Jornalistas discutem desafios em congresso. Precariedade, financiamento, abusos laborais e (auto)censura no topo da lista
Numa altura em que o setor dos media vive um dos momentos mais conturbados das últimas décadas, com encerramento de editoras, pagamentos em atraso e acusações de ingerências editoriais e […]
Luis Batista Gonçalves
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Numa altura em que o setor dos media vive um dos momentos mais conturbados das últimas décadas, com encerramento de editoras, pagamentos em atraso e acusações de ingerências editoriais e interferências políticas, os jornalistas reúnem-se em congresso para discutir os desafios que o jornalismo atualmente enfrenta. Será a primeira vez que o fazem em sete anos. Promovida pela Casa da Imprensa, pelo Clube de Jornalistas e pelo Sindicato dos Jornalistas, a iniciativa, que arranca esta quinta-feira, às 18h15, no Cinema São Jorge, em Lisboa, prolonga-se até domingo, dia 21.
“A pandemia justifica, em parte, o facto de não termos cumprido o que definimos no encontro de 2017, realizarmos congressos nacionais de cinco em cinco anos. Não será, todavia, a única razão. Entre a pressão do mercado e da tecnologia, a precariedade e os baixos salários, a pressão do efémero e do populismo, a comunicação inquinada das redes sociais… Entre tudo isso e por causa disso, fomos assistindo, nestes últimos sete anos, à nossa própria irrelevância e ao, cada vez maior, deslaçamento da classe”, assume a organização no site do evento.
Após a cerimónia de abertura, que conta com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, serão apresentados depoimentos de jornalistas ligados a órgãos de comunicação social em situação vulnerável. Esta sexta-feira e no domingo, antes das sessões de debate agendadas, haverá sempre um espaço para testemunhos sobre precariedade e abusos laborais no jornalismo, informam os promotores no programa do congresso, que promete discussões em torno das condições de trabalho dos jornalistas, da ética e da (auto)censura.
O financiamento dos media, outro dos assuntos na agenda, será discutido por António José Teixeira (RTP), Mário Galego (RDP), Nuno Santos (TVI), Pedro Leal (Rádio Renascença), Ricardo Costa (SIC), Carlos Rodrigues (Correio da Manhã), David Pontes (Público), Inês Cardoso (Jornal de Notícias), João Vieira Pereira (Expresso), Luísa Meireles (Lusa) e Miguel Pinheiro (Observador). “O congresso não irá produzir nenhum milagre, certamente, mas o privilégio de nos olharmos de frente e de nos confrontarmos com os nossos próprios fracassos terá de produzir efeitos”, defende a organização.