Destaque M&P Exclusivo

A visão dos CEO sobre os desafios do setor para 2024

Desafiámos os responsáveis pelos grandes grupos de comunicação social para refletirem sobre os principais desafios, bem como oportunidades, que se avizinham para os próximos tempos, bem como qual o papel […]

Sónia Ramalho
Destaque M&P Exclusivo

A visão dos CEO sobre os desafios do setor para 2024

Desafiámos os responsáveis pelos grandes grupos de comunicação social para refletirem sobre os principais desafios, bem como oportunidades, que se avizinham para os próximos tempos, bem como qual o papel […]

Sónia Ramalho
Sobre o autor
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Desafiámos os responsáveis pelos grandes grupos de comunicação social para refletirem sobre os principais desafios, bem como oportunidades, que se avizinham para os próximos tempos, bem como qual o papel dos media nos dias de hoje. Por ordem alfabética, Francisco Pedro Balsemão (Impresa), José Carlos Lourenço (Media N9ve), José Luís Ramos Pinheiro (Grupo Renascença Multimédia), Luís Delgado (Trust in News), Luís Santana (Medialivre), Pedro Morais Leitão (Media Capital) e Salvador Ribeiro (Bauer Media Audio Portugal) partilham nas próximas páginas a sua visão para 2024.

2024, o ano em que nada ficará igual

 

Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa

Se 2023 terminou com os media (indesejavelmente) no centro das notícias, entramos no novo ano com uma certeza: tal como realçado recentemente pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, sem uma imprensa livre, a democracia não pode sobreviver, e, sem liberdade de expressão, não há democracia. Precisamos, para isso, de jornalistas e de órgãos de comunicação social independentes e projetos financeiramente viáveis, capazes de continuar a crescer, num setor com concorrência leal e que atraia novos players por os media serem um bom negócio e não para se promoverem a si, aos seus negócios ou às suas narrativas.

2024 deverá forçosamente ser o ano em que, além dos debates que devem ser promovidos para discutir soluções para a nossa indústria, se tomem as decisões regulatórias e legislativas certas. Centro-me num ponto fulcral, num momento em que o setor da comunicação social cavalga a onda da transformação digital para fazer crescer as suas receitas: o controlo do poder asfixiante que as plataformas digitais têm sobre a economia da atenção e, em particular, no mercado dos media. De facto, nos últimos anos, os media têm vindo a ser fustigados pelos abusos de poder de mercado por parte das grandes plataformas tecnológicas. Tais abusos fazem-se especialmente sentir na cadeia de valor publicitária – onde a sua posição dominante, em todos os elos, esmaga todos os modelos de negócio que se pretendam autónomos, acabando por submetê-los aos seus dispositivos predatórios e opacos – e na recusa de retribuição justa aos produtores de conteúdos jornalísticos e editoriais.

O pagamento justo pelos direitos de autor deveria estar há muitos anos garantido e não ter de continuar a ser (mais) uma batalha a travar em 2024. Os media não podem continuar dependentes de algoritmos que nunca dominarão e de empresas de distribuição digital que não têm qualquer respeito por conteúdos produzidos profissionalmente, sem os quais não teriam atingido o seu estatuto hegemónico. Iniciativas concretas noutros países têm acontecido, com mais ou menos sucesso. Em Portugal, o dossiê estranhamente nunca se tem revelado prioritário para os decisores políticos.

Ainda este tema permanece na agenda e outro ecoa no horizonte: a forma como a inteligência artificial generativa utiliza, sem qualquer remuneração, textos jornalísticos para a sua produção própria. A este respeito, recorde-se que o The New York Times já moveu um processo contra a OpenAI, criadora do ChatGPT, e contra a Microsoft, que detém uma participação na OpenAI. O jornal alega que as duas empresas “usaram milhões dos seus artigos, protegidos por direitos de autor, para construir as suas tecnologias que, agora, se tornaram extremamente lucrativas e passaram a competir diretamente com seus próprios serviços”. Processos judiciais como este dão força à necessidade óbvia de existir uma remuneração efetiva para os grupos de media que investem anualmente milhares de milhões de euros em projetos jornalísticos. Essa solução seria, desde logo, benéfica para todo o setor e permitiria a qualquer grupo ter uma situação financeiramente mais tranquila, que lhe permitisse continuar a investir em diferentes áreas. Conto que, em 2024, os bons grupos de media se unam e sejam capazes de, em conjunto com o Estado e a sociedade civil, encontrar e implementar soluções nesta e noutras matérias, e que as decisões que venham a ser tomadas sirvam de histórico para outras que, num futuro já presente, ameaçam a remuneração justa dos conteúdos, o valor da informação e a imprensa livre.

Em 2024 estaremos juntos

José Carlos Lourenço, CEO da Media N9ve

É lugar-comum afirmar-se que o negócio dos media está confrontado com grandes desafios de todas as naturezas e o ano de 2024 não irá seguramente baixar o nível de atenção que esses reptos justificam. Na Median9ve, enfrentamos estes desafios, que são comuns a todo o setor, focados nos objetivos fundacionais que levaram à constituição deste grupo editorial e a uma prática que, sendo muito exigente, acreditamos que nos ajudará a percorrer o caminho ambicionado. Gostamos de nos ver como uma boutique especializada: desde logo pela geografia, com o mundo da lusofonia como espaço de eleição, seja em projetos desenvolvidos e a desenvolver em cada um destes mercados, seja no apoio ao estabelecimento de pontes que unem cada um destes pontos que se estendem por várias latitudes e culturas; também pela natureza dos conteúdos produzidos com especial foco na área da informação.

Olhamos atentos e curiosos para toda a realidade à nossa volta, mas privilegiamos temas centrais da nossa vida em sociedade e da economia, como a transição digital, a eficiência energética, a economia azul ou a economia de impacto e de responsabilidade social. Temos bem consciência da necessidade de diversificar a atividade que desenvolvemos, cativando audiências qualificadas e desenhando soluções de excelência para os nossos parceiros de negócio. Com a produção de conteúdos para as mais diversas plataformas – também para os nossos tradicionais jornais e revistas em papel, mas cada vez mais para as plataformas digitais e para o ambiente audiovisual – em paralelo com o crescimento das soluções de live media, cada vez mais impactantes e eficazes.

Tudo isto desenvolvendo a nossa estratégia e a sua concretização com convicção e empenho, fazendo uso tanto da nossa expertise local, como tirando partido da ligação à Forbes Internacional – ao seu prestigiado know-how no domínio da informação económica, aos seus conceitos editoriais e de eventos testados com sucesso e à sua preciosa rede de parceiros internacionais. Sempre com a humildade e a disponibilidade para fazermos as correções de rumo que sempre se justifiquem. É com esta abordagem que nos propomos continuar a merecer a confiança dos stakeholders com a oferta que em cada momento apresentarmos ao mercado, sabendo que a previsibilidade quanto à qualidade entregue será sempre o nosso melhor cartão de visita.

Sabemos que não dependemos apenas de nós: o contexto tem incertezas várias e relevantes, a discussão sobre a especificidade deste mercado – e em concreto sobre a repartição dos ganhos económicos e da justa concorrência, entre outros – está no essencial por fazer. Pela nossa parte, estaremos sempre disponíveis, interessados e na linha da frente para as reflexões que se revelarem úteis e valorizem aquilo que de forma unanime todos consideram um esteio fundamental do edifício da democracia. Em 2024, o segundo ano de velocidade cruzeiro do grupo Media N9ve, sabemos que a exigência começará pela confirmação das expetativas que soubemos gerar o ano passado e em merecer a confiança que os nossos leitores e os nossos parceiros de negócio nos irão querer endereçar. Como é hábito dizer-se na lusofonia, esta(re)mos juntos!

Surpreender mais, medir melhor e acrescentar valor

José Luís Ramos Pinheiro Administrador do Grupo Renascença Multimédia

Basta olhar em redor – dentro e fora do país – para se reconhecer, hoje até mais do que nunca, a indispensabilidade dos meios de comunicação social. A complexidade da vida social, política e económica reclama meios de comunicação mais aptos a trabalhar a atualidade, a verificar os factos e a colocar as questões que permitem aos cidadãos aproximarem-se da verdade.

Discernir a verdade no mar de múltiplas comunicações e propostas em multiplataforma é tarefa nobre e indispensável, que reclama profissionais de qualidade e recursos à altura do desafio. Sem esta curadoria da verdade, o mercado, leia-se – as pessoas – fica sujeito a fake news, meias verdades, boatos ou a campanhas de pura intoxicação, algumas delas cirurgicamente desenvolvidas a partir de certas geografias ou com origem em lóbis internacionais, das mais diferentes naturezas. Para assumir este papel, as empresas e os profissionais têm de ser consequentes com o desafio, ocupando todo o espaço que faça sentido, incluindo nas redes sociais.

As empresas estão nas redes sociais, mas com um papel específico que deriva da força das suas marcas e da excelência dos seus conteúdos. E os profissionais devem igualmente marcar as redes sociais, mas sem banalizarem ou desvalorizarem o capital profissional que os deve distinguir.

E, se isto é verdade na informação, também o é no entretenimento. A vida é coisa séria, mas não necessariamente sisuda. O humor, a proximidade, o talento, a música, a relação com cada pessoa que nos procura, ouve, lê e vê são ingredientes essenciais para o Grupo Renascença Multimédia. Os media mudaram aceleradamente e o Grupo Renascença Multimédia tem sido – em Portugal e não só – pioneiro em muitos desses desenvolvimentos. A esmagadora maioria dos conteúdos produzidos pela RFM, Renascença e Mega Hits podem ser ouvidos, lidos e vistos. Fazendo jus à portabilidade deste meio, as nossas rádios desenvolvem com paixão conteúdos de geometria variável (áudio, podcast, vídeo e texto), portáveis e consumidos em movimento, dentro ou fora de casa, no escritório, no ecrã do carro ou da televisão, à mesa, com a família e entre amigos. Vivemos e frequentamos os mesmos espaços dos nossos públicos. E é o público quem escolhe como, quando e em que modo pretende consumir – em direto ou em streaming – a nossa long-tail de conteúdos e que, em 2024, vai continuar a crescer.

