“Já estamos a trabalhar com clientes nacionais”
Pedro Vilar dirige o recém-chegado a Lisboa Peter Schmidt Group, que integra o grupo BBDO, com foco nos clientes da network mas também no mercado português Com a abertura de […]
Rui Oliveira Marques
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Pedro Vilar dirige o recém-chegado a Lisboa Peter Schmidt Group, que integra o grupo BBDO, com foco nos clientes da network mas também no mercado português
Com a abertura de uma agência em Lisboa, Portugal passa a ser o terceiro país em que o grupo BBDO opera com a marca Peter Schmidt Group, agência de branding e design que integra a estrutura do BBDO Group da Alemanha. Com sede em Hamburgo, o Peter Schmidt Group já tinha escritórios em Frankfurt, Munique, Dusseldorf e Tóquio. Pedro Vilar, até aqui diretor criativo executivo do Peter Schmidt Group na Alemanha, assumirá agora a liderança da agência em Lisboa, cuja equipa local está a ser constituída. Com passagens pela JWT e DDB em Barcelona, bem como pela Havas Design+ e Fuel em Lisboa, onde foi diretor criativo, Pedro Vilar integrou depois a DesignBridge em Amesterdão. Entrou no Peter Schmidt Group em 2020, na Alemanha, para liderar projetos de branding e packaging, tendo passado depois a diretor criativo executivo.
Meios & Publicidade (M&P): Qual será o método de trabalho do Peter Schmidt Group em Lisboa? Será um escritório de apoio à Alemanha, até tendo em conta a sua relação profissional, ou o funcionamento será totalmente independente e próximo dos clientes da BBDO em Portugal?
Pedro Vilar (PV): O escritório de Lisboa fará parte de uma única Peter Schmidt Group, assim como já acontece com todos os outros, nas cidades onde estamos presentes. É comum desenvolvermos trabalho em Hamburgo para os nossos clientes em Tóquio, ou membros de uma equipa de Frankfurt juntarem-se a outros de Munique para dar resposta a um determinado cliente, e assim sucessivamente. Funcionamos como uma única agência com equipas integradas e reunimos o talento mais adequado, independentemente da sua localização geográfica, para dar resposta aos desafios dos nossos clientes. E a agência em Lisboa funcionará exatamente da mesma forma, sendo parte integrante dessa estrutura. Os últimos anos, infelizmente por força do contexto em que vivemos, provaram que a colaboração remota é possível e uma realidade a acontecer regularmente no mercado. Hoje é muito mais simples montar uma equipa com essas características e assim, beneficiar da diversidade cultural e do valor que as diferentes experiências de cada um podem aportar.
M&P: E em relação a clientes portugueses?
PV: Já estamos a trabalhar com clientes nacionais. O nosso objetivo é colocar o nosso expertise em branding e packaging para marcas globais ao serviço das marcas portuguesas. Ao mesmo tempo, vou manter as relações com os meus atuais clientes internacionais, bem como com as equipas criativas na Alemanha, por isso será sempre uma conjugação de trabalho local e internacional. O facto de pertencermos ao grupo BBDO obviamente é algo muito positivo, vai com certeza trazer muitas sinergias no futuro e permitir-nos-á, enquanto grupo em Portugal, oferecer um serviço integrado a futuros clientes, e eventualmente àqueles que já são clientes da BBDO, mas somos estruturas independentes e a entrada da agência em Portugal não está dependente dessa relação.
M&P: Com quantas pessoas nasce o escritório de Lisboa?
PV: Nesta fase de setup inicial, vamos começar com uma equipa pequena, formada por excelentes profissionais com quem já tive a oportunidade de trabalhar no passado, o que ajuda no arranque a estabelecer de forma sólida e coesa as bases da operacionalidade em Lisboa. E queremos crescer de uma forma sustentada. Não necessitamos, inicialmente, de ter uma equipa numerosa porque fazemos parte de uma estrutura que conta com cerca de 220 colaboradores ligados por cinco, agora seis, offices, e por isso, temos capacidade de dar resposta imediata a qualquer desafio. Mas claro que o objetivo é escalar a equipa em Portugal num futuro muito próximo, assim que a integração do escritório de Lisboa esteja estabelecida na estrutura Peter Schmidt Group. Por isso, o processo de constituição da equipa vai estar ongoing até pelo menos ao final do ano.
M&P: Qual o perfil da equipa que está a criar em Lisboa?
