‘Gostaríamos de desafiar a Igreja para a constituição de um bom grupo de comunicação’
No terceiro mandato à frente do agora grupo R/com, João Aguiar de Campos não hesita em colocar alto a fasquia.
Ana Marcela
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No terceiro mandato à frente do agora grupo R/com, João Aguiar de Campos não hesita em colocar alto a fasquia. Este ano o grupo, admite em entrevista ao M&P, vai “desafiar” a Igreja portuguesa “para a constituição de um bom grupo de comunicação da Igreja Católica em Portugal”. A reestruturação do grupo, que reduziu recentemente os seus quadros, os novos projectos na área digital e a mudança para as novas instalações, atrasadas “dois anos”, foram outros dos temas abordados na primeira entrevista que concedeu depois de ser reconduzido na liderança dos destinos do maior grupo privado radiofónico nacional.
Meios & Publicidade (M&P): Anunciaram uma nova designação para o grupo e na mesma altura foi conhecido um processo de reestruturação que passou pela redução de 41 quadros da empresa, ficando a estrutura com cerca de 280 pessoas. É a ideal?
João Aguiar de Campos (JAC): Não há estruturas ideais, mas ao lançarmos este processo de reestruturação tínhamos dois objectivos em mente. Por um lado, ajustarmo-nos minimamente às condições do mercado, porque a crise afecta todo o país, aliás é internacional, e também afecta os grupos de comunicação e a Renascença não está livre por obra e graça do Espírito Santo. Além disso, é uma reestruturação que decorre da necessidade de inovar e de diversificar. Temos de ter os quadros necessários e fundamentais para aquilo que estamos a fazer, para os actos de inovação que queremos levar por diante e adequados às próprias condições económicas, de maneira a que o grupo possa viver e sonhar, não numa perspectiva de lucro, mas de uma manutenção tranquila.
M&P: A crise do ano passado precipitou ou consolidou a ideia de reduzir a estrutura?
JAC: Consolidou. Quando entrei há cinco ou seis anos, uma das ideias que tinha, e que realmente circulava, é que estávamos sobredimensionados. Também havia a perspectiva de que a rádio hoje tem de estar em multiplataforma, tem de se modernizar. Essa ideia acompanhava-me, mas tinha de estar no terreno para perceber se era razoável. Fui constatando que era razoável, e colocámos logo no primeiro mandato este objectivo de estudar e pôr no terreno uma eventual reestruturação do grupo que, à medida que fomos alicerçando a ideia, foi ajudada por esta circunstância.
M&P: Quanto custou este processo?
JAC: O justificável para a medida que importava tomar.
M&P: António Sala foi um dos que saiu, era director-geral da Génius & Meios. Foi substituído?
JAC: A figura de director-geral foi extinta. Há um director da empresa que, aliás, já estava na função de director-executivo, o Luís Salgueiro, um homem muito adequado ao terreno e às próprias iniciativas que a Génius & Meios tem desenvolvido e vai desenvolver. O Sala é uma das pessoas a quem este grupo deve, é um comunicador ímpar no meio português, durante anos manteve a liderança do canal, a Renascença durante anos acordou milhões de portugueses. Fez a sua opção, felizmente poderemos continuar a contar com uma colaboração voluntária do António Sala gerindo os afectos não só dos trabalhadores, mas de todos os amigos da Renascença, através do Clube Renascença.
M&P: Além da saída do António Sala a reestruturação vai ter mais algum impacto na Génius & Meios?
JAC: A reestruturação da Génius & Meios está a acontecer e vai acontecer, como noutros sectores da casa, com respostas internas ao nível da comunicação e de todos os apoios que a formação e os espectáculos da Génius & Meios comportam.
M&P: Ricardo Clemente entrou na administração da Intervoz, o braço comercial do grupo, vindo da Ogilvy. Esta contratação integra-se na estratégia de reestruturação?
JAC: Integra-se nessa estratégia de inovação porque na Intervoz precisamos de encontrar outras oportunidades comerciais provocadas pelos novos meios, onde detectámos que precisávamos de um novo sangue e visão.
M&P: Olhando para os dados Mediamonitor, que têm a fragilidade de serem referentes a preços de tabela, em 2009 o investimento em rádio subiu 9,77 por cento, para os 196,2 milhões de euros. No período tanto a MCR como a TSF subiram três posições no ranking, mantendo-se o grupo no 11º lugar, embora reforce o seu investimento de 62,5 para 64,3 milhões. Dado que os outros grupos subiram e a holding manteve-se, significa que está a perder a sua atractividade junto dos anunciantes face aos seus concorrentes?
