O jornalista da Sábado fotografado no estúdio da Cofina Media, em Lisboa.
“Estamos a fazer algo que, pelo que tenho conhecimento, nunca foi feito”
Nuno Tiago Pinto é, desde setembro, diretor da revista Sábado, sucedendo a Sandra Felgueiras. Em entrevista ao M&P, aborda a mudança e aponta o que esperar desta nova etapa da newsmagazine da Cofina
Pedro Durães
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Nuno Tiago Pinto é, desde setembro, diretor da revista Sábado, sucedendo a Sandra Felgueiras. Em entrevista ao M&P, aborda a mudança e aponta o que esperar desta nova etapa da newsmagazine da Cofina.
“Estamos a fazer algo que, pelo que tenho conhecimento, nunca foi feito”, comenta o novo diretor da Sábado, sobre a crescente integração entre os projetos da newsmagazine da Cofina e do Correio da Manhã com o projeto televisivo da CMTV, um dos vértices centrais na estratégia desenhada para “fazer crescer a Sábado nas suas várias plataformas”. “A Sábado é obviamente beneficiada em termos de exposição de marca ao ter uma presença constante na CMTV, que é o canal mais visto do cabo e que, em certas ocasiões, acaba mesmo por superar a audiência das televisões generalistas. Não aproveitar essa força seria pouco inteligente da nossa parte”, afirma.
Meios & Publicidade (M&P): Assume a liderança da Sábado depois de ter dirigido interinamente a revista no final de 2021 e na sequência da saída de Sandra Felgueiras, que esteve menos de um ano no cargo. Mudou muita coisa nestes últimos oito meses ou é basicamente a mesma Sábado que dirigiu no final do último ano?
Nuno Tiago Pinto (NTP): A Sábado tem uma estrutura estável e uma equipa dedicada, que se adapta constantemente às necessidades e àquilo que lhe é pedido. Ao longo dos últimos oito meses continuámos um processo de expansão da revista, que já tinha sido iniciado na direção do Eduardo Dâmaso, com a entrada na CMTV. Foram dados alguns passos nesse sentido, nomeadamente com a criação do Investigação Sábado, que é uma aposta para manter. De resto, a Sábado continua aquilo que sempre foi: uma newsmagazine de informação geral, aberta a todos os temas, dirigida a todos os públicos, que procura encontrar ângulos originais e surpreendentes para o leitor.
M&P: A estrutura de direção nomeada no arranque deste ano, que o Nuno integrava também enquanto diretor executivo, tinha “como missão prioritária o crescimento do projeto multiplataforma da Sábado, aprofundando o sucesso da maior newsmagazine do mercado português, reformulando todo o conceito multimédia da revista, e levando-a a crescer como marca televisiva no âmbito da CMTV”. É este o mandato que herda ou as mudanças na direção levaram a uma reorientação da estratégia e dos objetivos?
NTP: O objetivo que me foi colocado e ao diretor-adjunto, António José Vilela, é simples: tentar fazer crescer a Sábado nas suas várias plataformas. Na versão impressa queremos sedimentar ainda mais a liderança destacada que já temos nas vendas em banca. No digital queremos continuar a crescer o número de assinantes. Na televisão procurar estabilizar de forma permanente a presença na CMTV.
M&P: Essa integração entre os projetos editoriais da Sábado e do Correio da Manhã com o projeto televisivo da CMTV tem sido uma aposta vincada pela Cofina. Até onde é possível levar as sinergias entre os três meios?
NTP: Essa é a beleza e o aliciante deste processo. Estamos a fazer algo que, pelo que tenho conhecimento, nunca foi feito. Por isso os limites e as possibilidades são aquelas que nós próprios estabelecermos. Para benefício mútuo, é importante que sejamos capazes de manter a nossa identidade. Só assim poderemos dar valor acrescentado às diferentes marcas.
M&P: É uma estratégia que acaba, no fundo, por beneficiar sobretudo a revista Sábado, quer em termos de meios que habitualmente não estão ao dispor da redação de uma newsmagazine quer do ponto de vista da exposição e visibilidade da marca? Acaba por ser uma vantagem estratégica relativamente face à vossa concorrente direta, a Visão, que não dispõem deste tipo de sinergias?
NTP: A Sábado é obviamente beneficiada em termos de exposição de marca ao ter uma presença constante na CMTV, que é o canal mais visto do cabo e que, em certas ocasiões, acaba mesmo por superar a audiência das televisões generalistas. Não aproveitar essa força seria pouco inteligente da nossa parte. Mas não é só a Sábado que é beneficiada: a CMTV também fica a ganhar com a presença da Sábado em antena, como parte integrante da estratégia de crescimento e de captação de novos públicos para o canal. Foi por isso que referi a importância de mantermos a nossa identidade, que é necessariamente diferente da do Correio da Manhã e da CMTV.
M&P: No que diz respeito ao posicionamento da Sábado enquanto marca de informação também no formato televisivo, arrancou no último mês um novo programa que leva o GPS para a antena da CMTV. O formato vem juntar-se a programas como Sábado Viajante (viagens e turismo) e Investigação Sábado (grande reportagem). Vão ficar por aqui ou há novos projetos em desenvolvimento para reforçar a presença da revista na programação do canal?
NTP: Para já queremos solidificar a presença em antena destes três programas, que têm sido muito bem recebidos pelo público. Mais à frente haverá sempre a possibilidades de novos projetos. Como disse, esta é uma área que está a ser criada por nós próprios.
M&P: O Investigação Sábado passou agora a ser conduzido por si. O formato é estratégico para este objetivo de levar a Sábado a “crescer como marca televisiva no âmbito da CMTV”?
NTP: O Investigação Sábado é apenas mais uma extensão daquilo que a revista é e pode dar à CMTV. Ao longo dos anos, a Sábado destacou-se pelas reportagens que marcaram a atualidade do país. A mais emblemática foi obviamente a capa sobre a investigação que tinha como alvo José Sócrates – a famosa Operação Marquês – mas houve muitas outras sobre maçonaria, espionagem, corrupção, terrorismo ou a revelação de que Rui Pinto estava por detrás do roubo dos emails do Benfica e do Football Leaks. No entanto, a Sábado não é apenas isso, pelo contrário: é muito uma revista que aborda sem complexos temas de lazer e boa vida, assuntos comportamentais, política, finanças pessoais ou saúde. Sempre na perspetiva das pessoas.
M&P: Como tem evoluído a redação da Sábado no sentido de dar resposta a esta estratégia, quer no reforço da vertente multimédia quer ao nível da declinação da marca para o universo televisivo?
NTP: A Sábado tem uma redação extremamente talentosa, que não vira a cara a um bom desafio e que está sempre disposta a aprender novas valências. Os jornalistas têm sido inexcedíveis naquilo que lhes tem sido pedido, seja na vertente multimédia, seja na parte televisiva. Sem eles não teria sido possível fazer aquilo que já conseguimos alcançar.
A entrevista completa pode ser lida na edição do M&P em papel ou na edição digital