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“Gosto de me meter em coisas que não sei se consigo fazer”

Em entrevista ao M&P, numa das raras que tem dado nos últimos anos, Leonel Vieira, realizador, guionista e produtor, fala dos projetos que tem em mãos para cinema e televisão e analisa a mudança de paradigma gerada com a chegada das plataformas de ‘streaming’

Luis Batista Gonçalves
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“Gosto de me meter em coisas que não sei se consigo fazer”

Em entrevista ao M&P, numa das raras que tem dado nos últimos anos, Leonel Vieira, realizador, guionista e produtor, fala dos projetos que tem em mãos para cinema e televisão e analisa a mudança de paradigma gerada com a chegada das plataformas de ‘streaming’

Sobre o autor
Luis Batista Gonçalves
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Com projetos em Portugal, Espanha, França e Brasil, Leonel Vieira volta a dar prioridade àquilo que mais gosta, escrever e filmar. Afastado da publicidade há cinco anos, por causa do stresse e da angústia que lhe causava, abriu uma exceção para gravar o filme institucional que assinala os 70 anos da FEP. Em entrevista ao M&P, o realizador, guionista e produtor executivo da Volf Entertainment, explica por que razão aceitou o convite, analisa a mudança de paradigma que as plataformas de ‘streaming’ vieram gerar e antecipa a evolução do setor.

A Faculdade de Economia do Porto (FEP) desafiou-o a fazer um filme institucional para assinalar os 70 anos da instituição. Tendo em conta que tinha deixado de fazer publicidade, qual foi o aliciante para aceitar o repto?

O filme da FEP surgiu por causa de um convite do professor Óscar Afonso, que viu uma curta-metragem que fiz para a promoção turística de Monção, um dos filmes que mais gostei de fazer ao longo da minha carreira e que ganhou muitos prémios. Ele sugeriu-me fazer um filme diferente, que comemorasse a trajetória da FEP. O desafio foi fazer um filme que não se parecesse em nada com os das maiores universidades do mundo, em que a maioria tem filmes institucionais.

Ficou claro, tanto da parte do professor Óscar Afonso como da minha, que só fazia sentido fazer uma curta-metragem que fosse um filme artístico, que não fosse um institucional típico. Foi esse desafio que me fez aceitar. Se não fosse assim, provavelmente não aceitaria fazê-lo, porque não gosto de fazer institucionais.

Em que é que se inspirou para fazer um filme institucional diferente?

Procurei fazer, de uma forma artística, um filme que fizesse justiça à modernidade, ao impacto e ao posicionamento da FEP. Uma das coisas que me inspirou bastante foi o fabuloso edifício onde eles estão instalados, pela arquitetura. Quando o fui visitar, percebi que era uma obra de arte e que partiríamos dele para contar uma história.

Isso foi um desafio, porque esta curta-metragem pretende ser um institucional, mas não é um institucional típico. Tenta ser um filme que pisca o olho ao cinema, que tem claramente um aspeto visual e uma atitude cinematográfica. Tem uma estética muito próxima do cinema, muito afastada do institucional.

Era o que pretendia desde o início?

Vi uma grande quantidade de institucionais de todas as grandes universidades de Inglaterra e dos Estados Unidos. Achei que eram todos muito simples e básicos, todos muito parecidos, pequenos vídeos promocionais com registos de alunos na universidade, em caminhadas. Não era nada daquilo que eu queria fazer e o professor deu-me toda a liberdade para fazer um filme em que acredito.

É um projeto pelo qual tenho grande carinho, tal como o que fiz para Monção, porque foram dois projetos muito livres. Deixei de fazer publicidade há cinco anos e, de vez em quando, gosto de fazer estes projetos, que utilizam toda a minha bagagem e a experiência dos 10 anos em que fiz publicidade, mas, acima de tudo, dão-me a liberdade e possibilidade de utilizar o cinema dentro destes filmes.

A publicidade é menos desafiante ou considera-a um trabalho menor?

Tem pouco desafio artístico. A minha paixão verdadeira é a ficção. Eu gosto de fazer ficção, cinema e séries. Esse é que é o meu território. Fiz muita publicidade durante 10 anos, depois de já ter feito cinema e séries. Gosto é de dirigir atores e criar cenas com dramaturgia. Os institucionais não me desafiam nem me moralizam para filmar.

Arrancou, a 22 de julho, com as gravações de um novo filme para a RTP. O que é que já se pode saber sobre este projeto?

O último filme que fiz foi ‘O Último Animal’, que rodei no Rio de Janeiro, um ‘thriller’ realista, muito forte, muito cru. Agora, volto ao território da comédia, depois do grande sucesso que foi ‘O Pátio das Cantigas’, que é até hoje o maior sucesso de cinema em Portugal, não só nas salas, mas também em televisão.

É um filme que só me deu alegrias. Dez anos depois, é um dos filmes portugueses mais vistos nas plataformas. Durante este tempo, fui sempre desafiado a voltar a fazer outra comédia, coisa que nunca quis. Recusei durante algum tempo, embora pensasse sempre voltar a um filme que recuperasse esse espírito, mas tinha de me trazer algum desafio.

Qual é o desafio?

Vou misturar géneros. Vou fazer uma comédia musical que pisca o olho à comédia dramática. Não é um musical típico. Tem cenas emocionais, mas é uma comédia que me permite trabalhar num registo um bocadinho diferente do que foi ‘O Pátio das Cantigas’ ou ‘O Leão da Estrela’. Gosto de me meter em coisas que não sei se consigo fazer. Foi por essa razão que fiz as comédias, porque achava que não conseguia filmar comédias.

Era o género que menos dominava. Só as fiz por porque representava um desafio tremendo fazer comédias que funcionassem. E as comédias que funcionam são as que têm público. As comédias não são feitas para os festivais de cinema. Para minha surpresa, dei-me conta que, afinal, dei conta do recado. O público gostou das duas que fiz.

Com que atores é que está a trabalhar nesta nova comédia?

Tenho um elenco espetacular. Os quatro protagonistas são a Sara Matos, a Ana Guiomar, o Manuel Marques e o José Pedro Vasconcelos. Depois, tenho um elenco secundário absolutamente fantástico, com participações de muita gente, como a Alexandre Alencastre, o Aldo Lima, a São José Lapa, o Carlos Cunha, o Gilmário Vemba, o Carlos Areia, o Joaquim Nicolau, o José Pedro Gomes, o José Martins e o João Baptista. O José Raposo faz uma grande personagem. O Nilton também participa. O elenco é muito forte.

Estreia ainda este ano?

Estreia no primeiro semestre do próximo ano, nas salas de cinema. É uma parceria com a Nos Audiovisuais. Mais para o final do ano, poderá ser visto na RTP. Acredito que depois, à semelhança dos outros filmes que foram vendidos para as plataformas, irá parar à Netfix, à Prime Video e à Max.

Já sabe o que vai fazer a seguir a esse filme?

Estou a trabalhar em outras coisas, mas tenho como filosofia só falar dos projetos que tenho em produção. Acabámos de rodar uma série de crimes para a Max, para RTP e para um canal de televisão espanhol. É uma série espanhola com coprodução portuguesa que acabámos de filmar há 15 dias.

É uma grande série de crimes que se chama ‘Faváritx’ e está em montagem. Conta com a participação do Pêpê Rapazote, da Benedita Pereira, da Catarina Carvalho e do Adriano Luz. É uma série que fica pronta no final do ano, para estrear no início do próximo ano.

Há 20 anos estava a fundar a Stopline, uma das suas produtoras. O mercado evoluiu de uma forma muito diferente da que perspetivava na altura?

A chegada das plataformas de ‘streaming’ não era algo que antevíssemos há 20 anos. O mercado cresceu, aumentaram as oportunidades e abriram-se possibilidades de internacionalização dos produtos, que não tínhamos. Os países pequenos não tinham qualquer chance de vender séries nem filmes.

Só se vendiam os filmes de autor quando ganhavam festivais, mas era para circuitos pequenos, circuitos de autor. Entretanto, mudou muita coisa. Apanhámos crises que fizeram regredir os investimentos, a maior crise financeira da história, uma pandemia e duas guerras.

Têm sido muitas as adversidades?

Quando comecei, na década de 1990, vivia-se um bom momento. Entrei no mercado num momento de crescimento económico. De repente, aparece uma crise, os financiamentos, que eram na ordem dos 50% na maior parte dos casos, foram reduzidos. Andámos muitos anos para trás.

As crises económicas geraram um grande desinvestimento. Depois, num segundo ciclo, dá-se outro fenómeno, o desgaste dos canais abertos. Durante muitos anos, as televisões abertas privadas cresciam e geravam oportunidades, ao contrário do que sucede hoje, em que estão em declínio por causa das plataformas.

Antevia essa situação?

Percebi isso muito cedo, há uns 10 anos, por causa do Brasil e de Espanha, onde passo muito tempo. Quando vi a Netflix produzir a série ‘3%’ no Brasil, há muitos anos, disse logo que o mundo ia mudar. Pensei que, se eles iam investir no mercado internacional, haveria de seguida mais gente a fazê-lo. Percebi que, a médio prazo, aquilo iria ser o futuro da indústria de televisão e até de cinema. Não me enganei, mas foi necessário passar muitos anos para esse efeito positivo chegar a Portugal.

Ficamos sempre para trás?

Somos um pequeno mercado, olham sempre para nós no fim. Aliás, só olham para nós quando são obrigados a investir. Nunca somos um mercado natural para uma empresa audiovisual investir e até o compreendo. Em Espanha e no Brasil, após um boom, já estão numa fase de recessão, a reajustar investimentos. Os primeiros investimentos da Netflix e das outras plataformas só agora é que estão a chegar cá e estou a trabalhar com elas.

Com todas as que estão a investir em Portugal?

Tenho projetos com algumas. Só agora é que estes investimentos chegaram a Portugal e, como tal, vivemos um momento um bocadinho menos mau do que outros mercados. Está a haver este ano uma recessão no Brasil em termos de plataformas.

Em Espanha e em outros mercados, há um reajuste, porque a concorrência aumentou nos últimos dois anos. Estamos a assistir a uma consolidação do mercado internacional. Já não se investe desenfreadamente. Tem de se começar agora a justificar o investimento e a trabalhar para aumentar as margens de lucro.

O que é que isso muda em termos de negócio?

