Diferentes entre si… ou nem tanto
O que separa a geração mais nova da geração X e da dos mais velhos? Um estudo do Pew Research Center ajuda a perceber, a partir da realidade norte-americana, os comportamentos e expectativas destas três gerações
Rui Oliveira Marques
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Geração Milénio: Ligada e progressista
Quando vão para a cama levam companhia. Oitenta e três por cento dos membros da Geração Milénio dormem com o telemóvel mesmo ao lado. Os números são do estudo Millennials – A Portrait of Generation Next, publicado pelo Pew Research Center, que revela o perfil, a partir do exemplo norte-americano, da geração que nasceu no pós-1980 e que atingiu a maioridade no virar do milénio. A Geração Milénio assistiu de perto à integração de câmaras fotográficas nos telemóveis, à substituição dos leitores de CD pelos MP3 e viram a comunicação por e-mail e messenger dar lugar ao Facebook e ao MySpace. É por isso que está naturalmente online e para si internet é sinónimo de mobilidade.
Sessenta e dois por cento usam ligações wireless, um valor que desce para os 35 por cento entre os mais velhos, avança o mesmo estudo. A sua concepção de família é progressista. Apenas um terço considera errado que um casal gay crie uma criança e somente 22 por cento defendem que, para que um casal viva junto, tem de estar casado. Mas o que torna esta geração única? Eles próprios dizem-no: o uso que fazem da tecnologia (24 por cento), a cultura e música pop (11 por cento), a sua tolerância (7 por cento), a perspicácia (6 por cento) e a forma como se vestem (5 por cento). Quase 80 por cento sustentam que existe uma grande diferença entre os seus pontos de vista e o dos mais velhos. Mesmo assim, é esta a geração que sente maior responsabilidade em acolher em casa um familiar idoso (63 por cento). Pelo contrário, na faixa etária entre os 42 e os 60 anos, 41 por cento consideram que não é da sua responsabilidade cuidar de um familiar mais velho. As relações com os pais parecem ser mais pacíficas. Mais de metade dos pais com filhos entre os 16 e os 24 anos dizem que raramente ou nunca tem qualquer atrito com os filhos. “A família interessa-lhes mais, enquanto a fama e o dinheiro são menos importantes”, pode ler-se no relatório do Pew Research Center que questionou, nesta comparação geracional, dois mil adultos. Mais de metade dos membros da Geração Milénio (52 por cento) diz que ser um bom pai é um dos objectivos mais importantes e apenas um por cento declara querer ser famoso.
A ideia de que é uma geração fútil, deslumbrada e sem objectivos parece cair por terra. Aliás, convém não esquecer, nos EUA, este grupo foi decisivo para a eleição de Barack Obama. No entanto, William Strauss e Neil Howe, que se especializaram em estudar as várias gerações norte-americanas, não hesitam em referir que este grupo cresceu rodeado de pais intrusivos e protectores. “Num dia típico, uma criança ou adolescente está sempre rodeado pelos pais, familiares, professores, treinadores, babysitters, explicadores, vigilantes, câmaras e horas marcadas para tudo”. Mas os sub-30 também têm uma “nova visão” do mercado de trabalho, considera a socióloga Janelle Wilson, conhecida pelas investigações que conduziu sobre o grupo que a antecede: a Geração X. Wilson refere no artigo The Millennials: Getting to Know Our Current Generation of Students, que “estão menos inclinados para aceitarem trabalhos aborrecidos ou cheios de conflitos, eles parecem desejosos por mudar de emprego quando algo melhor aparece”. Preferem desempenhar as tarefas por objectivos e consideram normal trabalhar a partir de um computador ou BlackBerry, “seja em casa, no café ou no metro”.
