Tiago Melo: “A forma apaixonada com que abraçamos cada desafio torna-nos únicos e diferencia-nos”
Emigrou para a capital francesa em 2020 para assumir o cargo de global marketing manager da L’Oréal Paris. Agora em fevereiro, Tiago Melo muda-se para Madrid, cidade onde sempre ambicionou […]
Luis Batista Gonçalves
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Emigrou para a capital francesa em 2020 para assumir o cargo de global marketing manager da L’Oréal Paris. Agora em fevereiro, Tiago Melo muda-se para Madrid, cidade onde sempre ambicionou viver, para assumir funções como diretor-geral da Garnier e das novas marcas da L’Oréal em Espanha e Portugal.
Excetuando o período em que foi marketing and sales director nacional da Swatch, Tiago Melo sempre trabalhou na L’Oréal, para onde entrou em 2008, após estágios no BES e na Siemens. Em 2020, recebeu um convite irrecusável que o levou a trocar Portugal por França. Ainda este mês, muda-se para Madrid, para assumir funções como diretor-geral da Garnier e das novas marcas da L’Oréal em Espanha e Portugal.
Trabalhar no estrangeiro era uma ambição ou acabou por ser uma circunstância?
No início da minha carreira, era uma ambição, mas, com o passar dos anos, as circunstâncias acabaram por me levar para fora antes de pensar em fazê-lo. Aos 28 anos, depois de ter estado seis anos na L’Oréal Portugal envolvido em projetos que foram replicados em vários países, fui convidado para ter a minha primeira experiência na sede mundial, em Paris, onde estive cerca de um ano e meio. Cinco anos depois, o sonho de ter uma carreira internacional acabou por me levar de novo para Paris, onde tive oportunidade de me projetar mais além. Acabei por seguir um caminho que não era possível em Portugal. Queria estar envolvido na estratégia mundial de uma marca, nas campanhas e na criação de novos produtos. O meu desenvolvimento pessoal também foi importante na hora de decidir ir para fora, pois só assim podia colaborar com pessoas de várias culturas, que me ensinam, todos os dias, a ter uma visão mais global e estratégica.
Em termos profissionais, é muito diferente trabalhar na L’Oréal em França e em Portugal? Quais as principais diferenças e quais os principais desafios que encontrou?
São países e estruturas totalmente diferentes. Em Portugal, apostávamos mais na implementação. Em Paris, trabalhamos na visão global da marca. Na sede mundial, pensamos a médio e longo prazo e procuramos trabalhar no futuro da indústria da beleza, tanto na criação de novos produtos, como nas campanhas que os vão vender em todos os países. É um trabalho que envolve uma grande pesquisa de tendências de mercado e de consumidores e que abre também muito espaço à criatividade e inovação. Enquanto português, ganhar esta visão, mais abrangente e de longo prazo, foi um grande desafio porque a nossa cultura e dimensão acabam por nos obrigar a sermos mais pragmáticos.
Que mais-valia é que o facto de ser português tem no seu trabalho, uma vez que a nossa forma de pensar acaba por ser diferente da dos franceses?
Tenho muito orgulho em ser português e sinto que qualquer emigrante luso tenta sempre honrar Portugal e mostrar aos outros o quão bons somos em tudo o que fazemos. A forma apaixonada com que abraçamos cada desafio torna-nos únicos e diferencia-nos. É uma forma de ser e estar que não se ensina, nasce connosco. Em França, todos nos valorizam por termos estas características ímpares.
Estando fora, continua atento ao que se vai fazendo em Portugal em termos de marketing e publicidade?
Trabalhar em marketing é estar atento a tudo o que se passa à nossa volta e isso implica também seguir aquilo que tão bem se cria e produz em Portugal. Vejo muitas coisas extraordinárias. O setor do retalho e as principais operadoras de telecomunicações são exemplos disso.
Como é que mata saudades de Portugal no quotidiano e do que é que sente mais saudades?
A L’Oréal dá-me o privilégio de poder vir a Portugal com regularidade. O meu filho tem 10 anos, vive e estuda em Lisboa e faço questão de encurtar a distância o mais possível. Tento vir, pelo menos, duas vezes por mês para estar com ele. É difícil ter saudades, mas ainda assim, como bom português, sinto sempre falta do país e das pessoas, da família e dos amigos. Em França, as pessoas são mais independentes e distantes. E, apesar do acesso à gastronomia portuguesa ser relativamente fácil em França, nunca tem o mesmo sabor.
Regressar a Portugal é uma meta a curto, médio ou longo prazo?
Voltar para Portugal fará sempre parte dos meus planos. Por mais realizado que seja por me estar a tornar um cidadão do mundo, o meu país será sempre a minha casa. Para já, o plano é dar mais um salto na minha carreira e assumir novas funções na sede da L’Oréal Espanha e Portugal. É um desafio que vou abraçar já em fevereiro, numa das cidades onde também sempre quis viver, Madrid. Neste momento, ainda não estarei fisicamente em Portugal, mas vou sentir-me mais próximo do que nos últimos anos.