JAC: Continuamos no mercado rádio, e não temos 51 por cento das audiências, nos 51 por cento do bolo de agências no mercado publicitário. Encontramos-nos perante grupos que têm outros meios, ao passo que nós temos só rádio, embora tenhamos uma presença não apenas na distribuição tradicional, mas também online com os nossos sites. Onde temos de prestar uma atenção mais profunda é à exploração comercial de novos suportes, porque quando falamos de diversificação falamos não só da necessidade de um grupo atingir através de outros veículos públicos, que não se esgotam na rádio, mas também de oferecer aos próprios anunciantes outros suportes para as suas mensagens. Na internet, como nas rádios online, temos necessariamente um caminho a fazer, mas não estamos desconfortáveis, apesar de sentirmos que a crise não é uma teoria proibida de passar pelo largo do Chiado, pela rua Ivens ou pela do Capelo.
M&P: Foram efectuadas no ano passado alterações às regras de publicidade sobre produtos financeiros. O próprio grupo queixou-se que teriam tido impacto…
JAC: Naturalmente os grupos têm de fazer sentir as dificuldades que decorrem da implementação de algumas regras, mas essas são as tais coisas que têm de ser permanentemente dialogadas através da Confederação de Meios, das associações de rádios, de todos os meios que os grupos têm ao seu alcance, sensibilizando o ministro da tutela para esta e outras situações. Os grupos de meios em Portugal têm hoje em torno deles um garrote, um edifício jurídico/legislativo de alguma forma anárquico que era preciso repensar. Têm sido feitas e revistas leis de forma avulsa: apareceu a Lei da Televisão, a Lei da Rádio vem não vem, anda aí o ante-projecto, a chamada Lei da Defesa do Pluralismo Contra a Concentração, o problema das quotas de música renovadas em 2009 que interferem claramente na liberdade de programação das rádios, houve o problemas das taxas do ICP – Anacom, decisão que está pendente, mas que significava um largo aumento… Além da crise do mercado há outras situações legislativas que afectam os meios. Vivemos de uma forma muito viva os problemas que causava à Renascença a própria lei da Concentração.
M&P: Que foi chumbada. Uma boa novidade, portanto.
JAC: Foi uma boa novidade. Na minha opinião não havia outra hipótese que não ser chumbada, apesar de na especialidade ter sofrido algumas alterações que a tornaram menos agressiva, porque de outra forma seria aquilo que na devida oportunidade dissemos ser o maior ataque ao grupo Renascença desde o Verão Quente de 75.
M&P: Houve deputados que concordaram. No PSD afirmaram que era uma lei dirigida ao grupo.
JAC: Continuo convencido disso. Parecia uma lei feita à medida, só atingia directa e imediatamente este grupo.
M&P: A Lei da Rádio ficou de fora da ‘fúria legislativa’ do anterior governo. Vai ser este o ano da Lei da Rádio?
JAC: Não sei se as condições políticas vão permitir que se avance para alguns diplomas ou se haverá outras prioridades. Há tanto fogo hoje a apagar que não sei se o governo vai ou não ocupar-se dessa matéria. Penso que poderá ter essa noção, não digo tentação, essa vontade [quarta-feira o ministro com a tutela da comunicação social anunciou que vai apresentar a proposta de lei na próxima semana]. Se houver uma discussão e um debate sereno em torno do que é fundamental mudar irá acontecer no momento próprio e já temos dado alguns contributos. Tanto no seio da ARIC, como na Confederação de Meios, como no diálogo como a APR temos ‘dado para esse peditório’.
M&P: Aquando da reestruturação anunciaram para Abril e Maio o lançamento de uma web TV de entretenimento e outra de informação. São marcas autónomas ou sob a chancela das estações do grupo?
