Destaque M&P Exclusivo

“A divulgação de figuras femininas de referência é um incentivo para as profissionais

Aos 50 anos,  as jornalistas Maria Serina e Isabel Canha  iniciaram um projeto jornalístico que, atualmente, é uma referência para mulheres profissionais. Mais do que uma publicação online,   a Executiva […]

Cristina Dias Neves
Destaque M&P Exclusivo

“A divulgação de figuras femininas de referência é um incentivo para as profissionais

Aos 50 anos,  as jornalistas Maria Serina e Isabel Canha  iniciaram um projeto jornalístico que, atualmente, é uma referência para mulheres profissionais. Mais do que uma publicação online,   a Executiva […]

Sobre o autor
Cristina Dias Neves
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Aos 50 anos,  as jornalistas Maria Serina e Isabel Canha  iniciaram um projeto jornalístico que, atualmente, é uma referência para mulheres profissionais. Mais do que uma publicação online,   a Executiva é uma comunidade de mulheres que acreditam que é importante dar o seu contributo para uma sociedade mais equilibrada.

Maria Serina e Isabel Canha são fundadoras do projeto Executiva

Como nasceu o site Executiva e porquê?

Maria: Este projeto nasceu como revista no final dos anos 1990 na Impresa, como um suplemento trimestral da Executive Digest, de que éramos ambas editoras. A Impresa descontinuou este título, mas para nós a Executiva nunca acabou. Aquela revista fazia falta no mercado editorial português, era a revista que nós, enquanto mulheres, queríamos ler. E sabíamos que muitas mais profissionais pensavam como nós. Apesar de a revista Executiva já ter acabado há muito, na Exame, nos anos 2000, a Isabel continuava a receber cartas de leitoras que elogiavam o projeto. A paixão pela Executiva ficou e 15 anos depois agarrámos no título. Lançámos a Executiva como site, pois o paradigma da comunicação social estava em mudança do papel para o online.

Isabel: Instituições supranacionais, Estados, empresas e outras organizações e indivíduos estavam cada vez mais sensibilizados para o tema da igualdade de género. Faltava um meio de comunicação social que desse voz a mulheres, para as retirar da obscuridade, e servirem de role models a outras mulheres. O site nasceu da nossa vontade de contribuir para que mais mulheres em Portugal ascendessem a funções de liderança nas empresas. Enquanto jornalistas, nos meios onde trabalhávamos, ouvimos e contámos histórias sobretudo de homens porque são eles que ainda estão maioritariamente na linha da frente da maioria das áreas. Mas conhecíamos inúmeras mulheres que tinham histórias muito inspiradoras para partilhar. Sentimos que os seus testemunhos podiam encorajar outras mulheres a desenvolverem todo o seu potencial, a assumir riscos e a quebrar barreiras.

A missão da Executiva é dar ferramentas e role models (modelos inspiradores) às mulheres para que alcancem as funções de liderança que ambicionam e merecem. Cumprimos esta missão através dos artigos e entrevistas que publicamos no site, nas conferências, nos livros, nos prémios, como As Mulheres Mais Influentes de Portugal e Executivas do Ano, e  nas ações de formação, como os Bootcamps Executiva ou o programa One Step Ahead Líderes no Feminino, promovido em parceria com a AESE Business School.

Quais foram os principais desafios?

Isabel: Lançar um negócio num setor em crise à procura da fórmula mágica que garantisse a sua  sustentabilidade. O primeiro desafio deste projeto foi o do financiamento. Gostaríamos de ter lançado uma Executiva muito mais pujante, que nos permitisse à nascença ter a projeção que hoje, volvidos nove anos, já alcançou, e chegar a mais mulheres e mais rapidamente. Hoje, a sua sustentabilidade continua a ser um desafio. Não tendo nós um grupo de investidores por detrás, temos conseguido manter a Executiva graças ao apoio de empresas que se revêm na nossa causa da igualdade de género, da valorização do papel da mulher na economia, e que patrocinam os eventos que organizamos e os livros que editamos.

Maria: Quando lançámos a Executiva, em 2015, tínhamos já trabalhado nos dois maiores grupos de comunicação social em Portugal – a Impresa e a Media Capital. E, por isso, estávamos habituadas a liderar a parte editorial, a redação dos títulos que dirigimos, a Cosmopolitan e a Exame. Mas estávamos integradas numa equipa mais vasta, que abarcava o marketing, a publicidade, a produção e a distribuição. Na Executiva contamos com uma pequena equipa, mas somos responsáveis por todas essas áreas. Por isso, tanto entrevistamos a presidente de uma importante empresa portuguesa, como compramos o código de barras ou negociamos o orçamento de impressão de um novo livro. Já aconteceu até irmos aos armazéns centrais do El Corte Inglés entregar livros para serem vendidos nas suas lojas, estacionando o nosso carro entre camiões TIR que podem estar a descarregar mobiliário ou a nova coleção de fatos de banho, enquanto nós descarregamos uma caixa com 50 livros escritos e editados por nós.

Isabel: Como fazemos tudo em todas as áreas, estes nove anos têm sido muitos desafiantes e de grande aprendizagem, apesar de toda a experiência que já trazíamos na bagagem. Mas foi também a experiência que tínhamos que nos permitiu desenhar o modelo de negócio da Executiva – que inclui o site, mas também eventos e edição de livros. Este ano celebramos o 9.º aniversário da Executiva e orgulhamo-nos de tudo o que construímos: uma marca reconhecida e estimada pelo seu target, termos resistido como meio de comunicação social num setor em crise, a nossa empresa jornalística estar entre as top 5% PME em Portugal e ter a certificação do Compromisso Pagamento Pontual, todos os projetos relevantes que lançámos, os livros, os prémios, as Conferências de Liderança Feminina, a formação, e, sobretudo, termos contribuído para que as mulheres gestoras ganhem visibilidade.  Nada nos dá maior gosto e orgulho que ouvir: “sem a Executiva não teria chegado onde cheguei” ou “não seria convidada para outras entrevistas ou conferências”. Saber que contribuímos para a valorização do papel das mulheres na economia e na sociedade portuguesa.

Como vê o papel da mulher no mercado de trabalho?

Maria: As mulheres são cerca de metade da força de trabalho em Portugal e enfrentam muitas dificuldades: discriminação, disparidade salarial, assédio sexual, etc. As mulheres são metade da força de trabalho, mas representam apenas 31% dos lugares nos conselhos de administração e 6% dos CEO, diz o estudo “Women Matter Iberia” da consultora McKinsey, feito no segundo semestre de 2022. Além disso, a disparidade salarial é de 10,1% entre os dois sexos, sendo ainda maior no topo.