PV: O fator diferenciador é que toda a equipa tem que estar preparada e ter a ambição de trabalhar em projetos internacionais, em colaboração constante com as restantes equipas da Peter Schmidt Group, o que implica também alguma desenvoltura na comunicação em inglês. Somos, por exemplo, a agência de design da Mercedes-Benz ou a global design lead agency da Nivea, o que nos permite desenvolvermos projetos com visibilidade a uma escala mundial. O nosso objetivo é dar também ao valioso talento português a possibilidade de brilhar em projetos internacionais, a que muitas vezes não tem acesso. Iremos abraçar desafios para marcas internacionais, com lead da equipa de Lisboa. Por outro lado, há ainda um crescente número de estrangeiros a estabelecer a sua residência em Portugal e temos as características ideais para que se integrem facilmente, por isso, também estaremos abertos a essa possibilidade. Acreditamos na diversidade e no valor de equipas multiculturais.
M&P: Haverá clientes de alinhamento do Peter Schmidt Group?
PV: Clientes de alinhamento é um conceito tradicionalmente mais associado às agências de publicidade do que ao design. E pode até fazer sentido em algumas estruturas multinacionais, onde uma agência num determinado país, apesar de fazer parte de uma network, está maioritariamente focada no negócio local, fazendo normalmente para esse tipo de clientes as adaptações do que vem de outros países. Não é esse o nosso objetivo. Como referi, não seremos o escritório em Portugal de uma agência multinacional, mas sim, faremos parte de uma só estrutura global. Se eventualmente tivermos clientes internacionais cujas marcas estejam presentes no nosso mercado e requeiram essa especificidade, vamos com certeza dar todo o apoio necessário, mas não é essa a base do nosso modelo. É claro que o conhecimento do mercado local é sempre uma mais-valia essencial, e a nossa equipa em Lisboa vai garantir essa experiência e know-how. Queremos oferecer às marcas portuguesas a nossa experiência em consultoria estratégica e o nosso expertise em branding e packaging design, mas sempre com a adaptação necessária e o conhecimento do contexto local. Já estamos a trabalhar há algum tempo com clientes em Portugal, mas por motivos de confidencialidade ainda não podemos revelar mais detalhes.
M&P: O Pedro está agora de regresso ao mercado português. Como vê a prática da disciplina de design por parte das agências nacionais?
PV: Portugal é um país com um talento incrível a nível de design e não devemos ter a menor dúvida disso, quer os profissionais da área, quer os responsáveis pelas marcas portuguesas. Trabalhei cerca de 10 anos no estrangeiro, passei por várias agências internacionais em Barcelona, Amesterdão e agora na Alemanha, e tenho a certeza de que a nossa qualidade e capacidade não ficam em nada atrás do que se faz lá fora. Prova disso são também os profissionais portugueses com carreiras de sucesso no estrangeiro ou o crescente número de prémios internacionais que as agências portuguesas têm conquistado. Basta ver as recentes performances no ADCE ou agora em Cannes, onde, na categoria de Design, uma agência portuguesa ganhou o grand prix e outra ouro e bronze. Daí que, de certa forma, a minha perspetiva para esta estrutura em Lisboa é potenciar também a exportação da nossa qualidade, dar mais visibilidade ao talento português e dar aos nossos profissionais acesso a mais projetos internacionais. O mercado português tem, na minha opinião, agências com muita qualidade e algumas já a fazer trabalho para clientes internacionais, o que é muito positivo.
M&P: Então, o que poderá o Peter Schmidt Group trazer de diferenciador ao mercado português?
PV: O que podemos trazer de diferenciador, enquanto agência reconhecida e premiada internacionalmente, é a nossa experiência em trabalhar marcas com outra dimensão, presentes em mercados globais, e transportar esse conhecimento para a colaboração com as marcas portuguesas. Portugal é um país com um enorme potencial, com um excelente nível de qualidade e produção, e o design é, sem dúvida, uma ferramenta essencial para dar às marcas portuguesas um maior reconhecimento no estrangeiro.
M&P: Quais são as agências de design que identifica como concorrentes do Peter Schmidt Group no mercado nacional?
PV: Ao não sermos uma agência nacional, no sentido de ter um foco exclusivo no mercado português, a questão não se coloca tanto nessa perspetiva. O mercado português, apesar de relativamente pequeno, tem espaço para vários players a um nível muito elevado, também de acordo com a especificidade da procura. A oferta que trazemos é a experiência de 50 anos a desenvolver branding e packaging para marcas locais e globais, assentes numa sólida perspetiva estratégica e no estabelecimento de uma relação de colaboração estreita com as marcas com quem trabalhamos, para conseguirmos juntos os melhores objetivos. A isso, adicionamos a vantagem de aliar ao conhecimento local a perspetiva internacional, a experiência noutros mercados e a visão diferenciadora que a multiculturalidade pode trazer.