O mercado vai continuar a crescer, mas moderadamente porque nestes últimos 10 anos foi a corrida ao ouro, uma coisa atípica, não era natural. Ia tudo a reboque do efeito agressivo da Netflix, que estava a conquistar um mercado internacional como um buldózer. As outras plataformas tiveram de entrar em força nos mercados, porque senão não tinham lugar.

Isto desorientou o mercado em termos de investimento, mas também trouxe muita oportunidade e muito produto bom. Mas, como tudo, são plataformas que pretendem ter uma programação generalista. Já percebemos isto. É para aí que isto vai caminhar.

Portugal está preparado para dar resposta às solicitações que surgem com o investimento das plataformas de ‘streaming’?

A pergunta eterna é quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. Nunca sabemos responder com alguma idoneidade. Tem de se começar por algum lado. Se não aparecerem as oportunidades, não vamos criar uma indústria, porque o investimento não vem do Estado.

É preciso que apareçam oportunidades e o mercado vai saber dar resposta, com as suas deficiências e limitações ao início, porque não está preparado, como os de outros países. Nunca tivemos grandes oportunidades, nem grandes orçamentos, nem grandes possibilidades para poder praticar, mas vamos sabendo dar resposta.

Temos atores em quantidade e qualidade suficiente para fazer face à procura crescente?

Para um mercado pequeno como o português, temos. O nosso mercado é idêntico ao da Catalunha, porventura mais saturado, e a Catalunha é uma região com um poder económico muito maior do que Portugal, com um dos maiores PIB da Europa. Normalmente, um mercado pequeno como este não aceitaria tantas produções.

Temos muitos realizadores e muitíssimos atores, mas há momentos em que aparecem produções estrangeiras por causa dos incentivos fiscais de rodagem do PIC Portugal e do Cash Rebate e o mercado fica sobrecarregado. Eles chegam cá e pegam nas melhores equipas que temos, que precisam de trabalhar o ano todo.

São necessários mais meios ou os que temos vão dando resposta?

Estamos a dar resposta, a formar pessoas e estão a surgir novos técnicos bons. Mas gera-se um desequilíbrio que cria um problema para a produção local, por causa das tabelas de preços, em termos da procura e da oferta, que não é acompanhado pelo investimento local. Os técnicos podem pedir mais porque há quem paga, mas a produção local não deu esse salto.

A RTP tem feito um esforço muito grande para acompanhar essa evolução. É graças à RTP que esta indústria sobrevive, é preciso dizer isto. Tem um papel crucial, como a TVE em Espanha. Tem-nos permitido ter uma produção diversificada e regular. Esperamos que continue a fazer esse esforço.

O orçamento da RTP é determinante?

Espero que as dotações orçamentais permitam que se continue a evoluir, porque ainda temos um dos valores de produção de entretenimento por hora mais baixos da Europa, se não o mais baixo. Já é mais baixo do que o da Grécia.

Precisamos de aumentar o valor de investimento por hora para melhorarmos a qualidade dos nossos produtos, senão o espetador vai notar sempre uma diferença. Uma série como ‘Game of Thrones’ custa €10 milhões por hora, ‘A Casa de Papel’ custa €2,5 milhões por 45 minutos e uma série portuguesa como ‘O Crime do Padre Amaro’ custa €200 mil por hora.

Como é que se compete com isso?

Não é o talento que resolve isto. Temos desafios pela frente, mas também oportunidades, porque felizmente abriram-se janelas, que espero que se mantenham e que continuem a crescer. Em Portugal, a transposição da diretiva europeia das plataformas de obrigação de investimentos foi feita há três ou quatro anos.

Desde essa altura que estamos a querer começar a ter esses investimentos, paulatinamente, sem muita pressa, mas isto devia aumentar as produções, porque num país que produza 10 projetos, se aparecerem mais três, a produção aumenta 30%. Hoje, a TVI já produz séries, o que representa mais uma vitória. A SIC também já o estava a fazer. A RTP já as produz há bastantes anos, de uma forma bastante regular, produz entre 10 a 14 séries por ano.

As perspetivas são animadoras?

Com a chegada das plataformas e com o PIC Portugal e o Cash Rebate, a produção e o trabalho aumentaram, com a possibilidade de produtores portugueses participarem em projetos estrangeiros. Assim de repente, voltámos a viver uma primavera. Ando aqui há quase 30 anos, comecei a filmar em 1996, já acompanhei os diferentes períodos destas três décadas e confesso que vejo com um olhar muito positivo o momento que estamos a viver, se todos fizermos as coisas bem. Porque as plataformas estão a entrar cá, mas podem retirar-se.

Em termos de meios técnicos e recursos humanos, estamos a conseguir dar resposta ao aumento da procura?

Faltam-nos chefes de setor com muita experiência no campo artístico. Temos alguma dificuldade em encontrá-los. Estão-se a formar cada vez mais técnicos, mas os de base formam-se mais rápido. Formar assistentes de produção é fácil, difícil é formar diretores de arte, que não se forma de um ano para o outro.

É difícil formar um primeiro assistente de realização, um bom montador, que assegure uma montagem com segurança. Também é difícil formar um diretor de fotografia que trabalhe bem em ficção de séries de televisão com a exigência da qualidade cinematográfica. Há alguma carência no campo da arte, da direção de arte, dos figurinos e dos primeiros assistentes da realização.

Este crescimento do mercado está a demonstrar-nos que temos falta de recursos, mas temos de os formar. Temos de ter consciência que é preciso dar oportunidades aos segundos melhores, para que evoluam para os primeiros lugares.

E em termos de guiões e de ideias?

Também escrevo e agora voltei a escrever guiões. Antes de ser realizador sou guionista. Em 1994, escrevi um guião e, em 1995, vendi-o. O meu primeiro trabalho profissional é como guionista. Depois filmo esse guião, quando faço um contrato como realizador. Estudei em Espanha, onde vivi sete anos, numa grande escola de cinema espanhol, de currículo americano, que formou muita gente conhecida no mercado.

É um mercado que conheço bem. O meu pai é espanhol e sou metade português metade espanhol. Sempre notei que Portugal investiu pouco na formação de argumentistas. Nas escolas e nas universidades, esse ensino sempre foi muito precário, não existia. Os organismos públicos, como o ICA [Instituto do Cinema e do Audiovisual], também nunca investiram em guionistas.

Na altura em que fui presidente da Associação de Produtores de Cinema e Audiovisual, disse que era preciso deslocalizar dinheiro para a escrita, porque precisamos de formar muitos guionistas, mas, para isso é preciso tempo e recursos.

Porque é que não foi feita essa aposta?

Temos seres humanos com talento, isto é ponto assente. Portugal é o meu país, tenho um enorme orgulho em ser português. É cá que trabalho maioritariamente. Os portugueses são um povo tremendo, capaz de tudo, mas temos de ser objetivos e perceber onde é que existem carências. A carência foi sempre nos argumentos, os guiões. O ICA sempre financiou realizadores, mas nunca privilegiou os guionistas.

A maioria dos realizadores em Portugal também preferem ser argumentistas dos próprios filmes. É sabido que somos um dos países da Europa que mais cinema de autor produz. Essa situação também limita a formação, porque acaba por não haver lugar para surgirem guionistas independentes. Estivemos muitos anos distraídos com isto, não os formámos, e hoje temos essa carência.

É uma situação que se poderá mudar a médio prazo?

Há mecanismos novos que estão a surgir. As plataformas, as televisões, as séries e um mecanismo que agora o ICA tem para financiar guiões. Esse mecanismo, que eu preconizei há 30 anos que deveríamos ter, é bom e está a produzir efeitos. Vai dar bons resultados, já está a dar, mas tem a ver com o investimento e, aí, há ideias. Não há é quem as saiba escrever com a carpintaria certa.

Temos poucos, mas bons ou nem sequer isso?

Incluo-me no grupo, porque estou a escrever outra vez. Temos poucos, ainda não temos muitos bons. Há exceções, mas não se pode generalizar. Quando isto melhorar, como melhorou na Argentina há uns anos, a nossa indústria vai dar um salto grande. Agora, estamos numa fase muito engraçada, em que começamos a ter muitos guionistas.

Daqui para a frente, vai fazer-se uma triagem e vão distinguir-se os muito bons, que precisam de ter a possibilidade de escrever, de se desafiar e de se corrigir. O processo é igual ao da pintura, da escultura, do bailado ou da realização. Em breve vamos começar a ter uma colheita. Há exceções, há alguns guiões bons, mas são só alguns. Não acho que haja algum argumentista que só ponha cá fora guiões bons ou muito bons. Digo nós porque estou dentro do grupo, ando nessa luta também.

Tem no seu currículo filmes que bateram recordes de espetadores, como é o caso do ‘Zona J’ e de ‘O Pátio das Cantigas’, que é a longa-metragem nacional mais vista de sempre. Esse êxito foi gerando pressões no sentido de se superar em cada projeto?

Não, nada. Sou uma pessoa com ansiedade zero. Foco-me em cada projeto que estou a fazer. Quem me conhece sabe que sou muito exigente. Às vezes, até difícil de aguentar no trabalho, porque trabalho muito, muitas horas, porque acho que é tudo o que podermos fazer tem de ser feito nessa fase.

As pessoas acham que acerto muitas vezes, porque tenho bastantes êxitos. Algumas até já me perguntaram qual era a fórmula. Respondo sempre que se soubesse qual era ficava muito feliz. Mas não sei. Invento e sigo o que a minha intuição me diz.

A sua intuição já o traiu?

Talvez seja uma presunção minha, mas quando estou num determinado projeto, acho que sei que uma grande parte do público vai gostar de ver aquilo. Umas vezes acerto, outras não. Mas acerto bastante. Tenho visibilidade pública por ter acertado bastante vezes, mesmo em televisão.

Os meus projetos tiveram sempre muita audiência em televisão, mas também me desafio a chegar ao público. Nisso, sou um pouco egoísta. Deixo o meu cinema de sonho de lado e dedico-me muito a um cinema para construir um público.

É esse o segredo do seu sucesso?

Quando cheguei de Espanha, após os estudos, fiquei muito triste porque percebi que não havia um público em Portugal. Vinha de um país que tem uma base de público grande, tal como o Brasil. Chego a Lisboa, começo a conhecer o setor e fico deprimido. Ninguém queria distribuir os filmes, que eram exibidos em três salas.