E em cargos de liderança?

Isabel: Em Portugal, são cada vez mais as mulheres em cargos de gestão e liderança nas diferentes áreas da sociedade, mas continuam sub-representadas. As estatísticas evidenciam uma evolução nos números da liderança feminina, mas a ritmo muito lento. Ora, uma sociedade em que metade da população é discriminada, não estando igualitariamente representada nos órgãos políticos e nos órgãos decisórios das empresas e outras organizações é, desde logo, uma sociedade injusta – e isto é o mais importante que pode ser posto em evidência. É também uma sociedade que perde parte do seu talento, da sua força de trabalho, da sua iniciativa e da sua visão do mundo. Nas empresas, diversos estudos demonstram que a paridade de género está associada a melhores resultados económicos e financeiros, em diversos indicadores, desde os lucros à cotação da empresa em bolsa.

Portugal está atrasado em relação ao resto da Europa e EUA neste domínio ou  é equivalente?

Maria: Portugal ocupa a 29.ª posição no Índice Global de Desigualdade de Género à escala mundial. A liderança feminina continua a avançar a várias velocidades no mundo, pois há ainda muitos países com situações mais prementes para resolver sobre a situação das mulheres antes da liderança feminina ser de facto a prioridade. Mas nos Estados Unidos, pela primeira vez em 69 anos de história da lista anual da Fortune 500, as mulheres lideram mais de 10% dos negócios das maiores empresas de capital aberto, em que 52 empresas são comandadas por mulheres, um recorde histórico que contrasta com as 44 do ano passado.

Importantes organismos internacionais são liderados por mulheres: o FMI, o Banco Central Europeu e a Comissão Europeia. Observamos isso também nas mais variadas áreas da sociedade, como por exemplo, na área política, com uma vice-presidente dos Estados Unidos. Há cada vez mais mulheres a liderarem grandes multinacionais e têm a responsabilidade de serem role models para muitas outras e por isso falam abertamente sobre os desafios que enfrentam e procuram de várias formas inspirar e empoderar outras mulheres a seguirem as suas ambições.

Quais os fatores mais penalizantes para a mulher na sua evolução enquanto profissional e líder?

Isabel: Sem mulheres em posições de topo, com visibilidade na imprensa, não se inspiram jovens gestoras a trilhar esse caminho. Não podemos ambicionar ser aquilo que não conhecemos. Por isso, a escassez de role  models é um obstáculo enorme. A divulgação de role models, internos à organização ou externos, é poderosíssima como incentivo a que mais mulheres cheguem à liderança. Na Executiva acreditamos fortemente no poder dos exemplos inspiradores de mulheres com poder e influência, cuja divulgação está inscrita na nossa missão enquanto meio de comunicação social. A missão da Executiva é dar ferramentas para a progressão profissional das mulheres e dar voz, um palco, a mulheres com carreiras sólidas que inspirem o caminho de outras mulheres e lhes deem exemplos de modelos de liderança no feminino.

Todo o ambiente é mais hostil, mais íngreme, para as mulheres do que para os homens e o ambiente de negócios não é diferente. Mas se tivesse de eleger aquele que é apontado como o maior obstáculo, mais frequentemente citado pelas mulheres líderes que entrevistamos, seria a conciliação da vida familiar com a carreira. Fruto do papel tradicionalmente atribuído à mulheres, de cuidadora da família e do lar, as que trabalham têm uma pesada carga adicional. Mesmo que consigam comprar uma extensa rede de apoios, há sempre a culpa, por exemplo, quando têm de trabalhar até mais tarde, ou de viajar. Há barreiras externas como a discriminação, ainda que não consciente, na seleção e promoção, padrões masculinos do que é ser-se líder e o duplo padrão de avaliação. Por exemplo, para os homens um murro na mesa é ser-se afirmativo, para as mulheres é ser-se agressiva. E, ainda, há barreiras internas, como o medo de aceitar desafios, falta de confiança e síndrome do impostor.

Enquanto mulheres já se sentiram subvalorizadas?

Maria: Há um episódio muito claro. Enquanto empreendedoras prestes a lançar a Executiva, sentimos discriminação de uma entidade bancária pelo facto de sermos mulheres. Discutíamos entre nós se seria impressão nossa, se seria o comportamento comum do nosso interlocutor com todos os clientes, até que pedimos ao marido da Isabel para nos acompanhar numa reunião com o gestor bancário e a diferença foi notória.

Isabel: Desapareceu o paternalismo, as piadinhas que ocupavam o tempo que devíamos estar a tratar do assunto que ali nos levara, e todo o tratamento foi completamente diferente. Não quisemos fazer negócio com esse banco, mesmo correndo o risco de não virmos a conseguir crédito noutra instituição, mas tirámos as dúvidas. As mulheres continuam a ser discriminadas no acesso ao capital, o que dificulta que lancem empresas, progridam e criem riqueza.

Vê diferenças significativos entre a atitude das Baby boomer e das mulheres da Geração Z?

Maria: Sem dúvida que as diferenças existem e as mais notórias dizem respeito à forma como a igualdade entre géneros é mais comummente estabelecida e a forma como encaram o trabalho. Os Baby boomers viveram os tempos difíceis do pós-guerra, o que os levou a procurarem a estabilidade de um trabalho para a vida. O work-life balance não foi uma prioridade porque ainda são do tempo do mítico horário das 9h às 17h e viveram muito tempo só com rádio e televisão com 2 canais, o que lhes permitia ter tempo livre de qualidade, tinham em muitos casos até tempo para não fazer nada. Estão hoje em posições séniores e a maioria reporta elevados níveis de stresse. E, claro, não compreendem os Millennials ou os jovens da Geração Z, que nasceram em plena internet e dominam as tecnologias e terão profissões ou cargos que ainda nem existem. Querem trabalhar com um propósito. Para eles, o local de trabalho e horários são passado. Exigem trabalhar de onde e às horas que lhes são mais convenientes. Estão dispostos a dar o máximo quando é preciso, mas querem tempo para desfrutar a vida no intervalo entre projetos. As tarefas domésticas são divididas e, com isso, elimina-se um dos maiores obstáculos à carreira profissional das mulheres.