JAC: Abril será um mês importante para a primeira fase destes dois projectos. Primeiro uma web TV RFM, com duas áreas, uma de informação e outra de programação, que terá programas específicos mas que viverá das múltiplas acções de antena que através da imagem adquirem uma nova dimensão e potencialidade, e que admite, também na área da programação, directos a partir do auditório. Será a primeira a avançar, depois avança a Web TV Renascença, vivendo exclusivamente de conteúdos informativos e que terá a sua primeira fase entre os meses de Abril a Outubro, uma segunda fase de desenvolvimento de conteúdos, em Outubro/Dezembro, e a sua última fase em Janeiro de 2011. Dentro de pouco tempo será lançado um novo layout do Página 1. Continua a ser um jornal em PDF mas terá a capacidade de estar acessível noutras aplicações de modo a que se torne mais amigável. Em Abril estará feito o novo site da RFM também para comportar estas possibilidades.
M&P: Não referiu uma web rádio de informação cujo lançamento chegou a ser apontado para o primeiro semestre. O projecto foi abandonado?
JAC: Neste momento não está na lista de prioridade. Num momento de crise querermos com um extintor apagar todos os fogos não é viável.
M&P: Porquê só agora estes projectos? As web TV foram anunciadas como aposta do grupo em Outubro de 2007.
JAC: A crise não chegou aqui num dia qualquer, ‘anunciou sou a crise’ e entrou. Ia-se tendo sinais de alguma instabilidade do mercado. Depois, havia projectos que tínhamos alguma dificuldade em desenvolver dentro das actuais instalações. Há efectivamente projectos sonhados como fazendo de parte do outro edifício que foram sendo adiados pelo facto das futuras instalações viverem um atraso para ai de dois anos.
M&P: Em que ponto está esse processo, então?
JAC: Nos próprios Olivais tem havido alguma demora, no diálogo e nas burocracias que sempre comporta entre o dono da obra, que vai ser o Patriarcado de Lisboa, e as entidades municipais. Tenho previsto um encontro com o colega que administra o Patriarcado para vermos o ponto de situação e refazermos os calendários.
M&P: A mudança implicaria uma série de poupanças…
JAC: O modelo para estas instalações é conveniente para o grupo porque o dono da obra será o Patriarcado de Lisboa e nós teremos um aluguer e opção de compra. Não é obrigatório da nossa parte, tal como seria se tivéssemos que comprar noutro sítio, arranjar o dinheiro para comprar.
M&P: Lançaram em 2008 a SIM dirigida a um target acima dos 55 anos ‘orfão’ do reposicionamento da RR. No último trimestre de 2009, a estação tinha 1 por cento de AAV. São números que o satisfazem?
JAC: Temos obrigação de nunca estar satisfeitos, agora são números que efectivamente acompanham as dificuldades de um projecto como a SIM se alicerçar. A SIM apoia-se na rede de onda média da Renascença, com tudo o que isso significa de dificuldades, nalgumas frequências dos estúdios regionais que tinham FM e em parcerias com rádios locais. Hoje na região de Lisboa temos uma cobertura aceitável, em onda média e FM, na região Centro (Rio Maior e Coimbra) uma cobertura decorrente de uma parceria com uma rádio local, mas temos uma lacuna de cobertura na área metropolitana do Porto, e nas cidades Porto e Gaia temos onda média. E a SIM tem também as suas emissões online. A onda média em Portugal sofreu um processo de degradação da qual os próprios grupos também são culpados porque tendo o mesmo produto em FM e onda média só iria à onda média quem não tinha a FM. É preciso fazer renascer a onda média pondo lá um produto diferente, onde a música já não seja o elemento essencial, e seria importante que se debatesse isso dentro deste quadro da digitalização, que se percebesse afinal qual vai ser o futuro da onda média. Vamos ter uma onda média com a qualidade que tem o FM, mas vai ser o DRM (Digital Radio Mondiale)? Vai ser outro modelo? Há alguns investimentos em onda média que têm estado parados e que podem levar ainda à degradação do suporte. Ninguém vai investir num emissor de onda média que não tenha estas potencialidades digitais, nenhum grupo vai avançar sozinho para isso porque além do emissor é preciso receptores e que estes sejam colocados no mercado a um preço acessível. São as tais coisas que deveriam ser olhadas não só numa lógica de um grupo, mas também na relação com o governo. Toda a gente sabe quando vai ser o switch-off das televisões, o futuro da rádio digital neste país está por debater.
M&P: Referiu que a estação tem um ‘buraco’ em termos de cobertura na zona do grande Porto. Pensam fazer alguma parceria para completar a cobertura?
JAC: Se encontramos disponibilidade local para isso.