Era um miúdo. Saí de Miranda do Douro, fui para Porto estudar artes plásticas e, depois, fui para Madrid. Não sabia como é que a indústria era aqui. A indústria não, o setor. Não se pode chamar indústria, porque nunca houve uma indústria aqui. Quando descubro o setor, vi que não existia, que não tinha público. Sempre que íamos a uma reunião, éramos maltratados, desprezados.

O que é que fez para mudar isso?

Tomei uma decisão cedo, quando fiz ‘A Sombra dos Abutres’, que é o meu filme mais autoral. Emigrava ou construía um público. Decidi construir um público. A minha luta, ao longo dos anos, tem sido esta.

O que é que falta ao cinema português para atrair mais público?

Falta haver mais pessoas a tentar, de forma exigente, falar para o grande público. Se houver mais realizadores e produtores a fazerem isto, garanto que se consegue. Há é poucos.

O cinema, em termos de mercado publicitário nacional, só atrai 1% do investimento dos anunciantes. O que é que isto significa?

É um reflexo do impacto que o nosso cinema tem no público, que é nenhum. Já fiz grandes acordos publicitários para filmes, os maiores acordos que já se fizeram em Portugal. Os filmes que faço têm todos acordos de investimento em publicidade. O primeiro foi com a Salvador Caetano, no ‘Zona J’. No ‘Filme da Treta’ foi com a Cofidis. Para ‘A Selva’, fiz um com a Galp. Se houvesse mais produtores a fazer o que eu faço, esse número não era 1%, era bem mais elevado.

Para o novo filme, que acordos publicitários já estabeleceu?

Ainda não posso revelar. É algo que iremos anunciar mais para a frente.

Deixou de fazer publicidade há cinco anos. Porquê?

Cansei-me do stresse que a publicidade me causava. A publicidade é uma profissão de maratonista e, a mim, gerava-me ansiedade. Tinha possibilidade de opção, porque nunca deixei de fazer filmes e séries. Fui o primeiro produtor e realizador a fazer séries com regularidade. Quando comecei, ninguém fazia séries em Portugal. Quando fiz ‘Conexão’ para a RTP, em 1998, ninguém queria séries, mas deixavam-me fazer uma por ano.

Estava à frente do seu tempo?

Até isso percebi mais cedo. Há 12 anos disse a um grupo de pessoas que as séries haveriam de voltar a ser exibidas em horário nobre. Disseram-me que não, que Portugal nunca deixaria de exibir telenovelas. Insisti e hoje reconhecem que tinha razão. A publicidade foi um momento, uma oportunidade que surgiu. Quando surgiu a crise económica e imobiliária, percebi que viria a faltar dinheiro na televisão e nos institutos, como veio a suceder.

Como o meu nome já era relativamente conhecido no mercado, fiz constar que gostaria de experimentar fazer publicidade. Três dias depois, ligaram-me com uma proposta e fui fazer um anúncio para a Vodafone, na semana seguinte. Percebi que iríamos passar tempos ruins e acertei. Vieram anos muito duros e a Stopline só sobreviveu graças a isso.

Qual foi a estratégia que seguiu?

Correu-me bem a vida. Filmei, gostaram, chamaram-me outra e outra vez. A dada altura, resolvi abrir um departamento de publicidade e começo a trabalhar como realizador. Vi claramente que era um setor onde ainda havia dinheiro. Percebi que ali iria faltar menos do que na televisão e no cinema.

Estava certo e segurei-me ali uns anos. Foram anos bons porque a empresa sobreviveu. Podia ter falido e fechado, mas sobreviveu graças a esse setor. Aprendi e evoluí muito tecnicamente. Rodei muita ficção, mas a minha formação técnica vem da publicidade.

Sentia-se desafiado na publicidade?

A publicidade é muito exigente. O que se faz nunca está suficientemente bem feito, estão sempre a pedir que nos superemos, e essa crítica faz chegar mais longe. Por outro lado, há dinheiro para fazer coisas técnicas que jamais aparecem no cinema português. Pude experimentar e aprender com coisas que fiz tecnicamente, que nunca teria orçamento para fazer em ficção.

A publicidade chegou a representar uma grande percentagem da faturação da Stopline?

Sim, chegou a representar 60%. Chegámos a ser a terceira produtora com maior faturação do país em publicidade.

Ponderou abrir subsidiárias da Stopline em Macau e em Angola, mas durante a pandemia abandonou a ideia e afastou-se da publicidade. Foi difícil desistir?

Não, sou muito determinado, para um lado e para o outro. Cansei-me muito. Comecei a desviar-me do meu trabalho como realizador e percebi que não estava feliz.

A sua felicidade depende da realização?

Tinha de voltar a ser realizador, voltar ao meu caminho, que foi o que me deu tudo. A minha vida como produtor correu bem, mas estava a desvirtuar aquilo que gostava de fazer.

Tem trabalhado para as plataformas e para os canais. Quem é que paga melhor?

As plataformas pagam melhor.

Há grandes diferenças em relação à RTP, com quem tem trabalhado mais, em termos de valores de produção por hora?

Quando as plataformas entram num projeto em que a RTP já está envolvida, podem contribuir com o mesmo ou com menos, porque o projeto já é da RTP. Se for da plataforma, ela investe mais dinheiro. O grande modelo de negócio vai ser a divisão de direitos. E depende de quem lidera.

Normalmente, quem lidera põe mais dinheiro. Mas, no caso da Netflix, há claramente uma diferença de investimento atroz. As plataformas podem pagar o triplo. Sei os valores porque tenho projetos no Brasil e em Espanha. A discrepância entre as plataformas e as televisões é bárbara.

As plataformas procuram em Portugal projetos que possam ser internacionalizáveis?

As plataformas querem muito produto de alavanque local. Pretendem alavancar localmente primeiro, só que têm de pensar que são um canal que emite em todos os países. Se os direitos são deles, podem exibir esses projetos e querem que eles também tenham essa capacidade.

Mas não metem os pés pelas mãos. Pedem sempre algo que tenha um impacto potente a nível local, que vai potenciar o lançamento internacional. Começam a gerar ‘buzz’ quando o projeto funciona localmente, porque é deles, que são canais generalistas mundiais.

Isso revoluciona o mercado televisivo global?

Só com uma password num computador estão a emitir um canal na Índia, sem nenhum esforço. Essa possibilidade é que veio permitir, a nós, aos noruegueses e por aí fora, criarmos histórias para o mundo. A possibilidade técnica deste novo modelo de televisão abriu modelos novos. A internet veio trazer esta vantagem, a possibilidade de emitir para o mundo inteiro, sem custos. Esta possibilidade representa uma mudança de paradigma.

O que muda?

A nossa televisão clássica, que era hertziana, assenta num paradigma completamente diferente. Envolve licenças, cabos elétricos, produção linear, tem de ter antenas para emitir, é o contrário. Nas plataformas, a transmissão é por fibra ótica. Na televisão clássica, tinha poder quem tinha antenas de transmissão. Havia um monopólio e uma dificuldade. A internet de banda larga trouxe uma mudança de paradigma. Sabemos onde começou, não sabemos como é que acaba.

Consegue antever para onde é que o setor pode evoluir nos próximos anos?

As mudanças vão ser bárbaras e vão dominar toda a televisão aberta. A televisão aberta vai desaparecer. Podem ficar canais, mas não vão ser canais, não vão emitir da mesma forma, por antena. Acho que os canais que são mais inteligentes se vão transformar em plataformas.

Como é que analisa o recente surgimento de projetos como o Now e os novos canais da TVI e da SIC?

Imagine que temos quatro criancinhas com fome e sabemos que, para elas sobreviverem durante uma semana, precisam todas de uma latinha. Se só tivermos duas latinhas, só alimentamos duas e as outras duas morrem. Isto é o que vai acontecer.

Acho estranho que quem trabalha nisto não perceba que está a caminhar nesse sentido. Vão dividir ainda mais o bolo e essa divisão vai fazer morrer alguém. Todas as empresas, todos os negócios, devem ter uma estratégia, devem ter planeamento, devem ter projeção e horizonte. A televisão em Portugal, hoje, não tem isso.

Têm os blocos publicitários, que são cada vez maiores.

Têm de o fazer porque eles já não valem dinheiro nenhum. Para rentabilizar uma hora, podiam-se pôr três anúncios em sete minutos. Esse dinheiro pagava a hora e a estrutura da televisão. Como os investidores já não pagam nada, o que sai nesses 10 a 15 minutos é quase dado.

Dá apenas para ir jantar fora. Em vez de anunciarmos um restaurante, anunciamos um restaurante, duas pastas dentífricas e uma empresa de toalhas de praia, para tentar compensar. É compensação matemática. Os investidores sabem que já não há um retorno do comprador na leitura de televisão.

Mas a televisão continua a absorver grande parte dos investimentos.

Todas as pessoas com quem tenho falado que percebem disto sabem que o consumidor verdadeiro, o que tem impacto em termos de compra, já não está na televisão aberta. Está na internet, está no consumo digital. Uma percentagem ainda está em televisão, mas o grosso já não está ali.

É lógico que as empresas, que não andam a dormir porque fazem estudos, comecem a apontar agulhas em outro sentido. Por que razão é que a publicidade está a crescer dentro do entretenimento? Porque é a única que vai sobreviver. Os americanos já fazem isto há mais de 20 anos.

A publicidade também já não é o que era?

Quando a publicidade nasceu, era fascinante. À medida que foi evoluindo e se foi desenvolvendo, continuava a ser surpreendente. Era a descoberta de um mundo novo e estava a atingir o seu auge. Quando se torna repetitiva, torna-se cansativa. Temos de perceber os ciclos. Estamos a viver ciclos de cansaço e de repetição e, nesses ciclos, o ser humano faz rejeições naturais. As mentalidades e os hábitos não se mudam por carta magna.

As mudanças levam tempo.

Mudar a forma de estar na vida leva tempo. Entrámos na Comunidade Económica Europeia (CEE) em 1986, mas não nos sentimos europeus no dia em que entrámos, só algures nesse processo, passados 10 ou 15 anos. Em publicidade há ‘shots’ direcionados que funcionam. Fazem-se campanhas isoladas de coisas, o marketing consegue fazer isso e consegue mobilizar toda a gente, mas estamos a falar de uma forma genérica e estruturada.

Como setor regular e tradicional, já não é o que era, não tem resultados, porque as pessoas que compram já não estão lá e os que veem não vão depois fazer compras. O setor sabe disto e as coisas têm de caminhar para uma publicidade que é diluída, que está onde as pessoas também a compram ou aceitam.