A comunicação social é um mundo de mulheres? Porquê?

Isabel: A comunicação social é um mundo de mulheres. Mas tal como as cozinhas são um mundo de mulheres, mas são os homens que são os chefs, há poucas mulheres em cargos de liderança nas redações. Há muito trabalho a fazer: as mulheres e os temas que mais lhes dizem respeito são ignorados pelos meios de comunicação social, são sobretudo notícia por razões erradas, há notícias redigidas em tons preconceituosos. Não tenhamos ilusões: os meios de comunicação social, tal como a sociedade em que se inserem, também sofrem de machismo. Acreditamos que os media não devem relegar a sua atribuição de contribuir para a transformação da sociedade e assumir um papel primordial na formação dos leitores: é através deles que o público é informado e sensibilizado, entre outros, para a igualdade de género e defesa dos direitos das mulheres. Para que esta função dos meios de comunicação social fosse mais eficaz, seria necessária maior presença de mulheres nos órgãos de decisão das empresas jornalísticas, que trouxessem este tema para a ribalta. Seria necessária uma constante autovigilância que obrigasse as redações a dar palco a mais mulheres, e escrutinasse permanentemente a forma como as mulheres são mais severamente julgadas, eliminando conteúdos discriminatórios, abalando convicções estereotipadas e expurgando os preconceitos de todo o exercício de informar: desde a escolha da notícia até à forma como é escrita e editada. Sem falsas modéstias, sabemos que o nosso papel é muito importante. Segundo o estudo “Gender Equality in the Executive Ranks”, da Weber Shandwick, conduzido pela Economist Intelligence Unit, os media têm tido um papel primordial, incentivando a paridade de género. Como aí se escreve, “os media têm tido um papel primordial por garantirem que a discussão e as decisões das empresas em prol da paridade de género continuem a ser temas “quentes”. Antes de fundarmos a Executiva não existia um meio de comunicação social que valorizasse o papel das mulheres na economia e na sociedade e desse palco às mulheres bem-sucedidas na sua profissão, para que, com o seu exemplo, inspirassem outras mulheres a seguir o mesmo percurso, chegando aos lugares que ambicionem e merecerem. Nestes nove anos tivemos oportunidade de dar a conhecer centenas de mulheres líderes em Portugal. Entrevistámos algumas dezenas para o site, demos voz a gestoras, empresárias e empreendedoras nos nossos livros, colocámos em palco mais de uma centena de executivas nas conferências que promovemos, distinguimos anualmente as 25 mulheres mais influentes em Portugal e, desde o ano passado, atribuímos os prémios de Executivas do Ano a uma empresária, gestora, empreendedora e revelação.


BIO

Isabel Canha e Maria Serina são jornalistas com cerca de 35 anos de carreira e fundadoras da Executiva.pt, um site de carreira para mulheres, lançado em maio de 2015. Conheceram-se na revista Exame, em 1991, e desde então trabalharam várias vezes juntas.

Isabel Canha foi editora da Exame, Fortunas & Negócios e Executive Digest, diretora da Cosmopolitan e da Exame. Maria Serina foi editora da Exame, Fortunas & Negócios, e Executive Digest, e chefe de redação e diretora da Cosmopolitan.

A Executiva nasceu quando eram editoras da Executive Digest e a Impresa lhes lançou o desafio de fazer uma revista de carreira para mulheres. Era exatamente a revista que queriam ler, mas não existia. O sucesso da Executiva levou-as à Cosmopolitan, um completo desvio do jornalismo de negócios onde tinham feito carreira até essa altura. Foram ambas diretoras da Cosmo, primeiro a Isabel e depois a Maria, quando a Isabel foi convidada para dar a volta às contas da Exame.

O título Executiva acabaria por ser descontinuado no Grupo Impresa, mas esta paixão nunca as abandonou e, 15 anos depois, decidiram recuperá-lo e lançaram o site. Fizeram-no aos 50 anos, sem investidores, arriscando o seu dinheiro.

Nove anos depois, a Executiva é uma referência em dar ferramentas e palco a mulheres diariamente no site, mas também em prémios, em ações de formação e em conferências — a Grande Conferência Liderança Feminina, que é o evento mais conhecido e já tem mais de 10 edições, tem, este ano, a sua edição no Porto, a 21 de março, e em Lisboa, a 17 de outubro.

Sobre o autorCristina Dias Neves

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‘The Lost Class’ (na foto), da Leo Burnett Chicago para a Change The Ref, é a campanha que Sérgio Gomes, diretor criativo da Uzina, gostaria de ter feito. ‘Leva Portugal a Peito’, para a Galp, é a que mais gostou de fazer

A morte de 3.044 estudantes nos Estados Unidos em ataques com armas de fogo levou a associação Change The Ref a aprovar ‘The Lost Class’, a campanha de sensibilização que Sérgio Gomes, diretor criativo da Uzina, gostaria de ter concebido.

Os dois filmes, criados pela Leo Burnett Chicago, mostram o ativista John Lott e David Keene, ex-dirigente da National Rifle Association (NRA), defensores do porte de armas, a discursarem perante uma plateia vazia numa cerimónia de graduação sem estudantes.

Com um tom totalmente diferente, o anúncio ‘Leva Portugal a Peito’, concebido por O Escritório para a Galp, é a campanha que Sérgio Gomes mais gostou de fazer. A atriz Mikaela Lupu, o chef José Avillez, o cantor Salvador Sobral, o youtuber Wuant, o surfista Frederico Morais e o futebolista Madjer são algumas das figuras públicas que entram no spot, para defender o orgulho português e apoiar a seleção nacional de futebol no campeonato do mundo de 2018.

Qual é a campanha publicitária que gostaria de ter feito?

‘The Lost Class’, da Leo Chicago para a Change The Ref. Volta e meia, há ideias e campanhas que mudam o paradigma. Esta, para mim, é uma delas. Estarei eternamente rendido à ousadia e à perseverança de quem fez isto acontecer.

David Keene, antigo dirigente da National Rifle Association (NRA), aceitou discursar para uma plateia vazia

O que é que o entusiasma na campanha?

É uma lição de criatividade, ‘craft’, coragem e um lembrete de que as grandes ideias são autênticos castelos de cartas. Sem delicadeza, rigor e minúcia, tudo pode ruir. Só espero um dia ser capaz de provocar noutras pessoas uma reação tão avassaladora, poderosa e visceral como esta campanha provocou em mim.

Pelo arrojo?

