Marcelo Lourenço confessa: como é que não me lembrei disto?
Na rubrica ‘Como é que não me lembrei disto?’ desafiamos várias personalidades a confessar qual a campanha que gostariam de ter feito e que os levou a pensar ‘como é que não […]
Sónia Ramalho
Teresa Morgado assume direção-geral da Universal McCann
Spreading Advertising compra Unimidia e entra no OOH digital
Bankinter antecipa futuro em campanha da Altavia Pixel Portugal (com vídeos)
Sérgio Oliveira é o novo diretor de transformação de negócio do Publicis Groupe Portugal
TV: Os programas que dominam as audiências, gravações e redes sociais em agosto
João Pedro Clemente é o novo gestor de marketing europeu da Fanta
TikTok desafia em tribunal proibição nos Estados Unidos
Fuel assina campanha do Cartão Continente com Gabriela Barros (com vídeo)
Publicidade inclusiva é positiva para lucros, vendas e valor das marcas, diz estudo global
“Termos dados acarreta a responsabilidade de uma melhor escolha dos meios que utilizamos”
Na rubrica ‘Como é que não me lembrei disto?’ desafiamos várias personalidades a confessar qual a campanha que gostariam de ter feito e que os levou a pensar ‘como é que não me lembrei disto?!?”
Marcelo Lourenço, co-founder da Coming Soon Lisboa, abre o jogo: “a campanha que mais ativou o meu invejómetro ultimamente foi o filme “Papá?” criado pela BETC para o Canal +. Apesar de ter ganho um belo Leão de Ouro em Cannes, o filme passou meio despercebido fora de França e, até onde eu sei, não entrou em muitas listas dos melhores do ano”.
O que lhe chamou a atenção na campanha?
Talvez porque não seja uma campanha para salvar o planeta, talvez porque não venha acompanhada de um vídeo case a explicar porque é um “game changer” ou que “explodiu as redes sociais” com “results” e “impressions”. É apenas um filme – uma categoria tão velha guarda – que quer vender um produto a divertir o consumidor – um briefing tão velha guarda. E o faz com uma história que transborda humanidade (enquanto isso ainda é uma qualidade) com aquele humor negro à beira do sadismo que a inteligência artificial nunca vai perceber.
Esta campanha deu-lhe ideias para outros trabalhos?
“Papá?” é um daqueles filmes onde não há a menor preocupação em seguir as tais “boas práticas do digital” (e ainda bem): não há menção da marca em lado nenhum (a não ser no final), o filme não fica dentro dos limites do que é “tiktokável”, não tem uma música conhecida, não tem truques ou efeitos especiais. Apenas um ótimo guião e uma grande realização. E, por isso, mesmo é tão bom. E tão inspirador.
Qual a campanha que mais se orgulha de ter feito?
Desde que começámos a Coming Soon, eu e o Pedro Bexiga temos tido mais sorte e boa vontade connosco do que realmente merecemos: temos clientes como o ActivoBank, a Betclic e a Wook que nos deixam fazer quase tudo. Destes primeiros anos, o shortlist do orgulho vai para o filme “Tango” para o ActivoBank (a minha campanha favorita entre todas que fizemos com a Bumba), o último filme de Natal da Betclic que convida a malta a celebrar o Natal a “sair do armário” (ainda não acredito que colocamos essa campanha na rua) e o “Caveira” para a Wook (que me poupou anos de terapia).
Este mês tivemos um motivo extra para ficarmos insuportáveis: “Desprezível”, o filme contra o racismo que fizemos há mais de duas décadas, acaba de entrar oficialmente para o manual de português do sétimo ano, a ajudar os miúdos a aprender o que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os meus pais só falam nisso lá em São José do Rio Preto (São Paulo).
“Tango” (ActivoBank)
“Sair do Armário” (Betclic)
“Caveira” (Wook)
“Desprezível” (Amnistia Internacional)
O que mais o inspira no dia a dia?
Adoro que me contem histórias, qualquer tipo de história – sejam as minhas filhas a relatar o que se passou na escola ou o motorista de Uber a falar sobre a sua vida – papo tudo como se fosse Netflix. O ser humano é um espetáculo, diz e faz coisas absurdas e maravilhosas, que dão sempre boas campanhas.
E o que faz quando está sem ideias?
Quando fico sem ideias, faço o que qualquer profissional adulto e responsável faria: choro. E digo “é o meu fim, a minha carreira acabou”. Depois lembro-me que isto é só publicidade, limpo as lágrimas e tudo volta a ser fácil e divertido novamente.