As plataformas também vieram alterar isto?

Agora vamos viver um contraciclo, porque as plataformas vão começar a ter publicidade. Há uma vantagem, as plataformas vão ter duas linhas. Esta é a grande mudança da televisão, porque a televisão aberta é para toda a gente, as plataformas não. Na internet, as pessoas podem bloquear a publicidade.

As que quiserem pagar menos subscrevem pacotes com anúncios e isto vai voltar a dar um ‘boost’ à publicidade, que vai migrar das televisões tradicionais, porque aí é que estão os consumidores efetivos. Isto não vai ser amanhã, já está a acontecer. Basta ver o que a Max fez este ano, já comprou as olimpíadas. Isto é estar no ‘live’ e no desporto. Se estiverem no desporto, dominam tudo.

Porquê?

O mais importante é o entretenimento e a seguir é o desporto. O segundo o vício do consumidor é o desporto. O primeiro é o entretenimento, é com isso que se lidera, porque é o sonho. As pessoas são fascinadas por atletas. O desporto tem o lado da competição, a parte do jogo e os heróis. Liderando isso, lideram tudo.

Tudo?

O que é que fica a faltar? As notícias. O que mais vão ter? As notícias são o que é necessário para depois estar no meio. Mas, provavelmente, quando as notícias chegarem a esse lugar, é bom que voltem a ter um momento bom.

É preciso que o mundo da informação volte a estar no mercado com dinheiro, com estrutura financeira. Para não ser maltratado, como está a ser neste momento. O papel deixou de vender e as televisões, como também já não têm dinheiro, têm de expulsar os jornalistas. É nisto que estamos.

O que é que vai acontecer?

Vai causar uma doença muito grande a um país. Deixamos de ter os grandes jornalistas, os bons jornalistas, deixamos de ter um setor. Voltamos à história dos guionistas. Temos de ter um setor bem pago, bem estruturado, com isenção, sem precisarmos de o pressionar, para que ele funcione bem. Se há coisa que vamos precisar toda a vida é de estarmos bem informados.

Isso não vai mudar, garanto. Aliás, um dos próximos grandes desafios deste paradigma é como gerir essa informação que a internet trouxe. Esse é o grande mal. Temos a grande aldeia global e a maior forma de aceder à informação que alguma vez a humanidade teve, mas já há estudos que provam que a maior parte das pessoas acede a informação que é lixo.

Continua a frequentar feiras internacionais de televisão ou já não os valoriza tanto?

Deixei de ir tanto para ter mais tempo para escrever. Ando a filmar muito, voltei à minha vida de realizador, o que faz com que tenha menos tempo. Escolho anualmente ir a três mercados de televisão.

A quais?

Esse é o meu segredo… [risos] Como a Volf tem muitos projetos em Espanha, onde tenho várias coisas em desenvolvimento e negociação, faço os dois mercados espanhóis de séries. Um deles é o Iberseries Platino & Industria, de Madrid, que é a minha segunda casa. Tenho ido também, desde o início, ao Conecta Fiction & Entertainment e faço um em França. Na Europa, França e Espanha são os dois grandes países deste negócio.

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Bankinter antecipa futuro em campanha da Altavia Pixel Portugal (com vídeos)

Com direção criativa de Márcio Martins, redação de Márcio Martins e Ana Nascimento, produção da Fast Forward e realização de João Teixeira, o filme publicitário recorre ao humor para comunicar a nova oferta de crédito à habitação do banco espanhol

Há coisas que nunca vão mudar, como o sentido de humor dos empregados de mesa, a impaciência das crianças nas viagens de família ou uma agência de comunicação a fazer um comunicado de imprensa a anunciar o lançamento de um produto ou serviço. O conceito criativo da nova campanha multimeios do Bankinter antecipa o futuro em dois filmes publicitários criados pela Altavia Pixel Portugal, filial nacional do grupo Altavia, especialista em ‘retail marketing’ e ‘publishing services’.

Com direção criativa de Márcio Martins, redação de Márcio Martins e Ana Nascimento, produção da Fast Forward e realização de João Teixeira, os anúncios recriam duas situações divertidas, protagonizadas por uma família a caminho das férias e por um empregado de mesa bem-humorado, para comunicar a nova oferta de crédito à habitação do banco espanhol.

Margarida Nogueira e Neuza Pama partilham a direção de arte e Ivo Cordeiro assina as fotografias da campanha, que está a ser divulgada em televisão, exterior e digital.

A comunicação da marca traça um paralelo entre as características do produto e o quotidiano português que a Altavia Pixel Portugal idealiza dentro de três décadas, para promover a oferta de crédito à habitação com taxa fixa até ao fim do empréstimo que o Bankinter está a lançar.

“O mundo pode estar mais imprevisível do que nunca, mas nem tudo é incerto. Podemos ficar descansados porque, tal como a prestação do crédito habitação do banco, há coisas com as quais vamos poder continuar a contar daqui a 30 anos”, afirma Márcio Martins, diretor criativo da agência, citado em comunicado de imprensa.

A abordagem humorística, também explorada nas novas campanhas de marcas como a Goldenergy, a Betano e a Olá, potencia a ligação à instituição bancária. “Aliar a comunicação eficaz de um produto ‘top of mind’ a um humor que capta a atenção das pessoas faz com que as mesmas se relacionem com a marca de uma forma mais próxima e esse é o objetivo final de qualquer cliente e agência”, refere Marta Ferraz de Abreu, diretora de contas da agência.

 

 

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Sérgio Oliveira é o novo diretor de transformação de negócio do Publicis Groupe Portugal

O profissional será responsável pela unificação de todas as áreas da transformação digital, como o ‘e-commerce’, dados e ‘business intelligence’, com o objetivo de fazer crescer o negócio dos clientes e contribuir para a evolução da oferta local de soluções de negócio 360º

A partir de 16 de setembro, Sérgio Oliveira assume a direção de transformação de negócio do Publicis Groupe Portugal, onde vai assumir funções na administração do grupo e liderar a área de transformação de negócio das agências que o compõem. No novo cargo, vai reportar a Alexandra Varassin, CEO do Publicis Groupe Portugal.

O profissional será responsável pela unificação de todas as áreas da transformação digital, tais como o ‘e-commerce’, dados e ‘business intelligence’, com o objetivo não só de fazer crescer o negócio dos clientes, como também contribuir para a evolução da oferta local de soluções de negócio 360º enquanto grupo.

“Estou muito entusiasmado com esta oportunidade de trabalhar este segmento de negócio no Publicis Groupe Portugal. Em conjunto impulsionaremos as iniciativas estratégicas que moldarão o futuro da empresa no curtíssimo prazo, acelerando a missão de oferecer soluções inovadoras e de valor acrescentado para os clientes portugueses do Grupo”, declara Sérgio Oliveira, citado em comunicado de imprensa.

Licenciado em relações internacionais pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa e pós-graduado em gestão de vendas pela mesma instituição, Sérgio Oliveira conta com cerca de vinte anos de experiência numa carreira em que passou por diversas empresas do setor como a Fnac, enquanto gestor de produto online, Portugal Telecom, como diretor de publicidade móvel e, posteriormente, diretor de publicidade, e ainda a Microsoft, onde desempenhou o cargo de diretor de agências para o mercado português.

Em 2015 juntou-se ao Group M, onde assumiu diferentes cargos, entre os quais diretor-geral do Xaxis, diretor de digital da Mindshare e StudioM (L’Oreal), e diretor comercial no GroupM. No seu mais recente cargo, desempenhado desde 2023, foi diretor-geral da Acceleration, empresa do WPP focada em consultoria de serviços de marketing.

 

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TV: Os programas que dominam as audiências, gravações e redes sociais em agosto

O futebol continua a atrair multidões, liderando a tabela dos programas de televisão mais vistos, enquanto as telenovelas e os ‘reality shows’ mantêm os espetadores fiéis. Nas gravações caseiras, diárias e a sete dias, a ficção portuguesa sai vitoriosa. A TVI destaca-se nas menções nas redes sociais

Tal como nos meses anteriores, em agosto, o futebol lidera as preferências dos portugueses no top de programas, com a transmissão da Supertaça Cândido de Oliveira, disputada entre o Sporting CP e o FC Porto, transmitida na RTP1, a 3 de agosto.

Na segunda posição, está a novela da TVI ‘Cacau’, com o episódio transmitido a 5 de agosto. Segue-se uma emissão especial, transmitida a 12 de agosto, do ‘reality show’ da TVI ‘Dilema’, apresentada por Manuel Luís Goucha.

 

 

Nos programas gravados e visionados no próprio dia, a liderança é ocupada por um episódio da telenovela ‘Promessa’, transmitido na SIC, a 19 de agosto, seguido do especial que foi exibido a 16 de agosto. O terceiro lugar pertence à telenovela ‘Cacau’.

 

 

Nas gravações de sete dias, o melhor programa é também uma novela, a “Senhora do Mar’, transmitida na SIC a 23 de agosto. O segundo lugar cabe à emissão de ‘Casados à Primeira Vista – As Despedidas’, exibida a 4 de agosto.

 

 

Nas redes sociais, na primeira posição da tabela encontra-se em destaque o ‘reality show’ ‘Dilema’. O programa das manhãs da TVI, ‘Dois às 10’, mantém-se no segundo lugar do ranking e o programa ‘Somos Portugal’ está na terceira posição.

A série ‘Morangos Com Açúcar’ chega ao quarto lugar, seguida de ‘Goucha’, programa das tardes da TVI. A novela ‘Senhora do Mar’ e o ‘reality show’ ‘Casados à Primeira Vista’, ambos da SIC, encontram-se na sexta e sétima posição, respetivamente.

A encerrar o  top 10, estão o programa ‘Casa Feliz’ da SIC, em oitavo, seguido da novela ‘Cacau’ e do programa ‘Passadeira Vermelha’, exibido na SIC e na SIC Caras.

 

 

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João Pedro Clemente é o novo gestor de marketing europeu da Fanta

O antigo gestor de marca da Coca-Cola em Portugal volta a assumir um cargo internacional. “Esta nova oportunidade é incrivelmente motivadora, estou desejoso de contribuir para o sucesso daquela que é uma das marcas mais icónicas do mundo”, refere

João Pedro Clemente é o novo gestor sénior de marketing europeu da Fanta, abandonado o cargo de gestor sénior de marca da Coca-Cola em Portugal, três anos depois de o ter assumido.