Geração X: Entre os 30 e os 45 anos
Nasceram entre 1965 e 1980, que é como quem diz, têm neste momento entre 30 e 45 anos. O termo tornou-se popular graças ao livro Geração X, Contos para uma Cultura Acelerada, de Douglas Coupland, mas foi utilizado pela primeira vez pelo fotógrafo Robert Capa no início dos anos 50 para designar um ensaio fotográfico sobre jovens que estavam a crescer no pós-guerra. Em Portugal, esta geração corresponde praticamente à faixa etária de pessoas que nasceram entre a Primavera Marcelista (1968) e os anos que se seguiram ao 25 de Abril. “Independentes, inconformados e rebeldes são os adjectivos para descrever muitas das pessoas da geração X”, considera Janelle Wilson. Descrita também como “cínica”, esta geração viu pela primeira vez os seus pais a separarem-se e divorciarem-se num número significativo, e as mães a entrarem em força no mercado de trabalho.
Mas como vive agora a Geração X? Estão já lançados na sua carreira e, segundo o Pew Research Center, apresentam uma visão contraditória sobre o seu futuro profissional. Cinquenta e cinco por cento acreditam que vão mudar de emprego, mas ao mesmo tempo 62 por cento referem que é provável que continuem na mesma empresa para o resto da vida. Sobre a evolução salarial, 76 por cento esperam, no futuro, vir a ganhar mais. Para estarem informados escolhem a televisão (61 por cento) e a internet (53). A imprensa já só convence 24 por cento. De acordo com os resultados do Pew Institute, são a geração mais preocupada com o ambiente, já que reciclam o lixo (77 por cento), preferem produtos ecológicos (55 por cento) e compram de produtos orgânicos mesmo sabendo que são mais caros (38 por cento).
Baby Boomers: Têm melhores condições
Estão balizados pela guerra e pela pílula. A Geração Baby Boomer é constituída pelas pessoas que nasceram entre o fim da II Guerra Mundial e a generalização da pílula e respectiva influência na taxa de natalidade (1964). A designação Baby Boomer advém da explosão demográfica que ocorreu nos EUA, mas também noutros países que participaram na Guerra e disseminou-se a partir de 1980, depois do jornalista Landon Jones publicar o livro Great Expectations: America and the Baby Boom Generation. O que diferencia a geração que tem hoje entre 46 e 64 anos? A ética do trabalho (17 por cento), o respeito pelos outros (14 por cento) e os valores e a moral (8 por cento), descrevem-se os próprios no relatório publicado pelo Pew Research Center. Sobre os costumes mostram-se conservadores: 65 por cento condenam as mulheres que optam por ser mães solteiras, 48 por cento discordam que casais homossexuais criem crianças e 44 por cento não vêem com bons olhos que haja um número crescente de casais a viverem juntos sem estarem unidos pelo casamento. Aliás, para 63 por cento dos Baby Boomers, o que os distingue é o fosso de valores que os separa das outras gerações.
Quem está no mercado de trabalho mostra-se conformado com o salário que aufere e uns esmagadores 84 por cento dizem que é muito provável que fiquem o resto da vida no emprego actual. Este grupo é, aliás, encarado pelos restantes como aquele que apresenta as melhores condições financeiras.
A sua relação com as tecnologias mudou radicalmente. Há seis anos, relembra o Pew Research Center, apenas cinco por cento dos membros dos Baby Boomers andavam pelas redes sociais, mas neste momento quase um terço (30 por cento) tem pelo menos um perfil activo. Mesmo assim, quando se olha para a frequência com que visitam as suas páginas pessoais, constata-se que são muito moderados em comparação com os mais jovens. Trinta e sete por cento vão às redes sociais pelo menos uma vez ao dia, 25 por cento visitam-nas algumas vezes por semana e os restantes 38 por cento mostram-se menos assíduos. É em outras ferramentas da internet que se encontram as diferenças mais significativas. Apenas dois por cento dos Baby Boomers já colocaram um vídeo online (na Geração Milénio sobe para 20 por cento). Mas é aqui que se encontram também os maiores fiéis dos jornais como fonte principal de notícias (34 por cento). Nada que abale a preferência pela televisão, que lidera com 76 por cento, enquanto a internet já convence 30 por cento.