Sim. Ser capaz de atrair alguns dos maiores lobistas da indústria do armamento para uma ratoeira desta dimensão, em que procuram inspirar uma geração de jovens cujas vidas foram levadas pela sua ganância, é de uma coragem e de um atrevimento avassaladores.

Porquê?

Porque é uma campanha que não tem nada de óbvio. É quase insultuoso sugerir que ‘The Lost Class’ é uma solução evidente para o problema que se propõe resolver, ao contrário do que sucede com a ‘You’re Not You When You’re Hungry’, da BBDO New York para a Snickers, que é outra das campanhas que eu gostaria de ter feito e que apresenta uma daquelas verdades que está à frente de todos, mas ao alcance de poucos.

Em seis palavras, reposiciona uma marca e desafia o pensamento de uma categoria. O chocolate vai além da obviedade do prazer e passa a cumprir uma nova função, que é matar a fome. Ao fim de mais de uma década e de centenas de execuções, o chocolate e o slogan coabitam nas bocas de milhões de consumidores pelo mundo fora.

Sérgio Gomes é diretor criativo da Uzina desde outubro de 2024

Qual a campanha que mais o realizou profissionalmente?

‘Leva Portugal a Peito’, para a Galp. Não por ser a que mais me preencheu criativamente, mas por ter sido determinante no meu trajeto. Foi o primeiro ‘briefing’ que recebi quando estava na agência O Escritório, onde eu conhecia toda a gente, mas ninguém me conhecia a mim. Apresentar um ‘copy’ bem feito não era suficiente. Era importante surpreender.

Em que é que se baseou?

O campeonato mundial da Rússia, em 2018, marcava o regresso da seleção nacional às fases finais depois da conquista do Euro, em 2016, que foi uma vitória tão celebrada por nós como criticada lá fora. Acusavam-nos de um estilo de jogo demasiado defensivo. E, pior, tinham razão.

Como é que isso o inspirou na redação da campanha?

Apesar de sermos defensivos dentro do campo, somos ainda mais defensivos fora dele. Que o diga o ex-presidente da FIFA, Joseph Blatter, que provou a ira de um enxame depois ridicularizar a nossa ‘queen bee’, também conhecida por CR7, em público.

Ou a atriz Maitê Proença, que teve a infeliz ideia de publicar um vídeo a enxovalhar os portugueses e foi imediatamente cancelada por 10 milhões de pessoas, o equivalente à Avenida Paulista, em São Paulo, só para perceber com quem se meteu.

A atriz Mikaela Lupu é uma das figuras públicas que entram na campanha da Galp

O ‘insight’ veio da união dos portugueses?

Sim, somos muito autocríticos, mas ai do estrangeiro que ouse diminuir Portugal ou os portugueses, especialmente na ressaca do Euro 2016, da vitória no festival da Eurovisão, do título mundial de futebol de praia, de uma série de estrelas Michelin e de uma onda de orgulho sem precedentes. Se somos defensivos, é porque há muito a defender. O conceito que está na origem da campanha reunia os ingredientes que procurávamos. Era um ‘insight’ divertido e, simultaneamente, uma massagem ao ego português.

A receção foi a esperada?

O impacto da campanha foi imediato. Nas primeiras horas, o filme somava dezenas de milhares de reações. Mais estranho ainda é que o número de partilhas acompanhava o número de reações. Tudo orgânico. A campanha inspirou memes e recriações, enquanto a expressão “Meh?!” viajou dos ecrãs para as conversas de elevador e esplanadas.

Para que a campanha fizesse sentido, faltava garantir que a seleção se mantinha fiel ao estilo de jogo que apresentou na Rússia. E não desiludiu. Jogámos miseravelmente e fomos recambiados nos oitavos de final.

O espírito de união dos portugueses na defesa contra os críticos do país está na origem da campanha ‘Leva Portugal a Peito’

As campanhas atuais são mais ou menos criativas do que quando começou a trabalhar?

Não vejo grande diferença. Há umas décadas, 95% dos anúncios eram chatos e irrelevantes. Hoje, 95% dos anúncios continuam a ser chatos e irrelevantes. Se a boa publicidade vive da consistência, diria que temos feito um bom trabalho.

É a favor de campanhas desenvolvidas integralmente com recurso a inteligência artificial (IA)?

Sou a favor de boas ideias bem executadas. Se são desenvolvidas com recurso à IA, ao Photoshop ou a tinta da China, é-me completamente indiferente.

O que faz quando não tem ideias?

Durmo, se o meu filho deixar. À partida, uma boa noite de sono costuma resolver os bloqueios. Está provado cientificamente que somos mais produtivos e também mais criativos durante a manhã. Sou um fiel contribuinte dessa estatística.

Ficha técnica

Campanha ‘The Lost Class’
Cliente Change The Ref
Agência Leo Burnett Chicago
Diretores criativos Ceara Adamson, Jason LaFlore e Matt Turnier
Diretor criativo executivo Sam Shepherd
Produtora Hungry Man
Diretor de produção Mike Davidson
Realizador Bryan Buckley
Redatora MacKenzie Hart
Diretora de arte Sofia Gahn
Diretor de fotografia Scott Henriksen
Editores Chris Van Dyke, Jason Macdonald, JK Carrington, Maxwell Redinger e Ryan Bukowski
Colorista Gregory Reese
Sonoplasta Rommel Molina
País Estados Unidos
Ano 2021

 

Ficha técnica

Campanha ‘Leva Portugal a Peito’
Cliente Galp
Agência O Escritório
Diretor criativo Nuno Jerónimo
Redator Sérgio Gomes
Diretor de arte Rodrigo Maciel
Diretor de contas João Rodrigues
Diretor de digital Vasco Mendonça
Diretora de marketing Joana Garoupa
Produtora Garage Films
Realizador Roger Serrasqueiro
Produtor executivo Miguel Varela
Sonoplastia Victor Mingates
País Portugal
Ano 2018

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Guess What conquista comunicação do grupo Concentra

“Será um desafio estimulante, até porque o mundo dos seguros é frequentemente percecionado como complexo e distante”, diz Francisco Chaveiro Reis, sócio e diretor de comunicação corporativa da agência

A Guess What acaba de conquistar a comunicação estratégica do grupo Concentra (na foto), que se dedica aos seguros e resseguros através de marcas de corretagem e agências de subscrição e de gestão de extensão de garantias, como Hispania, Median, Melior, Segurfer, Winsartorio, Concentra Garantias, UBL Brokers e Gescobert.

