Alphabet cresce 14%, mas abranda no último trimestre de 2024
A dona da Google regista uma faturação de €335,9 mil milhões e um aumento de 35% nos lucros para €96 mil milhões, em 2024. A desaceleração das receitas, a concorrência na publicidade digital e os desafios na computação na ‘nuvem’ colocam incertezas em relação ao futuro

Daniel Monteiro Rahman
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A Alphabet, empresa-mãe da Google, regista um aumento de 14% na faturação total em 2024, face ao período homólogo, alcançando os 350 mil milhões de dólares (€335,9 mil milhões). Os lucros da tecnológica liderada por Sundar Pichai ascendem a 100,1 mil milhões de dólares (€96 mil milhões), a crescer 35%. No último trimestre de 2024, no entanto, tem o menor ritmo de crescimento desde 2023, subindo 12%, para 96,4 mil milhões de dólares (€92,5 mil milhões), face aos últimos três meses de 2023.
Apesar do aumento, a Alphabet enfrenta um abrandamento no crescimento das receitas, que se reflete numa queda de cerca de 6% das ações assim que os resultados financeiros são divulgados, a 4 de fevereiro. A empresa falha a previsão dos analistas de Wall Street, que apontavam para uma faturação trimestral de 96,6 mil milhões de dólares (€92,7 mil milhões). Segundo a Reuters, a concorrência no mercado da publicidade digital e a desaceleração do setor da computação na ‘nuvem’ poderão estar na origem deste desempenho abaixo das expectativas.
Ainda assim, Sundar Pichai, CEO da Alphabet, destaca em comunicado de imprensa que “o quarto trimestre foi forte, impulsionado pela nossa liderança em inteligência artificial (IA) e pelo crescimento em todo o negócio”. O CEO da Alphabet sublinha que “estamos a construir, testar e lançar produtos e modelos mais rapidamente do que nunca e a fazer progressos significativos na computação e na eficiência”.
As receitas dos serviços da Alphabet – que inclui pesquisa, Google Ads, anúncios do YouTube e serviços de subscrição – regista um crescimento de 10%, atingindo os 84,1 mil milhões de dólares (€80,7 mil milhões). Nos últimos três meses de 2024, a faturação dos anúncios no YouTube cresce 13,8%, atingindo um recorde de 10,4 mil milhões de dólares (€10 mil milhões), superando pela primeira vez a barreira dos dez mil milhões de dólares.
“O aumento da receita com anúncios no YouTube foi impulsionado pelas eleições nos Estados Unidos em 2024, com ambos os partidos políticos a quase duplicarem os gastos, em comparação com as eleições de 2020”, revela Philipp Schindler, diretor de negócios do Google, durante a apresentação de resultados.
Apesar do desempenho positivo nas áreas de pesquisa e vídeo, a Alphabet intensifica os investimentos em inteligência artificial para manter a competitividade face a empresas como OpenAI, Microsoft e Meta. Sundar Pichai avança que a empresa prevê investir cerca de 75 mil milhões de dólares (€72 mil milhões) em despesas de capital em 2025, com foco na melhoria das infraestruturas de IA.
No quarto trimestre de 2024, a receita da Google Cloud cresce 30,1% em relação ao ano anterior, atingindo os 11,96 mil milhões de dólares. No entanto, este valor fica aquém das previsões de Wall Street, que apontavam para 12,1 mil milhões de dólares. Sundar Pichai destaca que “o portefólio do Google Cloud alimentado por IA está a registar uma procura mais forte por parte dos clientes”, embora a taxa de crescimento desacelere face ao trimestre anterior.
Neste segmento, entre os principais concorrentes da Alphabet encontram-se a Microsoft, com a Azure, e a Amazon Web Services, da Amazon, ambas com desempenhos também abaixo das previsões. Os “resultados dececionantes do Google Cloud sugerem que o impulso da IA pode estar a diminuir, assim como a estratégia de modelo fechado da Google, que está a ser questionada pelo DeepSeek”, declara Evelyn Mitchell-Wolf, citada no The Guardian.
O abrandamento das receitas reflete um “ano desafiante” para a Google, com Evelyn Mitchell-Wolf, analista sénior da eMarketer, a alertar que “2025 pode ser o ano em que [a Google] perde a vantagem competitiva”. “Embora ainda esteja bem posicionada, as vantagens da Google na pesquisa dependem da sua omnipresença e do comportamento enraizado dos consumidores”, explica Evelyn Mitchell-Wolf. Este poderá ser “o ano em que essas vantagens se desgastam significativamente, à medida que a aplicação da lei da concorrência e os modelos de IA de código aberto alteram o panorama”, acrescenta a analista sénior da eMarketer.
Entretanto, continuam a surgir questões sobre o processo movido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra a Google, que enfrenta uma derrota histórica e cuja decisão poderá implicar mudanças na estrutura e modelo de negócios da empresa. Um juiz considera que a empresa detém um monopólio nos serviços de pesquisa geral e publicidade de texto. Como solução, o Departamento de Justiça sugere a divisão da empresa ou a venda do navegador Google Chrome. A decisão sobre as sanções aplicáveis à empresa, por alegada violação das leis da concorrência, será conhecida ainda em 2025.