E você pagaria por conteúdos online?
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Rupert Murdoch anunciou no ano passado e em Junho prepara-se para concretizar: as edições online do The Times e Sunday Times vão começar a cobrar pelos seus conteúdos, um passo que os responsáveis da News International, braço inglês da News Corporation, já adiantaram que vai ser extensível a outros meios do grupo, nomeadamente o Sun e o News of The World. A decisão do grupo do magnata dos media vem apenas reforçar o debate que no ano de 2009, em plena crise de investimento publicitário, marcou todo o sector da comunicação social, confrontado com a simples constatação de que a publicidade online era pura e simplesmente insuficiente para garantir a viabilidade económica-financeira dos media. Rapidamente, pela pressão da busca de receitas, o debate transferiu-se do ‘deverão os editores cobrar pelos conteúdos?’ para ‘como deveremos cobrar pelo conteúdo?’ Contudo, dúvidas ainda persistem já que os estudos realizados nos quatro cantos do mundo apontam invariavelmente para alguma renitência dos consumidores em pagar por um conteúdo ao qual, até ao momento, tinham acesso de forma gratuita. Gordon Crovitz, durante 12 anos editor do The Wall Street Journal, período durante o qual o jornal atingiu mais de um milhão de assinaturas na web, e co-fundador com Steven Brill de Journalism Online, projecto que conta com mais de 1.300 editores como afiliados, é um dos defensores de uma política que promova a cobrança de conteúdos online. Através dos seus afiliados, o projecto recolhe informação sobre as tácticas e estratégias que estão a obter maior receptividade e emite recomendações. Da sua experiência com os editores Crovitz conclui, relata o Shaping the Future of Newspaper – New Revenue Models for Newspaper Companies, um estudo lançado no final de Março pela WAN-IFRA, que se cerca de 10 por cento dos leitores de um site estiverem dispostos a pagar por acesso total, os restantes 90 por cento poderão ser convertidos numa data posterior, sendo que poderão ser implementados modelos que os permitam navegar pelo site até se depararem com uma barreira que exija pagamento, tal como acesso a um número determinado de artigos de forma gratuita, número após o qual é exigido um pagamento, ou ainda acesso gratuito numa determinada zona geográfica e exigido um valor fora desse território (país ou região). Que conteúdos cobrar é também um dos ‘dramas’ com que os editores se debatem, sendo que o consenso geral é que o conteúdo a ser cobrado deve ser percepcionado como valioso pelo leitor, não pode ser acedido em mais nenhum outro lado, e o acesso rápido à informação é um factor essencial sendo o caso típico, por exemplo, a informação financeira. Subscrição mensal, pagamento por artigo ou por um passe diário são as hipóteses em cima da mesa, cuja receptividade tem valores distintos consoante os estudos compilados em Shaping the Future of Newspaper – New Revenue Models for Newspaper Companies.
Micro-pagamentos é a fórmula ‘favorita’
Changing Models: A Global Perspective on Paying for Content Online é um desses estudos. O trabalho realizado pela Nielsen junto a mais de 27 mil consumidores de 52 países, cobrindo os cinco continentes, e revelado em Fevereiro, dá conta da difícil navegação com que os editores se deparam neste campo. Quando confrontados com a pergunta, ‘deverão os conteúdos gratuitos permanecer gratuitos?’, os consumidores reagiram com um esmagador sim, com 85 por cento dos inquiridos a concordar ou a concordar fortemente com esta afirmação. Os leitores da América Latina são aqueles mais favoráveis a esta ideia (nove em cada dez), sendo que os dos países da Ásia-Pacífico apresentam a menor percentagem, embora ainda na casa dos 80 por cento. Filmes, música, jogos e programas de televisão são os conteúdos pelos quais os leitores estão mais dispostos a pagar, sendo que no campo oposto surgem “conteúdos produzidos a um custo relativamente baixo”, como redes sociais, podcasts, vídeos produzidos pelos consumidores (mais de 70 por cento) ou blogues (oito em cada dez afirma não estar disposto a pagar por este conteúdo), segundo o estudo. Quando questionados sobre se ao assinarem um jornal ou uma revista em papel ousubscreverem um serviço de rádio ou televisão deverão poder aceder os seus conteúdos online de forma gratuita, 78 por cento dos inquiridos respondeu que sim. Quanto a formas de pagamento, mais de metade dos inquiridos prefere pagar por conteúdos específicos (micro-pagamentos), em vez de subscrever todo o website, com apenas o mercado norte-americano a registar valores abaixo dos 50 por cento. O sexo feminino também não se mostra tão entusiasmado quanto os homens por esta forma de pagamento. Ainda de acordo com o estudo da Nielsen, pouco mais de 40 por cento dos inquiridos está disposto a pagar por conteúdo online, se o sistema de pagamento for de simples utilização. Cerca de metade dos inquiridos diz também estar disposto a receber mais publicidade no futuro para suportar o custo de produção de conteúdos. Contudo, mais de 60 por cento considera que não deverá haver publicidade nos conteúdos na internet se estão a pagar por ele, o que dá algumas pistas aos editores sobre esta matéria.
Quanto deverá custar uma subscrição mensal online? Menos de metade da edição em papel
Paid Access Models: Practices and Profiles, um estudo realizado em parceria pela Belden Interactive e a ITZ Publishing, apresentado no início deste ano, dá algumas indicações adicionais sobre os métodos de pagamento e o preço que os consumidores estão dispostos a pagar. A amostra do estudo também revela a relutância dos cibernautas ao pagamento de conteúdos online, com 42 por cento a afirmar que deixaria de visitar o site em questão caso uma política de cobrança de conteúdos fosse implementada, 37 a dizer que iria ler o máximo possível de conteúdos disponíveis no site de forma gratuita e apenas 18 por cento a afirmar que dependendo do valor a pagar tomaria a sua decisão. E que preço consideram os leitores ser um valor justo pelos conteúdos? Por uma subscrição mensal os leitores, segundo o estudo da ITZBelden, elege entre 5 a 6 dólares, sendo 8,07 dólares considerado um montante excessivo. Para passes diários o preço ideal oscila entre um e 1,5 dólares (2,20 dólares já é considerado ‘demasiado caro’), devendo o preço a pagar por um artigo variar entre 0,50 e um dólar (1,42 dólares é percepcionado como muito caro). “Quando discutem o preço por conteúdos pagos, os visitantes referem invariavelmente o custo de uma subscrição mensal de uma edição em papel. A presunção mais comum é que o custo do acesso online às notícias deverá reflectir um desconto substancial da edição em papel. O argumento é porque custa menos publicar na internet, sendo que a distribuição online devia custar menos”, pode-se ler no estudo, citado pelo da WAN-IFRA. Uma percepção que talvez explique os valores considerados ideais para uma subscrição mensal online (5 a 6 dólares).Já o montante atribuído aos passes diários ou para os artigos o preço “é impulsionado pelo valor atribuído, em vez do custo, quando comparados com os valores dos passes mensais”.