A sustentável leveza das empresas
A paisagem corporativa está em constante evolução e os critérios pelos quais as empresas são avaliadas têm-se expandido para além do simples retorno financeiro. Nos últimos anos, a sustentabilidade […]
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A paisagem corporativa está em constante evolução e os critérios pelos quais as empresas são avaliadas têm-se expandido para além do simples retorno financeiro. Nos últimos anos, a sustentabilidade e os critérios ESG (Ambiental, Social e de Governança) consolidaram-se como peças-chave no quebra-cabeça do sucesso empresarial. Falámos com várias empresas que revelam quais as prioridades em matéria de sustentabilidade e quais as metas para um futuro próximo.
Texto: Susana Marvão
As mudanças climáticas, o esgotamento de recursos naturais, a crescente desigualdade social e a procura de transparência e integridade corporativa colocaram a sustentabilidade e o ESG na linha de frente das discussões de negócios. E parece consensual que as empresas que não se adaptem a esta nova realidade enfrentam não apenas riscos reputacionais, mas também financeiros.
A ajudar a tudo isto, o consumidor moderno tornou-se mais consciente e exigente. São várias as pesquisas, de consultoras como a Capgemini e a Nielsen, que comprovam que muitos estão dispostos a pagar mais por produtos e serviços de empresas com práticas sustentáveis e ESG robustas. Além disso, investidores institucionais estão a direcionar cada vez mais os seus fundos para empresas que pontuam bem nesses critérios, potenciando a ideia de que tais empresas geralmente apresentam menos riscos e estão mais bem posicionadas para o sucesso a longo prazo.
Benefícios além da reputação
A adoção de práticas sustentáveis e padrões ESG pode trazer uma série de benefícios tangíveis para as empresas. Desde a redução de custos, através de operações mais eficientes e menores taxas de desperdício, até à atração e retenção de talentos, muitos profissionais agora procuram empregadores que compartilhem seus valores éticos e ecológicos.
No meio de todos estes conceitos, qual a realidade das empresas portuguesas? O Business Council for Sustainable Development (BCSD) Portugal apresentou este ano o resultado de um estudo sobre o grau de maturidade em sustentabilidade das empresas portuguesas. O inquérito revelou que as empresas nacionais já reconhecem a importância da sustentabilidade, incluindo compromissos de sustentabilidade na sua missão (93%) e definindo responsáveis operacionais pela área (73%). Adicionalmente, 48% das empresas já tem um administrador responsável pela sustentabilidade.
Da amostra – 67 empresas portuguesas, das quais 30 grandes empresas, 31 PME e seis microempresas – 55% já desenvolve, aprova e monitoriza uma estratégia de sustentabilidade, 54% já produz um relatório de sustentabilidade e 55% já capacita os seus colaboradores para a sustentabilidade.
O retrato mostra que as empresas portuguesas já compreendem a relevância da sustentabilidade e já implementam ações e iniciativas nesta área, no entanto ainda apresentam pouca maturidade em termos de sustentabilidade. De facto, 21% das empresas inquiridas ainda se encontra num estágio prévio da jornada da sustentabilidade – Despertar – no qual começam a compreender a necessidade e as oportunidades da sustentabilidade como estratégia corporativa. Dentro das cinco etapas da jornada de sustentabilidade, mais de metade (68%) das empresas posiciona-se nas fases iniciais – Conhecer e Construir. Etapas em que as empresas reconhecem a necessidade e as oportunidades da sustentabilidade e começam a diagnosticar e a estabelecer prioridades, objetivos e metas e a definir planos de ação.
Das empresas que responderam ao inquérito, apenas 11% já construiu uma base sólida para se posicionar nos patamares de maior maturidade – Comunicar, Consolidar e Coliderar. Nestas etapas, as empresas comunicam e envolvem os stakeholders nas matérias ESG, reavaliam a sua trajetória, reforçando medidas para garantir o alcançar dos objetivos para 2030 e começam a definir as metas para 2050. Nas etapas iniciais da jornada de sustentabilidade encontram-se maioritariamente microempresas e PME e as empresas posicionadas em etapas mais maduras da jornada de sustentabilidade são grandes empresas.
