Cinco projectos em que sustentabilidade rima com criatividade
Pranchas de surf produzidas a partir de lixo plástico, móveis fabricados com madeira queimada pelos incêndios, uma loja de roupa debaixo de água, uma casa na árvore num jardim e atletas no pico de forma a abandonar a competição. Cinco projectos a provar que a criatividade não tem de correr risco de extinção ao comunicar sustentabilidade.
Pedro Durães
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Pranchas de surf produzidas a partir de lixo plástico, móveis fabricados com madeira queimada pelos incêndios, uma loja de roupa debaixo de água, uma casa na árvore num jardim e atletas no pico de forma a abandonar a competição.
Cinco projectos a provar que a criatividade não tem de correr risco de extinção ao comunicar sustentabilidade.
The Unwanted Shapes
Alguns dos melhores surfistas do mundo participaram num heat especial, na última edição do Meo Rip Curl Portugal, com pranchas de surf totalmente produzidas a partir de plástico. Cada uma das pranchas representava, em peso e na forma, o lixo plástico que uma pessoa produz em casa e que se estima, anualmente, em mais de 30kg. Criada pela Partners para o Meo, a acção aproveitou o palco do patrocínio da marca à prova da World Surfing League em Peniche para alertar consciências e deixar o alerta: se nada for feito, em 2050 haverá mais plástico do que peixe nos oceanos. A acção impactou, segundo a agência, mais de 100 mil pessoas na praia durante a competição. Com mais de um milhão de pessoas a seguir a transmissão em directo da WSL e mais de 2,2 milhões de visualizações registados pelos vídeos da campanha, terão sido alcançados 153 países.
Pyros Collection
Um conjunto de peças de mobiliário com design moderno criadas a partir de madeira queimada foi esta forma encontrada pela FCB Lisboa, num projecto desenvolvido para a ANP/ WWF, para “lembrar as autoridades dos fogos de 2019 e incentivar o governo a criar medidas de prevenção que evitem no futuro tragédias de grande dimensão, como o incêndio de 2017 em Pedrógão Grande, que matou 66 pessoas”. Sob o mote “A solução está na nossa mão”, a iniciativa foi lançada no mesmo dia em que a organização divulgou o Relatório Ibérico de Incêndios. A Pyros Collection conta com peças como a mesa Ignis (incêndios), o banco Lacrimae (lágrimas) ou a mesa Devastio (devastação).
Criadas a partir de madeira queimada, as peças desenhadas e produzidas por Nuno Lacerda (CNLL Architects) visam “não deixar tragédias recentes caírem no esquecimento”, naquilo a que o arquitecto chama de anti-design já que se trata de um conjunto de objectos que “em vez de gerar conforto, pretende gerar desconforto”. A organização de defesa e conservação ambiental decidiu oferecer uma das peças da colecção a João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Acção Climática. Em 2019 a agência tinha já desenvolvido o projecto Fósforos para a Floresta, uma edição limitada de fósforos que não ardem, feitos a partir de um tronco de pinheiro do Pinhal de Leiria, que ardeu quase na totalidade em Outubro de 2017.
The Underwater Store
A ANP/WWF protagonizou também uma activação durante a Moda Lisboa, tirando partido de uma edição cujo tema era a sustentabilidade, para alertar para os efeitos da indústria sobre o ambiente. Basta pensar que a criação de uma única t-shirt consome 2.700 litros de água e, em média, o consumidor europeu compra 68 peças de roupa por ano. Com o objectivo de sensibilizar para o problema da fast fashion e chamar a atenção para o custo real de uma peça de roupa, a Nossa criou a Underwater Store, uma loja digital com uma “montra” instalada no maior evento de moda em Portugal: um aquário com os 2.700 litros de água necessários para produzir a t-shirt no seu interior e um QR Code que remetia para um site com toda a colecção e informação sobre o movimento slow fashion, no seu interior. Segundo a agência, a instalação foi vista por milhares de pessoas durante o evento e a loja digital foi visitada, no decorrer da Moda Lisboa, por cerca de 1.500 pessoas. O trabalho seguiu-se a outro projecto desenvolvido pela Nossa para a ANP/WWF, The Longest Livestream Ever, no qual era mostrado o processo de decomposição de uma garrafa de plástico e surge em livestream ao longo dos próximos 450 anos. A iniciativa levou mais de 1,5 milhões de cidadãos europeus a assinar uma petição em stoplasticpoluttion.org.
Timberland Tree House
O problema dos incêndios florestais esteve também na origem do projecto criado pela FunnyHow para a Timberland. Com o objectivo de contribuir para o Programa de Limpeza de Incêndios Florestais, foram cortadas árvores que ocupavam uma área de risco de incêndio em Portugal e, com a madeira recolhida, foi construída uma casa na árvore, com a particularidade de não recorrer a quaisquer produtos químicos ou pregos. A casa ocupou uma área degradada do Jardim da Estrela e, para recuperar o espaço, os lisboetas foram desafiados a plantar árvores em torno da casa. A Casa na Árvore foi depois oferecida à Câmara Municipal de Lisboa.
Retirada Pelos Ocenos
Vasco Ribeiro, o único português campeão mundial de surf, e o canoísta Fernando Pimenta, campeão olímpico, foram alguns dos atletas a anunciar, no início do último Verão, o fim da carreira por falta de condições saudáveis para a prática do desporto. O anúncio inesperado, a que se juntaram nomes como Joana Schenker, campeã mundial de bodyboard, ou Miguel Lacerda, mergulhador, fazia afinal parte de uma campanha lançada pelo canal Discovery, que culminaria no Dia Mundial dos Oceanos com o lançamento de um filme nas redes sociais dos atletas e do canal onde se explicava o motivo da retirada: “Num oceano ocupado pelo plástico, nem os humanos têm lugar”. Alertar e sensibilizar para as consequências do aumento do plástico no meio aquático era o objectivo da campanha. A criatividade e produção têm assinatura da Mustard.
Artigo publicado na edição 877 do M&P como parte de um dossier especial dedicado à sustentabilidade