“Vamos querer estar no mercado muito tempo”
O semanário que estava anunciado com o nome Sol chegou às bancas com a designação Novo. Diogo Agostinho e Octávio Lousada Oliveira analisam o posicionamento do jornal e as várias […]
Rui Oliveira Marques
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O semanário que estava anunciado com o nome Sol chegou às bancas com a designação Novo. Diogo Agostinho e Octávio Lousada Oliveira analisam o posicionamento do jornal e as várias polémicas dos últimos meses
A entrevista decorreu numa quinta-feira, ao início da tarde, na redacção do Novo no Restelo (Lisboa), após o fecho do quinto número do semanário. As semanas que antecederam o lançamento do jornal, assim como as subsequentes, foram agitadas. O nome Novo e a data de lançamento só foram conhecidos a menos de 24 horas de o semanário chegar às bancas, a 16 de Abril. Rui Teixeira Santos e João Botelho, que detinham cada um uma fatia de 22 por cento do capital da Lapanews, pretendiam que o novo jornal se chamasse Sol, mas o pedido de registo foi chumbado pela ERC. Soube-se entretanto que o contrato de cedência da marca Sol, assinado em Novembro de 2020 entre Álvaro Sobrinho e Rui Teixeira Santos, explicitava que o novo semanário deveria “zelar pelo bom nome, honra e reputação” da Pineview e, por arrasto, do empresário angolano. Entretanto, Rui Teixeira Santos e João Botelho saíram da Lapanews, ficando a Abstract Sky com 73 por cento do capital e a Lion Rock Investment com os restantes 27 por cento.
Meios & Publicidade (M&P): Que números têm das vendas em banca das primeiras edições do Novo?
Diogo Agostinho (DA): Temos uns primeiros números animadores. Só ao fim do primeiro mês teremos os dados mais consolidados. A nossa primeira edição foi uma surpresa. Aparecemos sem apostar em publicidade, sem sermos conhecidos. Na primeira semana andava na ordem dos seis mil exemplares. Depois baixou um pouco para os quatro mil, 4.500 exemplares. Agora pusemos alguns mupis pelo país, mas continuamos sem a aposta efectiva, que vamos fazer, em publicidade a promover o jornal. Para um jornal desconhecido, que ninguém sabia o nome ou como seria, foi uma agradável surpresa e um forte incentivo.
Octávio Lousada Oliveira (OLO): Tivemos também alguns acertos do ponto de vista da distribuição, o que terá reflexo nas vendas. Há circuitos de distribuição que são mais rígidos pelo que nas primeiras edições não estivemos em todo o país. Esses relatos foram-nos chegando, o que reforça o nosso optimismo de que vamos ter resultados em banca cada vez mais animadores.
M&P: Já percebem a que público estão a chegar?
DA: Nesta fase é difícil saber. Somos claramente um jornal que fala sobre política e economia e tem capas provocadoras. Ainda não conseguimos saber se o perfil é mais ou menos jovem, qual a classe social, se é licenciado ou não. Este perfil ainda não está consolidado. Dentro de três ou quatro meses saberemos.
OLO: Pelo feedback que temos tido, sabemos que estamos a conseguir ir buscar dois tipos de leitores: quem não estava a comprar jornais e quem já compra outro jornal, tendencialmente semanário, à sexta-feira. Pode dizer-se que estamos a ir buscar leitores à abstenção. Isso é já um barómetro interessante tendo em conta aquela ideia de que as pessoas não estão predispostas a voltar a comprar jornais. Temos hipóteses, de facto, e há mercado para um jornal com as nossas características e posicionamento.
OLO: Indiscutivelmente. Podem perdoar-nos a imodéstia, mas tivemos na primeira edição uma sondagem que, pelos vistos, teve consequências do ponto de vista político nas candidaturas em Lisboa. Na primeira edição conseguimos marcar do ponto de vista do desporto, da banca, com o relatório do BES, a questão da decisão instrutória do juiz Ivo Rosa e o impacto que isso podia ter. Na segunda edição fomos o primeiro jornal a conseguir identificar que António Costa tem pretensões a um cargo europeu e isso teve impacto no bas-fond da política. As capas e as edições têm reflectido o trabalho árduo da equipa que conseguimos construir. Temos muito conteúdo próprio. Não temos um único texto da Lusa no nosso jornal. Da primeira à última página temos cachas. Se as pessoas compram jornais é para ler cachas, furos e informação exclusiva.
DA: Nas entrevistas a Carlos Moedas surge sempre a questão da sondagem do Novo. Fomos o primeiro jornal a lançar uma sondagem autárquica de Lisboa.