Temas de governança evoluem
Ainda que os temas ambientais sejam os mais trabalhados pelas empresas, seguidos dos temas sociais, os temas de governança são os que mais evoluem ao longo das etapas, encontrando-se a par dos temas ambientais nos patamares Comunicar, Consolidar e Coliderar.
“As questões relacionadas com a sustentabilidade são hoje parte integrante da agenda das empresas portuguesas, mesmo algumas de pequena dimensão”, disse ao Meios & Publicidade Bruno Proença, diretor de sustentabilidade da consultora JLM&A. “Obviamente que o grau de maturidade não é homogéneo. Ou seja, há empresas que já iniciaram a jornada de transformação para a sustentabilidade, ao passo que outras organizações estão ainda em processo de reflexão sobre como os temas ESG – ambiente, social e governance, os três pilares da sustentabilidade para as empresas – vão impactar a sua atividade no futuro”. O responsável admite igualmente haver setores de atividades mais avançados do que outros na aplicação de planos de ação para a sustentabilidade. “Porém, ninguém está indiferente a este tema”.
Perante isto, a JLM&A adotou o que Bruno Proença apelidou de “estratégia flexível”. “Os serviços prestados aos clientes adaptam-se ao seu estado de maturidade, bem como do seu setor de atividade”. Acreditando que a perceção das empresas sobre sustentabilidade mudou total e radicalmente na última década, Bruno Proença assume que passou de um tema algo “exótico” de algumas empresas, para uma força transformadora da economia e da sociedade. “A temática da sustentabilidade não é nova, vem do século passado, embora com outra terminologia. Por exemplo, o conceito de ‘desenvolvimento sustentável’ é da década de oitenta do século XX. Mas era sobretudo um assunto de políticos e governos e não das empresas, com algumas exceções, como a Patagónia”.
E tudo o Acordo de Paris mudou
Mas tudo mudou com os acordos de Paris e com as COP – órgão supremo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – que se seguiram, tornando-se óbvio que o cumprimento dos objetivos de neutralidade de carbono obriga a um compromisso de todos os agentes, incluindo as empresas. A isto juntou-se a tradução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pelas Nações Unidas, para o mundo empresarial, o que levou à criação da terminologia e ao “universo” ESG. “A partir daqui, disparou o número de empresas que passou a revelar preocupações com a sustentabilidade ESG”, comenta Bruno Proença.
Para isto, também contribuiu uma alteração profunda no contexto de negócio. “Vários estudos revelam que as empresas que têm modelos de negócio mais sustentáveis conseguem hoje beneficiar de vantagens competitivas mais duradouras, são mais eficientes, têm menos custos, têm melhor reputação junto dos clientes, captam o melhor talento, gerem melhor o risco junto dos fornecedores e, muitas vezes, conseguem financiamento mais vantajoso”. Nos últimos anos, a temática da sustentabilidade complexificou-se, com várias instituições internacionais – públicas e privadas – a divulgarem documentos com boas práticas, recomendações, regulamentações e métricas que devem ser publicadas pelas empresas.
“Isto obriga os clientes a um acompanhamento constante destas temáticas e, mais importante, a adaptarem constantemente os seus planos de ação para a sustentabilidade às novas recomendações e regulamentações, cada vez mais exigentes”, disse o especialista. “O reporting de dados não financeiros é um excelente exemplo. Várias instituições internacionais apresentaram as suas recomendações sobre quais os indicadores relativos à sustentabilidade que as empresas deviam divulgar. E, portanto, até agora, cada organização escolhia o que lhe parecia mais indicado para a sua atividade”.
Maior grau de transparência
As organizações públicas, nomeadamente na União Europeia, estão agora a aprovar as diretivas comunitárias que definem os standards de indicadores não financeiros que as empresas vão ser obrigadas a divulgar, o que implica, por exemplo, que alguns dos clientes da JLM&A vão ter de fazer adaptações aos seus modelos de reporting e outros vão ser obrigados a iniciarem a divulgação de dados relativos às áreas de sustentabilidade. “Isto representa um outro nível de transparência para as empresas e obriga a comunicarem com outros stakeholders internos e externos”.