A RFM foi o primeiro media nacional a estar no metaverso e, em 2024, as nossas rádios – todas elas – vão igualmente dar espaço à imaginação e arriscar num contexto digital, cada vez mais desafiador. A chamada inteligência artificial tem, como tudo, lados bons e menos bons. Tencionamos aproveitar os melhores aspetos, com a indispensável visão humana. A tecnologia desafia-nos, mas com as soluções originais adotadas ao longo dos anos, temos demonstrado que também gostamos de desafiar a tecnologia. Vai ser assim em 2024 com mudanças em sites, aplicações e com uma evolução significativa do Popcasts, a plataforma de podcast do Grupo Renascença Multimédia.

A transformação digital mudou profundamente o comportamento dos consumidores, designadamente no que à música refere. As rádios do Grupo Renascença Multimédia não precisariam – e seguramente os nossos concorrentes, também não – de quotas de 30% para difusão de música portuguesa. Seria bom que, em 2024, o legislador português percebesse, finalmente, duas coisas: por um lado, que a rádio portuguesa é a maior interessada em apoiar a música e os artistas nacionais; e por outro, que em 2024, em plena revolução digital, impor à rádio um colete de forças que não existe no mundo digital é um contrassenso que coloca a rádio em clara desvantagem na concorrência com a grandes plataformas de consumo de música, nas quais os consumidores escolhem exatamente aquilo que pretendem ouvir. A imposição de quotas de música só agrava o ‘gap’ legislativo entre os media portugueses e as plataformas digitais. Emocionais e resilientes as nossas rádios, porém, desenvolvem e cultivam relações de afeto e proximidade com os seus públicos. Nos bons como nos maus momentos.

Durante a pandemia, logo em 2020, RFM, Renascença e Mega Hits lançaram o primeiro jogo de rádios que envolveu simultaneamente todas estas marcas. Ao longo de anos de crise económica, a RFM lançou uma linha de jogos e conteúdos de antena que visava ajudar pessoas em debilidade económica. E, em 2024, com o mundo de novo às avessas, outras novidades vão surgir, surpreender e estimular o público e o mercado. Claro que os mercados não estão fáceis. E vale a pena destacar o que se passa no mercado digital. As grandes plataformas continuam a ser as grandes beneficiárias comerciais do sucesso dos conteúdos dos media portugueses. Pagando pouco ou mesmo nada por esses conteúdos, as grandes plataformas recolhem a esmagadora maioria do investimento publicitário digital em detrimento dos media. Trata-se de uma equação a trabalhar e a equilibrar. Por outro lado, com o consumo de rádio a crescer é essencial dar visibilidade às oportunidades que o nosso meio, modernizado e versátil, comprovadamente permite. Chama-se a isto servir o público, envolver marcas, promover clientes, dinamizar parcerias, inovar e criar valor.

Para otimizar a força da rádio em 2024, será igualmente necessário dar passos concretos para medir cada vez melhor as audiências, com métodos mais modernos e eficazes e com absoluta transparência e independência. É com esta cultura de exigência e ambição que olhamos para 2024, sabendo que dispomos de profissionais qualificados que dão o seu melhor em todos os tabuleiros. Se alguém duvida, visitem-nos na Quinta do Bom Pastor, onde cada rádio é cuidada e produzida diariamente, como ‘peça única’ de valor inestimável. Bom Ano Novo.

2024: o desafio continua

Luís Santana, CEO da Medialivre

O ano de 2024 continuará a ser um ano desafiante, quer para o setor dos media, quer para a economia em geral. A manutenção de tendências inflacionistas motivará a permanência de taxas diretoras de juros em níveis históricos, posição que poderá, ao longo do ano, ser atenuada de acordo com os indicadores económicos e com o comportamento inflacionista na Europa. O impacto do aumento dos custos de financiamento nas empresas e nas famílias não deixará de pressionar, de alguma forma, o comportamento dos investimentos e do consumo, que poderão ter o inevitável reflexo nos investimentos publicitários.

Será neste contexto que os media desenvolverão a sua atividade, ajustando as suas infraestruturas ao comportamento do mercado, de modo a assegurarem a sua sustentabilidade. Em Portugal, o mercado de media continua a ser impactado por diversas realidades que acabam por distorcer esse mesmo mercado, de que são exemplo diversos projetos que competem diariamente pelas receitas da indústria, mas que não têm qualquer sustentabilidade económica, ou que há décadas apresentam resultados negativos e que apenas sobrevivem, não pelo mercado, mas pelo esforço continuado e inglório dos acionistas.

Além de projetos que não são sustentados pelo mercado, os media nacionais enfrentam ainda uma concorrência fortíssima pelas receitas publicitárias por parte de atores globais como as redes sociais e plataformas de streaming, que, não tendo qualquer responsabilidade regulamentar ou qualquer obrigação, disputam de forma desleal uma das mais importantes fontes de receita dos media.

Os media nacionais estão naturalmente a fazer o seu caminho no sentido de provarem os seus fatores diferenciadores para veículo de mensagens e de promoção das marcas junto dos consumidores. Mas é uma realidade que pouco vale se não houver uma regulamentação do mercado publicitário que permita aumentar a capacidade competitiva face aos grandes players internacionais.

2024 será também o primeiro ano da Medialivre, mais um ano da sua afirmação no exercício de um jornalismo livre, independente e economicamente sustentável, contribuindo para o aprofundamento de Portugal como um país genuinamente democrático, no ano em se celebram os 50 anos do 25 de abril.

Para este ano, temos uma preocupação crítica relativamente à necessidade de garantir a sustentabilidade da logística e da distribuição dos jornais e revistas. A VASP, única empresa a operar na distribuição de publicações, vê cada vez mais a distribuição a nível nacional ameaçada, situação que a breve prazo impedirá que muitas regiões do país possam deixar de receber jornais e revistas, num recuo inaceitável enquanto sociedade. É, para nós, urgente que sejam adotadas medidas de fundo, algumas delas já apresentadas às entidades competentes sem qualquer resposta, de modo a assegurar que todos os portugueses mantenham o acesso à informação a que têm direito.

Não há milagres

Luís Delgado, CEO da Trust in News


A Trust in News (TIN) vive diretamente a turbulência que afeta a comunicação social em Portugal. E essa turbulência, em particular no setor do papel e do digital, obriga a enormes desafios não controláveis internamente. A covid e estados de emergência, e os efeitos das duas guerras, na Ucrânia e no Médio Oriente, aceleraram a quebra acentuada no consumo dos media tradicionais, nas receitas associadas e na capacidade de contrabalançar esses resultados negativos.

Foram quatro anos de seguida. Não há milagres no nosso sector, mas a TIN continua a acreditar que a estabilidade funcional reside na credibilidade das grandes e boas marcas. Novas ou antigas. A quantidade já não tem força nem futuro visível, mas tudo reside na qualidade de um bom nicho de mercado. A quantidade dispersou-se e perdeu-se na multiplicação infinita de plataformas de comunicar. Tal como o The New York Times decidiu processar o ChatGPT por utilização indevida dos seus conteúdos totais, em todas as suas formas, também em Portugal, em conjunto, deveríamos seguir o mesmo caminho.

Se esperarmos que alguém faça isso por nós, como o Estado ou a União Europeia, então nunca mais. Os media só são poderosos, e independentes, quando conseguem agir contra todas as ameaças. É muito difícil e duro, mas só assim vale a pena.

2024: repor em jogo a televisão aberta

Pedro Morais Leitão, administrador-delegado da Media Capital

2023 foi um ano fértil em notícias, duas das quais particularmente importantes para a televisão aberta em Portugal: a UEFA e a ECA atribuíram a totalidade dos direitos de transmissão das ligas europeias de futebol a canais fechados até 2027 e a Anacom renovou à MEO a licença da televisão digital terrestre (TDT) até 2030.

Na Media Capital, lemos nestas decisões uma tendência para esquecer a relevância social da televisão aberta, que, se não for combatida já em 2024, minará a sustentabilidade dos operadores públicos e privados deste setor.

No futebol, mandou o dinheiro. A cada três anos, os clubes leiloam os direitos dos mais de 400 jogos anuais das ligas europeias. Os jogos de clubes portugueses ficam em lotes pensados para a televisão aberta (esta época a SIC tem o da Liga Europa, a TVI o da Liga dos Campeões), a restante maioria em lotes destinados aos canais fechados (SportTV com Liga Europa, Eleven com Champions). Para as próximas três épocas, a Eleven ganhou os lotes “fechados” (Champions e Europa) e a SportTV ganhou à SIC e à TVI a disputa pelos dois lotes “abertos”. Feito o leilão, levanta-se a dúvida: a SportTV irá reservar os jogos, antes “abertos”, para os seus canais fechados, irá transmiti-los no seu próprio canal aberto (SportTV+) ou irá revendê-los a outros canais abertos? O Governo terá uma palavra a dizer, fixando por portaria os eventos desportivos a transmitir em canal aberto. A TVI vê nestes jogos interesse do público, mas não conseguirá viabilizar, por receitas publicitárias, o que a SportTV pagou. Fica a questão: restará algum papel para uma televisão aberta privada nos grandes jogos de futebol?

A evolução da regulação nacional será importante na resposta a essa questão. Infelizmente, com a renovação a favor da MEO da licença da TDT até 2030, desperdiçámos uma boa oportunidade para “repor em jogo” a televisão aberta. A licença da TDT foi atribuída em 2008, quando a distribuição terrestre e gratuita de TV era o normal em Portugal. Depois de 15 anos de crescimento acelerado da televisão paga, Portugal é hoje dos países com penetração de TDT mais baixa no mundo, com 3% dos lares a terem-na como meio principal para receção de TV. Grécia, Itália e Espanha têm mais de metade dos lares com TDT; Alemanha, Reino Unido, Áustria mais de um terço. Os países europeus com uma situação mais comparável à nossa são a Suécia, a Bélgica e a Roménia. Se fomos “bons alunos” na transição tecnológica, parece termos “faltado às aulas” na adaptação regulatória.

