Fernando Esteves, director do Polígrafo
“O Polígrafo não é um projecto anti-redacções ou para salvar o jornalismo”
O Polígrafo apresenta-se como o primeiro jornal digital dedicado à verificação de factos. À frente do projecto está Fernando Esteves, que prevê lançar o Polígrafo Educação para promover workshops de literacia mediática financiados por instituições privadas e pelos gigantes tecnológicos
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O Polígrafo apresenta-se como o primeiro jornal digital dedicado à verificação de factos. À frente do projecto está Fernando Esteves, que prevê lançar o Polígrafo Educação para promover workshops de literacia mediática financiados por instituições privadas e pelos gigantes tecnológicos. O branding é assinado pela BUS Consulting, enquanto a gestão da publicidade está a cargo do Sapo. O Polígrafo tem como accionistas Fernando Esteves, a produtora audiovisual B. Creative Media e o Emerald Group.
Meios & Publicidade (M&P): Como chegou aos dois sócios do Polígrafo?
Fernando Esteves (FE): Precisava de um parceiro que me desse a componente audiovisual com muita qualidade. Já conhecia os membros da B. Creative Media, sei que são muito bons e conhecia muito bem o trabalho deles. O João Paulo Vieira foi editor de economia da Visão durante muito tempo, o Ricardo Fonseca foi o autor do projecto de iPad da Visão que na altura foi considerado o melhor do mundo. Pelo caminho houve várias possibilidade de entrarem outros investidores. Aconteceram coisas óptimas e outras que não foram tão agradáveis. Houve financiadores com quem não me entendi porque tínhamos problemas de conceito, apesar de estarem muito interessados no projecto. Outros por questões de timing porque eu queria avançar mais rapidamente. Cheguei ao Sapo, que foi fulcral para que o projecto avançasse. Fizemos uma parceria que não é só comercial, mas tecnológica e de distribuição de conteúdos. Depois tenho outro investidor o Emerald Group, que é um grupo de origem angolana com sede no Dubai, que trabalha na consultoria financeira, com interesses no imobiliário e no petróleo. Tudo aconteceu num jantar de amigos em que eu fiquei à frente do chairman do grupo. Não nos conhecíamos e falámos sobre o que cada um estava a fazer. Falei sobre o que estava a fazer e o chairman do Emerald Group interessou-se muito. Eles não têm nada ligado à comunicação social.
M&P: É um projecto de filantropia por parte do Emerald Group?
FE: Quase. A participação que têm aqui não serve para pagar o dinheiro que o chairman gastará em viagens intercontinentais durante duas semanas. É uma questão de convicção de que é importante trazer verdade para o espaço público. Em Portugal fazemos bom jornalismo e os profissionais fazem verdadeiros milagres nas redacções. Muitos são obrigados a fazer 20 notícias por dia. É impossível fazer 20 notícias por dia com qualidade. Este não é um projecto anti-redacções ou para salvar o jornalismo. É um projecto com uma escola de jornalismo diferente, com técnicas diferentes, com mais tempo para trabalhar.
M&P: Tentou lançar o Polígrafo dentro de um grande grupo de comunicação?
FE: Não quis entrar em grupos de comunicação social porque este é um projecto meu, uma ideia de autor. Achava que me realizava mais se a liderasse sem ter de responder a mais ninguém, a não ser a mim e aos meus leitores. Não precisava de um grande grupo para me financiar. Claro que isto precisa de dinheiro, mas não precisa de milhões. Estar sozinho dá-me conforto e independência. É assim que acontece em praticamente todo o mundo, os projectos deste tipo não estão inseridos em grandes grupos editoriais. Vários não têm fins lucrativos e integram ONGs.
M&P: Mas no futuro pode ser agregado a um grande grupo?
FE: Não posso dizer que não, mas neste momento faz mais sentido fazermos o nosso caminho sozinhos.
M&P: Quando apresentou o Polígrafo disse que representava um investimento na ordem de “centenas de milhares de euros”. Por que não especifica o valor?
FE: Prefiro não falar muito de números. É um investimento na ordem das centenas de milhares de euros por ano. Não é nada de especial para um projecto deste tipo. Estamos a falar de pouco dinheiro tendo em conta que se trata de um projecto ambicioso, mas extremamente racional. Somos uma startup, mas queremos estar aqui muito tempo. Temos de gerir o dinheiro com racionalidade porque sabemos que ele é finito. Adoptamos a política de small steps. Os lucros que chegarem serão integralmente investidos no desenvolvimento de novas tecnologias, no desenvolvimento de parcerias para a construção de mecanismos e de ferramentas de inteligência artificial.
M&P: Quando é que o projecto estará financeiramente equilibrado?
FE: Gostava muito que isso acontecesse no final do primeiro ano. Muitas vezes as pessoas põe o dedo no ar e vêem de onde o vento está a soprar e fazem estimativas. Não posso garantir que dentro de três ou seis meses o projecto esteja a dar dinheiro. Acredito que há condições para que dentro de um ano possamos estar tranquilos financeiramente e estar já a reinvestir os valores, que entretanto arrecadamos, no desenvolvimento do projecto, contratação de melhores recursos humanos e no desenvolvimento de ferramentas de inteligência artificial.
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