Os bastidores da ligação da Nike à nova marca com Kim Kardashian (com vídeos)
A NikeSkims quer conquistar as mulheres, que representam 40% das vendas da Nike, mas também crescer no vestuário, que corresponde a 28% da faturação, capitalizando a notoriedade crescente do desporto feminino. A Skims irá explorar a roupa interior na interseção com a moda e o vestuário desportivo

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Com o lançamento nos Estados Unidos marcado para esta primavera, a nova linha de vestuário desportivo da Nike – em parceria com a Skims (marca de roupa interior modeladora de Kim Kardashian) – quer conquistar o público feminino. O objetivo é aumentar as vendas da Nike neste segmento, que representa 40% da faturação total e está com o crescimento estagnado, mas o que está por trás do caminho com a NikeSkims vai além disto.
A esta colaboração, que se apresenta como ‘Designed to sculpt. Engineered to perform’, não é alheio o alcance mediático de Kim Kardashian nem a notoriedade crescente do desporto feminino e das questões de género relacionadas com as mulheres no desporto. Os termos financeiros do negócio com a Skims estão em segredo, mas certo é que esta é a primeira vez que a Nike colabora com outra empresa para criar uma marca. Uma decisão que não é tomada ao acaso.
A NikeSkims é um dos primeiros grandes movimentos estratégicos da Nike, desde que Elliott Hill assume o cargo de CEO, em outubro de 2024, apesar de a imprensa internacional noticiar que o acordo com a Skims começa a ser negociado no final de 2023, durante a liderança do anterior CEO. É ele, John Donahoe, quem inicia a nova estratégia focada nas vendas em canais próprios e na melhoria dos resultados financeiros, na qual a NikeSkims se integra, com o objetivo de vender mais peças de vestuário, em mais tamanhos e para mais clientes, nomeadamente no segmento feminino.
O regresso ao Super Bowl como parte da estratégia
O arranque do posicionamento no território do desporto e das mulheres é dado com a campanha publicitária ‘So win’, que a Nike lança no Super Bowl 2025, depois de ter estado 27 anos ausente do mais mediático intervalo publicitário. O anúncio filmado a preto e branco dá mais um sinal do caminho estratégico da Nike, ao mostrar o estilo e atitude de mulheres atletas, dentro e também fora do contexto das competições.
“Tínhamos perdido a obsessão pelo desporto. Avançando, seguiremos com o desporto e iremos colocar o atleta no centro de todas as decisões”, anuncia o CEO Elliott Hill, numa apresentação de resultados a investidores, em dezembro de 2024, em que declara que o desporto será de novo a ‘Estrela do Norte’.
Ir além do vestuário de desempenho desportivo
Apostando num design funcional e que favoreça as formas físicas femininas, a NikeSkims, anunciada a 18 de fevereiro, quer dar resposta “às necessidades e preferências únicas das mulheres atletas de todo o mundo e revolucionar a forma como vivenciam o desporto e o estilo”, explica a marca em comunicado de imprensa.
Além disto, o objetivo é criar também a procura através da vertente de moda que está associada ao vestuário de treino, calçado e acessórios que a NikeSkims vai lançar. Em paralelo com o público feminino, que corresponde a 40% das vendas da Nike, esta marca quer reforçar-se também no setor do vestuário, que representa apenas 28% das vendas, segundo a CNBC.
Depois do primeiro lançamento na primavera, em lojas selecionadas nos Estados Unidos e na loja online da Nike, a NikeSkims terá a expansão global em 2026, que inclui novos países e parcerias com grandes retalhistas, ainda por anunciar.
“Com a NikeSkims, estamos a aprofundar o apoio às mulheres, a ouvir as vozes das nossas atletas e das mulheres em todo o mundo, para satisfazer as suas necessidades com um ponto de vista único e disruptivo, enraizado na força e no estilo e alimentado por duas marcas conhecidas pela inovação e pela disrupção cultural”, argumenta Amy Montagne, vice-presidente e diretora-geral da Nike Women, citada no comunicado de imprensa.
A ligação à Skims e a importância das parcerias
Apesar de a Nike ter a submarca Jordan, esta não é criada em parceria com outra marca, ao contrário da NikeSkims. Lançada em 1985, a Jordan nasce na sequência do patrocínio por cinco anos assinado em 1984 com o basquetebolista Michael Jordan, por 2,5 milhões de dólares (€2,38 milhões, ao câmbio atual), e é um caso de sucesso que supera as vendas da própria Nike.
Os princípios do marketing argumentam, tradicionalmente, no sentido de que as marcas devem crescer dentro da própria marca e com inovação dentro dos produtos-estrela. Mas a criação da Jordan prova o contrário, ao tornar esta submarca a área de negócio da Nike com melhor desempenho.
No ano fiscal de 2024, a Jordan tem uma faturação de 6,9 mil milhões de dólares (€6,6 mil milhões) e um crescimento de 6%, face ao mesmo período no ano anterior. No total, a Nike tem receitas de 51,4 mil milhões de dólares (€49,1 mil milhões), a subir apenas 1%, a mesma percentagem de crescimento nas divisões de Homens e Crianças – em Mulheres o crescimento é de 0%, segundo os dados da Reuters.
Skims é inpirada na Nike
No caso da ligação à Skims – marca que alegadamente é inspirada na Nike e também na Apple e na Lululemon -, o propósito é não só crescer as vendas e a aproximação às mulheres, como beneficiar também a marca de Kim Kardashian com a presença global da Nike em termos de pontos de venda e das potenciais consumidores de artigos de desporto.
“Esta parceria é o culminar de uma visão partilhada, fornecendo um produto meticulosamente concebido para esculpir e ter um desempenho adequado a cada corpo feminino. Cada detalhe foi pensado e considerado cuidadosamente”, refere Kim Kardashian, cofundadora e diretora criativa da Skims, em comunicado de imprensa.
Fundada em 2019, a Skims tem uma ascensão meteórica (e uma avaliação de 4 mil milhões de dólares – €3,8 mil milhões, em 2023), suportada pela popularidade de Kim Kardashian, que soma 357 milhões de seguidores, só no Instagram. Além de capitalizar o perfil desta celebridade global, a Skims sabe detetar uma lacuna no mercado: a necessidade de roupa interior feminina modeladora, para todos os tipos de corpos e tons de pele.
Não é por acaso que a Skims é um caso de estudo na Harvard Business School, que a destaca como uma marca nativa digital de venda direta em plataformas próprias, que se posiciona desde o início como uma grande marca, escalando um segmento com potencial dentro da roupa interior. Com a NikeSkims irá explorar a roupa interior na interseção com a moda e o vestuário desportivo.