Primeiro, porque a TDT é hoje essencialmente um serviço público, serve para a distribuição universal dos canais abertos, e já devia ser financiado como tal. Na Suécia, os canais privados podem optar por não estar na TDT. Na Bélgica, os dois operadores públicos suportam os custos da TDT. Na Roménia, só os canais públicos são transmitidos na TDT e suportam os respetivos custos. Em Portugal, a RTP, a SIC e a TVI pagam à MEO mais de 8 milhões de euros por ano para serem transmitidos pela TDT – e ninguém nos pergunta se lá queremos estar! Segundo, porque a evolução das circunstâncias desajustou a regulação da televisão da realidade. Um desajustamento: mantendo as obrigações legais de entrega e transporte do sinal dos canais abertos (o must-deliver e o must-carry) quando os operadores de TV paga são a única alternativa de distribuição, a lei está a salvaguardar a atual subvalorização dos direitos de transmissão dos canais abertos. Faz sentido que a TVI, com audiência três vezes superior à da soma dos nossos outros canais, seja valorizada em menos do que esses canais?

Outro desajustamento: os três maiores distribuidores de TV paga são hoje também proprietários da SportTV que, em 2024, poderá transmitir em aberto os jogos da Champions e da Liga Europa, disputando audiências com a RTP, a SIC e a TVI. A televisão pública usará o financiamento público para se defender com os jogos da Seleção, da Taça, talvez outros. Ninguém vê um papel útil para a televisão aberta privada nos grandes jogos de futebol?

A Media Capital acredita que os canais abertos de televisão, públicos ou privados, podem dar uma contribuição crítica para a coesão social de um país. Para que a TVI não perca essa capacidade, em 2024 insistiremos com a Anacom, a ERC, o Governo e o Parlamento sobre a urgência da atualização regulatória. Mas mais do que a intervenção destes “árbitros”, a Media Capital procura que todos os “jogadores” do setor reconheçam o interesse de voltar a “pôr em jogo” os canais abertos em Portugal. Bom 2024 para todos!

2024

Salvador Ribeiro,
CEO da Bauer Media Audio Portugal

É costume dizer que os anos que começam trazem desafios como nenhum outro até esse momento. Pode bem ser verdade pela complexidade que vai revestindo cada negócio e pelas inovações permanentes e rápidas que a tecnologia nos traz. O áudio e a rádio não são exceção.

Podia estar aqui a escrever que o maior desafio do ano que agora começa é a inteligência artificial, a first-party data, a estratégia para otimização da distribuição de conteúdos de áudio digital, a digitalização do negócio no seu todo, a movimentação dos clusters, o aumento do valor de mercado, a implementação na indústria de uma cultura de trabalho colaborativa, questões regulatórias, etc. Seria tudo certo e tudo válido. Tudo faz parte do roadmap de qualquer gestor desta área. Mas porque estamos em Portugal, em 2024 e no setor dos media, os maiores desafios que, no meu entender, enfrentamos no momento são as pessoas e as marcas.

Em primeiro lugar as pessoas porque, no final, os media são um negócio de pessoas para pessoas. Se é verdade que o período pandémico já lá vai, as suas sequelas vieram para ficar mais uns tempos, com consequências ainda não determinadas nas famílias, nas empresas, em cada um de nós. A incerteza vivida naquele período foi geradora de medos com efeitos ainda longe de estarem ultrapassados. A somar a isto, todas as consequências económicas seguintes vieram ainda calcar mais esses mesmos efeitos. Não é por acaso que o tema da saúde mental nos entrou pela porta adentro. Não foi só porque têm vindo a ser quebradas barreiras e derrubados tabus, falando-se mais abertamente sobre este tema durante tanto tempo proibido, mas também porque os casos se vão somando. As empresas em geral, e as empresas de media em particular, têm aqui um papel insubstituível de colocar no topo das suas preocupações a saúde mental dos seus. Sem pessoas sãs e em perfeito equilíbrio não se conseguem empresas saudáveis. E sem empresas de media saudáveis não se tem uma democracia sólida e garantida.

Logo a seguir vem a importância das marcas. Numa era em que a inteligência artificial (IA) intensifica a produção de ferramentas com as quais podemos escrever tudo, colocar qualquer coisa numa voz bem conhecida e mesmo a criar todos os cenários em fotografia ou vídeo, somos constantemente desafiados a atestar da veracidade da informação que nos chega. E que nos chega em quantidade absurda, muitas vezes sem tempo para a processar, quer seja informação de cariz publicitário, social, económico ou político. É neste contexto que o papel das marcas de media, aquelas que são curadoras de informação, que verificam as suas fontes e origem, que vivem da sua credibilidade e boa reputação, que contextualizam as afirmações produzidas, vão reforçar a sua relação de confiança e transparência insubstituíveis junto dos seus consumidores. É nelas que o consumidor vai depositar a confiança na interpretação final da realidade. Sendo assim, a IA é, antes de mais, uma grande oportunidade para a reafirmação da importância das marcas de media.

Sobre o autorSónia Ramalho

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A Padaria Portuguesa entra no takeaway e no catering

A abrir mais três lojas, A Padaria Portuguesa está a apostar no takeaway e no catering. O marketing, essencialmente digital, é trabalhado por cinco agências

A Padaria Portuguesa, à venda desde dezembro do ano passado, está a apostar no takeaway e no catering para aumentar o negócio. “Estamos também a preparar o lançamento de um produto icónico de padaria, em maio”, diz Rita Neto, diretora de marketing de A Padaria Portuguesa, sem adiantar pormenores.

A faturar anualmente cerca de €44 milhões, a Padaria Portuguesa chega às 81 lojas em março, com a abertura de três novos espaços, no Estoril (a 14 de março), em Lisboa (a 18) e no Barreiro (a 25).

Além dos pães de deus e dos croissants brioches, os produtos mais vendidos, a cadeia de restauração disponibiliza os menus de pequeno-almoço a partir de €2,50 e a nova gama de almoços, com menus completos a partir de €5,99, que leva, em fevereiro, A Padaria Portuguesa a mudar provisoriamente o logótipo para Almoçar à Portuguesa.

Em fevereiro, A Padaria Portuguesa muda provisoriamente o logótipo para Almoçar à Portuguesa

Para divulgar a iniciativa, foram distribuídos cerca de 370 mil vouchers de oferta de almoços em Lisboa e no Porto. “No mês de lançamento, mais do que duplicámos os menus de almoços vendidos, comparando com o mesmo parque de lojas de 2024, sendo o menu composto pelo prato do dia e pelo sumo do dia, por €7,99, que está a alavancar todo o negócio, o gancho ideal para comunicar”, explica ao M&P Rita Neto, diretora de marketing de A Padaria Portuguesa.

Além da sinalética nas lojas e da distribuição pontual dos vouchers, a promoção da marca é essencialmente trabalhada nos canais digitais, com estratégias diferenciadas para o site, redes sociais da Meta e TikTok. “Procuramos entregar conteúdo relevante para os diferentes targets que nos seguem”, esclarece Rita Neto, que também aposta forte no marketing de influência para atrair mais do que os 28 mil clientes que as lojas atendem diariamente.

Foram distribuídos 370 mil vouchers de ofertas de almoço em Lisboa e no Porto

“Trabalhamos, desde 2022, com uma comunidade de cerca de 200 influenciadores, que são embaixadores e clientes da marca e que, de forma espontânea e autêntica, divulgam os nossos produtos. Cada vez mais, as pessoas preferem seguir pessoas do que marcas”, justifica a responsável. Os novos menus de almoço são comunicados mensalmente por cerca de 30 embaixadores.

A promoção do negócio é trabalhada por cinco empresas em simultâneo. Além do Amaze Studio, que assegura a criatividade estratégica, A Padaria Portuguesa tem a Akt Creative a gerir o Instagram e o Facebook, a Us Digital a dinamizar o TikTok e a Codedesign a avaliar a performance das campanhas digitais.

A assessoria de imprensa e o marketing de influência são feitos pela Global. “O objetivo é seguir tendências e marcar presença onde estão os nossos clientes, para podermos prestar um serviço cada vez melhor”, justifica Rita Neto.

As polémicas e as promoções a ritmo acelerado
O esforço de divulgação quer dar a conhecer as promoções que a marca tem lançado a um ritmo acelerado e os novos produtos que comercializa, como o croissant com recheio de pistácio, mas também melhorar a imagem da cadeia enquanto decorre o processo de venda.

A Akt Creative gere o Instagram e o Facebook da marca, criando conteúdos pensados para atrair consumidores às lojas

Em 2024, segundo o Portal da Queixa, as reclamações aumentaram 20%, com o atendimento a representar 42,7% das queixas. Rita Neto não comenta os números nem as polémicas que, desde a criação do negócio, em 2010, foram afetando a imagem da marca.

A baixa remuneração dos funcionários é um dos temas mais recorrentes. Em 2017, um direto na ‘Edição da Manhã’ da SIC Notícias tornou-se viral quando Nuno Carvalho, um dos fundadores da marca, disse que o espírito de equipa da empresa valia “muito mais do que remuneração base” paga aos trabalhadores. A afirmação gerou polémica e trocas de argumentos nas redes sociais.

Em janeiro, A Padaria Portuguesa lançou a campanha ‘N’A Padaria Portuguesa, o ‘Talento Não Escolhe Idades’, para atrair candidatos com mais de 55 anos, mais experientes, com a ambição de mudar o paradigma e melhorar o atendimento. “Num momento em que o mercado de trabalho enfrenta desafios de inclusão e transformação, queremos ser um exemplo positivo”, justifica Susana Rosa, diretora de recursos humanos da empresa, citada em comunicado de imprensa.

A marca que foi chumbada
Quando o conceito foi criado há 15 anos pelo empresário Nuno Quintela e pela ZDQ, empresa do humorista José Diogo Quintela, A Padaria Portuguesa era para se chamar A Portuguesa. A semelhança com o nome do hino nacional inviabilizou o registo da marca. Abastecida por uma pequena fábrica em Samora Correia, com o chef Paulo Cardoso a desenvolver 90% das receitas, como ainda sucede hoje, a rede cresceu rapidamente, focando o negócio nos pequenos-almoços.

“A Padaria Portuguesa surge numa fase em que as padarias de bairro estavam a entrar em declínio, com a multiplicação de grandes superfícies a oferecerem já opções muito competitivas de pão e pastelaria. O negócio nasceu bairrista, mas com um ambicioso plano de expansão”, recorda Rita Neto.