“Será um desafio estimulante, até porque o mundo dos seguros é frequentemente percecionado como complexo e distante. É precisamente essa perceção que queremos ajudar a mudar, através da literacia, desmistificando o mundo dos seguros, tornando os conceitos simples e compreensíveis enquanto trabalhamos também a comunicação para a rede de parceiros e para os colaboradores”, explica Francisco Chaveiro Reis, sócio e diretor de comunicação corporativa da agência de comunicação e relações públicas Guess What, citado em comunicado de imprensa.

Para além de trabalhar e de reforçar a notoriedade do grupo Concentra no mercado nacional, a Guess What fica também incumbida de promover a literacia dos consumidores portugueses na área dos seguros. Fundado em 2001, o grupo empresarial está presente em Portugal, Angola, Índia e Emirados Árabes Unidos, com escritórios em Lisboa, Luanda, Dubai e Bombaim.

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Google incorpora ‘chatbot’ de IA nas pesquisas

Na conferência anual Google I/O, a empresa anuncia ainda a entrada num novo segmento de produtos, óculos de realidade aumentada alimentados por IA, com a esperança de competir com os óculos de realidade aumentada da Meta

A Google vai introduzir um ‘chatbot’ de inteligência artificial (IA) mais parecido com o modelo ChatGPT para responder às pesquisas dos utilizadores, segundo a imprensa internacional. A nova funcionalidade, denominada AI Mode, é apresentada na conferência anual da Google I/O e faz parte da estratégia da empresa para se manter competitiva face às startups de IA. Por enquanto, a funcionalidade está apenas disponível para os utilizadores nos Estados Unidos.

De acordo com dados da empresa, a Google efetua 90% das pesquisas na internet a nível mundial, mas se os utilizadores passassem a optar por alternativas baseadas em IA, a empresa poderia vir a perder tráfego. É nesse contexto que a Google consolida o uso do modelo Gemini como núcleo da sua estratégia.

Na conferência, a Google apresenta também as versões mais recentes dos modelos avançados de geração de vídeo e imagem, bem como uma nova ferramenta de produção de filmes e vídeos baseada em IA. Denominada Flow, permite criar clipes de oito segundos gerados por IA a partir de ‘prompts’ de texto e utilizar ferramentas de montagem de cenas para juntar vários clipes.

A Google aproveita o palco para anunciar a colaboração com a Xreal no Project Aura, óculos inteligentes com sistema Android XR, integração com o Gemini, campo de visão ampliado e sensores visuais e sonoros. Samsung, Gentle Monster e Warby Parker também participarão do desenvolvimento de óculos XR.

A entrada neste setor surge com a esperança de competir com os óculos de realidade aumentada da Meta, fabricados juntamente com a Ray-Ban. A Google informa que a produção dos novos óculos começa este ano mas não revela a data de lançamento.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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“Temos menos escala e dinheiro. E o dinheiro ajuda a criatividade”

Susana Albuquerque (na foto), presidente do Festival CCP, revela o melhor do que se pode esperar da edição deste ano e os ajustamentos no júri, na sequência do caso ‘É Uma Menina’

Catarina Nunes

Com o Festival CCP a arrancar oficialmente a 16 de maio, na Fábrica de Pão – Beato Innovation District, em Lisboa, Susana Albuquerque quer que da edição deste ano saia uma perspetiva aprofundada da criatividade nacional, “quando vivemos na ‘espuma dos dias’, a achar que ninguém faz nada de jeito”.

Em declarações ao M&P, a presidente do Festival CCP e diretora criativa executiva da Uzina, avança que “gostaria que olhássemos para os Ouros e sentíssemos orgulho no que estamos a fazer. É preciso vencer a falta de autoestima de acharmos que não fazemos coisas boas em Portugal. Somos um mercado pequeno, mas não temos ideias piores. Mesmo nas agências lá fora, não é todo o trabalho que é premiado, é apenas uma parte”.

Em relação à qualidade dos criativos nacionais, Susana Albuquerque considera que “há muita gente boa em Portugal a fazer bom trabalho. Não temos motivos para nos sentirmos inferiores. Temos menos escala e dinheiro. E o dinheiro ajuda a criatividade”.

Em relação à escassez de prémios internacionais no último ano, nomeadamente em Cannes, realça que “os prémios são por vagas, já tivemos agências com desempenhos ótimos em Cannes. O que ainda não conseguimos é ter consistência e massa crítica para ganhar todos os anos”.

Além do olhar mais alargado e construtivo face à criatividade nacional, a presidente do festival deseja também ver na 12ª Semana Criativa de Lisboa, que decorre de 16 a 23 de maio, “pessoas da estratégia, clientes e criativos, jovens e velhos”. Nesta matéria, o programa contribui com propostas transversais de conferências e workshops.

Conferências reforçadas com Alta Voz

Entre as seis conferências oficiais que constam do programa, a 22 de maio, Susana Albuquerque destaca às 12h a ‘O Nosso Futuro Não é Competir com Máquinas, Mas Criar o Que Elas Nunca Poderão Sentir’ com Miguel Simões, CEO da Lola MullenLowe Western Europe, e Tomás Ostiglia, diretor criativo executivo da Lola MullenLowe.

Outra das escolhas é a ‘Burned Out Brands: Why Marketing’s Lost Its Fire and How We Get It Back’, às 10h, com Tobey Duncan, diretor de estratégia da Uncommon Creative Studio.

A tertúlia da APAP, ‘Verdade Seja Dita – AI AI AI!?’, que junta agências e anunciantes e aborda o papel da inteligência humana no processo criativo, nas áreas do design e da publicidade, é outros dos destaques de Susana Albuquerque.

“No ano passado tivemos mais de mil participantes no festival, com as conferências todas cheias. A minha expectativa é que seja casa cheia nas conferências de dia 22”, refere. A presidente do festival explica que este ano foi aberto um segundo dia de conferências, com o Alta Voz, a 20 de maio, “porque tivemos muitas propostas de pessoas que queriam fazer coisas no festival. Por exemplo, a Scopen – ‘que ainda não é sócia do clube, mas vai ser’ – vai fazer a entrega do prémio Best Agency to Work For, durante o festival”.

