“A rádio líder em Portugal não vive à sombra dos louros conquistados. Vamos à procura do futuro e queremos fazer parte dele”
O recente rebranding da Rádio Comercial serviu de pretexto para uma conversa com o diretor de programação da Rádio Comercial. Pedro Ribeiro fala sobre as novidades, a aposta no segmento […]

Sónia Ramalho
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O recente rebranding da Rádio Comercial serviu de pretexto para uma conversa com o diretor de programação da Rádio Comercial. Pedro Ribeiro fala sobre as novidades, a aposta no segmento do áudio, a importância do humor para chegar à liderança e a sua relação com a concorrência.
Foi no seu gabinete, com uma vista privilegiada para um dos estúdios da Rádio Comercial, que Pedro Ribeiro nos recebeu com o pretexto de explicar o porquê do mais recente rebranding da estação, com assinatura da agência DJ de João Pacheco e Diogo Anahory. Mas o que começou por ser uma conversa sobre as apostas para o futuro, nomeadamente no segmento do áudio, acabou numa viagem ao passado, com Pedro Ribeiro a recordar como a Rádio Comercial chegou a líder de audiências e como o humor foi um dos segredos para essa conquista.
A Rádio Comercial entra em setembro com um novo look. Porquê este rebranding?
Este logotipo é de 2010 e 13 anos é bastante tempo. Apenas mudámos a sua cor em 2010, pois na origem o logotipo era amarelo e o desenho é de 2006, ou seja, tem quase 20 anos. Mudámos para encarnado e preto em 2010 e nunca mais sofreu alterações. Estava mais do que na hora de mudar, mas era preciso fazê-lo com cuidado, pois aquele logotipo representa a ascensão da estação ao patamar onde está hoje, portanto não correu mal. Mas percebemos que fazia sentido modernizar. Mais do que um novo logotipo, trata-se de uma evolução. Ganhámos um elemento gráfico muito identificativo da estação – o smile – e que foi mantido, mas o lettering tinha de mudar. Aproveitámos para fazer tudo ao mesmo tempo: novo logotipo, novos jingles e nova programação.
Quais as principais mudanças que destaca?
Desde logo pusemos a Marta Campos, a mais nova da turma, a fazer o painel a seguir às manhãs e, juntamente com o Lourenço Hecker, vão conduzir o “TNT” em vez do diretor, que já lá estava há vários anos. Afirmamos no ar a melhor música e os melhores podcasts e a estação hoje percebe que o mundo novo em que estamos – de oferta de áudio ao consumidor – é completamente diferente do que era há uns anos. Como líder, a rádio tem de perceber que tem de ser mais do que rádio para manter a relevância na vida das pessoas, para manter um nível de agradabilidade que a marca tem. É uma absoluta love brand, mas tem de se adequar aos novos tempos.
Como vão fazer essa adequação aos novos tempos?
Mais do que para um mercado de rádio, estamos a posicionarmo-nos para um mercado de áudio. É aí que queremos estar, onde queremos dar cartas e ter vocação de liderança. O que aconteceu ultimamente em Portugal foi a entrada de novos players, mas que não vêm dessa área. Temos o Observador e o Expresso a fazer podcasts e são marcas que não eram do áudio, mas que são uma boa demonstração de que, atualmente, uma marca de comunicação não pode estar fechada num meio, pois tudo se mistura. Sentimos que era preciso fazer uma afirmação de que a estação e a marca estão despertas para o que é preciso fazer aos dias de hoje. A Rádio Comercial está aí para o novo mercado áudio. A rádio líder em Portugal está desperta, não vive à sombra dos louros conquistados, vamos à procura do futuro e queremos fazer parte dele.
Os podcasts são concorrência, um negócio para a rádio ou ambos?
Não os vejo como concorrência. Tento fazer uma análise do ponto de vista do consumidor, mais do que do ponto de vista do programador de um canal de rádio. E, do ponto de vista do utilizador, não é concorrencial, é complementar. As pessoas vão consumir rádio e também podcasts e YouTube e outras coisas. Quero é que a marca esteja onde as pessoas vão procurar conteúdo. Já tínhamos mais de 50 títulos de podcasts e sentimos que era preciso comunicá-los melhor, desenvolvê-los mais e a experiência com a Inês Castel-Branco foi ótima. Ouvimos a ideia dela, fomos para a frente e, de repente, era o podcast mais ouvido do país, o que mostra duas coisas: há público e há público para consumir Rádio Comercial dessa maneira, sem precisar de consumir na rádio. São coisas complementares. Há várias maneiras de a marca se relacionar com o público, o que antigamente era muito mais exclusivo.
Querem estar em vários sítios onde as pessoas consomem áudio?
Sim, quer seja em espetáculos ao vivo, digressões, podcasts ou o que se inventar até lá. Se tem som, se é relevante para as pessoas, se é relevante financeiramente para as marcas, a Rádio Comercial quer lá estar.
Como é que a Rádio Comercial pode ajudar a criar esse mercado, a criar essa relevância para quem investe?
Estamos muito apostados em criar mercado. Isto porque esse mercado dos podcasts ainda é muito imaturo, muito experimental e é preciso estruturá-lo. Primeiro é preciso monetizá-lo bem, conseguir medir a audiência, o impacto, a frequência, mas uma coisa é certa: não podemos esperar que essa matriz esteja identificada. Temos de ir já lá para dentro.
E como se mede essa audiência?
Nós conseguimos medir através da nossa app e do nosso site, com os downloads e plays no Spotify e iTunes. Temos o número das pessoas que fazem downloads e das que escutam. É preciso é criar uma forma de medir esses números para todos da mesma maneira. E lutaremos, dentro do que é possível para uma estação de rádio, para que isso seja feito porque é importantíssimo para que todo o sector fique a perceber qual é, afinal, o potencial. Isso é urgente e é algo que irá surgir naturalmente. Temos tido reuniões para tentar criar uma plataforma comum de medição das pessoas que ouvem, que tipo de pessoas e isso é mais uma parte do experimental deste caminho.
Alguns meios cedem as instalações para quem quer produzir podcasts.
Também fazemos isso, é um podcast quase à lá carte. É uma parte do negócio, temos um com um hospital, outro com um banco, mas para mim não é a parte mais interessante. O que me interessa é criar conteúdo, criar outras formas de podcasts que não sejam a mera entrevista. Porque, de repente, todos os podcasts são entrevistas.
O que considera um podcast interessante?
O Inacreditável, por exemplo. A história de alguém contada na primeira pessoa, mas sonorizada. Parece que estamos lá, a viver a história. O poder de uma boa conversa é imbatível, mas não pode ser só isso e, nesse sentido, o podcast do Observador é muito bem feito. É dramatizado, é uma história usando todo o potencial que o som tem, que é transportar-nos para uma realidade que criamos na nossa cabeça. O podcast dá essa oportunidade, com a vantagem em relação à rádio linear: temos tempo. Até a escuta tem componentes diferentes, a predisposição para ouvir, para estar mais tempo atento é diferente do que ouvir rádio no carro de manhã com os miúdos. O foco é completamente diferente e estamos muito apostados não só em podcasts de entrevistas, mas para procurar outros caminhos.
Esta entrevista foi publicada na edição 941 do Meios e Publicidade. Para ler o conteúdo na íntegra e descobrir o Labo B de Pedro Ribeiro CLIQUE AQUI.