Rita Neto é a Diretora de marketing de A Padaria Portuguesa. Atualmente, a marca tem 81 lojas e serve diariamente 29 mil clientes

No primeiro aumento de capital, a Bakers Capital, controlada pelo ex-ministro Manuel Dias Loureiro, investe no negócio. Em 2013, Nuno Rebelo de Sousa, filho do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também entra como sócio, mas em 2015 já não integra a estrutura societária da empresa.

No período em que mais cresce, A Padaria Portuguesa lança, em 2018, o Lab, um laboratório onde a empresa, hoje detida pela ZDQ e pela Nutelo, de Nuno Carvalho, explora a produção artesanal. Localizado na Avenida da República, em Lisboa, o espaço é criado pelos arquitetos Margarida Grácio Nunes e Fernando Sanchez Salvador, responsáveis pelo restaurante Bica do Sapato.

Em 2023, o Lab viria a ser convertido em mais uma loja da marca, embora o centro de inovação e desenvolvimento de produtos e a academia de formação continuem a funcionar no espaço. A decisão é tomada no seguimento da pandemia.

Em 2019, quando obtinha lucros de €1,3 milhões e estava em franca expansão, a covid-19 afeta o negócio e nem o ‘rebranding’ da marca, com a introdução do café orgânico e das farinhas de moleiro, fazem disparar a faturação.

Sobre o autorLuis Batista Gonçalves

Luis Batista Gonçalves

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“A partir do momento em que a construção da marca passa para segundo plano, o desempenho começa a deteriorar-se, o que leva à diminuição do retorno do investimento. Essa é a armadilha”, defende Hunter Hindman, CEO e CCO da Argonaut

As marcas mais fortes não separam os conceitos de marketing de desempenho da construção da marca, mas conjugam-nos, defende Hunter Hindman, CEO e CCO da agência criativa Argonaut, num artigo de opinião na Ad Age. “Os anunciantes que valorizam ambas as vertentes do marketing compreendem que a criatividade não é um luxo, mas uma necessidade empresarial”, argumenta.

Na opinião de Hunter Hindman, a lógica de otimizar e apostar no retorno monetário em função do desempenho não é necessariamente má, mas tem uma lacuna. “A partir do momento em que a construção da marca passa para segundo plano, o desempenho começa a deteriorar-se, o que leva à diminuição do retorno do investimento. Essa é a armadilha”, explica.

Perante este cenário, o CEO e CCO da Argonaut explica que as grandes marcas não se limitam a procurar a eficiência. Criam estruturas de memória distintas – elementos visuais, auditivos e narrativos que as tornam instantaneamente reconhecíveis, mesmo quando os orçamentos são limitados.

Segundo Hunter Hindman, as marcas devem reconhecer que não se deve aumentar o investimento em media e, em contrapartida, estagnar o investimento em criatividade. Isto prende as marcas num ciclo em que, em vez de encontrarem novos públicos, apresentam os mesmos anúncios às mesmas pessoas, várias vezes. “Isso não é crescimento, é um beco sem saída”, enfatiza.

Qualidade criativa é a chave

Segundo o CEO da Argonaut, a qualidade criativa é o fator de desempenho mais importante. “Há estudos que mostram que 70% do sucesso de uma campanha advêm da qualidade criativa, enquanto a difusão nos meios de comunicação representa apenas 30%. Ou seja, o que se diz e como se diz é mais importante do que onde se diz”, sustenta.

Para Hunter Hindman, o marketing não se resume a quem gasta mais, é sobre notoriedade e ser recordado. E o desempenho, por si só, não leva as marcas até onde desejam chegar. “A pior coisa que uma marca pode fazer é perseguir ganhos a curto prazo em detrimento do valor a longo prazo. É necessário investir em criatividade, de forma a construir algo que perdure”, conclui.

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Meta vai vender espaço publicitário a agências de meios para posterior revenda

“É provável que a aposta da Meta neste setor esteja relacionada com as perspetivas económicas nos Estados Unidos, que se agravam, com o objetivo de assegurar um fluxo de receitas constante”, argumenta Karsten Weide, diretor da W Media Research, citado no Digiday

A Meta está a entrar no setor controverso de ‘principal-based buying’, a compra de espaços publicitários por uma agência de meios para posterior revenda a clientes a preços superiores, noticia o Digiday.

A empresa liderada por Mark Zuckerberg está em negociações com as ‘holdings’ de agências de meios sobre uma solução em que as agências compram o inventário publicitário da Meta para posterior revenda aos clientes a um preço mais elevado, segundo executivos publicitários, citados no Digiday.

À primeira vista, a iniciativa parece pouco habitual, visto que a Meta há muito que não depende das ‘holdings’ para lucrar com a publicidade. Neste caso, segundo o Digiday, não se trata de dependência, é uma questão de vantagem. “Eles [Meta] estão a apresentar esta solução às maiores ‘holdings’ de agências”, revela um dos executivos, sob anonimato.

Para Brian Leder, fundador da agência norte-americana de meios Ramp97, a entrada da Meta nesta área tem um objetivo claro: “a Meta quer proteger uma parte crescente das receitas publicitárias e garantir que as grandes marcas continuam a fazer investimentos significativos em todas as plataformas, ao mesmo tempo que aproveitam as agências, que agora atuam como uma equipa de vendas alargada, para impulsionar os gastos publicitários nas plataformas da empresa”, declara, citado no Digiday.

Karsten Weide, diretor da empresa de estudos de mercado W Media Research, salienta, por seu lado, que é provável que a aposta da Meta neste setor esteja relacionada com as perspectivas económicas nos Estados Unidos, que se agravam, com o objetivo de assegurar um fluxo de receitas constante. “Temos de esperar uma recessão económica em 2026 devido à introdução das tarifas”, antecipa.

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AutoSport e AutoMais vendidos a José Caetano

Os títulos da MMG Media, de Pedro Corrêa Mendes, passam para as mãos da editora do diretor do E-Auto. O regresso do AutoSport ao formato em papel, ainda este ano, e a conquista de leitores lusófonos são alguns dos objetivos

Catarina Nunes

Os títulos AutoSport e AutoMais, detidos pela MMG Media de Pedro Corrêa Mendes, passam a partir de 1 de abril a ser controlados pela JC Edições e Publicações, propriedade de José Caetano, diretor do E-Auto, por um montante não divulgado.

A notícia é avançada por email ao M&P por José Caetano, que refere que “esta terça-feira, 1 de abril, o AutoSport, título que tem quase 50 anos de histórias, inicia uma etapa, concretizada a mudança de controlo editorial e comercial da MMG Media Unipessoal Lda, de Pedro Corrêa Mendes, para a JC Edições e Publicações Unipessoal Lda, de José Caetano, que partilha o comando do projeto novo com Nuno Mousinho Esteves”.

José Caetano e Nuno Mousinho Esteves assumem igualmente a liderança do título AutoMais, até agora também detido pela MMG Media, que acompanha a mudança de mãos do AutoSport. “Esta operação não impacta o funcionamento do E-Auto, pelo contrário, reforça-o, com o potencial de partilhas de conteúdos e sinergias agora à disposição da equipa nova, que mantém a sua atividade normal. As equipas redatoriais, no imediato, mantêm-se, mas o objetivo é reforçá-las rapidamente”, explica José Caetano.

Juntos, “José Caetano e Nuno Mousinho Esteves assumem o desafio de honrar o legado de uma marca tão prestigiada, com uma ambição clara: fazer regressar o AutoSport ao formato em papel ainda este ano, enquanto consolidam e expandem a presença do título no espaço digital, não só em Portugal, mas também junto de todos os apaixonados por motores no universo lusófono, incluindo Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Timor-Leste e comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo”, refere o novo proprietário do AutoSport e do AutoMais.

José Caetano tem 30 anos de carreira no jornalismo, que inicia no Correio da Manhã, em 1994, tendo passado pelo jornal desportivo A Bola, onde assume o cargo de chefe de redação, e pela revista Auto Foco, que dirige durante 12 anos. Mais recentemente, cria a editora JC Edições e Publicações Unipessoal Lda e inicia o projeto E-Auto, disponível em formato de revista mensal e na internet.

Nuno Mousinho Esteves, por seu lado, é especialista em marketing desportivo e encontra-se ligado aos desportos motorizados desde 1989, com um percurso como piloto em Fórmulas, Turismos e GT, além de uma carreira internacional em algumas áreas do desporto e da comunicação.

Fundado em 1977 por José Vieira, originalmente em papel e no formato de jornal, o AutoSport é um dos títulos mais emblemáticos do desporto motorizado e do setor automóvel em Portugal. Atualmente, funciona no formato online no site autosport.pt, acompanhando a atualidade dos desportos motorizados nacionais e internacionais, e do setor automóvel.

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“Este é o momento de a criatividade portuguesa se virar para o mar”

Em ano de fusão a VML Portugal cresce 17%, com a maioria deste crescimento atribuído ao trabalho para fora. A agência, que acaba de ganhar o ‘branding’ do Euro 2028, quer duplicar o volume de negócios até 2030

Na sequência da conquista da conta da identidade visual do Euro 2028, Nuno Santos, CEO da VML em Portugal, revela a estratégia que está na origem da adjudicação, estabelece os objetivos a cumprir até 2030 e a tática a implementar.

Em entrevista exclusiva ao M&P, o líder da agência multinacional fala sobre o crescimento proveniente das contas internacionais e faz o balanço da fusão entre a VMLY&R e a Wunderman Thompson, que resulta na criação da VML.

Adianta que a faturação da VML em Portugal cresce 17% em 2024 face ao ano anterior, refletindo o foco na integração com as agências do grupo WPP e na exigência criativa. Aborda ainda o impacto das fusões no ecossistema criativo, que concedem aos clientes “mais valor e um poder criativo muito maior”.

Acabam de ficar responsáveis pelo ‘branding’ do Euro 2028. Qual é a estratégia que vos vale esta conquista?

O segredo é ter talento e experiência. Temos um historial de trabalho de ‘branding’ para eventos desportivos, incluindo a identidade visual do Euro 2024, que também criámos. Somos a agência dentro da VML a nível mundial mais destacada na área de ‘branding’ para grandes eventos, o que é uma sequência natural do trabalho extraordinário que esta equipa realiza a nível internacional.

