A massificação do DeepSeek ameaça mudar o paradigma de promoção de marcas. Com acesso a ferramentas de inteligência artificial (IA) mais baratas e fáceis de customizar, os criativos e os ‘marketers’ ficam menos dependentes das grandes empresas tecnológicas.
Parte do investimento destinado à integração, que no caso de empresas como o WPP, a Publicis e a Havas ronda individualmente os 300 milhões (cerca de €288,6 milhões), pode ser desviado para treinos de novos modelos, abrindo portas a inovações na área da publicidade, do marketing, do comércio eletrónico e do serviço ao cliente.
“O pensamento que existia anteriormente foi, de um momento para o outro, posto em causa”, salienta Martin Pagh Ludvigsen, diretor de IA e de tecnologias criativas na agência de publicidade Goodby Silverstein & Partners, citado na Ad Age, explicando que, até aqui, o mercado tinha interiorizado a ideia que, pelos valores de investimento que exigem, as inovações de IA estariam sempre concentradas nas grandes empresas tecnológicas, como a OpenAI, a Google, a Perplexity, a Meta e a Microsoft.
Ao desenvolver um ‘chatbot’ que usa só cerca de dois mil chips e custa apenas seis milhões de dólares (cerca de €5,5 milhões), quando o do ChatGPT da OpenAI necessita de cerca de 16 mil chips e implica um investimento de 1,2 mil milhões de dólares (cerca de €1,1 mil milhões), a DeepSeek, fundada pelo empresário chinês Liang Wenfeng, veio revolucionar o setor.
“O lançamento do DeepSeek deve ser servir de alerta às nossas empresas, que devem focar-se em serem competitivas para vencerem. O DeepSeek é bom porque implica investimentos menores”, elogiou publicamente o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a 27 de janeiro, dois dias antes do Alibaba, outra companhia chinesa, anunciar o Qwen 2.5.
Esta empresa chinesa escolheu o dia 29 de janeiro, o primeiro dia do ano novo lunar, para lançar a nova versão da ferramenta de inteligência artificial (IA) que desenvolveu para liderar o mercado global de ‘chatbots’. “O Qwen 2.5-Max supera, em quase em toda a linha, o GPT-4o [da OpenAI], o DeepSeek-V3 e o Llama-3.1-405B [da Meta AI]”, assegura o Alibaba na publicação em que anuncia a novidade, na conta oficial da empresa na serviço de partilha de informação WeChat.
O lançamento ocorre numa semana em que a nova versão do DeepSeek tem sido notícia pelo impacto que está a ter nos Estados Unidos. A Nvidia é uma das primeiras vítimas do êxito do ‘chatbot’ financiado pelo fundo chinês High-Flyer, ao perder 600 milhões de dólares (€589 mil milhões) numa única sessão, registando a maior queda da história bolsa norte-americana.
Mais acessíveis do que os concorrentes ocidentais, os ‘chatbots’ chineses ameaçam a hegemonia de empresas como a OpenAI, a Google, a Perplexity, a Meta, a Microsoft ou até mesmo a ByteDance. Dois dias após o lançamento da nova versão do DeepSeek, disponibilizado numa fase inicial apenas na China, em 2023, a proprietária do TikTok lançou uma atualização do seu principal modelo de IA.
“A integração de IA vai tornar-se mais eficiente, com os custos para empresas e organizações de todas as áreas a caírem entre 50% a 60%”, afirma Nicole Penn, diretora executiva do ECG Group, que colabora com companhias como a BDO, a Deloitte, a EY, a Grant Thornton, a KPMG e a PwC. Em declarações à Ad Age, a responsável, que já sugeriu o DeepSeek a vários clientes, revela estar convencida que a nova geração de ‘chatbots’ asiáticos vai dar origem a novas plataformas de marketing.
Para além do DeepSeek e do Qwen, há novas ferramentas de IA a serem desenvolvidas na China, abrindo portas a uma revolução que já está em marcha em diferentes partes do mundo. Nos Estados Unidos, a Perplexity anunciou estar a usar o interface de programação do DeepSeek para testar novas formas de promoção de marcas na plataforma Perplexity AI.