“Esta nova oportunidade é incrivelmente motivadora, estou desejoso de contribuir para o sucesso daquela que é uma das marcas mais icónicas do mundo”, refere o responsável na publicação no LinkedIn, onde anunciou a nomeação.

Licenciado em gestão pela Universidade Católica Portuguesa, João Pedro Clemente frequentou o Coca-Cola Digital Leadership Program quando foi contratado para assumir o cargo de gestor de marca sénior da Coca-Cola, em julho de 2021.

Antes, tinha desempenhado funções na Jerónimo Martins Distribuição e na Unilever Jerónimo Martins, onde foi gestor de inovação júnior da marca de azeite Gallo, que viria a trabalhar enquanto gestor de desenvolvimento de marca em Portugal e na Ásia, o primeiro cargo internacional que desempenhou.

Lançada originalmente em 1940, a Fanta é a segunda insígnia mais antiga da The Coca‑Cola Company, tendo chegado a Portugal apenas em 1983, ano em que começou a ser comercializada a Fanta Laranja.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

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Digital

TikTok desafia em tribunal proibição nos Estados Unidos

A ação judicial do TikTok refere que “não há dúvida” de que a lei levará ao encerramento do TikTok e silenciará os “170 milhões de americanos que utilizam a plataforma para comunicar, de formas que não podem ser reproduzidas em outros locais”

Seguiu para o Tribunal de Recurso dos Estados Unidos do distrito de Columbia, a 16 de setembro, um processo contra a ameaça de proibição do TikTok nos Estados Unido, em que a ByteDance, dona do TikTok, alega que a lei que tem como objetivo a proibição da plataforma digital é “inconstitucional”, noticia o The Guardian. A empresa de tecnologia chinesa ByteDance promete contestar a proibição e levá-la até ao Supremo Tribunal dos Estados Unidos.

Durante a audiência, perante um painel de três jurados, Andrew Pincus, sócio da Mayer Brown que representa legalmente o TikTok, invocou as proteções da primeira emenda à liberdade de expressão da constituição dos Estados Unidos e rebateu o argumento de que a aplicação é controlada pela China ou representa uma ameaça à segurança nacional.

No entanto, o juiz presidente do Tribunal de Recurso dos Estados Unidos para o Distrito de Colúmbia, Sri Srinivasan, contestou, afirmando que a preocupação é o facto de haver uma entidade estrangeira a moderar e potencialmente a manipular o conteúdo do TikTok. “Este caso é diferente porque envolve algo que está a acontecer no estrangeiro”, declara Sri Srinivasan, citado pelo The Guardian. “Quando se trata de uma organização estrangeira, eles não têm o direito consagrado na primeira emenda de se opor a uma regulamentação da sua curadoria. O TikTok também poderia continuar a existir desde que deixasse de estar sujeito ao controlo chinês”, acrescenta.

A ação judicial do TikTok refere que “não há dúvida” de que a lei levará ao encerramento do TikTok e silenciará os “170 milhões de americanos que utilizam a plataforma para comunicar, de formas que não podem ser reproduzidas em outros locais”. “O ‘desinvestimento qualificado’ exigido pela lei para permitir que o TikTok continue a operar nos Estados Unidos simplesmente não é possível: nem comercialmente, nem tecnologicamente, nem legalmente”, segundo o processo.

Em documentos judiciais apresentados durante o verão, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos delineou as suas principais preocupações, que se centram nos dados e na potencial manipulação dos utilizadores. O departamento considera que o TikTok recolhe grandes quantidades de dados dos utilizadores, incluindo informações sensíveis sobre hábitos de visualização, que poderiam cair nas mãos do Governo chinês. Alega também que o algoritmo do TikTok, que determina o que os utilizadores veem na aplicação, pode ser manipulado pelas autoridades chinesas.

O TikTok sustenta, por seu lado, que não partilha os dados dos utilizadores com o Governo chinês e que as preocupações manifestadas pelo Governo dos Estados Unidos nunca foram comprovadas.

Sobre o autorDaniel Monteiro Rahman

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Fuel assina campanha do Cartão Continente com Gabriela Barros (com vídeo)

Com produção da Playground e realização de Filipe Penajóia, o filme publicitário tem consultoria de produção da Pro(u)d. Para além da televisão e das superfícies comerciais do retalhista, os anúncios podem ser vistos em imprensa, exterior e digital

A Fuel assina a campanha multimeios que promove a nova oferta de carregamentos do Cartão Continente, protagonizada pela atriz Gabriela Barros. Com produção da Playground, consultoria de produção da Pro(u)d e realização de Filipe Penajóia, o filme publicitário mostra uma mulher que está fascinada com a nova funcionalidade da ‘app’ do Continente, ao ponto de nem se aperceber que a vizinha, com quem se cruza nas escadas do prédio onde residem, está a precisar de ajuda por estar carregada de caixas.

Além da televisão e das superfícies comerciais do retalhista, os anúncios podem ser vistos em imprensa, exterior e digital. Através do Continente Carrega, os clientes que carregarem o saldo do Cartão Continente com entre €50 e €90 podem usufruir de 5% de desconto, em todas as suas compras, durante 30 dias. Se carregarem com um valor igual ou superior a €100, têm um desconto de 10%, válido para o mesmo período, igualmente em todas as compras.

“O Continente Carrega vem confirmar o compromisso que temos com o empoderamento das pessoas, oferecendo mais benefícios aos nossos clientes. É uma solução inovadora, sem paralelo no mercado. Esta oferta flexível, acima de tudo, democratiza o acesso à poupança, permitindo às famílias gerirem melhor o seu orçamento, ao mesmo tempo que maximizam os ganhos, diariamente”, explica Filipa Appleton, diretora de marca e de marketing do Continente, citada em comunicado de imprensa.

 

 

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Publicidade inclusiva é positiva para lucros, vendas e valor das marcas, diz estudo global

A expressão ‘Go woke, go broke’, criada por grupos de direita como um aviso às marcas (na foto), não coincide com a realidade. Uma análise a 392 marcas em 58 países indica que a publicidade inclusiva representa um aumento de quase 3,5% nas vendas das marcas a curto prazo e de 16% no longo prazo

Uma nova investigação sobre a indústria da publicidade promovida pela Unstereotype Alliance, iniciativa empresarial convocada pela ONU Mulheres,  sugere que ‘Go woke, go broke’, expressão criada por grupos de direita como um aviso às marcas, não coincide com a realidade. De facto, segundo a análise, campanhas publicitárias mais inclusivas têm um impacto positivo nos lucros, nas vendas e no valor da marca.  Até mesmo tentativas pouco convincentes de adesão a valores mais tolerantes podem conferir uma vantagem a um produto.

Com base na análise de 392 marcas em 58 países, a investigação revela que a publicidade inclusiva representa um aumento de quase 3,5% nas vendas a curto prazo e um aumento de mais de 16% a longo prazo, para uma marca ou anunciante. O estudo salienta ainda que a publicidade inclusiva persuade 62% dos consumidores a escolher um produto e torna 15% dos clientes mais fiéis.

O estudo global foi conduzido por investigadores da Saïd Business School da Universidade de Oxford, com base em dados recolhidos por um grupo de empresas, entre as quais a Diageo, a Kantar e a Unilever, em colaboração com o Geena Davis Institute, criado pela atriz e ativista norte-americana para estudar a questão do género nos meios de comunicação social. O estudo abrange diferentes categorias de produtos, como produtos de confeitaria, aperitivos, cuidados pessoais, beleza, alimentação e cuidados para animais de estimação, bebidas alcoólicas, produtos de saúde e produtos para o lar.

“A ideia de que os conteúdos publicitários inclusivos podem prejudicar comercialmente uma empresa limitou o progresso durante demasiado tempo”, sustenta Sara Denby, diretora do secretariado da Unstereotype Alliance na ONU Mulheres, citada no The Guardian. “A afirmação é consistentemente infundada – mas precisávamos de fornecer provas do contrário. Estes dados irrefutáveis devem tranquilizar qualquer empresa e encorajar as marcas a renovar o seu compromisso com a inclusão sob todas as formas, não só para beneficiar as comunidades que servem, mas também para impulsionar o crescimento e prosperar financeiramente”, acrescenta.

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“Termos dados acarreta a responsabilidade de uma melhor escolha dos meios que utilizamos”

Um ano depois de ter assumido a direção de marca e marketing do Continente, Filipa Appleton faz um balanço e traça os desafios e as oportunidades futuras, que passam pela nova estratégia de comunicação mais focada e no desenvolvimento de marcas próprias, entre outros

Catarina Nunes

A nova estratégia de comunicação, lançada em março e segmentada por temas (preço, valor e variedade, qualidade e responsabilidade, mais a inovação enquanto pilar transversal), está a permitir ao Continente ter um maior foco e uma maior repetição das suas mensagens publicitárias.

“Mantivemos tudo o que era fundamental na nossa conversa com o consumidor, até porque estes pilares foram escolhidos porque são aqueles que são mais relevantes quando o cliente procura um supermercado”, explica Filipa Appleton, acrescentando que “ao haver um maior foco, também há uma maior recordação”.

Em entrevista ao M&P, a diretora de marca e marketing do Continente, e também presidente da Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN), fala ainda sobre a aposta nas marcas próprias, o impacto na marca Continente do caso do funcionário que levou um saco sem pagar e o maior dos desafios dos anunciantes: o retorno do investimento em comunicação e a medição daquilo que se faz e dos meios de comunicação utilizados.

Faz um ano em setembro que assumiu a direção de marca e marketing do Continente. Qual foi o desafio que lhe propuseram?

Foi um convite que veio com uma grande responsabilidade, porque o Continente é não só uma marca líder em termos de vendas e quota de mercado, mas é também uma marca líder em [notoriedade] ‘top of mind’. O desafio foi ver o que é que a marca pode ser mais e mais relevante na vida dos consumidores.

Esta liderança vem com uma grande responsabilidade, mas também com uma grande humildade. O desafio, sabendo que o sucesso que nos trouxe até aqui não é garantia do sucesso futuro, foi como é que a marca Continente pode e deve continuar a ser líder em casa dos consumidores e em termos publicitários, e pode e deve ser uma referência a nível nacional.

O que é que encontrou em termos de fraquezas?