M&P: Para um jornal que se apresenta como de centro-direita, chegaram às bancas com uma primeira capa muito desfavorável a essa área política.
DA: Como podemos mudar uma sondagem? A isso chama-se isenção. Somos assumidamente de uma linha editorial, mas somos jornalistas, somos e temos de ser isentos. Não podíamos mexer nos números da sondagem.
M&P: O posicionamento de centro-direita não está já ocupado pelo Observador? Refiro-me particularmente à escolha de cronistas dessa área ideológica.
DA: Adalberto Campos Fernandes é insuspeito de ser do centro-direita. Temos uma rubrica chamada Senado, que na edição da semana passada foi da responsabilidade de Isabel Camarinha, secretária-geral da CGTP. A Inês Moreira dos Santos é insuspeita de ser de direita.
M&P: Três nomes, se calhar, no meio de duas dezenas.
OLO: Olha-se para a opinião e percebe-se que posiciona o jornal. Temos uma linha identitária que posiciona o jornal, mas não temos “bias” nem há delito de opinião. Temos muitos convidados de esquerda para o Senado, para o site e para colunas rotativas do jornal.
M&P: No centro-direita havia um défice de um jornal com estas características?
DA: Não era défice, viemos ocupar um espaço.
M&P: Que espaço é esse então?
DA: É o nosso espaço, é um caminho que estamos a fazer. Temos o máximo de respeito pelos outros órgãos de comunicação social. Queremos ir buscar leitores à abstenção, leitores que não compram jornais ou leitores que compram outros jornais e também levam o Novo. Nós somos o que somos. Poucos jornais se assumem editorialmente.
OLO: Há uma orfandade de muitos leitores que olham para os jornais e percebem que há um espaço por preencher. Há uma linha editorial que agrega diversas sensibilidades, mais liberais, mais conservadoras, mais social-democratas, mais democratas-cristãs. Há um vazio na comunicação social no que toca a estes leitores. Que directores seriamos nós se não percebêssemos que existe esta lacuna? Havendo aqui uma linha editorial que defendemos, que achamos que pode ser seguida, e esta percepção de vazio editorial, por que não sermos nós a ocupá-lo? Sobretudo numa fase de estreitamento dos media, em que há menos jornais em Portugal do que há 10 ou 15 anos, e em que vendem menos. A credibilidade dos jornalistas é cada vez mais posta em causa, seja nas redes sociais, seja pelo divórcio dos leitores tradicionais em relação aos jornais. Nós queremos mostrar que há uma receita que pode funcionar. Sabemos que jamais conseguiremos vender 100 mil jornais. É impraticável nos tempos que correm, mas há caminho a fazer. Com a pouca publicidade que fizemos, com pouca ocupação de televisão, rádio, etc., ter os números que temos tido nas primeiras semanas é sintomático e relevador de que há leitores e espaço para jornais em Portugal. Os jornais têm de ser claros e ter um bom produto. O maior argumento que temos é fazer um bom jornal.
M&P: O anterior administrador, João Botelho, chegou a dizer ao M&P que o jornal queria “recuperar o estilo que era de O Independente, nomeadamente ao nível das capas e da comunicação, mas sem os processos judiciais”. O Independente é também uma inspiração para terem uma direcção bicéfala, tal como o Paulo Portas e o Miguel Esteves Cardoso?
DA: Nem eu nem o Octávio somos o Paulo Portas ou o Miguel Esteves Cardoso, isso é claríssimo. O Independente é uma inspiração, tal como o Expresso ou o Semanário. Nós bebemos um pouco de tudo. Não temos preconceitos sobre qualquer outro jornal. Percebo a questão de a capa ter um tema mais picante, porque hoje olhamos para as capas nas bancas e vemos muitos temas, muita mancha de texto. Nós estamos focados na grande história. Sobre a direcção bicéfala, temos claramente o nosso espaço bem definido. O Octávio é um jornalista de mão cheia, com provas dadas. Temos percursos muito distintos e temo-nos complementado. O Octávio é mais o director da redacção, que define a nossa linha editorial. Eu tenho uma parte mais executiva, de representação do próprio jornal. Estamos os dois sempre em sintonia. Os nossos diferentes backgrounds podem ser uma mais-valia para o produto final.