No âmbito das conferências Alta Voz, Susana Albuquerque salienta ainda a participação do programa de televisão Pitch, que irá fazer uma emissão a transmitir na CNN, com uma conversa entre Lourenço Thomaz (Coming Soon) e Frederico Van Zeller (Dentsu), sobre criativos versus máquinas. A Coming Soon, por seu lado, propõe uma reflexão sobre os criativos com mais de 50 anos – ‘Serei Demasiado Velho Para Ser Criativo?’ -, num debate moderado por Marcelo Lourenço, cofundador e diretor criativo da Coming Soon.

Betclic estreia-se com ativação para jovens criativos

No polo oposto, direcionado aos jovens criativos com mais de três anos de experiência, o workshop ‘Dois Gajos do Porto Sentam-se Numa Mesa de Lisboa Para Dar Bitaites’ põe Hugo Veiga (diretor criativo global da AKQA) e João Coutinho (cofundador e CEO da Atlantic New York) a avaliar portefólios.

Em linha com a ideia de formar novas gerações de criativos, Susana Albuquerque refere a ativação da Betclic, que se estreia como patrocinador oficial e convida os jovens que vão assistir ao festival a fazer uma execução da campanha ‘Aposto Que Não És Capaz’. O vencedor ganha uma formação na escola de criatividade Brother.

Quanto à disponibilidade de tempo dos criativos para assistirem ao festival, tendo em conta que decorre durante o horário de expediente, Susana Albuquerque considera que “não há festivais todos os dias” e apela aos participantes e às agências que se consigam organizar, salientado que no recinto do festival há wi-fi e espaços onde se pode trabalhar.

“Na Uzina, escrevi um email a incentivar as pessoas a escolherem o que querem ver e fazer, ao abrigo da lei da formação profissional, sem prejudicarem o planeamento do trabalho”, revela a diretora criativa executiva da agência.

Inscrições decrescem para 843

A edição de 2025 do Festival CCP regista um ligeiro decréscimo no número de inscrições face ao ano anterior, com 843 inscrições de 104 entidades, entre freelancers, agências, agências ‘in-house’, estúdios, produtoras e pós-produtoras.

A categoria com mais trabalhos a concurso é a de publicidade (251), seguida por design (193), ‘craft’ em publicidade (160), digital (134), experiências de marca (95) e integração (10).

“Este ano tirámos a categoria de meios, que tinha sido criada com o objetivo de atrair agências de meios, o que não aconteceu. A maioria das inscrições são de agências criativas e havia muitas duplicações”, justifica Susana Albuquerque, acrescentando que “continua a haver a subcategoria de meios, mas dentro da categoria de publicidade”.

Em todas as categorias, estão também integradas subcategorias de estratégia – “que é uma área que precisa de atenção” – e a inovação é retirada da categoria de integração, ficando incluída em cada disciplina. O marketing relacional, por seu lado, também é eliminado – “porque não fazia sentido” – e distribuído pelas várias disciplinas.

Depois do encerramento da votação online de ‘shortlist’, a 4 de maio, e da votação presencial a 14 e 15 de maio, num espaço cedido pela Xerox, os trabalhos finalistas candidatos a prémios são divulgados dia 16.

Todas as fases de votação são auditadas pela BDO, que apoia o festival desde a primeira edição. Os vencedores são anunciados a 23 de maio, na Gala de Entrega de Prémios, na Fábrica de Pão do Beato Innovation District.

Polémica ‘É Uma Menina’ leva a ajustes no júri

Sobre a polémica no festival do ano passado com o anúncio da Dentsu ‘É Uma Menina’, para o BPI, Susana Albuquerque garante que o trabalho chega à ‘shortlist’ nas categorias de publicidade e ‘craft’, neste caso inscrito pela produtora.

“Depois da polémica que foi levantada nas redes sociais, a Dentsu decidiu retirar as suas peças de concurso. Manteve-se em ‘shortlist’ em ‘craft’, uma vez que tinha sido inscrito pela produtora. É um assunto ao qual gostava de não voltar, gerou muitos equívocos, mas isto foi o que aconteceu: o júri não retirou o trabalho do concurso, só decidiu que era ‘shortlist'”, recorda, salientando que a ‘shortlist’ só é fechada em sala e o júri pode despromover ou promover os trabalhos por categoria.

A presidente do festival considera que “não há nada que possamos fazer para evitar estas situações, ainda assim continuamos o nosso esforço de ter o melhor júri e o mais competente possível”. Neste sentido, “este ano reduzimos o número de jurados, exceto em publicidade. Isto faz com que tenhamos um critério mais apertado, por termos pessoas mais séniores, capazes e isentas”.

Esta decisão é tomada em linha com as reações ao anúncio do BPI. “Achámos que era uma boa solução, tendo em conta que, no caso da Dentsu – por não termos premiado o anúncio do BPI -, o que apareceu nas redes sociais foi dizerem que não éramos maduros”, refere.

Questionada sobre a importância de ter no júri criativos das novas gerações, que trazem outras perspetivas à análise dos trabalhos, Susana Albuquerque considera que “o jurado júnior é muito útil para o mercado” e que, por esta razão, “desde o ano passado temos no júri os criativos que foram mais premiados no Brief Aberto, que não podem votar, mas podem dar opiniões”.

Este ano, há outras alterações no que diz respeito ao júri de ‘shortlist’, que é composto pelos sócios do clube, que podem votar numa categoria. “Fizemos um inquérito junto dos sócios, que consideraram que se devia manter, mas reduzindo a ponderação de 50% para 40%, enquanto o júri oficial tem uma ponderação de 60%. Outra novidade é que o presidente do júri tem um resumo das votações”, acrescenta.

Sobre o autorCatarina Nunes

Catarina Nunes

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VML Branding desenvolve marcas de turismo de luxo na Arábia Saudita

A agência portuguesa liderada por Pedro Gonzalez e Hélder Pombinho, em parceria com o grupo empresarial saudita Red Sea Global, cria seis marcas dedicadas ao turismo de luxo: Botanica, Fly Red Sea, WAMA (na foto), Akun e Galaxea

A VML Branding, unidade da VML Portugal especializada na criação de sistemas de identidade, está a desenvolver várias marcas na área do turismo na Arábia Saudita. A agência portuguesa, em parceria com o Red Sea Global, grupo empresarial saudita com um portefólio diversificado em vários setores, apresenta seis marcas: Fly Red Sea, WAMA, Galaxea, Akun e Botanica.

