José Luís Ramos Pinheiro, administrador do grupo R/Com
“Não temos nenhum receio de que avaliem o consumo de rádio versus o de televisão”
Com a Renascença a comemorar 75 anos e a RFM a iniciar as celebrações dos 25, José Luís Ramos Pinheiro, gerente do grupo R/Com, passa em revista as prioridades do grupo e a situação do mercado
Carla Borges Ferreira
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M&P: Para algumas rádios, o online tem sido visto mais como uma oportunidade do que como uma ameaça. Partilha desta ideia?
JLRM: O online permite chegar cada vez mais longe e a mais pessoas, as nossas emissões online são qualquer coisa de espantoso. Só nas emissões da RFM ouvidas temos por mês, segundo os nossos providers, cerca de 200 milhões de minutos. É como se o total de ouvintes passasse 138 dias por mês a ouvir RFM. A possibilidade de tocarmos muitas pessoas, quer no período de trabalho quer noutras alturas, é espantosa.
M&P: O Bareme traduz esses números?
JLRP: Não, o Bareme não traduz esses números. O Bareme, para ser verdadeiramente realista, devia permitir uma coisa pela qual nos temos vindo a bater sucessivamente que até agora não tem sido possível: um sistema de audimetria que compare claramente as audiências de rádio e de televisão. O nosso mercado está sobrevalorizado do ponto de vista das televisões e desvalorizado do ponto de vista das rádios.
M&P: Em rádio mede-se muito notoriedade.
JLRP: Em rádio mede-se notoriedade. Mas nós, como grupo líder, não temos nenhum receio de que avaliassem o consumo de rádio versus o consumo de televisão.
M&P: Chegaram a estudar o PPM. Porque é que não avançou?
JLRP: As televisões recuaram e portanto não foi possível. De certeza que as rádios estariam dispostas a empenhar-se para que esse investimento fosse feito, porque provaria que a rádio é mais ouvida do que as pessoas pensam. Não só porque o Bareme Rádio não mede tudo, e não mede a explosão no online que as nossas rádios têm tido, mas também porque o sistema de audimetria de televisão mede com carácter excessivo as audiências. Um sistema que remunera as pessoas que têm o aparelho ligado, em que as pessoas estão como que obrigadas a terem as televisões ligadas durante um número mínimo de minutos… Isso significa que aquelas pessoas são induzidas a fazer aquele consumo de televisão e essas é que têm aquele comportamento.
M&P: Em última análise uma pessoa pode ter a televisão ligada e não estar a ver, é isso?
JLRP: Em última análise o comportamento normal de alguém que não é “obrigado” a ver televisão não é esse. A pessoa pode ter a televisão ligada para garantir uma determinada quota mas até pode ter o som desligado. As rádios são altamente prejudicadas.
M&P: E porque é que não fazem nada, pelo menos que seja público, para alterar o sistema? Perderam agora uma oportunidade, com a alteração do sistema de audimetria.
JLRP: Na assembleia-geral da CAEM não votamos a favor deste sistema e dissemos que só votaríamos a favor de um sistema que permitisse comparar a rádio com a televisão e que desse aos anunciantes uma visão real do mercado. Acontece que dos principais grupos de rádio somos o único que não tem um interesse directo em televisão. Admito que isso possa condicionar as tomadas de posição, mas do ponto de vista de transparência teríamos uma luta muito mais equilibrada.
M&P: Não têm televisão nem imprensa…
JLRP: Não lhe escondo que um canal no cabo, por exemplo com conteúdos informativos, tem sido estudado várias vezes. E não acho impossível que possa vir a acontecer. Mas depende das parcerias e também de uma altura de mercado que proporcione uma situação estável. Quando acharmos que a perna está preparada para esse passo, com certeza que o daremos.
A entrevista completa foi publicada no dia 25 de Novembro, na edição em papel do M&P