OLO: Temos estado em absoluta sintonia na construção e projecção do jornal junto da sociedade, dos directores de empresas, de instituições ou do governo. Este casamento feliz entre alguém com experiência do lado político e alguém que vem do lado jornalístico faz com que tenhamos mais rede, mais conhecimento. Temos uma tensão permanente porque o Diogo tem uma perspectiva, eu tenho outra e depois conseguimos fazer uma síntese. O Independente funcionou como inspiração, mas também o Semanário e o Expresso. Eu era jornalista do Expresso e o Diogo colunista. O Expresso é uma referência e é incontornável. Vamos querer que daqui a 20 ou 30 anos alguém diga que aquele jornal que vai surgir tem o Novo como inspiração. É para isso que estamos cá, porque vamos querer estar no mercado muito tempo.
M&P: O Independente tinha também por trás um projecto de poder. Olhando para a última edição, o Novo tinha uma entrevista com André Ventura, artigo de opinião de Francisco Rodrigues dos Santos e de João Cotrim Figueiredo. Nota-se que não há pessoas próximas da direcção do PSD entre os colunistas.
OLO: Porque eles não querem. Vou cometer uma inconfidência. A primeira pessoa que convidámos para ser entrevistada para este jornal foi o dr. Rui Rio.
DA: Já entrevistámos o Cotrim Figueiredo e agora foi o André Ventura. Escrevemos que estávamos a iniciar um ciclo de entrevistas aos líderes e começamos com os da direita. Depois queremos ir aos líderes da esquerda. Se o dr. Rui Rio quiser ser nosso colunista teremos todo o gosto.
M&P: Por que acham que Rui Rio não quer ser entrevistado pelo Novo?
DA: Já o convidámos, reiteramos o convite, queremos muito entrevistar o dr. Rui Rio e, se fosse nosso colunista, encantados da vida.
M&P: Circula no mercado a ideia de que este é um jornal próximo da linha de Passos Coelho. O próprio Diogo Agostinho vem da Câmara de Cascais, cujo presidente está em conflito constante com Rui Rio.
DA: Percebo a sua questão picante, mas está a falar da maior câmara do PSD do país.
M&P: A maior é a de Braga.
DA: Braga, Cascais e Viseu são as três maiores câmaras que o PSD detém. Tenho muito orgulho em ter trabalhado na equipa do dr. Carlos Carreiras. O meu percurso é assumidíssimo. Trabalhei com o dr. Santana Lopes, mas este não é um jornal anti-Rio, anti-PSD ou pró-PSD. É um jornal que assumimos de centro-direita, que tem espaço para pessoas escreverem, falarem, pensarem. O jornal tem recebido imensas pessoas. O Carlos Eduardo Reis, que escreve nesta edição, é uma pessoa próxima do dr. Rui Rio.
OLO: O mais próximo que estive de Passos Coelho foi a entrevistá-lo. Admito que administradores, jornalistas e leitores tenham afinidades, mas um jornalista não pode ter estados de alma. Por termos sondagem óptima para Fernando Medina significa que agora somos um perigoso jornal socialista? Não consigo compreender a questão das afinidades políticas ou partidárias ou vincularem-nos a um projecto de reconfiguração da direita, seja lá o que isso for. O que sempre dissemos é que toda a gente, das diversas direitas e de outros espaços positivos, terá espaço no nosso jornal, assim o queiram.
M&P: O que aconteceu na semana de lançamento do jornal? Foi algo inédito no panorama nacional comunicar-se um novo semanário a menos de 24 horas de chegar às bancas.
DA: Nós temos a expressão aqui de que somos um jornal startup. Até isso foi sui generis. Foi uma decisão tomada pela administração, que nós directores acompanhámos, de criar uma nova marca. Quisemos testar o produto em banca. Aconselharam-nos a esperar meses até definirmos o nosso perfil, até termos a capa que vai vender, a testar o nosso logo, a fazermos vários números zero… Fizemos o número zero em banca e essa foi a grande novidade que trouxemos. Lançámos a informação aos outros órgãos de comunicação social 24 horas antes de que vinha aí um novo semanário.
M&P: Em que dia souberam que tinham de fazer um jornal a sério para ir para as bancas?
DA: Um mês antes.
OLO: Fomos para as bancas quando sentimos que tínhamos um jornal que conseguia marcar aquela sexta-feira, aquela semana e a agenda mediática. Antes disso, achámos que não era prudente. Chegámos a 16 de Abril, com vantagens e desvantagens. As coisas são assim.
M&P: Foi uma decisão da administração?
OLO: Connosco, que avaliámos em conjunto com a direcção e a administração. 16 de Abril foi a data que definimos como mais oportuna.
M&P: O jornal foi previamente apresentado a agências de meios?
DA: Não. Houve contactos com agências de meios por parte da nossa direcção comercial, mas não foi previamente apresentado.