“A agência tem vindo a consolidar a parceria com a Red Sea Global, um importante agente na área do turismo regenerativo de luxo na Arábia Saudita. É um enorme orgulho poder colaborar com um ‘player’ tão relevante no setor, que tem contribuído de forma decisiva para a criação de uma nova identidade para o turismo do país, em linha com os ambiciosos objetivos da visão 2030”, declara Pedro Gonzalez, diretor-geral da VML Branding, em comunicado de imprensa.

A WAMA (na foto) é uma marca cujo nome resulta da combinação das iniciais das palavras água em inglês (WA) e em árabe (MA). O logótipo joga com o reflexo das letras WA na superfície das águas do Mar Vermelho, que espelha MA, resultando em WAMA. Através desta ideia de reflexo na água, é criada uma tipografia e todas ilustrações adotam esta linguagem, criando uma comunicação que apela ao conceito ‘Sea Yourself’.

O mais recente projeto da VML Branding é o Botanica, um horto no meio do deserto, onde plantas autóctones e de outras origens são plantadas e treinadas para sobreviver no ambiente desafiante do Mar Vermelho, redefinindo a paisagem dos destinos turísticos que a Red Sea Global está a criar.

A marca de aviação, Fly Red Sea, é a primeira desenvolvida pela equipa portuguesa, liderada por Pedro Gonzalez e Hélder Pombinho, e que se inspirou nas águas calmas do Mar Vermelho.

A Akun, por sua vez, é uma marca de aventura para os clientes deste novo destino de luxo no Mar Vermelho, com uma simbologia inspirada na terra, água e céu.

A VML Branding cria ainda a Galaxea, uma marca dedicada a proporcionar experiências de desportos aquáticos, cujo logótipo combina elementos gráficos, como a bússola e o mapeamento, com a figura simbólica de uma tartaruga.

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In-Store Media lança venda programática em ponto de venda

O serviço é implementado em parceria com o Havas Programmatic Hub, agência da Havas Media Network, estando disponível nos supermercados Continente e Auchan, numa rede de 614 ecrãs

A in-Store Media (iSM), empresa que desenvolve soluções de media de retalho multicanal, está a lançar a venda programática no ponto de venda. Desenvolvido em parceria com o Havas Programmatic Hub, agência de publicidade e marketing da Havas Media Network, o serviço está disponível em supermercados Continente e Auchan (na foto), numa rede de 614 ecrãs.

“Posicionamo-nos como o primeiro e único ator em Portugal a oferecer publicidade no ponto de venda, através de compra programática, um avanço que atesta o nosso compromisso com a inovação e a adaptação às tendências globais”, sublinha Jordi Cassany, diretor-geral da in-Store Media Portugal, citado em comunicado de imprensa.

O circuito completo de ecrãs digitais conta com 396 faces em 65 lojas do Continente e com 218 em 35 lojas do Auchan. Depois das duas marcas de supermercados e hipermercados, o El Corte Inglés será a terceira superfície comercial a disponibilizar publicidade programática no ponto de venda.

“A compra programática facilita o acesso das marcas endémicas e não endémicas a este canal publicitário inovador, otimizando o investimento publicitário através de processos automatizados que reduzem a complexidade operacional. Além disso, oferece a flexibilidade de ajustar campanhas em tempo real, permitindo uma resposta ágil às dinâmicas do mercado e às necessidades específicas das campanhas”, realça o diretor-geral da in-Store Media Portugal.

Boiron estreia serviço com segmentação de campanha

A empresa farmacêutica Boiron é a primeira marca a investir no novo serviço de compra programática no ponto de venda da a iSM, com uma segmentação de campanha por loja no Auchan e no Continente.

A Broadsign foi selecionada como parceira tecnológica para a gestão e venda de campanhas programáticas na rede de ecrãs digitais. Nos próximos meses, a Hivestack e a VIOOH também vão colaborar com a iSM.

“A venda programática é um modelo automatizado de compra e venda de espaços publicitários digitais através de tecnologia e algoritmos, sem necessidade de negociação manual. Através de plataformas especializadas, como as ‘demand-side platforms’ (DSP) e as ‘supply-side platforms’ (SSP), os anunciantes podem adquirir inventário publicitário de forma eficiente e em tempo real”, acrescenta Jordi Cassany.

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Agência WYcreative desenvolve campanha para o Bricomarché

A WYcreative assina a nova campanha da marca (na foto). O primeiro dos quatro filmes publicitários coincide com o lançamento do novo Catálogo Ar Livre & Piscinas. O planeamento de meios é da UM

O Bricomarché dá a conhecer as novidades para o verão com uma campanha desenvolvida pela WYcreative. O primeiro dos quatro filmes publicitários, que pode ser visto em televisão e digital, coincide com o lançamento do catálogo Ar Livre & Piscinas.

“A campanha ‘Está Tudo Num Brico’ nasce da vontade de celebrar aqueles que fazem. Nos novos anúncios, levamos essa ideia ainda mais longe: continuamos a homenagear o espírito prático e exigente dos consumidores, mas com um toque mais cinematográfico”, explica Tiago Varino, diretor criativo da WYcreative, citado em comunicado de imprensa.

A campanha, que é amplificada em rádio, redes sociais e pontos de venda, tem planeamento de meios da Universal McCann (UM). A ideia central de cada filme consiste em congelar um momento, aparentemente perfeito, para realçar a diferença que um gesto simples pode fazer.

“Ao congelar aquele instante em que tudo ganha sentido, queremos mostrar que, no Bricomarché, não se trata apenas de ter as ferramentas certas, mas de criar espaços onde o detalhe faz a diferença. Esta campanha é um elogio aos pequenos gestos, ao humor do quotidiano e à obsessão positiva por fazer bem”, refere Tiago Varino.

Os filmes da campanha estão associados a momentos-chave que se vão repetindo ao longo dos anos. Os anúncios apresentam histórias visuais facilmente identificáveis, onde os produtos do Bricomarché são integrados de forma orgânica, com uma abordagem criativa.

“Esta campanha marca uma evolução na forma como nos ligamos aos nossos clientes. Queremos continuar a estar ao lado de quem faz, de quem constrói e de quem cuida e melhora a casa. Mas queremos fazê-lo com proximidade, emoção e um sorriso, porque fazer bem também é saber apreciar os detalhes”, reitera Paulo Alves, presidente do conselho de administração do Bricomarché, citado no documento.

