Qual a influência das agências de comunicação no trabalho dos jornalistas?
Oscila entre o “amor-ódio” e o “muito fácil”. Foi desta forma que quatro jornalistas descreveram a relação entre as redacções e as consultoras de comunicação, no debate “Jornalistas e consultores de […]
Rui Oliveira Marques
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Oscila entre o “amor-ódio” e o “muito fácil”. Foi desta forma que quatro jornalistas descreveram a relação entre as redacções e as consultoras de comunicação, no debate “Jornalistas e consultores de comunicação: Instruções de Segurança” promovido pelo M&P, no âmbito do Dia da Comunicação. Não faltaram as referências a mitos, procedimentos e braços de ferro. “Dizem que são as agências de comunicação que fazem as rádios, jornais e televisões. Quem inventou isso é um grande consultor de comunicação. Até já ouvi dizer que há coisas que são escritas nas agências de comunicação para depois saírem nos jornais”, apontou Paulo Baldaia, director do Diário de Notícias. “É do interesse das próprias agências que os jornais sejam credíveis. A partir do momento que não existe essa credibilidade servem para enrolar peixe”, apontou Filipe Alves. “O ódio às agências só existe quando as informações que nos dão não são verdadeiras ou úteis. As agências só são um problema quando os jornalistas não fazem o seu trabalho: verificar factos e fazer o contraditório. O importante é que haja respeito e confiança. A partir do momento que um porta-voz ou um assessor de imprensa me diz uma coisa que não é verdade, essa pessoa fica riscada da minha lista”, testemunhou o director-adjunto d’O Jornal Económico.
As consultoras que querem estar de forma duradoura no mercado devem seguir valores éticos e deontológicos, aconselhou Mafalda Anjos que depois considerou que cabe às consultoras “dar informação válida e a tempo. Se pedimos uma primeira mão ou um exclusivo têm de o ser. Temos de saber quem vai estar numa conferência de imprensa”. A directora da Visão considera que, nesta matéria, se está perante “uma relação a três. É uma relação dos jornalistas com as empresas, instituições e figuras públicas, e depois assessores e agências de comunicação. Os problemas começam quando estas entidades, que estão no meio, se preocupam mais em servir a empresa e se esquecem dos interesses e necessidades dos jornalistas. Quando fazem o seu trabalho como deve ser são um auxiliar poderoso para os jornalistas”. Uma opinião partilhada por Sérgio B. Gomes: “Vender gato por lebre é irritante. Quando falamos com as agências, asseguram que é um trabalho exclusivo mas depois vamos lá e estão quatro meios e dizem-nos que somos o único diário. Isso corrompe a relação de confiança”. O director-adjunto do Público reportou ainda que as agências fazem contactos errados dentro das redacções, não acompanhando as transferências de jornalistas ou as suas áreas de especialidade. Além disso, muitos contactos das agências de comunicação não se traduzem em conteúdos nos media, como indicou Paulo Baldaia. “Têm de fazer um trabalho mais difícil que é preparar um bom dossier ou matéria para que o jornalista perceba do seu interesse”, aconselhou o director do DN.
Artigo desenvolvido na próxima edição em papel do M&P