M&P: É essa a regra em todo o mundo aquando do lançamento de um novo jornal nacional.
DA: Certo. Uma pessoa, para vender o seu produto, o melhor que tem a fazer é mostrá-lo. Quisemos fazê-lo em banca. É este o produto que temos para dar. Não há melhor apresentação do que mostrá-lo em acção.
M&P: Consideram que não era necessária uma campanha de lançamento do jornal, apesar de agora terem uma campanha nas ruas?
DA: A nossa melhor campanha é estar nas bancas.
OLO: A nossa melhor campanha são as capas, os bons temas e as notícias. Não podemos dizer que a generalidade dos jornais vive numa bolha, a escrever para si próprios, a pensar em meia dúzia de pessoas de determinadas elites da capital e depois nós próprios mimetizamos o comportamento desses jornais. Se queremos ser diferentes nesses pontos, temos de mostrar que temos um bom produto.
M&P: É público que esta indecisão da data de lançamento do jornal tinha a ver com o nome do jornal, que devia chamar-se Sol e só não adoptou essa designação por impedimento da ERC. Este processo criou ruído no lançamento do projecto?
DA: Não sei se criou ou não. A história é muito simples e já foi contada. Há uma empresa que adquiriu e detém o título Sol. Fez um processo junto da ERC se poderia ou não usar o registo. A ERC tomou a sua decisão. A empresa também tomou as suas decisões perante todos os cenários: o cenário da ERC, o cenário reputacional e o cenário de mercado. Estamos muito felizes em sermos Novo.
M&P: Estiveram algum tempo à volta do nome Sol. Por que é que o nome Sol seria bom para um novo jornal semanal quando já existia outro chamado Sol e que mudou para Nascer do Sol?
OLO: Não devemos fazer a avaliação se seria bom ou mau. A única coisa que tínhamos e temos como garantido é que a Lapanews tinha o direito de utilização do título Sol. Houve uma avaliação a dada altura, fruto destas circunstâncias que são públicas, de que era mais prejudicial do que benéfico termos esse nome. Encontrámos a solução Novo.
M&P: Não é apenas a questão de ser prejudicial. Não podiam lançar um jornal com o nome Sol.
DA: Durante um ano.
OLO: Poderíamos dentro de menos de um ano estar a utilizar a marca Sol e podíamos estar a montar uma narrativa nesse sentido. A prova de que não estamos é que o nome Novo Semanário está cristalizado. Para nós não é um tema. Dentro de um ano não será sequer discutido, será visto como um tema que durou três ou quatro dias antes de nós sairmos. Eu percebo que seja um tema que interesse, mas é para a bolha. É um assunto completamente arrumado.
M&P: Certo, mas vocês são contratados para dirigirem um novo jornal chamado Sol.
DA: Nós somos contratados pela Lapanews para dirigir um jornal semanário para a Lapanews.
M&P: O site da Lapanews apresentou durante algum tempo um logótipo que era o do antigo Sol.
DA: A Lapanews detém esse título, esse e o I. E agora tem o Novo.
M&P: Estão confortáveis com este projecto? Aparentemente foram contratados por uns accionistas e uma administração que já não estão cá ao fim de um mês do jornal na banca.
OLO: Eu fui contratado pela administração da Lapanews.
M&P: Mas por quem?
OLO: Pela administração da Lapanews.
M&P: Pelo João Botelho?
DA: E o Miguel Côrte-Real, que faziam parte da comissão executiva.
M&P: E pelo Rui Teixeira Santos?
OLO: Era um dos accionistas. Obviamente, quando fomos convidados, os dois, falámos com a estrutura accionista, toda, da Lapanews. Entretanto a estrutura accionista, como é sabido, sofreu alterações. Isso foi avaliado e discutido connosco. Estamos confortáveis com essas mudanças. Para todos os efeitos somos funcionários da Lapanews e fomos contratados para fazer um jornal semanário. O jornal semanário está aqui.
M&P: Lançar um jornal é algo caro, que requer investimento. João Botelho falava de um investimento de três milhões de euros. Quem está agora no capital da Lapanews tem disponibilidade para investir no projecto? Estão à procura de novos investidores?
DA: Eu percebo a pergunta mas somos os dois funcionários da Lapanews. Temos a obrigação de gerir o nosso produto e temos um rigor tremendo nas nossas despesas. Temo-lo feito com rigor, contenção, porque, como diz, é um custo brutal lançar um jornal. Temos de ser comedidos nas despesas. Temos de fazer muito com menos. Os nossos accionistas deixam-nos tranquilos nesse aspecto e estão a trabalhar nesse quadro.
