“Uma agência tem que mudar o seu processo criativo para conseguir vencer um leão”
Rodrigo Viana de Freitas, director-geral da Central de Informação, integrou o júri da categoria de Relações Públicas dos Cannes Lions.
Rui Oliveira Marques
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Rodrigo Viana de Freitas, director-geral da Central de Informação, integrou o júri da categoria de Relações Públicas dos Cannes Lions. Nesta competição nenhum projecto português conseguiu entrar na shortlist. Aliás, nas listas de finalistas de 20 categorias já reveladas pelo maior festival de criatividade do mundo não se encontra qualquer agência nacional. O festival termina sexta-feira. Rodrigo Viana de Freitas partilhou a sua visão sobre Cannes Lions dias antes do início do certame.
Meios & Publicidade (M&P): O festival de Cannes continua a ser uma competição onde é possível encontrar inspiração para o resto do ano?
Rodrigo Viana de Freitas (RVF): Sem dúvida. É um desfile do melhor que se faz em todo o mundo na área da criatividade. No caso das Relações Públicas os projectos a concurso este ano têm imensa qualidade e vão certamente marcar algumas das tendências de comunicação para o futuro próximo.
M&P: Quem é que acha que irá este ano vai dar que falar?
RVF: Como júri não temos acesso ao nome das agências, apenas dos clientes. Mas há um conjunto de temas e de tendências que são recorrentes e que vão dar que falar. Questões relacionadas com a comunidade LGBT, com a igualdade entre homens e mulheres, com a violência doméstica, com o ambiente, com os haters da internet, com a inclusão marcam de forma muito clara a edição deste ano. Isto para além do peso que o digital assume na avaliação das campanhas, que é cada vez mais evidente, e do humor, que continua a ser uma peça-chave na comunicação.
M&P: Inscreveu trabalhos em Cannes?
RVF: Este ano estamos em competição em alguns concursos internacionais, mas não em Cannes.
M&P: Após anos mais apagados em termos de prestações de leões, considera que o mercado português ainda valoriza Cannes Lions?
RVF: Claro que sim. O festival Cannes Lions continua a ser uma das grandes referências da criatividade mundial e qualquer agência sonha em poder vencer um leão. No entanto, a concorrência internacional é cada vez mais forte e não é fácil ser destacado entre tantos projectos e tão bons. Mas não tenho dúvidas de que a qualidade das agências nacionais continuará a trazer leões para Portugal.
M&P: No caso português, um leão pode mudar o percurso profissional de um criativo ou de uma agência?
RVF: Penso que o processo é inverso. Uma agência tem que mudar o seu processo criativo para conseguir vencer um leão. Não é um prémio que se vença por acaso. Só acontece com agências em permanente mudança e que procuram algo novo. Ganhar um leão é algo que fica muitíssimo bem no currículo de qualquer agência ou criativo e que continua a ser valorizado pelo mercado.
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