Ou seja, não basta recolher a informação não financeira. É necessário, depois, ter uma estratégia de comunicação dessa informação, garantindo que cumpre todas as exigências regulatórias, até porque ninguém quer ser acusado de greenwashing, uma espécie de branqueamento ambiental, e ter os consequentes problemas de reputação. “E, mais importante, as empresas querem que a comunicação da informação sobre sustentabilidade reforce o seu posicionamento estratégico no mercado”.
Um elevado índice transformacional
Joana Garoupa fundou, já este ano, a Garoupa INC, uma agência de comunicação e marketing dedicada aos temas da sustentabilidade, nomeadamente na área da comunicação, da reputação e do marketing. Tudo porque, contou ao Meios & Publicidade, as agências tendem a tratar esta temática como mais um “selling point”, quando a sustentabilidade é “de um índice transformacional para as empresas que não pode ser trabalhado de uma forma tradicional”.
Com uma vasta experiência no mundo empresarial, nomeadamente de grandes organizações, Joana Garoupa admite que a palavra sustentabilidade “é curta para cobrir todas as variáveis que estão dentro dela”, tocando vários pontos dentro de uma mesma empresa. “Não faz sentido pensar em sustentabilidade como um fim em si mesmo. Tem de estar imbuída e fazer parte do que são as empresas, tem de fazer parte dos modelos de negócio, das políticas de recursos humanos, do ‘governance, compliance e legal’ das empresas. E sinto que nesta área da comunicação e do marketing ainda se olha para isto no sentido de ser necessário criar um produto verde”. Algo que, na ideia de Joana Garoupa, simplesmente não existe. “A entrega de um produto ou serviço de uma empresa tem de ter a componente de sustentabilidade como um dos fatores-chave de distinção e diferenciação”. A especialista partilha da opinião de que, em Portugal, as empresas estão em diferentes estádios de desenvolvimento, “algumas com grande maturidade e outras que ainda agora estão a iniciar essa travessia”.
O mundo empresarial tem tentado abraçar todo este admirável novo mundo da sustentabilidade. E são vários os exemplos, espalhados pelos mais diversos setores de atividade. A Unilever, uma das maiores empresas multinacionais de bens de consumo do mundo, é frequentemente destacada pelos seus esforços em sustentabilidade. O seu Plano de Vida Sustentável, lançado em 2010, estabeleceu a ambição da empresa de dobrar o tamanho do seu negócio, reduzindo ao mesmo tempo o impacto ambiental e aumentando o impacto social positivo.
A Ikea, conhecida mundialmente por todos os seus produtos de mobiliário práticos e acessíveis, também é uma das empresas líderes quando se trata de práticas sustentáveis, tendo crescido com uma abordagem de negócio que valoriza tanto o design, quanto a responsabilidade ambiental e social, desde a utilização de madeira sustentável, energia renovável ou redução de resíduos.
A sustentabilidade em números
De acordo com um estudo realizado pela Google Cloud, as políticas de sustentabilidade, sociais e de governação tornaram-se a prioridade das empresas e representam 10% dos investimentos das instituições.
• Em 2021, Portugal emitiu cerca de 57 mil toneladas de GEE (em equivalente de dióxido de carbono), o que equivale a 5,5 toneladas per capita, mas ainda assim abaixo da média dos países da UE (7,8 toneladas).
• Portugal reduziu, face a 2005, 35% das emissões de gases com efeito de estufa.
• 65% da energia elétrica produzida em Portugal vem de fontes renováveis.
• No que respeita à produção de resíduos urbanos, no ano de 2020, em Portugal atingiu-se as 5,3 toneladas com, em média, cada português a produzir 1,4 kg de lixo por dia, em linha com a média dos países da EU.
• 99% da água disponível na torneira dos consumidores é segura, quando em meados da década de 1990 apenas metade desta água era de boa qualidade.
Fonte: Pordata
Compromissos com a sustentabilidade
Em junho deste ano, a Nestlé Portugal anunciava a intenção de contratar, ainda em 2023, cerca de 100 trabalhadores, em linha com o que tem acontecido nos últimos anos, mantendo a aposta na sustentabilidade da marca, com o país também a afirmar-se como um hub do grupo. Segundo a empresa, um total de 82% das embalagens de plástico do seu portefólio global já é reciclável, tendo público o seu compromisso para reduzir para metade as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) até 2030 e atingir a neutralidade carbónica até 2050, reduzindo a metade a sua pegada de carbono até 2030.