M&P: Quando acham que o projecto pode ser sustentável?
DA: Penso que já o seja e já o é. Vendemos bem, conseguimos publicidade e conseguimos boas parcerias. Quantos mais leitores tivermos, mais recursos teremos para aplicar na qualidade do produto.
OLO: Estamos em absoluta sintonia com a administração na exacta medida em que não podemos ter custos que não sejam sustentáveis. Todo o projecto é alicerçado tendo em conta um determinado plano de negócios. Os custos editoriais e com os recursos humanos estão arquitectados e projectados para corresponder a esse projecto sustentável e duradouro. A redacção está toda sintonizada no mesmo sentido. A redacção, sendo muito competitiva, sabe que o tempo das megalomanias acabou. Do topo à base, estamos todos a remar no mesmo sentido. Sabemos que os velhos vícios do jornalismo não existem aqui.
M&P: Tiveram de fazer algum plano de reajustamento de equipa?
DA: Não, temos a equipa estabilizada.
OLO: Esperamos a breve trecho poder fazer reforços. Trabalhamos numa perspectiva de expansão e de crescimento.
M&P: Temos falado muito do papel e pouco do online. A ideia é o Novo estar focado no papel?
OLO: Somos um projecto bidireccional. O papel permite ter receitas que o online ainda não permite, excepto no registo de assinaturas pagas. Seria impensável em 2021 trabalharmos numa só direcção. Não podemos nunca alhear-nos de que grande parte dos nossos leitores são consumidores do Novo no online, não o são no papel. Sabemos que há muita informação que, se não dermos no site, perdemos o comboio. Não negligenciaremos nunca o site ou o papel. Temos em vista uma série de investimentos e projectos para o site.
M&P: No futuro poderá haver paywall?
DA: Estamos a estudar.
M&P: Têm em mente o lançamento de novos produtos ou títulos?
DA: Vamos ter novidades em breve sobre o tema.
OLO: Vão ser boas novidades para nós, enquanto directores da publicação, mas também vão ser para os leitores, do ponto de vista editorial.
“Prefiro acreditar que esse acordo não existiu”
Menos de um mês após o lançamento do Novo, a Lapanews surgiu com uma nova estrutura accionista já sem a presença de Rui Teixeira Santos e de João Botelho. Francisco Oom Pimenta Peres passou a ocupar a presidência do conselho de administração, com Miguel Côrte Real na presidência da comissão executiva. No final de Abril a revista Sábado avançou que Mário Ramires, director do semanário Nascer do Sol, e a Newsplex, editora responsável pelo semanário e pelo diário Inevitável (ex-I), apresentaram uma queixa-crime no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) contra Álvaro Sobrinho, o seu irmão Sílvio Madaleno, Rui Teixeira Santos, os sócios da empresa Lapanews, e contra os dois directores do Novo. A revelação do acordo entre Álvaro Sobrinho e Rui Teixeira Santos teve efeitos imediatos
M&P: A Sábado noticiou que o contrato de cedência da marca Sol, entre Álvaro Sobrinho e Rui Teixeira Santos, refere que o novo jornal deverá “zelar pelo bom nome, honra e reputação” da Pineview, “abstendo-se de fazer quaisquer publicações cuja veracidade não se encontre devidamente comprovada e/ou que possam pelo seu conteúdo colocar em causa o bom nome e reputação” da sociedade offshore. Quando ficaram a saber do conteúdo deste contrato?
OLO: Quando o jornalista da Sábado nos contactou. Não sabíamos da existência de qualquer contrato dessa natureza. Nós nunca nos vinculámos, porque nunca o faríamos, a um contrato desse tipo, a fazer fé na notícia. Essa notícia para nós foi uma surpresa. Nem a nossa administração tinha conhecimento desse acordo. Não nos vinculamos a esse acordo nem nos vamos deixar condicionar por qualquer potencial entendimento que limite a nossa liberdade editorial. Se fazemos campanhas publicitárias a dizer que “todas as carecas vão ser descobertas” ou que “vamos investigar a fundo quem leva o país ao fundo” nunca podíamos ser coniventes ou cúmplices pelo silêncio de um acordo desse teor. Prefiro acreditar que esse acordo não existiu. Se existiu, não temos nada a ver com ele.
M&P: É na sequência dessa notícia que o Rui Teixeira Santos e o João Botelho saem da estrutura da Lapanews?
DA: Foi um acordo entre a administração e os accionistas e foi-nos comunicada essa situação.
M&P: Foi comunicada após a notícia da Sábado?
DA: Sim, um ou dois dias depois.