As televisões e a covid são os canhões da actividade política
A pandemia vem reafirmar que a actividade política precisa como nunca dos canais de televisão para comunicar com as pessoas. Na televisão os espaços noticiosos e de reportagem marcam a […]

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A pandemia vem reafirmar que a actividade política precisa como nunca dos canais de televisão para comunicar com as pessoas. Na televisão os espaços noticiosos e de reportagem marcam a agenda política e pública. Os programas de entretenimento garantem algumas incursões, bem-sucedidas, de figuras públicas. Também funcionam como antecâmara de ensaio e maturação de figuras mediáticas com potenciais ambições de intervenção na vida política. Futuras candidaturas ao poder local ou a cargos no aparelho central do Estado.
A internet e as redes sociais são um oceano onde coexistem a intriga, a cobardia, a mentira e algumas estratégias de comunicação política estruturadas, mas que ainda não conseguem garantir eficácias globais junto dos cidadãos afastados da política e da cidadania activa. Há somente uma regulação e controlo para garantir receitas crescentes aos accionistas das aplicações e das diversas redes e plataformas, mas não há um esforço eficaz para garantir transparência e a aplicação de um princípio simples de utilizador único (singular ou empresarial) por plataforma, banindo perfis falsos e a ocultação de identidade. Bastava a obrigatoriedade do registo com dados de identificação oficial e fiscal devidamente certificados, em tempo real, por entidades oficiais. Num primeiro momento os senhores das tecnológicas perderiam receitas e o tráfego dos falsos perfis, mas o ambiente da net ficaria mais real e despoluído, a bem de todos. A liberdade de expressão seria total, mas teria um rosto e um responsável.
Sem contactos de rua e pessoais, os serviços dos correios postais ganham alguma importância, a par da imaginação para encontrar modos e suportes alternativos portadores da mensagem política. Marcelo demonstra a consistência dos seus conhecimentos sobre os temas, os dossiers e o modo de funcionamento do Estado e não tem opositor. Tiago Mayan consegue explicar a faixas crescentes da audiência o programa da Iniciativa Liberal e marca pontos pela segurança, pela urbanidade e pela combatividade demonstrada. É uma surpresa positiva mesmo para quem não concorde com ele. Ventura demonstra a pobreza dos seus argumentos, embora assentes na riqueza de casos e maus exemplos que causam a revolta no povo e que são permitidos pelos actores do regime democrático. Cada debate coloca a nu as debilidades deste candidato. Marcelo e Tiago Mayan contribuíram para neutralizar o oportunismo do representante das direitas extremistas e autocráticas. Ana Gomes já teve melhores desempenhos, tal como Marisa Matias não traz nada de novo. João Ferreira tem uma boa figura, demonstra-se preparado, e repete de forma rejuvenescida a mensagem do espaço CDU. Os Tinos da vida são fenómenos confrangedores de um legítimo exercício de cidadania, mas que em nada dignificam a actividade e o debate político nacional.
O actor principal desta campanha é a covid. Essa sim, eficaz no terreno e no controlo das agendas política e mediática. Com a covid chegou uma revolução na vida das pessoas e das empresas. Ela mata. Ela mói. Ela coloca a descoberto o lixo escondido debaixo do tapete das sociedades. Ela abre novas oportunidades e cria desigualdades.
Análise de João Tocha, managing partner da F5C/Kreab Portugal, à comunicação das Presidenciais 2021, publicada na mais recente edição do M&P