“Na Nestlé, os nossos valores estão enraizados no respeito. Um respeito por nós próprios, pelos outros, pela diversidade e pelas gerações futuras. Definir os nossos valores é crucial, mas viver de acordo com eles é o que faz a diferença na nossa atuação. É desta forma que procuramos desenvolver a nossa atividade tomando decisões que não sejam boas apenas para nós e para os nossos acionistas, mas também para a sociedade e para o planeta”, refere Jordi Aycart, iberian sustainability manager da Nestlé. “O nosso trabalho é guiado pelo desejo de contribuir para uma alimentação nutritiva e sustentável, de ajudar a proteger, renovar e restaurar os recursos naturais e de ajudar a fortalecer as comunidades onde nos inserimos e de operar de forma responsável”.
Para conseguir atingir os compromissos de sustentabilidade, a Nestlé está a transformar todos os aspetos do negócio, “desde a conversão da nossa frota de veículos, comerciais e não comerciais, para tecnologia elétrica, à utilização de fontes de energia renováveis nas nossas fábricas, até à transformação do material de embalagem, para que se torne 100% pronto a reciclar e até mesmo à própria redução da utilização de plástico virgem”. A estratégia ambiental, social, de governança corporativa (ESG) e de sustentabilidade está no centro da tomada de decisões. “A nossa Agenda de Sustentabilidade e a sua performance é seguida pelo nosso Comité de Sustentabilidade e pelo próprio conselho de administração da empresa, que supervisionam toda a nossa estratégia: o roadmap Net Zero 2050, o compromisso para embalagens mais sustentáveis, os compromissos sobre a utilização responsável do importante recurso que é a água, a nossa política de fornecimento sustentável, entre outros”.
Os resultados estão à vista: “nos últimos 10 anos, a Nestlé conseguiu reduções muito significativas na eficiência ambiental das suas operações: 72% no consumo de água, 25% no consumo de energia e 47% nas emissões de CO2”. Para Jordi Aycart, o maior desafio passa pelo facto de que “apenas 5% do total de gases de efeito estufa (GEE) provirem das nossas próprias operações. Por oposição, 95% provêm da nossa cadeia de valor, de atividades como a agricultura ou o transporte marítimo. É por isso que estamos a trabalhar com os nossos parceiros em toda a nossa cadeia de valor para ajudar a alcançar reduções absolutas nas emissões de GEE”.
Já a Sociedade da Água de Monchique (SAM) disponibilizou o seu primeiro relatório de sustentabilidade, onde dá nota dos resultados e dos esforços encetados naqueles que são os eixos fundamentais do plano de desenvolvimento sustentável: pessoas, clima, ética e inovação. “Apesar dos complexos desafios que enfrentámos durante o ano de 2022, não abrandamos os esforços na prossecução dos nossos abrangentes compromissos com a sustentabilidade. Antes pelo contrário. Com o empenho de todos os colaboradores, continuamos a executar a nossa estratégia, com impacto direto em todos os nossos stakeholders e, como tal, na sociedade em geral, colocando sempre o foco em como melhor servir os nossos Monchique lovers”, refere Vítor Hugo Gonçalves, CEO da Sociedade da Água de Monchique (SAM).
Entre as iniciativas desenvolvidas pela SAM ao longo dos últimos anos, destaque para o consumo de energia proveniente em exclusivo de fontes renováveis, a integração e apoio a diversas iniciativas de economia circular, a gestão da atividade industrial em equilíbrio com a natureza, a incorporação de 30% de rPET nas suas garrafas, antecipando em oito anos as diretivas europeias ou a introdução no mercado da primeira garrafa 100% reciclada e reciclável (ver caixa).
O relatório de sustentabilidade dá ainda conta da identificação de temas-chave que resultam do cruzamento entre a perspetiva interna e externa à Água de Monchique, tais como a saúde mental e bem-estar, diversidade e inclusão, responsible business, respeito pelo ambiente e inovação, cujo impacto no desempenho e na atividade da empresa é mensurável.