É um privilégio e um orgulho, incluindo para o talento português, termos a oportunidade de trabalhar num evento desta dimensão. Também sentimos que temos o direito de ganhar.

Como é que surge esta oportunidade e quais foram as outras empresas participantes?

Participámos num concurso internacional, no qual competimos com os melhores estúdios de ‘branding’ e de marketing de eventos desportivos a nível mundial. O Euro 2024 teve toda a identidade visual do evento desenvolvida pela equipa de ‘branding’ da VML, liderada por Pedro Gonzalez, diretor executivo, e por Hélder Pombinho, diretor criativo. O mesmo acontecerá para o Euro 2028.

Há sempre este concurso, quatro anos antes do evento e a VML Portugal volta a conquistar esta conta. É algo de que nos orgulhamos muito. A brincar, até é caso para dizermos, Portugal já ganhou.

Para além da identidade visual, haverá outros aspetos criativos ou estratégicos que vão trabalhar?

O processo mal começou mas estamos a falar de uma mega marca, um megaevento que conta com uma maior coordenação e uma série de parceiros a trabalhar em conjunto.

Por agora, temos esta peça, que é a identidade visual e o ‘branding’, mas obviamente que vão existir oportunidades para criar uma série de outros elementos da cadeia de valor deste evento, nomeadamente no que diz respeito a ativações e à comunicação, entre outros.

A VML acaba de ser distinguida como uma Standout Agency de 2024 na A-List da Ad Age e sobe para a 2.ª posição no ranking WARC Creative 100 2024. Como é que a agência em Portugal contribui para este sucesso?

Temos cada vez mais trabalho de relevo internacional, é a nossa maior área de crescimento. Estamos a finalizar as submissões para a ‘network’ [VML a nível mundial] e Portugal é um dos países europeus que mais inscrições vai enviar, tendo em conta a nossa dimensão. O ‘branding’ também contribui de forma notável, sobretudo com a conta do Euro.

Contribuímos com a extensão das grandes campanhas de comunicação, sobretudo trabalhos diretos para clientes internacionais, alguns em colaboração com as agências do grupo WPP, com as quais trabalhamos no desenvolvimento de campanhas e na implementação de estratégias de ‘roll-out’.

Nuno Santos, CEO da VML Portugal, diz que a colaboração com as agências do grupo WPP é um dos focos

Duplicar o volume de negócios até 2030

Qual é a estratégia que a VML Portugal segue para alcançar essas conquistas?

Há cinco anos, definimos uma estratégia que nos permitiria alcançar a afirmação internacional da VML Portugal. Desde que esta equipa assumiu a gestão da agência, após a fusão da Wunderman Thompson com a VMLY&R, o objetivo tem sido ser a agência número um em Portugal.

Queríamos ser uma agência com capacidade de influenciar o mercado e ambicionávamos ser uma agência relevante no contexto europeu. Isso é importante para os clientes nacionais, pois a escala que obtemos através do trabalho para grandes clientes a nível internacional permite-nos adquirir competências com um nível de profundidade e extensão impossível de obter de outra forma.

Atualmente, somos 460 pessoas a trabalhar numa única agência. Temos uma das maiores equipas criativas em Portugal, bem como as maiores equipas de ‘accounts’, de estratégia, de tecnologia, de ‘e-commerce’, de automação de marketing e de marketing de performance. Queremos continuar a crescer, sendo que pretendemos duplicar o volume de negócios da agência até 2030.

Que implicações terá esse objetivo em termos de recursos humanos, ferramentas e estrutura da agência?

Não conseguimos duplicar o que fazemos sem alterar o modelo operativo da agência, que assenta cada vez mais nas ferramentas de inteligência artificial (IA) que fazem parte do WPP Open e já são fundamentais para tudo o que fazemos. Somos o escritório europeu com o melhor nível de adoção de ferramentas de IA, o que nos coloca na melhor posição para crescer mais rapidamente e realizar um trabalho de maior qualidade do que qualquer outro escritório europeu.

Pretendemos ter recursos cada vez mais qualificados, seniores e autónomos, numa organização cada vez mais descentralizada, que delega nas equipas e lideranças intermédias a capacidade de decisão. Procuramos um talento muito específico, com muita ambição e competência nas carreiras, bem como experiência de trabalho no estrangeiro ou com educação multicultural. Um talento que também tem de ser diversificado.

Em que sentido?

Temos pessoas de 24 nacionalidades, falamos cerca de 17 línguas e trabalhamos para 13 mercados internacionais, nomeadamente Austrália, Nova Zelândia, Áustria, Suécia, Dinamarca, Estados Unidos, Inglaterra, Espanha, Suíça, Quénia e Arábia Saudita, entre outros.

A VML Portugal é uma verdadeira fusão cultural de recursos. A nossa própria identidade reflete isso mesmo. Somos uma agência internacional, alegre, fácil de trabalhar, eficiente, talentosa e com muita capacidade de intervenção junto de grandes clientes.

Quanto é que estão a investir em ferramentas de transformação e IA, entre outras?

A nível mundial, o grupo WPP anunciou que no desenvolvimento de ferramentas de IA está a investir 300 milhões de dólares (€276 milhões) por ano. A nível local, o investimento consiste em capacitar os recursos humanos para a utilização das ferramentas do WPP Open.

Estas abrangem a totalidade da cadeia de valor, desde a identificação de audiências e a definição de ‘insights’, que permitem criar melhores ‘briefings’, até à multiplicação de ‘assets’, ‘dynamic content optimization’ e ligação entre planos de meios e planos de conteúdos. Esta automatização liberta energia, recursos, atenção e investimento para aquilo que é fundamental: aumentar o valor na fase inicial da cadeia de valor.

Que estratégia vão implementar para fazer crescer o negócio em áreas chave, como a transformação de marketing, o comércio eletrónico e a criatividade?

A estratégia de crescimento da VML assenta em três pilares. O primeiro é ampliar aquilo que fazemos melhor do que qualquer outro escritório da VML no mundo: ‘branding’, ‘purpose-driven marketing’ e ‘business-to-business’.

Lideramos as relações de comunicação e marketing das organizações das Nações Unidas, como a UNICEF, a NFPA e a OMS, entre outras, e temos a maior operação para a Microsoft dentro da rede VML. Aliás, se isolássemos a operação da Micrsoft numa agência, tornar-se-ia uma grande agência no mercado nacional, só com um cliente.

O segundo pilar é a expansão da nossa área de ‘ecommerce’, com foco em duas vertentes: ‘design & build’ e ‘run & operate’. Contamos com cerca de 140 pessoas nesta área em Portugal e pretendemos duplicar essa capacidade até 2030, reforçando a aposta em ‘marketing effectiveness & intelligence’.

O terceiro pilar é o ‘scale of marketing businesses’, onde criamos equipas dedicadas para resolver problemas complexos de clientes internacionais. Através da competitividade dos nossos preços, conseguimos colocar equipas dedicadas a clientes.

Um exemplo é a coordenação, a partir de Lisboa, do ‘shopper marketing’ da The Coca-Cola Company na Europa. Este apoio a grandes marcas vai impulsionar o crescimento da nossa operação, prevendo-se um aumento significativo da equipa nos próximos anos.

Vão investir em outras áreas, além das que refere?

Mais do que investir em novas unidades de negócio, é gerir a energia que colocamos em cada uma das áreas que referi e a forma como articulamos a complementaridade com outras competências que já existem dentro do grupo WPP.

Não faz sentido duplicarmos essas ‘capabilities’ dentro da VML. Mas no que se refere ao ‘branding’, estamos a explorar novas áreas, como a implementação de inteligência generativa, garantindo que as marcas são consideradas na criação de ‘assets’, ideias e textos. Também investimos em ‘branding’ experiencial, cruzando eventos, marca e comunicação.

‘Social media’ é outra área importante, sobretudo o ‘social commerce’, na qual vamos acelerar a dimensão, o número de pessoas e as competências, à medida que os clientes o fizerem. Em 2024, esta foi uma das áreas de maior crescimento da agência, liderada por Tito Santana e Mafalda Coelho, cujo trabalho tem sido amplamente reconhecido pelos clientes.

Crescimento acelerado por contas internacionais

Quanto é que representam as contas estrangeiras face às nacionais em termos de crescimento?

O mercado internacional representa atualmente cerca de 55% do volume de negócios da agência e deverá crescer para 70% a 75% até 2030. É importante salientar que o crescimento com contas locais continua, mas a um ritmo mais lento do que o internacional, devido à maturidade do mercado. Somos a agência número um em investimento de media local, o que limita as avenidas de crescimento nesta área.

Como é que atraem e conquistam clientes e contas estrangeiras?

É preciso fazer um bom trabalho todos os dias. Temos de fazer um trabalho do qual as pessoas falem positivamente, pois os clientes são a nossa maior força de venda e os nossos maiores embaixadores. Foi assim que conquistámos a conta do Tony Blair Institute.

Uma pessoa que tinha trabalhado connosco num projeto da UNICEF foi para o Tony Blair Institute e, assim que chegou, pegou no telefone e disse: ‘temos de fazer exatamente o mesmo que fizemos na UNICEF’. Isto acontece cada vez mais, com oportunidades que surgem diretamente.

Além disso, temos outros dois grandes motores de crescimento: os nossos gestores de contas globais – que confiam na nossa qualidade e a transmitem aos clientes -, e a nossa capacidade e visibilidade criativa, com projetos como o Euro 2024 e o Euro 2028, que reforçam a credibilidade da agência.

Uma das coisas que aprendemos, eu incluído, é a desmistificar o que é feito lá fora e deixar de ter medo de enfrentar ou agarrar as oportunidades que existem. A nossa equipa tem um critério de exigência alto e, se continuarmos assim, seremos uma referência não só para os clientes, mas também para os profissionais que aqui trabalham. Estamos determinados a fazer coisas que valham a pena; caso contrário, mais vale irmos vender gin tónicos para a praia.

Que desafios podem surgir ao trabalhar com clientes fora de Portugal?

Ao contrário do que acontece em Portugal, onde as estruturas são piramidais e as decisões são mais diretas, com clientes internacionais lidamos com processos longos, estruturas matriciais e múltiplos níveis de aprovação, o que exige uma adaptação à complexidade organizacional.