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Marcas anunciam aumento de preços face às tarifas de Trump

O Walmart é a mais recente marca a anunciar que vai aumentar os preços já este mês. A Diageo, empresa que comercializa a Johnnie Walker, diz que as tarifas podem afetar os lucros em 150 milhões de dólares por ano

Várias empresas nos Estados Unidos anunciam que vão aumentar os preços e queixam-se da diminuição dos lucros devido às tarifas impostas por Donald Trump aos produtos que entram no país, segundo a imprensa internacional.

O Walmart é a mais recente marca a anunciar que vai aumentar os preços dos artigos já este mês, assim que os produtos afetados pelas tarifas chegarem às prateleiras das lojas, segundo o The Wall Street Journal. Em resposta à notícia de que o Walmart vai aumentar os preços, Donald Trump, ataca o retalhista afirmando que ambos o Walmart e a China deveriam “absorver” o custo das tarifas “e não descarregá-los nos seus valiosos clientes”.

“O Walmart deveria parar de culpar as tarifas para justificar os aumentos de preços em toda a cadeia. O Walmart ganhou milhares de milhões de dólares no ano passado, muito mais do que o esperado”, partilha Donald Trump numa publicação feita na sua rede social Truth Social.

Os preços de outros retalhistas também já foram aumentados, como é o caso do Target e do Best Buy, na sequência das tarifas impostas aos produtos provindos do México, Canadá e China.

A Diageo, empresa de bebidas que comercializa a Guinness e a Johnnie Walker, revela que as tarifas de Donald Trump vão afetar os lucros em 150 milhões de dólares (€133,3 milhões) por ano. A empresa é uma das abrangidas pelas tarifas de 10% impostas às importações do Reino Unido e da Europa.

Setor da moda é dos mais afetados

As marcas de moda estão a ser fortemente afetadas pela introdução de tarifas, visto que a maior parte dos produtos é fabricada em países como o Vietname, a Indonésia e a China. A Adidas, por exemplo, anuncia que o preço dos ténis deverá subir em resultado das tarifas. O grupo alemão refere ainda que a incerteza em torno das taxas de importação o impede de aumentar as vendas e os lucros este ano.

O mesmo se passa na casa de luxo Hermés. A marca francesa transfere o custo das tarifas para os consumidores norte-americanos e aumenta os preços dos artigos de luxo.

Empresas de outros setores seguem o mesmo caminho. A fabricante de automóveis Ford, por exemplo, vai aumentar o preço de três dos veículos mais populares para fazer face ao impacto das tarifas. A Stanley Black & Decker, por seu lado, refere que os preços das ferramentas e produtos de exterior já subiram e que os voltará a aumentar novamente no final de 2025.

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Ana Garcia Martins é a preferida dos portugueses

Estudo ‘Figuras Públicas e Digital Influencers 2025’, da Marktest, avança também com os nomes de Madalena Abecasis, Carolina Patrocínio, RicFazeres, Cristiano Ronaldo e Manuel Luís Goucha

Ana Garcia Martins (na foto) é a personalidade que os portugueses mais gostam de acompanhar nas redes sociais. De acordo com o estudo ‘Figuras Públicas e Digital Influencers 2025’, realizado pela Marktest, a humorista e autora do blogue ‘A Pipoca Mais Doce’ é apontada por 11,5% dos 1.202 inquiridos para a análise.

“Na categoria de redes sociais, Madalena Abecasis e Ricardo Fazeres, conhecido no universo digital como RicFazeres, completam o pódio de preferências dos portugueses, ocupando as segunda e terceira posições, respetivamente. O estudo avalia igualmente a importância da associação de figuras públicas a campanhas publicitárias e, neste plano, Madalena Abecasis destaca-se noutro critério. O seu nome é o mais associado a campanhas publicitárias na área da decoração”, informa a Marktest em comunicado de imprensa.

Para além do sentido de humor, o talento e a competência são apontados por mais de metade dos inquiridos como as características que mais valorizam nas personalidades públicas, com o futebolista Cristiano Ronaldo e o apresentador de televisão Manuel Luís Goucha a vencer em quatro dos 13 aspetos analisados.

“Em termos globais, quando questionados sobre os atributos ou características pessoais que uma figura pública ou influenciador deve possuir para participar em campanhas publicitárias ou de sensibilização social, a simpatia e a honestidade foram consideradas as mais importantes, tendo sido indicadas por mais de 70% dos inquiridos”, salienta, contudo, a Marktest.

Nas publicações das redes sociais que se pretendem com a puericultura, uma das áreas setoriais analisadas no estudo, a apresentadora de televisão Carolina Patrocínio é a personalidade mais mencionada, seguida da atriz Rita Pereira e da apresentadora de televisão Maria Botelho Moniz.

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Pelé, Ronaldinho e Beckham juntam-se a estrelas do futebol feminino em campanha da Pepsi

O filme é inspirado no ‘Surfers’, de 2005, protagonizado por Ronaldinho, e no ‘Wild West’, de 2003, com David Beckham

A Pepsi reúne lendas do futebol do passado e do presente na campanha global ‘Refresh the Game’, com cenas de antigos anúncios da Pepsi protagonizados por David Beckham, Pelé e Ronaldinho, que se juntam a estrelas da atualidade do futebol  feminino, como Alexia Putellas, Lauren James e Leah Williamson.

O anúncio, que celebra os 50 anos de ligação da Pepsi ao futebol, é criado pela Copa90, empresa britânica de criação de conteúdos ligados ao futebol, com realização de Nicole Ackermann.

“Através de computação gráfica, ‘upscaling’ de inteligência artificial e efeitos visuais de ponta, reimaginámos imagens do arquivo da Pepsi de uma forma que parece simples, moderna e cheia de energia. Cada momento foi abordado como uma ‘sandbox’ criativa, onde a tecnologia e a narrativa colidiram para transportar os fãs do passado para o presente e proporcionar uma nova perspetiva sobre o jogo”, explica Gav Rowe, diretor criativo da Copa90, em comunicado de imprensa.

O anúncio transporta os protagonistas até aos areais das praias do Brasil, inspirado no filme ‘Surfers’ de 2005 e protagonizado por Ronaldinho, e ao faroeste, numa recriação de ‘Wild West’ de 2003 com David Beckham.

“Estamos a assistir a uma nova geração de estrelas do desporto e foi uma honra aparecer ao lado delas. As jogadoras desta campanha desempenharam um papel fundamental para que o futebol feminino chegasse ao ponto em que se encontra atualmente”, declara David Beckham sobre a nova campanha da Pepsi.

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