No terceiro trimestre de 2023, a Monchique Natura chegou ao mercado, uma nova garrafa sem rótulos, produzida a partir de PET reciclado (rPET) e 100% reciclável. Uma iniciativa que se insere na ambição da Sociedade da Água de Monchique de alcançar a neutralidade carbónica até 2030. O lançamento vai evitar a utilização de 19 toneladas de PET virgem por cada milhão de Monchique Natura produzidas. “Uma garrafa totalmente produzida a partir de outras garrafas e onde substituímos a utilização de rótulos pela gravação em relevo na própria garrafa, minimizando ainda mais o impacto da nossa operação no meio ambiente e prosseguindo uma estratégia assente na promoção de uma verdadeira economia circular. A Monchique Natura é mais um marco num caminho que pretende, até 2030, alcançar a neutralidade carbónica, apostando continuamente na inovação e marcado pela audácia”, destacou Vítor Hugo Gonçalves, CEO da Sociedade da Água de Monchique.
Um compromisso com o planeta
Em julho, a Roca, empresa especializada em design, produção e comercialização de produtos para o espaço de banho, divulgava o seu relatório de sustentabilidade de 2022, no qual comunicava que, nos últimos cinco anos, reduziu o consumo de água em 47% e as emissões de CO2 em 39 %. O documento, que apresenta em pormenor a evolução da estratégia de ESG da empresa, centra-se no seu impacto em três áreas: pessoas, planeta e prosperidade.
Jorge Vieira, managing director da Roca, em declarações ao M&P, garantiu que o compromisso com o planeta e com as comunidades se traduz em toda a linha que orienta as suas operações, sendo um compromisso e alicerce de cada uma das ações da empresa, em alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “A preocupação com a sustentabilidade está fortemente presente na nossa missão e valores. Procuramos minimizar o impacto ambiental, adotando práticas responsáveis nas várias etapas do processo de produção, valorizando a eficiência no uso da água e de outros recursos naturais. Paralelamente, estamos empenhados em inovar e desenvolver soluções cada vez mais amigas do ambiente, através da procura por tecnologias e produtos que nos permitam economizar água e energia nas nossas rotinas diárias”.
Este compromisso com a sustentabilidade está também presente nas iniciativas de responsabilidade social que a Roca desenvolve e promove enquanto empresa, nomeadamente com a criação da Fundação We Are Water – que tem como objetivo contribuir para a resolução dos problemas decorrentes da falta de água e saneamento no mundo. O concurso One Day Design Challenge, que promove jovens talentos do mesmo modo que os desafia a encontrar soluções dentro do espetro de produtos e serviços sustentáveis, foi outra das iniciativas mencionadas pelo responsável, que visa sensibilizar para a sustentabilidade na área da arquitetura e construção.
A nível interno, a empresa promove projetos como o Eco-Roca e o Resíduo Zero, que mostram “o nosso total empenho em conseguir processos de produção mais eficientes e limpos que contribuam para o bem-estar das pessoas e a preservação do planeta”.
A sustentabilidade pública
E o setor público, como encara a sustentabilidade? Filipe Araújo, presidente do Conselho de Administração da Empresa Municipal de Ambiente do Porto, acredita que dada a sua proximidade aos cidadãos e à comunidade, bem como à capacidade de intervenção no território, as autarquias enquanto poder local desempenham um papel preponderante em termos de governação de proximidade. Algo determinante enquanto modelo de incentivo, liderança pelo exemplo e enquanto agente facilitador. “O município do Porto, consciente da sua responsabilidade nesta matéria, tem desenvolvido programas e iniciativas que procuram envolver e consciencializar os munícipes de forma mais global e abrangente, dando um especial enfoque ao envolvimento das crianças e jovens, numa lógica de educação para a sustentabilidade aos mais novos, com vista à criação de um compromisso de longo prazo com a comunidade”.
A educação para a sustentabilidade é “uma ferramenta essencial para envolver as pessoas no processo de transição para uma cidade mais sustentável, mudando comportamentos com a expetativa de que estes possam ter efeitos geracionais”. Nesse seguimento, a autarquia destaca o Plano Integrado de Educação-Ação para a sustentabilidade 2023/2024, que contempla atividades e projetos com o objetivo de promover a consciência e a ação ambiental e tem como destinatários os alunos do pré-escolar, dos três ciclos do ensino básico, do secundário e do ensino profissional da rede pública e da rede de ensino particular e cooperativo, ou de instituições particulares de solidariedade social ou sem fins lucrativos.