De facto, encontrei uma marca muito forte e uma equipa extraordinária de profissionais incríveis. É uma marca com desafios ao nível da atenção e do foco. O Continente sendo uma marca de retalho, que trabalha no setor alimentar, não-alimentar e beleza, tem várias áreas de interesse e caminhos através dos quais pode falar com o consumidor, desde os produtos ao serviço, passando pelas lojas.

Um dos pontos que sabíamos que tínhamos de endereçar era exatamente perceber de que forma é que conseguíamos ser mais relevantes, para que o consumidor se lembrasse mais facilmente de nós. Porque o facto de termos tantas coisas para dizer, em simultâneo, faz com que o consumidor se lembre do Continente, mas não se lembra exatamente das mensagens.

Quais é que foram as áreas prioritárias nessa matéria?

Tivemos de arrumar a casa. Lançámos a nossa plataforma de comunicação em março de 2024, que pretendeu arrumar temas e escolhemos quatro temas prioritários – preço, valor e variedade, qualidade e responsabilidade – e um quinto tema transversal, que se prende com a inovação. Arrumar a conversa nestes quatro temas permitiu-nos conseguir um maior foco e uma maior repetição. Ao sermos mais focados, conseguimos dizer cada uma destas coisas com maior repetição.

Mantivemos tudo o que era fundamental na nossa conversa com o consumidor, até porque estes pilares foram escolhidos porque são aqueles que são mais relevantes quando o cliente procura um supermercado. Ao sermos mais relevantes para o cliente, ele também se lembra mais facilmente de nós. E ao haver um maior foco, também há uma maior recordação.

Como é que essa organização da comunicação por pilares se materializa, na prática, e que resultados é que já tiveram, por exemplo, em termos da notoriedade ou da conversão?

O que fizemos foi um exercício de marca e de marketing, pensar como é que ao longo de 2024 vamos conseguir comunicar através desta plataforma. Depois escolhemos quatro situações do dia a dia, focadas em cada um destes pilares: uma delas falava muito mais de preço e de quanto é que as famílias gastam do orçamento familiar em alimentação. Outras falavam, por exemplo, de como é que consigo encontrar tudo o que procuro no mesmo sítio.

Comunicação arrumada por temas

Os produtos ou as marcas do Continente que estão a ser comunicados são encaixados nessas temáticas?

Têm de encaixar exatamente nestas temáticas. Fomos buscar outra coisa, que é ‘o Continente é para toda a gente’ porque ‘no Continente eu consigo ser o que eu quero, quando eu quero e como eu quero’. O consumidor, ao dia de hoje, é não só muito informado, mas também muito diferente na sua jornada de compra.

É um tipo de consumidor durante a semana e é outro consumidor ao fim de semana. Quando faço a minha lista de compras, tenho uma lista para mim, mas, se levo as compras da minha mãe ou da minha filha, já adiciono outras coisas. Quando fomos olhar para este ‘o Continente é de toda a gente’, escolhemos a Gabriela Barros para dar a cara a esta ‘toda a gente’, uma atriz que conseguisse personificar tantas pessoas diferentes.

A Gabriela Barros é a embaixadora do Continente?

Não tem a ver com a Gabriela enquanto pessoa, tem a ver com a Gabriela enquanto atriz, porque tanto ela é uma professora como é uma mãe de família.

Ela aparece em todas as campanhas?

Sim, o que ajuda também o cliente a memorizar-nos, assim que vê a Gabriela.

Vão ter outras personalidades, atrizes ou atores?

Neste momento, a Gabriela assume o protagonismo com outros intervenientes, mas depois vamos ver. A plataforma foi lançada em março e estamos sempre a monitorizar os resultados, como é que o cliente nos está a ver, mas sabemos também que precisamos de dar tempo.

Que resultados é que os vossos indicadores apontam?

Nos níveis de [notoriedade] ‘top of mind’ continuamos a liderar, e também em acumulado no ano, o que é muito importante, e os níveis de recordação comprovada têm subido claramente. Continuamos a monitorizar a preferência do Continente enquanto loja preferencial para fazer as compras. Monitorizamos semanalmente e mensalmente, mas também sabemos que estes são indicadores que mudam a médio e longo prazo. É prematuro neste momento dizer quais é que são as mudanças, ainda precisamos do tempo.

E em termos de conversão em compras ou de entrada de novos clientes?

Sabemos que continuamos a crescer em quota, em clientes, novos clientes e percebemos que os consumidores conseguem recordar muito mais facilmente as nossas campanhas e aquilo que queremos dizer. É preciso coerência, foco e paciência, porque as perceções são coisas que precisam de ser trabalhadas a médio e longo prazo e nós temos essa paciência.

Quanto é que já investiram em marketing e marca nessa reorganização da comunicação e nas novas campanhas?

Mais do que quanto investimos, o importante é a forma como o fazemos. O facto de termos escolhido estes temas principais permitiu-nos, ao sermos mais focados, ter uma menor dispersão. Cada um destes temas tem uma maior capacidade de ser visto e apreendido pelo consumidor e, portanto, aí nós vemos que temos um maior alcance, ‘engagement’ e recordação.

 

 

Orçamento de comunicação mantém-se

O orçamento de comunicação aumentou, manteve-se ou diminui?

Mantivemos o orçamento em relação a 2023.

Quanto é que foi o orçamento de 2023?

Não vamos referir números.

Qual é a percentagem das vendas que investem em marketing?

Não vamos referir números.

E as vendas do Continente?

Em 2024 estamos a subir quota de mercado.

Quais é que foram as vendas objetivas do total das lojas?

Não tenho esse número comigo.

Foi diretora de marketing do Lidl entre 2010 e março de 2022, altura em que transita para a Galp, até setembro de 2023. O que é que mudou no marketing da grande distribuição face a 2022?

Num ano e meio, o mercado não mudou assim tanto. A concorrência é mais agressiva, porque Portugal é um mercado muito maduro, onde há diversos ‘players’ e uma forte expansão, quer de retalhistas ditos tradicionais como com a entrada de novos ‘players’ e de formatos diferentes.

O que noto de 2022 para 2023 é que esta concorrência se torna mais agressiva e pressiona mais para ganhar e fidelizar clientes. É um mercado muito de ganhadores e perdedores, porque, na realidade, é um mercado maduro, onde os consumidores não estão a aumentar. A nossa cesta não aumenta, há é uma maior escolha.

Estratégia de sortido

A concorrência mais feroz afeta menos o líder?

Não, porque num mercado de ganhadores e perdedores, o líder é tão ou mais atacado quanto os demais. Tem muito a ver com estratégias não só de expansão, mas de sortido, qual é a gama que pomos na loja, em que medida é que somos capazes de responder ao consumidor e de antecipar as necessidades, e aí acreditamos que o Continente tem uma posição privilegiada.

Temos lojas de grande dimensão, com um sortido que permite fazer face a todas as necessidades, e temos lojas de média dimensão e de conveniência. A liderança é tão atacada como uma posição intermédia.

Havendo uma pulverização mais alargada de lojas Continente pelo país, é mais fácil o cliente ir a essa loja do que à da concorrência, que não tem loja onde ele está. A proximidade e a conveniência ajudam muito na escolha do supermercado. No entanto, é também verdade que o consumidor é muito mais bem informado e exigente.

Não se importa de visitar duas ou três insígnias por mês para fazer as compras. Mas se a loja não corresponde às suas necessidades, ele muda de loja, especialmente quando são lojas preferenciais ou para fazer compras mais alargadas. A proximidade e a conveniência são-nos vantajosas, mas não podem ser a garantia de que não seremos beliscados ou que estejamos numa posição de liderança confortável.

Qual é a vertente da marca que garante que o cliente vai preferir o Continente?

Tem de ser uma combinação de fatores, que ele encontre os produtos que quer, com o preço mais competitivo e sem abdicar da qualidade. O consumidor é muito informado, compara preços, mas compara também produtos e qualidade. Temos desenvolvido um trabalho em torno da marca própria Continente e das submarcas, que já têm mais de 4000 referências.

Os últimos anos foram de trabalho contínuo na melhoria da marca própria, em que reformulámos mais de 600 produtos. Esta preferência tem a ver com a loja, com a experiência de compra, com o preço e qualidade do produto. O facto de sermos capazes de trazer inovação, novos produtos surpreendentes, traz valor acrescentado à loja. Só garantindo que este ecossistema virtuoso acontece, é que conseguimos garantir a preferência do cliente.

Quando diz o cliente encontrar aquilo que pretende, e referiu as marcas próprias, está a falar do cliente encontrar o que procura dentro do que são marcas próprias?

Estou a falar do cliente encontrar tudo o que procura dentro de todas as marcas.

O que é facto no Continente, e em outras lojas da grande distribuição, é que há cada vez mais uma redução das marcas de fornecedores. A probabilidade de o cliente ir ao Continente e não encontrar aquilo que procura é cada vez maior?

De todo. Um dos pilares da nossa plataforma é exatamente valor e variedade, encontrar tudo o que quer quando quer.

A marca própria do Continente representa, dados vossos, €1,2 milhões em vendas em 2023, a subir 75% nos últimos quatro anos. Quanto é que isto representa, em percentagem, no total das vendas do Continente?

Não tem a ver tanto quanto é que representa em total das vendas, tem a ver também quanto é que representa em termos de gama e de sortido.

Mas é importante saber qual é o peso da marca própria nas vendas totais.

A marca própria representa 35% em valor de vendas da área alimentar do Continente, que inclui não só os produtos alimentares – sem os frescos -, como os de limpeza do lar e os de higiene e beleza. Só fica de fora o bazar, os artigos de casa, livros, etc. No final do ano passado, a média do peso das marcas próprias do alimentar no volume de vendas em todo o retalho em Portugal foi de cerca de 43%, ou seja, com um peso inferior no volume de vendas, face à média do mercado.

Não sou uma amostra representativa, mas já por mais do que uma vez vou ao Continente e não há as marcas que eu quero, como por exemplo bolachas Maria, Coca-Cola ou frutos secos, que não sejam da marca Continente.

Acredito que seja uma situação pontual porque o Continente pauta-se por ser uma das insígnias com maior variedade e equilíbrio entre marca própria e marca de fabricante. Agora, é verdade que temos três insígnias dentro do Continente: o Continente hipermercado, o Continente Modelo e o Continente Bom Dia.