M&P: Uma rádio dirigida a um target com 55 anos ou mais tem sido difícil do ponto de vista comercial?
JAC: Tem sido difícil. Já se começa a olhar para o mercado sénior, vê-se esse mercado na saúde, no turismo, no lazer e vai ter de ser levado cada vez mais a sério. Hoje com 55 ou mais de 64 anos não se está no declínio da vida, está-se muito activo e essas pessoas são consumidoras. Portanto, há mercado, o que na minha perspectiva tem de mudar mais depressa é a cabeça das pessoas, tem de se estar mais atento a este público que é activo.
M&P: A perspectiva do grupo era que em dois, três anos o projecto seria rentável. Ainda mantêm esse objectivo?
JAC: Ainda mantemos essa perspectiva da rentabilidade dos nossos projectos.
M&P: Nestes timings?
JAC: Quando se olha para as perspectivas de 2010, ano em que o PEC é debatido com os parceiros sociais, como vai ser para as pessoas, para as empresas, para o país, não sei. Há um conjunto de neblinas que podem retrair, adiar muitas coisas. 2010 é também um ano com outros desafios potencialmente interessantes, há o Rock in Rio, o Mundial, acontecimentos motivadores de investimento. Não me atrevo a dizer que esse timing apontado vá ser cumprido, mas não podemos desistir.
M&P: Em Novembro a Mega FM reposicionou-se, passou a Mega Hits e expandiu para Braga. No último trimestre do ano passado tinha 1,8 de AAV, quebrando face ao período homólogo do ano anterior. Dada a já alguma maturidade do projecto, são números que o satisfazem? Até onde pode ir a Mega?
JAC: Quando olhamos para a Mega temos de ver que no fundo estamos a falar de uma rádio local que se foi expandindo de Lisboa, entrou em Aveiro, está em Coimbra e no Porto com uma frequência urbana. É uma rádio que tem tido ao longo do tempo estas limitações de hoje dar um passo e amanhã outro. Chegou agora a Braga e tenho esperança que isso signifique encher com mais ar os pulmões da Mega. Quando se olha para o público-alvo da Mega vê-se que há bastante competição dentro desse target e também que às vezes este tem reacções inesperadas, há uma grande instabilidade, nunca se sabe se saíram da rádio ou foram passar a noite fora. Vou parar de ser impertinente quando chegar aos 3 por cento [de AAV]. São passos absolutamente realistas, embora também gostasse de ver, o que ainda não dá nas últimas audiências, os resultados do reposicionamento e da expansão em Braga, que nos vai permitir olhar para isto com outros olhos. Até pela equipa acho que vale a pena teimar.
M&P: Quando é que esse objectivo dos 3 por cento de AAV poderá ser alcançado? Coloca já a fasquia em 2010.
JAC: Não coloco já em 2010, mas vamos continuar a fazer um grande esforço. Este é um público difícil.
M&P: Pensa dar novos passos na expansão da rádio para regiões onde não esteja a ser tão assertiva?
JAC: Neste momento as boas frequências estão ocupadas e não são tantas quanto isso. E para jovens ter cobertura em Coimbra, Porto (se pudéssemos melhorar era óptimo), Aveiro, Lisboa e Braga… Talvez ainda haja a Universidade da Beira Interior ou a de Trás-os-Montes e Alto Douro, mas não são zonas onde neste momento haja nem frequências, nem porventura investimentos perfeitamente justificáveis. O dinheiro não é elástico e temos de ver as mudanças de hábito destas pessoas. Vão continuar a ouvir rádio nos meios tradicionais? Vão estar mais no online? Onde vão estar? Estamos a olhar para as opções que a Mega pode tomar neste campo.
“A Renascença não pode, para os media da Igreja em Portugal, ser vista como um tubarão”
M&P: No mandato anterior a tónica foi colocada na diversificação de áreas de negócio. Quais são as linhas estratégicas deste novo mandato?