Um desafio chamado gestão de resíduos
Em termos de desafios, Filipe Araújo destaca a gestão de resíduos, “uma vez que os seus resultados dependem, em parte, do compromisso e envolvimento da população em reduzir a sua produção, promover a sua reutilização e fazer a correta triagem e separação que permitam prosseguir o processo de reciclagem com qualidade”. A autarquia tem implementado “uma forte aposta nas soluções de tratamento local de biorresíduos, como a compostagem caseira e comunitária”, que permitem uma redução de custos e de impactos ambientais associados ao tratamento centralizado, mas também a implementação de modelos de circularidade no turismo e economia social e que constituem outros exemplos de ferramentas complementares à estratégia da Porto Ambiente “e que em muito têm contribuído para o cumprimento dos objetivos expressos no Roadmap para a Economia Circular 2030, em linha com as orientações estratégicas europeias e com as políticas de sustentabilidade ambiental e combate às alterações climáticas”.
Aliás, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido resultou na distinção com o Prémio de Excelência do Serviço de Gestão de Resíduos Urbanos, atribuído pela Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR). A par desse reconhecimento, durante três anos consecutivos, a Porto Ambiente tem vindo a receber o Selo de Qualidade de Gestão de Resíduos Urbanos da ERSAR, uma distinção das boas práticas das entidades gestoras.
À medida que entramos na segunda metade desta década, a sustentabilidade e o ESG não são mais simples “adendos” ou “extras” no mundo corporativo. Estão no cerne de muitas estratégias de negócios bem-sucedidas. As empresas que reconhecem e se alinham a essa mudança não vão apenas prosperar, mas também vão desempenhar um papel vital na construção de um futuro mais justo e sustentável para todos.
(re)BORN by Delta Q
A Delta Q lançou a iniciativa (re)BORN, com o objetivo de reforçar o seu papel na construção de um mundo cada vez mais sustentável. Este projeto de economia circular, que se veio juntar à estratégia de sustentabilidade do grupo Nabeiro, pretende dar uma nova vida às máquinas de café da Delta Q, que são recondicionadas e devolvidas ao mercado em perfeitas condições. “Cada máquina é rigorosamente reparada, testada e equipada com todos os componentes originais. Uma máquina 100% funcional e em perfeitas condições (grade A) por um preço bastante acessível”, refere a empresa em comunicado.
Imobiliário “desperta” para a sustentabilidade
A CBRE orgulha-se dos “feitos” conquistados em 2022: mais de 4,9 mil milhões de dólares utilizados na contratação de fornecedores sustentáveis, mais de 8.300 edifícios avaliados através de sistemas de performance energética, mais de 1200 embaixadores de ética e compliance e mais de 19 milhões de dólares em ações sociais, avançou Liliana Soares, que lidera a área de ESG da empresa de investimento e serviços imobiliários comerciais. “A CBRE preocupa-se com o futuro sustentável das empresas, pessoas e do planeta. Impulsionados pela nossa perspetiva multidimensional, construímos uma estratégia transformacional para responder às ambições ambientais e sociais existentes”. A empresa, que almeja ser Net Zero até 2040, admite que o mercado imobiliário registou nos últimos anos uma diferença significativa no que respeita à importância da performance ESG dos edifícios, fruto da conjuntura global e da entrada de capital estrangeiro com critérios financeiros influenciados por indicadores ESG. “Os esforços para que um determinado ativo ou portfolio seja mais sustentável passaram de um nice to have para um must have”.
Sustentabilidade no desporto
Da moda desportiva surge a Adidas, que frequentemente é notícia por investir de forma crescente e significativa em práticas sustentáveis. Um dos projetos mais famosos da Adidas em termos de sustentabilidade é a colaboração com a Parley for the Oceans. Juntos, desenvolveram uma linha de calçado e vestuário feitos a partir de plásticos reciclados recolhidos de praias e comunidades costeiras. Esta iniciativa não só desvia o plástico do meio ambiente, mas também conscientiza sobre a poluição dos oceanos.