Imprevisibilidade do tempo obriga marcas de vestuário a rever estratégias
Estudo internacional ‘Industry Snapshot: Clothing and Fashion Retail’ mostra como a subida global das temperaturas está a afetar as vendas das marcas, obrigando-as a diminuir a produção e a implementar estratégias comerciais mais agressivas
Luis Batista Gonçalves
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A imprevisibilidade do tempo, com as estações do ano a tornarem-se mais homogéneas, está a obrigar as marcas de moda e vestuário a reverem as estratégias comerciais e de publicidade.
Segundo o estudo internacional ‘Industry Snapshot: Clothing and Fashion Retail’, desenvolvido pelo World Advertising Research Center (WARC), a subida global das temperaturas está a afetar as vendas da indústria do vestuário, levando-as a diminuir a produção e a implementar estratégias comerciais mais agressivas, para conquistarem os consumidores num contexto tendencialmente mais concorrencial.
Os invernos mais curtos e quentes e os verões mais prolongados estão a mudar o paradigma de consumo, obrigando muitas marcas a diminuir a produção. De acordo com um estudo do Global Labour Institute (GLI) da Universidade Cornell e da gestora de ativos Schroders, citado na análise do WARC, em países como o Bangladexe, o Vietname, o Camboja e o Paquistão, as encomendas podem cair 22% até 2030.
“Também se tornou mais difícil para os retalhistas anteciparem a procura por parte do consumidor, o que gera desafios acrescidos na gestão de ‘stocks’, com retalhistas de moda, como a Asos e a Primark, a relatarem quebras nas vendas, devido às condições meteorológicas inesperadas”, avança o estudo.
Além de sugerir às marcas que desenvolvam coleções que consigam atrair os consumidores durante mais tempo, o WARC apela a um reajustamento da oferta. “Diversificar o leque de produtos que disponibilizam para incluir roupas leves pode ser essencial para impulsionar as vendas durante os invernos mais quentes”, recomenda.
Na opinião do WARC, as estratégias de promoção dos retalhistas de moda devem acompanhar a mudança. “Ao implementarem um marketing responsivo ao clima, as marcas podem ajustar rapidamente as campanhas quando as mudanças no clima levam a uma mudança nos comportamentos de compra”, defende o estudo.
Segundo uma análise do Zion Market Research, a indústria de moda global valia €88,6 mil milhões no fim de 2023, devendo atingir os €153,2 mil milhões em 2032, com a taxa de crescimento médio anual a rondar os 7% entre 2024 e 2032.