O Continente hipermercado são os de maior dimensão e com sortido mais alargado, o Continente Modelo tem uma dimensão média e o Continente Bom Dia, que é o formato mais de conveniência. Mesmo no caso do Continente Bom Dia temos uns formatos de super conveniência e de maior dimensão, e a oferta e o sortido são adequados a cada uma destas dimensões. Além disto temos ainda o Continente Online.

Sempre que quero uma maior variedade de marcas, consigo encontrá-las muito mais no Continente hipermercado e no Continente Online. Mas se quero uma compra mais rápida, de conveniência, tenho o formato Continente Bom Dia.

 

 

Desafio nos formatos de menor dimensão

As marcas líderes e as de fornecedores estão nesses formatos de menor dimensão?

Está sim e estão várias marcas de fornecedores.

Há também a questão, que não é de hoje, das marcas de fornecedores se queixarem de terem cada vez menos espaço nas prateleiras, que é visível para o consumidor.

Há outras insígnias que têm muito mais uma aposta de marca própria. O Continente continua a manter este equilíbrio entre marca de fornecedor e marca própria. A nossa aposta vai continuar a ser trabalhar nesta curadoria de sortido, para responder a todas as necessidades.

Mas referiu que há uma aposta muito forte em marca própria?

Há uma aposta forte em marca própria, na medida em que a marca própria do Continente pretende ser para toda a gente. Temos as marcas Continente, Continente Equilíbrio, Continente Seleção, Continente do Bebé, porque nos permite complementar a nossa oferta. De forma genérica, a marca própria do Continente no alimentar representa 35%.

Há ainda uma fatia muito grande que são marcas de fabricante e a marca própria pretende ser complementar. O Continente Equilíbrio, por exemplo, é uma marca sentimos necessidade de lançar, porque tem uma curadoria nutricional e de qualidade, que privilegia ingredientes naturais, sem adoçantes artificiais, sem óleos de palma nem gorduras hidrogenadas.

Podiam ter feito essa curadoria com marcas de fornecedores, que já têm esses produtos?

E existe. A nossa área de nutrição mais saudável, para desportistas, para uma série de intolerâncias e para bebés, é complementada com marcas de fornecedores.

Marcas próprias aumentam

A percentagem de marcas próprias é para aumentar?

Depende da estratégia e também do ‘feedback’ e da escolha do consumidor. Vamos sempre trabalhar mediante a escolha e a preferência do consumidor. Por causa disso temos o Co-Lab [laboratório de inovação com o cliente], onde fazemos inovação de produto e estudos de mercado, ouvimos o consumidor e fazemos provas sensoriais.

O nosso sortido pretende sempre ser alargado quando há ‘gaps’ ou sentimos que podemos melhorar. Tem havido uma tendência para aumentar a marca própria, no sentido em que há uma entrada de ‘players’ que se focam muito mais em marca própria e, portanto, o mercado tem vindo a aumentar esse peso.

É possível que o Continente venha a ter só marca própria?

Não, não acredito.

Não vos faria sentido?

A variedade do nosso sortido é também um dos pilares fundamentais para a satisfação do nosso cliente. Sabemos que o cliente pode preferir determinados artigos de Continente Equilíbrio ou de Continente Seleção, mas também pode preferir outros artigos, que sejam de marca de fabricante. É esta complementaridade e construção daquilo que ele pode encontrar nas nossas prateleiras que acreditamos ser uma das grandes vantagens que temos.

Referiu a inovação no Continente Co-Lab, onde nos encontramos na Amadora, que é uma parte importante na estratégia de marcas próprias e onde são testados e provados novos produtos para a marca própria. Qual é que foi o produto mais bizarro ou mais invulgar que desenvolveram?

Mais bizarro não diria, mas aqui são provados, por exemplo, desde os produtos mais ‘mainstream’ até refeições étnicas, que temos desenvolvido e lançado nos últimos tempo, como um novo kebab que estamos a comunicar. Acredito a grande vantagem de um laboratório de coinovação é ir à procura de novas tendências.

Quais são as próximas áreas onde estão à procura de inovação ou onde faz sentido desenvolver novos produtos?

Estamos a trabalhar muito para que a marca própria responda às necessidades do consumidor mais informado, com a capacidade, por exemplo, da My Label responder quer a peles oleosas, mais maduras ou mais jovens, e ter produtos de beleza orgânicos. Às vezes não têm tanto a ver com nichos, mas com necessidades específicas que também queremos endereçar.

Tudo isso a um preço mais baixo do que a concorrência, que é um dos pilares da vossa reorganização da comunicação?

Continua a ser extremamente importante ter um preço base extremamente competitivo e que o consumidor consiga fazer as suas compras com o melhor preço possível. Outra coisa muito importante são as promoções que fazemos e o nosso ecossistema de parcerias, que não se esgota nas lojas Continente, para que ele possa ter muito mais vantagens ao escolher o Continente.

Conflito de interesses com marcas de indústria

As marcas de fornecedores referem que a grande distribuição serve-se das suas inovações para desenvolver marcas próprias, concorrendo de forma que consideram desleal, por vocês serem também os donos das prateleiras. É uma acusação legítima?

A questão da inovação não está, de todo, só do lado da marca de fabricante. A inovação está a níveis que extravasam quer o produto quer o serviço, e o Continente tem sido pioneiro ao nível da inovação dos serviços e do ecossistema do cartão, da implementação do ‘self-checkout’ e do ‘self-scanning’, com o SIGA.

Dou um exemplo do Continente Equilíbrio: lançámos este ano o Super Breakfast, um produto inovador no mercado, que é uma saqueta de pequeno-almoço que combina fruta com cereais. Não há aqui nenhum ‘copycat’, se assim podemos dizer.

Olham para as marcas de fabricante quando estão a desenvolver marcas próprias?

Olhamos para o mercado, para as marcas de fabricante e para as necessidades do consumidor, e desenvolvemos quando o mercado ainda não tem e tentamos melhorar fórmulas que acreditamos que possam ser melhoradas. Neste momento, o ‘driver’ de inovação é a necessidade e exigência do cliente e não copiar seja quem for.

Recorda-se de algum produto que o Continente tenha sido o primeiro a estrear-se num segmento de mercado?

O Super Breakfast, que é um produto maravilhoso, completo e conveniente, em que não havia nenhuma marca com esta combinação e características.

Como é que estão as relações do Continente com os fornecedores?

Estão ótimas. Por acreditarmos que a variedade é importantíssima e que o cliente escolhe exatamente o que quer e quando quer, acreditamos que as marcas de fornecedor são parte integrante da nossa oferta e daquilo que oferecemos ao cliente.

E não são só as marcas de fabricante. O Continente tem também, por exemplo, o Clube de Produtores que celebrou este ano 25 anos e que apoia centenas de produtores nacionais, que fazem parte e fortalecem a nossa oferta, e que permitimos que desenvolvam a nossa gama.

 

 

Ambição: ter 99% ou 100% de quota

Referiu há pouco os dados de notoriedade e de liderança no retalho alimentar. Acrescento o facto de o Continente ser das marcas portuguesas com mais seguidores no Instagram e ter quatro milhões de subscritores do cartão de fidelização. O que é que falta conquistar, enquanto marca?

O que nos falta conquistar é sempre a nossa ambição. A nossa liderança pauta-se por uma grande humildade, em que há sempre o querer fazer melhor. Não digo fazer mais, mas fazer melhor. A nossa relevância no dia a dia do cliente vai ser sempre aquilo que nos move.

Quando digo que somos líderes em ‘top of mind’ e uma marca reconhecida por 99% dos consumidores, é verdade que também gostaria de ter 99% de quota de mercado, ou 100%, ou ter todos os clientes na minha loja. Ou, pelo menos, gostaria que sempre que qualquer cliente viesse às nossas lojas sentisse verdadeiramente que o Continente é para ele e que teve a preocupação de o servir da melhor forma.

O que é que isso significa?

Servir da melhor forma é na qualidade do produto, na experiência na loja, na forma como depois partilha o produto e a vivência da marca em casa. Somos os nossos próprios ‘drivers’ de motivação e melhoria contínua.

O céu é o limite e queremos, obviamente, vender mais e ter uma maior quota. Mas acima de tudo queremos ter mais clientes satisfeitos nas nossas lojas, mais clientes a recomendar-nos a amigos e familiares, e a fazerem compras nas nossas lojas descansados porque estão a fazer a escolha correta.

Quais é que são os vossos índices de satisfação e os aspetos apontados que podem ser melhorados?

O cliente considera que o Continente é uma marca em que pode confiar e os estudos mostram isso. Sabem que o Continente está há quase 40 anos em Portugal e é uma marca sólida, que está ao lado do consumidor sempre com a preocupação do preço e de dar o melhor produto.

Sabemos que o consumidor é muito exigente, quer receitas sazonais na altura da sazonalidade, encontrar surpresas todos os dias e inovações, quer ser surpreendido para levar um miminho para casa ou porque tem algum tipo de especificidade no seu dia a dia, que quer ver satisfeita.

É nesta super exigência do consumidor que queremos e temos de trabalhar mais. Por outro lado, há que saber como é que o vamos satisfazer em lojas de menor dimensão, da mesma forma ou de uma forma que não defraude as expectativas versus uma loja que tenha todos os produtos. Saber qual é a afinação de categoria e curadoria de sortido que temos de fazer.

O Continente tem uma posição destacada e investido na nova estratégia de comunicação. Há situações que podem destruir toda a perceção do consumidor e o trabalho de comunicação e marketing, como o caso do funcionário que foi suspenso e perdeu metade do salário por ter levado um saco de plástico sem pagar?

A história, e tudo o que foi empolado e veio a acontecer, não refletiu a verdade. O funcionário não foi despedido por essa questão, saiu por reforma. Infelizmente, a notícia sai num contexto em que só pudemos comentar a posteriori. Independentemente disso, é verdade que o escrutínio público e as empresas, tal como as pessoas, têm de ser muito transparentes.

O que fazemos dentro de casa, com portas abertas e portas fechadas, tem de ser exatamente a mesma coisa. Não nos escusamos a abrir as portas, a contar como é o Continente cá dentro e como é trabalhar aqui. Acreditamos que quando somos o que dizemos e dizemos o que fazemos, não é assim tão fácil que, por uma notícia, haja este julgamento que possa acabar com uma marca.

Referiu que em 2025 o Continente faz 40 anos. O que é que está previsto em termos de marketing e comunicação para celebrar o aniversário?