Temos clientes nos Estados Unidos, mas com equipas na Índia e nós a gerirmos tudo o que está no meio. É complexo. Outro desafio é a formalidade das relações. As reuniões requerem preparação, agendas, registos e ‘follow-ups’ rigorosos, o que implica um período de adaptação para os novos colaboradores.

Criámos um sistema em que as pessoas passam três a seis meses em missões temporárias, antes de assumirem funções permanentes, e isso ajuda-nos a prepará-las para lidar com estes desafios. Apesar disso, temos a confiança e a certeza de que, em termos de maturidade, somos definitivamente um dos países mais competitivos neste aspeto.

Quais são os principais clientes e projetos para fora que têm em mãos?

Temos seis clientes globais com os quais interagimos diretamente e de forma aprofundada. A Microsoft, o Tony Blair Institute, a The Coca-Cola Company, a Philip Morris International, a Amazon e as organizações das Nações Unidas, que consideramos como um único cliente, pois são geridas pela mesma equipa.

Também estamos a acrescentar agora mais três clientes, que ainda não posso adiantar quem são, mas que atuam em áreas mais clássicas, como B2C e bens de consumo rápido.

A nível nacional e internacional, em que concursos estão a participar?

Estamos envolvidos em três concursos a nível nacional, nenhum foi oficialmente comunicado. Contudo, confesso que vejo os concursos de forma menos transformadora do que via anteriormente. Atualmente, há poucos casos em que um concurso, por si só, revoluciona uma agência. Claro que existem exceções, como a EDP e a Galp, entre outras, que representam contas volumosas e exigem grandes equipas.

O que realmente gera impacto são as relações construídas ao longo do tempo, e conseguimos estabelecer melhores relações com os clientes quando essa relação é construída desde a base e não apenas ganha. É isso que permite transformar verdadeiramente as marcas, algo que temos feito com a Vodafone e, mais recentemente, com a Wells.

A renovação da Wells só foi possível graças a um trabalho colaborativo e integrado entre as nossas equipas. O segredo para construir grandes marcas está cada vez mais na criação de relações sólidas, alinhadas numa estratégia profunda e partilhada. É fundamental não só para garantir a criatividade, mas também para assegurar a efetividade de toda a transformação da marca.

A campanha de Natal da Coca-Cola nos Estados Unidos, criada apenas com IA, foi alvo de controvérsia. Qual é o equilíbrio entre tecnologia e criatividade e como é que lidam com estes obstáculos, enquanto agência que quer adotar cada vez mais estas tecnologias?

Quando surge uma nova ferramenta, cria-se uma confusão entre aquilo que ela pode fazer e a finalidade para a qual é utilizada. Enquanto o trabalho criativo for notícia apenas por ter sido desenvolvido com IA, isso indica que ainda não atingimos a maturidade na sua utilização.

Atualmente, vários projetos com IA servem apenas para demonstrar a tecnologia, sem uma relevância real. Em vez de se discutir se uma campanha foi boa ou não, discute-se se foi feita com IA, desviando o foco do que realmente importa: o impacto e a criatividade.

Como diz a Sara Soares, a nossa diretora criativa executiva, quem inventou a guitarra elétrica não inventou o ‘rock & roll’. Portanto, quem inventou a IA não vai inventar a publicidade feita com IA. Cabe-nos a nós utilizá-la da melhor forma. E não tenho dúvidas de que, daqui a dois, três ou quatro anos, ninguém estará a debater se algo foi ou não feito com IA. Esta tecnologia será apenas parte do processo criativo.

Indústria marcada por fusões

Como avalia o impacto das fusões que têm marcado as agências?

A lógica das fusões faz todo sentido num mundo onde os clientes valorizam cada vez mais a simplicidade e a integração de competências. O grupo WPP tinha um número excessivo de ‘networks’ e era essencial reduzir a complexidade, não apenas a visível, mas também a interna, por exemplo, a coordenação de contas e sistemas.

Nos últimos cinco anos, o grupo tem vindo a caminhar para a simplificação, o que se traduz em mais valor para os clientes. Em Portugal, esta estratégia resultou num modelo claro e eficiente.

Faz todo o sentido, por exemplo, continuarmos a ter duas agências criativas, pois a diversidade é essencial à criatividade. A VML e a Bar Ogilvy têm identidades distintas: nenhuma é melhor ou pior, são apenas diferentes. O foco continuará a ser a colaboração integrada entre as várias agências do WPP, maximizando o valor entregue aos clientes.

No que consiste essa integração?

O objetivo é oferecer soluções simples e integradas, para que os clientes não tenham de lidar com a complexidade. Recentemente, numa conversa com um cliente com quem estamos a negociar uma colaboração, percebi que ele trabalha com cinco agências diferentes para um único projeto.

Isso significa cinco equipas, cinco contactos e cinco abordagens distintas. Nesse caso, uma simples reunião de ‘briefing’ pode envolver 12 a 14 pessoas, cada uma com a sua visão.

A realidade é que o ecossistema do marketing e da comunicação se tornou demasiado complexo para os clientes gerirem sozinhos. Cabe-nos, enquanto agência, assumir essa complexidade internamente e simplificar os processos para os clientes. A integração das equipas e a utilização de sistemas como o WPP Open permitem-nos chegar aos clientes de forma mais eficiente e coordenada.

Qual é o impacto dessas fusões, a nível da criatividade e da rentabilidade?

O feedback dos nossos clientes após a fusão tem sido extremamente positivo. Tínhamos dois departamentos criativos relativamente pequenos, mas com identidades distintas. Agora, conseguimos mobilizar equipas muito maiores para responder a desafios estratégicos.

Se um cliente precisa de uma solução criativa, podemos ter seis duplas a trabalhar em simultâneo, o que não era possível anteriormente. Isso concede aos clientes um poder criativo muito maior, desde que haja capacidade financeira para o investimento.

Alguns clientes podem sentir a perda do romantismo de trabalhar com uma pequena agência independente, mas a realidade é que não somos essa pequena agência; somos um dos maiores departamentos criativos de Portugal. Temos diversidade de talento, com seis diretores criativos e uma diretora criativa executiva, o que nos permite oferecer múltiplas abordagens para cada desafio.

E a nível da rentabilidade?

Quanto maior formos, mais fácil será obtermos rentabilidade. O grupo é atualmente mais rentável do que era há quatro ou cinco anos, porque simplificámos bastante a nossa operação. Não apenas do ponto de vista dos custos estruturais, que são diluídos, mas também porque conseguimos um modelo operativo bastante mais eficiente e simples, que acrescenta mais valor aos clientes e que é mais fácil de rentabilizar, que é o que nos interessa.

Quais foram os desafios da integração das agências que resultam na VML Portugal?

Tratavam-se de duas agências bastante diferentes. A VMLY&R, bastante marcada criativamente pela Judite Mota, que fez um trabalho extraordinário na integração das duas agências e como diretora criativa executiva da VML durante o ano de concretização da fusão, e a Wunderman Thompson, que tinha uma identidade cultural mais internacional, com muita diversidade em termos de ferramentas, tecnologia, dados e CRM, e uma equipa criativa com quatro diretores criativos.

O que conseguimos fazer ao fundi-las foi crescer sem perder grande coisa. Temos uma equipa extraordinariamente motivada e que se identifica com a identidade da VML. As pessoas têm orgulho em trabalhar aqui e naquilo que queremos ser: um dos escritórios mais inspiradores da ‘network’. A fusão correu muito bem para ambas as agências, a ponto de pensarmos porque é que não fizemos isto mais cedo.

Houve obstáculos?

No início, qualquer fusão suscita receios. As pessoas preocupam-se com o seu trabalho e as duplicações suscitam sempre atenção. No entanto, numa equipa de 200 pessoas, conseguimos evitar grandes duplicidades. Claro que algumas áreas deixaram de fazer sentido, como a pequena equipa de media que a VMLY&R tinha, já que o grupo WPP tem agências de excelência nessa área.

Felizmente, conseguimos evitar um impacto emocional negativo, como acontece em algumas fusões em que há cortes drásticos de 20% ou 30%. Isso porque se tratou de uma fusão entre duas organizações em crescimento: a Wunderman Thompson estava a expandir-se e a VMLY&R também se encontrava estável. Quando as agências estão a crescer, a fusão tende a ser mais fácil. Se a fusão acontecer quando as agências estão a perder dinheiro e o objetivo é poupar, o processo pode ser traumático.

Em ano de fusão, contratámos mais colaboradores do que em qualquer outro ano dos últimos cinco, com 45 novas contratações. Após uma fusão, é necessário algum tempo para criarmos uma identidade única, sem as subidentidades de cada agência. No entanto, ficámos muito felizes quando chegámos à festa de Natal e vimos o impacto da fusão. Percebemos que tínhamos agora uma mega-agência. Só então considero que o processo de fusão foi concluído de facto.

Como é que a saída da Judite Mota afeta a estratégia criativa da agência?

A saída da Judite é sempre uma perda por tudo aquilo que a Judite é. A Judite esteve no grupo durante quase 30 anos. É, obviamente, uma perda para qualquer agência. Por outro lado, ficámos a ganhar muito com a entrada da Sara Soares, que é uma diretora criativa executiva extraordinária.

A Sara traz-nos a experiência e a profundidade internacional de que precisamos para continuar a crescer. Aceitou o desafio e, dois meses depois, não tenho dúvidas de que, pelo trabalho que as equipas têm estado a fazer e pelos resultados para os clientes, já é e continuará a ser uma diretora criativa executiva extraordinária.

A crescer 17% em 2024

Quanto cresceu e faturou a VML em 2024?

Em 2024, a nossa faturação aumentou 17%. Não posso adiantar valores, mas posso referir que as duas agências consolidadas (Wunderman Thompson e VMLY&R) cresceram, em média, 12% ao ano nos últimos cinco anos.

Qual é o peso da VML na faturação total do WPP em Portugal?

Não posso divulgar as percentagens do grupo, mas posso dizer que somos a segunda maior agência do grupo nesse sentido. Com um total de 460 pessoas, somos quase metade do número total de pessoas que trabalham no grupo WPP em Portugal. Acima de nós está apenas o GroupM.

Quais foram os clientes que mais contribuíram para o crescimento e faturação da agência em 2024?

