Nuno Artur Silva defende que “o financiamento para produção audiovisual não pode vir só da Cultura, tem de vir também da Economia”
“Uma prioridade nacional”. É desta forma que, nas palavras de Nuno Artur Silva, o governo deve encarar, num “futuro próximo”, o sector da produção audiovisual, de modo a contribuir para a afirmação de uma indústria capaz de manter uma “produção regular de formatos diversos”.
Pedro Durães
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“Uma prioridade nacional”. É desta forma que, nas palavras de Nuno Artur Silva, o governo deve encarar, num “futuro próximo”, o sector da produção audiovisual, de modo a contribuir para a afirmação de uma indústria capaz de manter uma “produção regular de formatos diversos”. “Não deve ser apenas uma questão da Cultura mas de todo o governo”, defendeu o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media durante a sua intervenção no ONSeries Lisboa, evento que decorre até esta sexta-feira no Centro Cultural de Belém.
Apontando como exemplo a seguir o plano de promoção do sector audiovisual anunciado este ano pelo executivo espanhol, o responsável sublinhou que o trabalho de afirmação da indústria da produção nacional deverá ser assumido como uma prioridade, não só pela tutela da Cultura mas também da Economia. “O financiamento para produção audiovisual não pode vir só da Cultura, tem de vir também da área da Economia”, sustentou o secretário de Estado, destacando o sinal dado pelo governo espanhol, com o plano Espanha – Hub Audiovisual da Europa a ser anunciado pelo próprio primeiro-ministro, Pedro Sánchez. “Não se trata de comparar realidades, até porque em Espanha há muitos anos que existe uma indústria que ainda não temos, mas o sinal que foi dado, de ser uma iniciativa que parte de um governo como um todo, é um exemplo que devemos seguir num futuro próximo”, afirmou Nuno Artur Silva.
Até porque, além de permitir elevar a fasquia da produção nacional e contribuir para a diversificação e internacionalização dos projectos portugueses, a promoção do sector audiovisual representa igualmente ganhos económicos para o país através da captação de produções internacionais, reforçou o responsável, chamando a atenção para números que dão conta de que “por cada euro investido em Portugal por uma produtora internacional o retorno é quatro vezes superior para a economia nacional”.
Comentando o momento particular que se vive no sector, com maior aposta dos canais portugueses na produção de séries e com as plataformas internacionais de streaming a começar a investir na produção local, o secretário de Estado ressalva que “ainda não estamos perante uma época de ouro mas há um princípio dessa possibilidade”. Para lá de todo o trabalho que vem sendo desenvolvido, nomeadamente ao nível da diversificação de fontes de financiamento, Nuno Artur Silva salienta que há dois vectores fundamentais para a afirmação da produção nacional: maior investimento na escrita, nos argumentos das produções, e a continuidade e alargamento do trabalho de co-produção.
“Só podemos ganhar escala e capacidade de internacionalização se nos juntarmos com outros países e mercados”, afirmou, indicando o caso dos países nórdicos, que têm conseguido afirmar as suas produções em mercados internacionais enquanto bloco e através do desenvolvimento de sinergias de produção entre os países da região. “Temos de encontrar a nossa Escandinávia”, concluiu.
“O ONSeries Lisboa vai permitir aos projectos portugueses ganharem escala mundial”
Em entrevista concedida recentemente ao M&P a propósito do ONSeries Lisboa, onde explicava também como o Governo chega à estimativa que aponta para mais 10 milhões de euros de financiamento para o sector a partir de 2022, o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media frisou a importância de eventos como este ao nível da projecção das produções portuguesas nos mercados internacionais. A iniciativa, organizada pela Inside Content, empresa responsável pelo evento Conecta Fiction em Espanha desde 2017, e que resulta também de um investimento assumido pelo ministério da Cultura como forma de dinamizar o sector da produção nacional, é vista por Nuno Artur Silva como “uma oportunidade única para os produtores e argumentistas portugueses mostrarem o que de melhor se faz em Portugal e fortalecerem relações profissionais mutuamente proveitosas, uma vez que reúne em Lisboa centenas de interessados das maiores criadoras, emissoras e distribuidoras de conteúdos”. Comentando as expectativas em torno do ONSeries Lisboa, o secretário de Estado do Cinema, Audiovisual e Media mostrava-se confiante de que “este evento vai permitir aos projectos portugueses ganharem escala mundial”.
“Numa fase em que a indústria portuguesa está em franco crescimento, trazer este evento a Lisboa representa uma excelente ocasião para potenciar o networking de qualidade entre os principais players de Portugal e do mundo e confirma a presença de Portugal na rota do mercado mundial de audiovisual”, considera Nuno Artur Silva, sustentando na entrevista publicada na última edição do M&P que “a realização do ONSeries em Lisboa prova o interesse no talento criativo português”.
“Esse interesse tem que ser rentabilizado para que as produções portuguesas ganhem escala através das co-produções internacionais e das histórias com ambições internacionais”, defendeu o secretário de Estado que tutela o sector, chamando a atenção para “dois dias determinantes em que todas as atenções vão estar viradas para a indústria do audiovisual em português”. “Estamos certos de que das sessões de speed dating, que colocam frente-a-frente os produtores nacionais com as emissoras e distribuidoras internacionais, sairão várias parcerias capazes de rivalizar com as produções das plataformas de streaming”, antecipava Nuno Artur Silva, para quem este será igualmente “um evento fulcral para exponenciar a visibilidade e notoriedade de Portugal enquanto importante destino de filmagens”.
Assumindo-se como uma montra para a produção nacional e com a presença confirmada de várias empresas internacionais, o ONSeries Lisboa decorre esta quinta e sexta-feira, no Centro Cultural de Belém, e terá cobertura na próxima edição do M&P.