Estamos neste momento a preparar, não temos ainda o plano. Temos uma ambição grande, acima de tudo, de contar ao consumidor, aos nossos colaboradores, e partilhar com o mercado, o que é que significaram estes 40 anos de retalho, que significam muita disciplina, trabalho e resiliência. Significa também manter muita coisa boa, mas abrir mão de outras que não nos trazem valor acrescentado.

Como por exemplo?

O facto de queremos agora uma experiência de compra mais abrangente, por exemplo, o trazermos o ‘self-checkout’ às lojas porque percebemos que torna a experiência de compra mais rápida e conveniente para o cliente. Podemos abrir mão de uma forma tradicional para uma forma mais complementar. O facto, por exemplo, de o cartão Continente ter sido um cartão físico e neste momento é também uma ‘app’. Fomos abrindo mão de verdades absolutas, que foram verdade e fizeram sentido numa determinada altura, mas que evoluíram.

Vão fazer uma grande campanha publicitária?

Espero bem que sim, mas ainda não está desenhada nem definida.

Estão num processo de consulta para agência de comunicação. Pondera fazer a mesma coisa na publicidade?

Trabalhamos acima de tudo com a Fuel, com a qual temos uma relação de parceria há vários anos e sentimo-nos verdadeiramente satisfeitos. A curto prazo não vemos abrir concurso para criatividade.

Medir mais do que audiências

É presidente da Associação Portuguesa de Anunciantes desde janeiro de 2024. Quais são os temas quentes neste momento que estão na mesa dos anunciantes?

Há um tema verdadeiramente quente, que tem a ver com o retorno de investimento e a medição daquilo que se faz e dos meios que se utiliza. Cada vez mais, as estratégias multimeios são extremamente importantes. Olhar para o que fazemos e como medimos o retorno do investimento e os vários meios que utilizamos, e não medir só audiências de televisão ou de rádio, é um dos desafios maiores dos anunciantes.

Os indicadores quantitativos são insuficientes para as estratégias de marketing e comunicação ou não sabem para onde é que o dinheiro está a ir?

Porque vivemos numa era de dados e se há 20 anos o ‘marketer’ se queixava de não ter dados, à data de hoje, felizmente, temos muitos dados.

Nesta matéria, qual é a questão?

O problema é saber como é que vamos ler esses dados e o que é que vamos fazer com eles, para não ficarmos afogados em dados. Cabe aos anunciantes perceber como é que conseguem falar com os consumidores. O que percebemos é que, cada vez mais, o consumidor é ‘multiscreen’, não vê só televisão e, mesmo quando vê televisão, também está com o iPad ou com o telemóvel.

No carro, está a ouvir um ‘podcast’ ou rádio e, entretanto, chega ao trabalho e continua a ouvir rádio online. Ter dados acarreta a responsabilidade de uma melhor escolha dos meios que utilizamos, o que significa que é importante sabermos o que é que investimos, como é que investimos e como é que cada um destes meios contribui para que a mensagem chegue ao cliente, para as vendas, para as quotas de mercado e para a satisfação do cliente.

Recuo no fim dos ‘cookies’ e ‘retail media’

Como é que os anunciantes estão a encarar o recuo da Google em acabar com os ‘cookies’ de terceiros?

Acima de tudo, com muita tranquilidade. O mercado tem mudado muito e já nos habituámos a estas inovações constantes. As estratégias de rastreabilidade, de ver onde é que consigo reter e perceber onde é que o cliente está, têm sido vistas com tranquilidade. Não tomar decisões precipitadas e ver como é que o mercado evolui.

Qual é a relevância desta questão, quando o ‘retail media’ está na ordem do dia? Este é um canal prioritário, em termos de investimento e de marketing?

Qualquer espaço que consiga impactar o cliente onde ele está e toma decisões é impactante. É um privilégio, com a dimensão que o Continente tem, poder ter uma área de ‘retail media’ que está a transformar a forma como nos aproximamos quer das marcas quer dos consumidores, para chegar de forma relevante, segmentada e que contribua para uma mudança de comportamento informada do consumidor.

Quanto é que representa o ‘retail media’ na faturação do Continente, em termos de quota de canal de venda?

Lançámos a Endless [operador de ‘retail media’ do Continente] há cerca de três meses e esses dados ainda não são públicos.

É mais uma plataforma de suporte de espaço publicitário ou de comércio eletrónico?

Neste momento, como suporte.

O que é que gostaria de ver concretizado, em termos de marketing e da marca Continente, até ao fim do próximo ano?

Gostava de, à semelhança de sermos líderes em ‘top of mind’, conseguirmos crescer significativamente na recordação comprovada. Quando se pergunta ao consumidor ‘que marca é que se lembra?’ que ele responda que se lembra do Continente.

E que quando se pergunta o que é que o Continente disse, o consumidor consiga e queira repetir o que dissemos e partilhe essas histórias em casa, porque mostra o quão relevantes somos.

Gostava que conseguíssemos aumentar a penetração e sermos a loja preferencial dos consumidores, porque significa que estamos a chegar ao consumidor e que ele se sente não só bem nas nossas lojas como a levar os nossos produtos para casa.

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Cristina Ferreira é a nova embaixadora da Betano e protagoniza campanha (com vídeo)

A apresentadora da TVI junta-se a outros embaixadores da marca de apostas desportivas e casino online, como o atleta grego da NBA, Giannis Antetokounmpo. Criada pela agência grega Another Circus e concretizada pela Trix, a campanha inclui televisão, OOH, imprensa e digital

A nova campanha do casino da Betano assinala a parceria com Cristina Ferreira, que torna a apresentadora da TVI embaixadora da marca de apostas desportivas e casino online. A campanha multimeios, criada pela agência grega Another Circus e concretizada pela produtora nacional Trix, propõe que todos se tornem a estrela do casino Betano.

Num tom descontraído e humorístico, capitalizando o forte mediatismo da apresentadora, esta campanha de promoção do casino da Betano está presente em televisão, OOH, imprensa e digital. “A Cristina Ferreira é a figura maior do entretenimento em Portugal, enquanto a Betano é a melhor escolha para quem procura divertir-se através do jogo responsável. Com a fantástica colaboração da Another Circus, Trix, Notable e da própria Cristina, criámos uma campanha diferente e inesperada. Termos a Cristina como nossa embaixadora é mais um passo muito sólido na afirmação da marca Betano como a melhor alternativa de entretenimento”, refere José Almeida, gestor de marketing da Betano Portugal, citado em comunicado de imprensa.

Cristina Ferreira junta-se a outros embaixadores da marca de apostas desportivas e casino online, como o atleta grego da NBA, Giannis Antetokounmpo. “A marca Betano, em Portugal, tem vindo a ser premiada sucessivamente, como reconhecimento da sua cada vez maior globalização e do seu foco na tecnologia e nos recursos humanos, procurando aliar o entretenimento de milhões de clientes em todo o mundo a um jogo responsável. Une-nos o entretenimento, o que decidi fazer na minha vida profissional, e deixa-me orgulhosa associar-me a uma marca que se coloca ao lado dos três maiores clubes de futebol, o desporto preferido dos portugueses, bem como tantos outros dos mais importantes eventos desportivos mundiais”, explica Cristina Ferreira.

A Betano mantém o foco principal no cliente, procurando entender as suas necessidades e oferecer o melhor produto do mercado. A sua associação a grandes nomes mundiais é um sinal do crescimento da marca a nível global.  A Betano é mundialmente conhecida pela plataforma premium que oferece e pelos grandes patrocínios desportivos, a cerca de 10 clubes de topo do futebol internacional, além das mais recentes parcerias com a UEFA no Euro 2024, a Liga Europa e a Liga Conferência.

 

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Goldenergy recorre ao humor para comunicar proximidade (com vídeo)

Idealizado pelo departamento criativo da empresa energética e desenvolvido por Jaime Pantoja e Miguel Nicolás O’Shea, o filme publicitário tem produção da Bonzi. António Aleixo assina a realização e João Bernardo Souza a direção de fotografia

A Goldenergy volta, a partir de 16 de setembro, a apostar numa campanha multimeios humorística para reforçar a mensagem de que é uma marca próxima dos consumidores. Concebido pelo departamento criativo da empresa energética e desenvolvido por Jaime Pantoja e Miguel Nicolás O’Shea, o filme publicitário tem produção da Bonzi, com direção de produção de Patricia Hibon. António Aleixo assina a realização.

João Bernardo Souza assume a direção de fotografia, Miguel Lima a direção de som e Marta do Vale a direção de arte. As fotografias da campanha, protagonizada pelos atores Nuno Damasceno, João Cobanco e Diogo Fialho, são de Ricardo Cruz.

A pós-produção conta com edição digital de António Aleixo, graduação de cor de Marco Amaral, animação de André Bandeira e efeitos 3D do End Point Studio. A sonoplastia ficou a cargo da Estrela de Alcântara. Além da televisão, da Rádio Comercial e das redes sociais da Meta, Instagram e Facebook, a campanha também está a ser divulgada no YouTube, no TikTok e nas plataformas de comunicação da Goldenergy.

Na nova campanha, a empresa recorre novamente a um anúncio divertido, transmitindo a ideia de que o melhor que tem para oferecer é a componente humana do seu atendimento. “Através do sentido de humor, da criatividade e do surrealismo queremos passar a mensagem que a essência da marca é a proximidade e o atendimento humanizado, em que quem faz a diferença são as pessoas”, explica Miguel Checa, CEO da Goldenergy, citado em comunicado de imprensa.

O ‘spot’ decorre no cenário de uma sala de estar, que poderia ser na casa de qualquer português, em que um homem com os dois braços engessados está sentado à frente da televisão. Revelando a sua mobilidade reduzida, assiste a um anúncio da Goldenergy e decide ligar para contratar os serviços da marca. Depara-se com uma situação stressante, em que a frustração se apodera quando a tecnologia, à qual recorreu para o auxiliar, não está a cooperar nem a responder ao seu pedido para ligar para a empresa portuguesa de eletricidade 100% verde.

“O humor presente pretende brincar com a dificuldade em se dizer ou perceber o nome da marca, mantendo o registo dos ‘spots’ anteriores. A incapacidade de entendimento da sua ajuda virtual faz parecer com que efetuar uma chamada seja uma verdadeira peripécia, levando-o ao limite. Mas, a situação acaba por ser resolvida de forma repentina e surpreendente quando um colaborador de atendimento da Goldenergy assume o controle da situação”, explica a marca em comunicado de imprensa.

 

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