
Além deste ponto é um produto que revoluciona, pois lança swimwear inclusiva para mulheres e pessoas com deficiência, indo muito mais além da venda de roupa. Por fim, além do outdoor ser o meu formato preferido para trabalhar, a media criativa que esta campanha agrega é única – um formato absolutamente inovador e que permite chegar a muito mais suportes de media, além da experiência em loja, pois a Adidas não hesitou em fazer um streaming do que se passou neste outdoor tão especial.
Esta campanha deu-lhe ideias para outros trabalhos?
Sem dúvida que me inspirou e vai continuar a inspirar. Penso que as campanhas marcantes, além de grandes lições de criatividade, de técnicas de implementação e de metodologias de pensamento, ficam connosco no consciente e subconsciente apoiando-nos em processos atuais e futuros.
Temos trabalhado em alguns projetos antes e depois de assistir a este, motivando-nos para seguir um caminho que já muito acreditávamos: transformar a media criativa tradicional de forma irreverente, como é o caso de algumas campanhas para a Mitsubishi, para o ACNUR (Organismo das Nações Unidas que apoia os refugiados) e estamos, neste momento, a desenvolver para o iMM-Laço Hub acerca do tema do cancro da mama, cuja novidade será desvendada em breve.
Qual a campanha que mais se orgulha de ter feito?
Sem cliché e num exercício honesto, temos muito orgulho de todas as campanhas que fizemos em 25 anos, nomeadamente as que abraçaram causas, manifestos e missões – e não falo apenas de Responsabilidade Social.
Mas, se é para escolher, revisito a mais recente e a que me deixa particularmente orgulhoso nesta nova fase da equipa da Alfred. Desenvolvemos para a ACNUR a campanha “Duplicação”, que alertou para a duplicação da fome no mundo nos últimos dois anos, com especial foco na região do Corno de África, como consequência das alterações climáticas.
Vivendo de uma componente gráfica e áudio que remetia para a duplicação, um impacto dela conduziu a manter-se no ar, desta feita, com a criação do “Food For Soul”, o primeiro restaurante que alimentou a alma em vez do corpo, recebido com entusiasmo pela Sonae Sierra e implantado no Colombo.
Este restaurante teve tudo o que um restaurante habitual tem, menos a comida: as suas especialidades na ementa convertiam em donativos e emoções positivas. Foi muito interessante alertar para a fome no local e à hora em que todos nós estamos com fome e gosto particularmente quando a criatividade também tem como consequência a melhoria da vida das pessoas. Há um sentimento muito mais palpável de objetivo cumprido como profissional da área, no fim destes projetos.
O que mais o inspira no dia a dia e o que faz quando está sem ideias?
Conversar com a minha equipa é sempre a melhor solução. Mas se for necessário parar para respirar um pouco, tenho a teoria de que o mar resolve tudo. Fazer um pouco de surf, dar um mergulho ou apenas dar um passeio com os meus cães na praia e tudo se resolve.