JAC: Em 2009 dissemos que avançaríamos com a reestruturação, avançou em final de 2009 e continua este ano. A reestruturação não quer dizer única e simplesmente ficar com menos pessoas, significa mudar mentalidades, reorganizarmo-nos internamente. Queremos aprofundar a identidade do grupo e a liderança das rádios e gostaríamos de desafiar a Igreja em Portugal para a constituição de um bom grupo de comunicação da Igreja Católica. Está nos nossos propósitos em 2010 perguntar se com a presença e com os meios de que a Igreja dispõe não é possível fazer, de uma forma mais coordenada, um melhor serviço à própria comunidade. Não vejo a comunicação social da Igreja numa lógica de poder, vejo numa lógica de serviço, de ponte, de diálogo. Temos o grupo Renascença, uma agência de comunicação da Igreja, a Ecclesia, uma produtora de conteúdos, a Logomedia, há uma presença nas rádios locais e na imprensa regional, tudo isto precisava era de alguma coordenação, de uma alma nova, como costumo dizer, não ir cada um à caça com o seu galgo. A Igreja, se quiser a Confederação Episcopal, como alguém que tem a obrigação de olhar para isto tudo, prestava um bom serviço, não só à evangelização mas à sociedade, com um grupo de comunicação social, coerente e marcado pelo optimismo. Antes de sermos emissora católica temos de ser emissor, e depois profissionais com um olhar evangélico sobre as situações. O mundo precisa de profissionais que sejam verdadeiramente optimistas. A Igreja tem esta obrigação de olhar para o coração do homem e dos acontecimentos e dizer que a História não está num beco sem saída e se não dermos nós esse olhar sobre a situações seremos como os fetos com as mãos atadas na cabeça e não nasceremos nem cresceremos de braços abertos.
O agilizar o grupo nas estruturas e meios é outro objectivo dos quatro para 2010, sendo que o último seria iniciar impreterivelmente a edificação da nova sede.
M&P: O R/com seria o eixo central desse grupo da Igreja?
JAC: Não podemos esquecer nem a capacidade, nem a representatividade do próprio grupo Renascença nos meios de comunicação social em Portugal, se lidera as rádios em Portugal tem essa enorme responsabilidade. Se será a Renascença a liderar? Não é obrigatório que sejamos nós.
M&P: A nova identidade, R/com, já dava espaço para isso…
JAC: Não é inocente a nova identidade. A nova identidade diz precisamente que sendo nós rádio, somos mais do que rádio. A Renascença nasceu precisamente já a ser mais do que rádio. Com o Monsenhor Lopes da Cruz estava no projecto ser mais do que rádio. Quem vai liderar? Estou pouco preocupado com isso, estou mais preocupado que a ideia seja assumida, seja sentida, nos sentemos e digamos: Esta ideia faz sentido? Então como a vamos concretizar?
M&P: Sente que essa ideia tem receptividade junto dos seus parceiros?
JAC: No diálogo que tive com o senhor Cardeal e com o presidente da Conferência Episcopal, como se sabe 60 por cento do grupo pertence ao Patriarcado de Lisboa e os restantes 40 são da Conferência Episcopal, ambos me disseram que isto faz muito sentido. Se não houver outra reacção antes de terminar o mandato, partirei para o terreno porta-a-porta para ver se encontro ou não sentido nisto, dentro da Igreja preferencialmente, sem fechar a porta eventualmente a parcerias externas, desde que não entrem em conflito as identidades editoriais.
M&P: Grupos privados, imagino. Com a Impresa têm boas relações.
JAC: Temos boas relações com o grupo Impresa, através de uma abertura, que é mútua, com o próprio Dr. Pinto Balsemão que é sempre um cavalheiro no trato e na reflexão sobre as coisas. São relações que podem ser aprofundadas mas que não escravizam nem a uns, nem a outros.
M&P: Mas acha que seria fácil encontrar parceiros privados para esse projecto de grupo de comunicação social da Igreja? Surge inevitavelmente a questão de quem manda.
JAC: Por isso é que temos de ser prudentes nem alienamos, nem esperamos que os outros o façam. A partilha de algumas situações pode acontecer. Mas preferencialmente procuramos parceiros eclesiais e complementares, o que significa alguém que faça o que não estamos a fazer e que é preciso que se faça na Igreja em Portugal. Ou começamos a fazer ou nos associamos, com regras muito claras logo à partida, a quem o faça. Não estamos no campo das manias, sequer é uma mania minha, é uma obrigação da Igreja em Portugal no serviço à comunidade onde está presente. São horas de fazer isso. Na Igreja em Portugal temos de pensar de uma forma mais coordenada, muito mais luminosa de olhos uns para os outros, por isso nem quero dominar, nem ser dominado por ninguém. A Renascença não pode, para os media da Igreja em Portugal, ser vista como um tubarão.