Os clientes internacionais, como a Microsoft, a The Coca-Cola Company, o Tony Blair Institute, a Philip Morris, a Amazon e as organizações das Nações Unidas, foram os que mais contribuíram. Crescemos bastante com o Santander e com a Wells. A Vodafone não cresceu, tendo ficado estável, e os restantes clientes têm estado mais ou menos estáveis em Portugal.

Quais foram os acontecimentos e campanhas mais marcantes para a VML em 2024?

O trabalho que realizámos para a Vodafone, tanto a nível da marca como do âmbito comercial, é extraordinariamente aprofundado. A campanha de Natal da Vodafone é sempre a mais aguardada. Todos os outros anúncios de Natal são emitidos e, depois, há o da Vodafone, que é sempre o que todos querem ver.

Um dos projetos de que mais me orgulho, e no qual estive envolvido desde o início na relação com o cliente, é o que fizemos para a Wells. A campanha ‘Não Fica Bem’ teve o poder de transformar profundamente uma marca que, anteriormente, era distante e pouco conectada com as pessoas, especialmente com as mulheres.

Hoje, a marca é algo com a qual qualquer mulher se orgulha de se identificar, o que é um privilégio. A campanha de Black Friday da Leroy Merlin foi, pelo contrário, um trabalho leve e bem-humorado, mas que trouxe resultados extraordinários para o cliente, o que também é muito importante.

Pessoalmente, o projeto de que mais me orgulho é o trabalho que estamos a fazer para um consórcio liderado pela Unicef. Estamos a combater a desinformação sobre a vacinação contra a poliomielite em regiões onde a doença ainda é endémica, como o Quénia, o Corno de África, a República Centro-Africana, o Afeganistão e o Paquistão.

Foi um ano bom em termos de prémios?

Conquistámos o prémio de Agência Criativa do Ano nos Prémios Eficácia, onde ainda obtivemos três Ouros, quatro Pratas e três Bronzes. Nos Prémios CCP, ganhámos um Ouro, duas Pratas e sete Bronzes. Infelizmente, não ganhámos em Cannes, mas diria que quase todo o trabalho de 2024 não foi a concurso.

Na prática só o trabalho feito até março/abril é que conseguiu entrar nesse concurso. Portanto, os grandes concursos criativos começam agora com o trabalho de 2024 e temos muita esperança para esses trabalhos.

Quais são as perspetivas de crescimento e os próximos projetos da VML em 2025?

Continuamos a prever um crescimento de 15% ao ano. Perspetivamos sucesso criativo, que é algo em que estamos focados, e receber o reconhecimento do mercado, porque às vezes falta o reconhecimento. Não há uma categoria para avaliar o trabalho que temos feito com a Vodafone e a Wells, entre outras. É um trabalho de consistência de marca, e até agora não havia uma categoria para isso. Pela primeira vez já existe, em Cannes.

Quanto aos próximos projetos, queremos continuar a apostar nas áreas que nos distinguem internacionalmente, aumentar a presença nesses projetos, trabalhar com as melhores marcas portuguesas em várias áreas, desde a criatividade ao ‘ecommerce’. Estamos empenhados em fazer isso porque acreditamos que estamos aqui para desenvolver as pessoas que trabalham connosco e gerar alguma rentabilidade ao acionista.

Criatividade portuguesa tem de se virar para o mar

Quais são as oportunidades que antevê no mercado publicitário nacional?

Em termos de oportunidades, é levar o nosso talento ao palco internacional para ser cada vez mais reconhecido. Este ano, em Cannes, fiquei a par de uma coisa, a existência da Associação de Criativos da Holanda. O meu sonho é que um dia houvesse em Cannes uma entidade semelhante que congregasse os anunciantes e os criativos portugueses, a defender o nosso potencial criativo global.

É possível esse sonho concretizar-se?

Acredito que sim. É uma oportunidade extraordinária para todas as agências do mercado. Não só as internacionais, que obviamente podem ter mais alguma facilidade de acesso, mas também as agências independentes. Como diria Agostinho da Silva, temos de nos virar para o mar. Temos tido sucesso e acho que este é o momento da criatividade portuguesa se virar para o mar.

E os desafios?

A questão da escala e da rentabilidade. É difícil ver que os nossos clientes não querem necessariamente fazer menos – até acho que querem fazer mais -, mas têm de dividir os orçamentos por cada vez mais áreas, o que significa que o orçamento de cada agência é mais pequeno, mas estas são cada vez maiores. Se pensarmos no volume dos orçamentos de comunicação de há dez anos, por exemplo, eram muito maiores.

Não é porque os nossos clientes queiram necessariamente, mas porque é a realidade dos negócios atualmente em Portugal. Marcas e grupos de consumidores mais pequenos significam orçamentos mais reduzidos. Porém, isso cria desafios à própria existência e sobrevivência de algumas agências. Esse é o desafio.

 

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Investimento publicitário global vai perder €18,3 mil milhões

Estudo do WARC aponta para uma redução de 0,9 pontos percentuais em 2025 e de 0,7 em 2026, face a 2024. Com a televisão linear e os media impressos em queda, cresce o investimento em motores de busca, redes sociais e ‘retail media’

O investimento publicitário global vai diminuir 20 mil milhões de dólares (€18,3 mil milhões) em 2025 e 2026, para os 1,15 triliões de dólares (€1,07 biliões). A redução equivale a uma queda de 0,9 pontos percentuais em 2025 e de 0,7 em 2026, face a 2024, avança o estudo ‘WARC Global Ad Spend Outlook 2025/26′, do World Advertising Research Center (WARC), com base no primeiro trimestre de 2025.

De acordo com o relatório, a contração é motivada pelo risco de estagflação prolongada e pela possibilidade de uma recessão alargada, que está a crescer nas principais economias mundiais, a que se somam as novas tarifas comerciais, que deverão vigorar em alguns países a partir do segundo semestre de 2025.

“O mercado publicitário global enfrenta uma incerteza crescente, uma vez que as tarifas comerciais, a estagnação económica e uma regulamentação mais rigorosa afetam setores importantes, o que nos leva a cortar as perspectivas de crescimento em 20 mil milhões de dólares nos próximos dois anos. Os fabricantes de automóveis, os retalhistas e as marcas de tecnologia estão a controlar os gastos com publicidade para fazer face ao aumento dos custos de produção e das crescentes pressões na cadeia de abastecimento”, sublinha James McDonald, diretor de dados, conhecimento e previsões do WARC, citado em comunicado de imprensa.

Além de informações económicas compiladas para o estudo, a análise recorre a indicadores da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE), que aponta para tarifas comerciais universais de 10% e para cortes de 0,5 pontos percentuais do produto interno bruto (PIB) nas principais economias globais ao longo de três anos, para além de um aumento médio de 0,4 pontos percentuais nas taxas de inflação.

“Os impactos da fragmentação comercial começarão a fazer-se sentir no mercado publicitário a partir do segundo semestre deste ano, antes de se tornarem mais pronunciados durante o primeiro semestre de 2026”, vaticina o WARC. Segundo estudo, o investimento publicitário em motores de busca cresce 8% e nas redes sociais aumenta 12,1%, face a 2024.

“Apesar da crescente volatilidade, a publicidade digital continua forte, liderada por três empresas – Alphabet, Amazon e Meta – que ameaçam controlar mais de metade do mercado já em 2029. O escrutínio regulatório e a incerteza em torno do futuro do TikTok nos Estados Unidos agravam ainda mais os riscos para o crescimento. No entanto, os anunciantes devem ser ágeis para tomar a iniciativa neste cenário em mudança”, recomenda o relatório.

Estados Unidos e China desaceleram

O WARC estima que as empresas que detêm redes sociais gerem 286,2 mil milhões de dólares (€2656,9) em receitas publicitárias este ano, o equivalente a um quarto (24,8%) do investimento global com publicidade, com a faturação do TikTok a crescer 23,6%, a do Instagram 17% e o Facebook 8,6%.

Em contraciclo com a televisão e os media impressos, com quebras médias a rondar os 5%, o ‘retail media’ cresce 15,5% em 2025, para os 178,7 mil milhões de dólares (€1658,9 mil milhões).

Segundo o relatório, o investimento publicitário dos Estados Unidos regista um aumento de 5,7% face a 2024, inferior aos 13,1% registados o ano passado, em comparação com 2023. O mercado publicitário chinês, que continua a enfrentar dificuldades devido à redução da procura interna, deverá abrandar para 5,3% este ano, crescendo apenas 3,5% em 2026. No Reino Unido, valoriza 7,1%. Na Alemanha, em contrapartida, recua 2,1%.

“O panorama é pouco animador para o Japão, onde os gastos com publicidade deverão cair 2%, para 40 mil milhões de dólares (€37,1 mil milhões) este ano, o que corresponde a uma quebra de 3,9%. O mercado deverá crescer 3,3% este ano, quando medido em moeda local, demonstrando a força atual do dólar face ao iene. A OCDE baixou as previsões de crescimento para a economia japonesa em 0,4 pontos percentuais este ano e no próximo, com probabilidade de estagnação económica em 2026”, salienta o WARC.

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Puma lança anúncio criado por agentes de IA

O anúncio é desenvolvido pela Monks, agência britânica de marketing e tecnologia, que treina centenas de agentes de IA para criar o anúncio do zero. “Estamos a caminhar para um mundo com menos agências e mais agentes”, diz Henry Cowling, diretor de inovação da Monks

A Puma está a investir na criatividade agêntica, ao lançar um anúncio experimental desenvolvido quase exclusivamente por agentes de inteligência artificial (IA). O projeto demonstra como a tecnologia permite aos profissionais de marketing e aos criativos automatizar uma parte cada vez maior do processo criativo.

A marca de calçado e vestuário desportivo colabora com a Monks, agência britânica de marketing e tecnologia pertencente à S4 Capital, que treina uma equipa de agentes de IA para criar o anúncio do zero. Com o objetivo de desenvolver o filme em cinco semanas, a agência conta com a Nvidia para criar e treinar centenas de agentes para produzir o anúncio, que tem a duração de um minuto.

