F1 acelera marketing inclusivo e orientado por dados
Iniciativas como o campeonato feminino F1 Academy estão a fornecer às marcas a oportunidade de captar novas audiências através da inclusão. A análise de dados permite às marcas experiências mais personalizadas

Daniel Monteiro Rahman
Com a evolução das preferências dos consumidores e da relevância das plataformas digitais, a Fórmula 1 (F1) ajusta a estratégia de marketing para atrair gerações mais jovens, sobretudo mulheres, que constituem o público com o crescimento mais rápido, segundo a Nielsen Sports. O papel dos dados no marketing e patrocínios desportivos, por outro lado, também cresce.
Os millennials e a geração Z valorizam a autenticidade, a inclusão, a diversidade, e exigem mais do que o consumo passivo de conteúdos. Por conseguinte, a estratégia de marketing da F1 tem passado pela promoção de conteúdos, parcerias e iniciativas de inclusão e diversidade, seja cultural ou de género, para cativar estas audiências.
A organização lança iniciativas como a ‘We Race as One’, que defende causas de injustiça racial e de género, a F1 Academy, campeonato feminino fundado pela F1 para preparar corredoras para os níveis mais elevados do desporto automóvel, a decisão de remover as ‘grid girls’ no início da temporada de 2018 – para tornar a modalidade mais igualitária – e ainda a implementação oficial de uma carta de diversidade e inclusão no final da temporada de 2024.
Marcas alinhadas com inclusão e diversidade
Através da F1 Academy há novos patrocinadores, dos quais o mais recente é a Tag Heur, que se torna parceiro e primeiro cronometrista oficial da F1 Academy. Como parte da parceria, a Tag Heuer concebe uma pintura para o carro Tag Heuer, operado pela equipa Hitech Grand Prix já na temporada de 2025, com o mote ‘It’s not a man’s world anymore’ – assinatura que representa o empenho em promover as mulheres no desporto automóvel.

A Tag Heur é a primeira cronometrista oficial da F1 Academy e patrocina a piloto australiana Aiva Anagnostiadis
Por seu lado, a Puma, fornecedora oficial da F1, aposta na transculturalidade e inclusão com as coleções de moda criadas em parceria com o rapper norte-americano A$AP Rocky. Segundo Thomas Josnik, diretor da divisão de desportos motorizados da Puma, o objetivo é “apresentar uma perspetiva diferente” dos desportos motorizados para alcançar um público mais vasto. A maioria dos artigos da coleção de A$AP Rocky é unissexo.
No âmbito da colaboração, o rapper concentra a atenção criativa em várias etapas do campeonato, começando em Miami em 2024, sendo o curador das ativações em cada uma das corridas e diretor criativo do marketing em torno destas coleções.
O aumento do número de fãs femininas da F1 está a criar oportunidades comerciais para as marcas que tradicionalmente se dirigem às mulheres. A Rimmel, marca de maquilhagem britânica, estabelece uma parceria com a experiência de simulação de corridas F1 Arcade, em julho, para promover o mais recente rímel.
O acordo da Rimmel segue-se a uma parceria em fevereiro, entre a F1 Academy e a marca de beleza Charlotte Tilbury, que se torna na primeira empresa fundada por mulheres a patrocinar o campeonato feminino.
Dados medem o impacto
Uma das principais vantagens do marketing na F1 é a capacidade de medir com precisão o impacto dos patrocínios e das campanhas. Ferramentas de análise avançadas permitem acompanhar desde a visibilidade da marca durante as transmissões ao envolvimento dos fãs nas redes sociais. Esta abordagem baseada em dados permite às marcas afinarem as estratégias, para garantirem o máximo retorno do investimento.
“Além de medir métricas tradicionais, como a exposição televisiva, as visualizações, os cliques e o envolvimento nas redes sociais, também trabalhamos com a Nielsen para avaliar o valor intangível da parceria da Lenovo com a F1”, revela Juan Carlos Fuster, diretor de marketing e comunicações da Lenovo, em declarações ao M&P.
A análise de dados permite ainda às marcas na F1 proporcionarem experiências mais personalizadas e envolventes, aumentando o envolvimento dos fãs e a afinidade com a marca. Por exemplo, a utilização de dados de telemetria nas transmissões em direto da F1 possibilita novas oportunidades para o ‘branded content’. As marcas podem agora criar conteúdos baseados em dados que apelam aos fãs interessados nos pormenores do desempenho das corridas.
“Ao conseguirem um controlo mais granular sobre o espaço onde os anúncios são apresentados, e ao serem capazes de tomar decisões atempadas sobre a colocação dos mesmos, as marcas na F1 têm uma segmentação mais precisa das campanhas”, considera Megan Reichelt, gestora da Integral Ad Science para o Sudeste Asiático, Hong Kong e Taiwan, citada no Branding in Asia.
Marcas aumentam envolvimento com fãs através da tecnologia |

Os óculos Apple Vision Pro tornam a F1 numa experiência imersiva