Marcas enfrentam ‘clima de ressentimento’
Consumidores querem que as marcas tomem medidas mais eficazes em questões como a acessibilidade dos preços, as alterações climáticas e a desinformação, indica Barómetro da Edelman. Quatro em dez pessoas apoiam o ativismo hostil como meio de incitar a mudança
Daniel Monteiro Rahman
Supremo Tribunal mantém proibição do TikTok nos Estados Unidos
Meta acaba com verificação de factos, em nome da liberdade de expressão
Meta e Amazon abandonam iniciativas de diversidade. Apple combate tendência
Marcas querem anunciar no Bluesky, mas ainda é cedo
Diretor de publicidade deixa TikTok, face à proibição iminente nos EUA
Supremo Tribunal quer manter a proibição do TikTok nos Estados Unidos
MrBeast junta-se à corrida para comprar o TikTok
Estados Unidos querem proibir anúncios a fármacos na televisão
Marketers e anunciantes preparam-se para proibição do TikTok
Inacessível nos EUA desde sábado à noite, TikTok regressa na tarde de domingo
Apesar de as marcas representarem as instituições com o mais alto nível de confiança, ao contrário dos meios de comunicação social que têm o mais baixo, ambos operam num “clima de ressentimento”, em que quatro em cada dez pessoas consideram que devem apoiar o ativismo hostil como meio de incitar a mudança, de acordo com o 2025 Trust Barometer da Edelman.
O barómetro da Edelman revela que 61% dos inquiridos se sentem injustiçados em níveis de intensidade variável (baixa, média e alta), por empresas, Governo e ricos. Tendo por base entrevistas online de 30 minutos com 33 mil pessoas em 28 países, a análise indica que 40% dos inquiridos veem o ativismo hostil, incluindo atacar pessoas online (27%), espalhar deliberadamente desinformação (25%), ameaçar ou cometer violência (23%) ou danificar bens (23%), como resposta válida à resolução do problema.
Paralelamente, a análise indica que dois terços dos inquiridos não conseguem distinguir factos de desinformação.
Segundo a Edelman, este sentimento de injustiça tem incutido a crença de que “ajudar pessoas que não partilham a minha visão política sai-me caro”. Quanto maior for o descontentamento, menor será a confiança das pessoas nas empresas. Ao mesmo tempo, os consumidores querem que as marcas tomem medidas mais eficazes em questões como a acessibilidade dos preços, as alterações climáticas e a desinformação.
“O papel das empresas numa época de descontentamento não pode ser a solução padrão para os problemas da sociedade. Se pudermos fazer a diferença e se as nossas ações forem rentáveis, as marcas são bem-vindas na resolução dos problemas. No entanto, se o assunto diz respeito a algo que deveria ser da alçada do Governo, não o façam”, enfatiza Richard Edelman, CEO da Edelman, em declarações ao The Drum.
Para resolver o problema, a Edelman sugere a adoção de medidas de colaboração para identificar e resolver as causas estruturais do ressentimento, de modo a promover a confiança, o crescimento e a prosperidade. É necessário investir nas comunidades locais, disponibilizar informação de qualidade e dotar os profissionais de competências adequadas.
As empresas, por seu lado, devem apresentar resultados que beneficiem todos de forma justa. É necessário dar prioridade à reconstrução da confiança entre organizações e comunidades locais, a fim de dissipar as críticas e aumentar os níveis de otimismo.
No entanto, é pouco provável que essas ações bem-intencionadas se enraízem no ambiente que a nova administração norte-americana está a criar. Uma ordem executiva presidencial para “cessar imediatamente toda a censura governamental” compromete os esforços oficiais para combater a desinformação nas redes sociais, dos quais as próprias plataformas já desistiram em grande parte, salienta a Edelman.
É provável, pelo menos nos Estados Unidos, que a desinformação e a desconfiança aumentem, em vez de diminuírem, e que as marcas enfrentem mais preocupações de segurança. Dado que o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, tem manifestado a intenção de colaborar com a administração de Donald Trump para fazer face aos Governos de todo o mundo que tentam conter o discurso de ódio, esta situação assume contornos globais, conclui a Edelman.