Caso Impala exposto no Parlamento: ordenados em atraso desde 2011 e “teia de mais de uma dezena e meia de sociedades à volta da editora” (com vídeo)
A Impala “mantém ordenados em atraso” desde 2011 e conta actualmente com 174 ex-trabalhadores à espera de receber créditos salariais, num valor acumulado de 2,85 milhões de euros.
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A Impala “mantém ordenados em atraso” desde 2011 e conta actualmente com 174 ex-trabalhadores à espera de receber créditos salariais, num valor acumulado de 2,85 milhões de euros. A informação foi avançada por Luís Monteiro Pereira, na últimas duas décadas responsável pela área comercial da editora, no âmbito de uma audiência dos trabalhadores do grupo Impala com o grupo de trabalho da Comissão de Trabalho e Segurança Social, da Assembleia da República, que decorreu esta terça-feira.
Luís Monteiro Pereira começou, descreve a Lusa, por apontar a transferência “da facturação que é produzida pela empresa base, inicialmente Impala Editores”, que designou por editora, “para outra empresa detida por si”, que é a Impala Multimédia. Desta forma, a segunda empresa facturou entre Outubro de 2009 e Dezembro de 2011 “120 milhões de euros sem ter um único funcionário ao seu serviço”, revelou. Entre 2012 e 2019 a facturação da Impala Multimédia foi de 156 milhões de euros, “tendo tido no máximo cinco funcionários em simultâneo durante este período. E porquê? Porque os 200 e tal funcionários que a empresa tinha mantiveram-se na editora [Impala Editores]”, referiu.
De acordo com a Lusa, Luís Monteiro Pereira apontou que foi criada uma “teia de mais de uma dezena e meia de sociedades à volta desta editora”, da “família” do empresário Jacques Rodrigues. Estas empresas “não têm qualquer actividade que não seja prestar serviços entre si, retirando os recursos financeiros à editora e criando uma falsa ideia de debilidade financeira para permitir, com base nisso (…) o sucessivo recurso ao instrumento PER – Plano Especial de Revitalização“. O PER constituirá para a empresa uma oportunidade para diluir o pagamento das suas dívidas, ou não o fazer de todo”, acusou o representante dos trabalhadores. Como exemplificou o responsável, o recurso aos PER provocou o congelamento de qualquer pagamento a ex-trabalhadores entre Outubro de 2014 e Junho de 2017, enquanto decorria o pagamento das negociações dos dois primeiros PER.
Luís Monteiro Pereira considera que a família “transformou a editora numa mera prestadora de serviços, passando o produto da sua actividade para uma empresa terceira que decidia qual o valor dessa prestação de serviços, à medida da vontade dos accionistas, e que, com sucessivas reduções desse valor, fez com que fossem simuladas dificuldades financeiras muito além das reais na editora”, argumentou, citado pela Lusa. De acordo com o mesmo responsável, esta situação permitiu “retirar as vendas necessárias para manter os privilégios da família, nomeadamente os dos seus projectos pessoais do empresário principal, escondidos assim dos credores da editora”.