Influenciadores digitais. Sem alma, mas com seguidores
Os influenciadores humanos tendem a gerar um maior nível de confiança e identificação junto dos seus seguidores, o que muitas vezes se traduz em maiores taxas de ‘engagement’
Os influenciadores virtuais, criados inteiramente por inteligência artificial (IA), emergiram como uma nova e poderosa ferramenta no marketing digital, nos últimos anos.
O primeiro grande exemplo foi Lil Miquela, lançada em 2016, uma ‘adolescente’ virtual com aparência realista, e rapidamente conquistou milhões de seguidores no Instagram, colaborando com marcas de moda e beleza. O seu sucesso abriu as portas para outros influenciadores virtuais, como Shudu, uma supermodelo digital, e Imma, de cabelo cor-de-rosa e estilo moderno.
Estes personagens foram criados através de modelagem 3D e suportados por criativos, que gerem as suas personalidades e interações nas redes sociais, permitindo um controlo total da sua imagem e comportamento.
A utilização de influenciadores virtuais em campanhas de marketing tem várias vantagens. Em primeiro lugar, não estão sujeitos aos típicos problemas humanos, como controvérsias pessoais, problemas de saúde ou exigências financeiras. Além disso, a possibilidade de criar personagens que transcendem as limitações humanas, em termos de aparência ou localização, permite alcançar públicos diversificados e globais.
Mas há desvantagens a considerar. A principal reside na autenticidade. Os influenciadores humanos criam laços emocionais genuínos com os seus seguidores e a perceção de que um influenciador virtual é uma criação artificial pode levar à falta de confiança, ou conexão emocional, com o público-alvo. Há também o risco de rejeição por consumidores que preferem uma interação mais autêntica e humana, nas redes sociais.
Quando se compara a eficácia e o ‘engagement’ entre influenciadores humanos e virtuais, surgem algumas diferenças notáveis. Os influenciadores humanos tendem a gerar um maior nível de confiança e identificação junto dos seus seguidores, o que muitas vezes se traduz em maiores taxas de ‘engagement’.
A autenticidade percecionada através de um influenciador humano pode fortalecer a ligação emocional com o público, resultando numa maior lealdade à marca e, por consequência, numa maior probabilidade de conversão.
Por outro lado, os influenciadores virtuais têm demonstrado ser extremamente eficazes em campanhas de nicho, especialmente em setores como moda, tecnologia e beleza, onde a estética e a inovação são valorizadas.
O futuro dos influenciadores virtuais parece promissor, sendo expectável que a sua presença continue a crescer. Podemos esperar personagens ainda mais realistas e interativos, capazes de responder em tempo real aos seguidores e de adaptar-se dinamicamente às necessidades das marcas.
Poderão ser criados influenciadores virtuais personalizados e, por vezes, assumidamente irreais, para públicos específicos, abrindo novas possibilidades na segmentação de mercado. Outro possível desenvolvimento é a integração de influenciadores virtuais em plataformas de realidade aumentada e virtual, criando experiências imersivas para os consumidores.
Em suma, embora os influenciadores humanos continuem a ser uma força dominante, os influenciadores virtuais terão o seu lugar em ações de marketing digital, oferecendo novas oportunidades para as marcas que desejam inovar e conectar-se com o seu público, de maneira única e impactante.