Jornalistas exigem medidas. “Paixão pela profissão não pode servir de pretexto à exploração desenfreada”
São 15 os pontos que integram a resolução final aprovada e aclamada por unanimidade no final do 5º Congresso dos Jornalistas, o primeiro em sete anos. Além de uma greve […]
Luis Batista Gonçalves
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São 15 os pontos que integram a resolução final aprovada e aclamada por unanimidade no final do 5º Congresso dos Jornalistas, o primeiro em sete anos. Além de uma greve geral em data a definir pelo Sindicato dos Jornalistas, que deverá acontecer após as eleições legislativas de 10 de março, os profissionais do setor exigem medidas.
“A precariedade laboral, que adquire as mais diversas formas e tem vindo a acentuar-se, compromete seriamente a independência de jornalistas e a sua liberdade de informar. O clima de insegurança e ausência de estabilidade expõe os profissionais à cedência a práticas que violam a ética. A paixão dos jornalistas pela profissão não pode servir de pretexto à exploração desenfreada do seu trabalho por parte das empresas”, afirma o texto ratificado.
“A sustentabilidade financeira do jornalismo exige medidas imediatas e soluções estruturais, sob pena de ser destruído um instrumento fundamental para a saúde da democracia, tão ameaçada em todo o mundo. É imperioso levar a cabo uma reflexão séria sobre o financiamento do jornalismo, não excluindo o apoio estatal, desde que salvaguardada a autonomia e a independência dos jornalistas, como sucede em países que concebem o jornalismo como um bem público”, apela o documento.
“O quadro legal que regula a profissão, em especial as leis de imprensa, de televisão e de rádio, o estatuto do jornalista e o regulamento da carteira profissional, deve ser objeto de reflexão aprofundada, com vista a incorporar novas realidades e a garantir o pluralismo e a diversidade. Os jornalistas devem reforçar a autorregulação em defesa de um jornalismo de qualidade e eticamente responsável e fortalecer os conselhos de redação”, considera o coletivo.
“Deve ser feita uma reflexão séria sobre o quadro de intervenção da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), em especial no domínio da transparência da propriedade dos órgãos de comunicação”, defende o documento aprovado.
“A desertificação noticiosa do país é uma realidade gritante que precisa de ser alterada, o que passa pelo reforço dos apoios públicos, pela capacitação dos jornalistas que trabalham fora de Lisboa e do Porto pelo combate à promiscuidade crescente entre órgãos de comunicação social e autarquias”, refere ainda a resolução.
Mais de duas moções aprovadas no encontro
O 5.º Congresso dos Jornalistas, que decorreu entre quinta-feira e domingo no Cinema São Jorge, em Lisboa, contou com a presença de mais de 700 congressistas. Entre os temas discutidos, a crise do Global Media Group dominou as conversas. Desde o registo de idoneidade obrigatório para investidores nos media à usurpação pelas grandes plataformas digitais do trabalho dos jornalistas, passando pela segurança dos profissionais de informação, pelo reforço do fotojornalismo e por uma maior diversidade nas redações e nas notícias, foram mais de duas dezenas as moções aprovadas no encontro.
A que defendeu a realização de uma greve geral foi todavia a mais aplaudida. “O momento é aqui e agora. Temos de parar. Simplesmente parar. Exigir que finalmente nos ouçam. Deixar de dar notícias, de fazer diretos, abandonar as redações e as conferências de imprensa. Não metermos jornais nas bancas, não darmos notícias nas rádios, não transmitirmos o telejornal, não publicarmos nas redes sociais. Mostremos o quão necessário é o nosso trabalho”, apelam os organizadores do congresso.
“Caminhemos juntos sem deixar ninguém para trás. Empurram-nos para o escuro, mostremos o que é o escuro por um dia. Para que se perceba o que é viver sem notícias, o impossível da democracia: não haver informação. Parar também para refletir sobre o jornalismo que andamos, ou não, a fazer”, afirmam os promotores do encontro no site do evento, promovido pela Casa da Imprensa, pelo Clube de Jornalistas e pelo Sindicato dos Jornalistas. A última greve geral de jornalistas teve lugar em 1982. Mais de quatro décadas depois, os protestos repetem-se.