Segundo a Monks, o ‘spot’ é sobretudo uma experiência. O projeto oferece uma visão diferente da forma como a IA pode afetar o processo criativo: em vez de ser um indivíduo a dar instruções a um modelo de linguagem de larga escala, é um grupo de agentes que fica responsável por atribuir essas instruções e as restantes funções criativas, explica Henry Cowling, diretor de inovação da Monks, citado na Ad Age.

A campanha surge num momento em que as marcas estão a confiar à IA uma maior responsabilidade no desenvolvimento dos anúncios. No final de 2024, a Coca-Cola apresenta um anúncio criado inteiramente por IA, que cria polémica. A Vodafone também lança recentemente um anúncio totalmente desenvolvido por IA. O acesso a ferramentas de vídeo, que as agências criativas estão a testar e a experimentar, precipita esta confiança mais profunda na tecnologia. “Estamos a caminhar para um mundo com menos agências e mais agentes”, declara Henry Cowling.

IA não está isenta de falhas

O que distingue o anúncio da Puma e da Monks das outras abordagens é a dependência de agentes de IA. A IA não agêntica tira partido de capacidades generativas, mas normalmente requer um ser humano para a orientar e concretizar um produto final. Já os agentes podem ser programados para automatizar todos os processos de desenvolvimento criativo, desde a conceção da ideia até à execução das várias fases, explica Henry Cowling.

O anúncio apresenta várias cenas de atletas realistas a competir nos respetivos desportos, no entanto, não está isento de falhas. Pelo menos uma das personagens aparece com um número invulgar de dedos, um erro habitualmente cometido por modelos de IA generativa. Por outro lado, os anúncios gerados por IA quase sempre provocam reações negativas, sobretudo por parte dos membros da indústria criativa, que receiam que a tecnologia ponha em risco os postos de trabalho humano.

“O que fizemos aqui será controverso”, admite Henry Cowling. Contudo, para a Monks, a principal razão por trás desta experiência é o desenvolvimento de um conjunto de agentes de IA, treinados especificamente para o marketing da Puma, que poderão ser utilizados no futuro para produzir outros conteúdos para a marca. A Monks está atualmente a construir processos semelhantes para clientes como a Google, a General Motors e a BMW.

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Diogo Morgado promove Sotogrande em campanha internacional criada por produtora algarvia

Filme da campanha ‘The Art of Living’ (na foto), que promove Sotogrande, na Andaluzia, é criado e produzido pela New Light Pictures, com realização de Pedro Matos e João Viegas

O ator e realizador Diogo Morgado é o protagonista de ‘The Art of Living’, campanha que promove Sotogrande, destino de luxo na Andaluzia, em Espanha. Idealizado e produzido pela produtora algarvia New Light Pictures, sediada em Faro, o filme publicitário é realizado por João Viegas e Pedro Matos, dupla que também assina o argumento.

A direção de fotografia e a edição são de Pedro Matos, que também assume a coprodução, em parceria com Carla Pereira. A produção executiva é de João Viegas. Jose Antonio Rey operou o drone que captou as imagens áreas que integram o anúncio. O spot, que também teve colaboração da Ergovisão, tem direção de sonoplastia de André Espada, coloração de Patrício Faísca e design de produção de Carla Pereira e Pedro Matos. Ruben Caeiro é o autor das fotografias da campanha.

“Sotogrande é, há muito, um lugar onde as pessoas vêm não apenas para viver, mas para abraçar um estilo de vida que é refinado e sem esforço. Com ‘The Art of Living’, quisemos captar a essência do que torna a nossa comunidade tão especial, desde o golfe e o polo de classe mundial até aos momentos familiares íntimos que definem a vida quotidiana neste lugar, onde a natureza, o desporto e o luxo coexistem em perfeita harmonia”, explica Rita Jordão, diretora de marketing da Sotogrande, citada em comunicado de imprensa.

Divulgada nas redes sociais, no site e na newsletter da empresa, a campanha é amplificada com a divulgação em publicações como a Condé Nast Property, no Reino Unido. A GMS, a agência de marketing internacional da Sotogrande, também está em negociações com publicações especializadas em imobiliário e ‘lifestyle’ britânicas e francesas, incluindo o Le Figaro, apurou o M&P.

O filme publicitário, com a duração de três minutos e 19 segundos, mostra James (Diogo Morgado), um residente do empreendimento que personifica a sofisticação e a alegria da vida em Sotogrande, a participar em partidas de polo e campeonatos de golfe, a fazer tratamentos de spa e a desfrutar de momentos serenos em família, ao lado da sua mulher Mary e da filha Helen, captando momentos quotidianos no cenário mediterrânico de Sotogrande.

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Negócio de publicidade online da Amazon cresce e desafia Google

Para convencer os anunciantes a utilizarem o seu sistema em vez de concorrentes como a Google ou The Trade Desk, a empresa reduz as taxas de serviço de 5% a 7% para apenas 1%

A Amazon quer expandir o negócio de publicidade online ao disponibilizar a compra de espaços publicitários em toda a internet, para além das suas plataformas e website, noticia o Business Insider.

Para convencer os anunciantes a utilizarem o seu sistema em vez de concorrentes como a Google e o The Trade Desk, a Amazon reduz as taxas de serviço de 5% a 7% para apenas 1%, oferecendo também descontos às empresas que utilizam os serviços Amazon Web Services e Amazon Ads.

Embora a Google seja o maior operador de publicidade online, enfrenta atualmente uma batalha legal que poderá obrigá-la a vender parte do negócio de publicidade. Caso isso aconteça, a Amazon tem a possibilidade de se tornar um ‘player’ maior.

De facto, a Amazon diferencia-se pela quantidade de dados que possui sobre o que as pessoas compram, o que ajuda os anunciantes a chegarem aos clientes certos. Consequentemente, devido ao facto da Google continuar limitada na capacidade de obter dados dos utilizadores recorrendo aos cookies, os dados primários da Amazon tornam-se ainda mais valiosos para a segmentação de anúncios.

No entanto, a Amazon continua a enfrentar desafios. Vários anunciantes referem que a Amazon Ads é mais lenta e difícil de utilizar do que a concorrência, como a The Trade Desk, que permite às empresas lançar campanhas mais rapidamente, segundo o Business Insider.

Alguns anunciantes também se preocupam com o facto de os anúncios nem sempre aparecerem em sites de qualidade com elevado tráfego, mas a Amazon assegura que está a trabalhar para melhorar o serviço com base nos comentários dos anunciantes.

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Conheça as 6 principais tendências no marketing de influência em 2025

Marketing de influência é o que tem mais impacto nas decisões de compra, segundo o relatório ‘2025 Creator Marketing Trends Report’ da plataforma social de retalho e marketing de influência LTK

Os criadores de conteúdo e influenciadores são cada vez mais uma força motriz da confiança, do envolvimento e das decisões de compra dos consumidores. De acordo com o relatório ‘2025 Creator Marketing Trends Report’ da LTK, plataforma social de retalho e marketing de influência, existem seis tendências que definem o setor em 2025.

Redes sociais já não são sociais

De acordo com o relatório, 74% dos consumidores referem que as redes sociais já não são sociais, pois os algoritmos dão prioridade a novos conteúdos em detrimento das publicações provenientes das contas seguidas pelos utilizadores.

Apesar desta mudança, os consumidores ainda desejam pertencer a uma comunidade e muitos começam a fazê-lo sem recorrerem às redes sociais. Segundo a análise, metade da geração Z e dos millennials procuram agora comunidades fora das redes sociais, o que torna essencial que as marcas e os criadores explorem novas formas de promover um envolvimento mais profundo para além do ‘feed’ de publicações.

Confiança é a chave

O marketing de influência é a vertente do marketing com impacto mais elevado nas decisões de compra, revela o relatório. Isto deve-se ao fator da confiança. De facto, 84% dos utilizadores do LTK confiam mais nas recomendações dos criadores de conteúdo e influenciadores do que nos conteúdos das marcas, celebridades e motores de busca.

Para a geração Z e dos millennials, os criadores de conteúdo e influenciadores são ainda a fonte mais confiável para decisões de compra, segundo indica a LTK, o que consolida o papel que têm no envolvimento genuíno com as marcas.

Vídeo mantém-se dominante

O vídeo já não é opcional – é o formato de conteúdo dominante para o marketing de influência, segundo a LTK. Em 2025, o ‘storytelling’ e os conteúdos em vídeo dirigidos às comunidades vão ser essenciais para as marcas que pretendem reforçar a notoriedade, de acordo com a análise.

Os consumidores têm uma preferência esmagadora por conteúdos em vídeo em relação a imagens estáticas. 76% da geração Z, 72% dos millenials e 66% da população em geral preferem ver vídeos. 93% dos utilizadores da LTK interagem com conteúdos em vídeo, sobretudo em categorias como bricolagem, moda, alimentação e beleza.

Conteúdos de criadores têm mais destaque

Os consumidores preferem cada vez mais o conteúdo gerado por criadores de conteúdo e influenciadores aos elementos visuais tradicionais das marcas. Ao incorporarem conteúdos produzidos por influenciadores, as marcas podem criar confiança e gerar conversões de forma mais eficaz.

Segundo o relatório, 84% dos consumidores confiam mais nas marcas quando veem criadores de conteúdo a usar os seus produtos. O mesmo acontece com os comportamentos de pesquisa, sendo que os consumidores recorrem aos influenciadores antes dos sites das marcas ou das plataformas de retalho quando procuram informações sobre produtos.

Impacto fora das redes sociais

A análise revela que os consumidores querem interagir com os criadores de conteúdo para além das redes sociais. As principais formas de interação são: experiências em loja, podcasts, motores de busca, ‘websites’ de retalho e ‘branding’ de produtos. Isto significa que as marcas podem apostar em marketing de influência através de outros canais que não sejam as redes sociais.

Confiança aumenta as vendas

Quando os consumidores veem repetidamente o conteúdo de um influenciador, a probabilidade de efetuarem uma compra aumenta.
De acordo com o relatório, 91% dos utilizadores da LTK têm maior probabilidade de experimentar uma nova marca depois de a verem numa publicação de um criador de conteúdo, o que prova o impacto da confiança nas decisões de consumo.

Para as marcas, este facto realça a importância de estabelecer parcerias de longo prazo com criadores de conteúdo e de lhes proporcionar uma exposição sustentada para maximizar o impacto nas vendas.

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