Consultores com influência crescente
O interesse das agências de comunicação portuguesas no mercado angolano ganhou visibilidade no Verão de 2008. Em Julho, a Cunha Vaz & Associados revelou a intenção de abrir um […]
Filipe Pacheco
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O interesse das agências de comunicação portuguesas no mercado angolano ganhou visibilidade no Verão de 2008. Em Julho, a Cunha Vaz & Associados revelou a intenção de abrir um escritório em Luanda em Outubro. Depois, em Agosto, confirma-se a aproximação da LPM ao mercado angolano. É que a agência de Luís Paixão Martins acabava de celebrar um contrato para fazer a consultoria de marketing institucional e comunicação pública do governo da República de Angola.
Um mês depois, torna-se oficial o início da actividade da LPM em território angolano, através de uma parceria com a Publivision, agência de publicidade que tem como um dos sócios Álvaro Torre, também ele director-geral da MediaNova, grupo que faz parte da carteira de clientes da agência de Luís Paixão Martins. LPM Publivision era a marca escolhida para oferecer serviços de publicidade, marketing, below the line e assessoria mediática, tendo com principal foco algumas das principais empresas portuguesas a operar em Angola. Paixão Martins destacou Henrique Ribeiro para dirigir a actividade da nova agência , mas, desde essa altura, não são conhecidos os clientes que estão a usufruir dos serviços da agência.
Contactado pelo M&P, Luís Paixão Martins não quis responder a qualquer das questões colocadas acerca da actividade da agência naquele país.
Em Julho de 2008, ao ser atribuída a comunicação da Taça das Nações Africanas à Cunha Vaz & Associados, a C&C, na qualidade de parceira da agência de Cunha Vaz neste concurso, dá a conhecer a sua ligação ao mercado angolano, que vem desde há anos. Embora sem empresa constituída em Angola, Fernando Fernandes, director-geral da C&C e que está à frente dos projectos relacionados com aquele mercado, refere que a agência “trabalha para clientes e projectos angolanos há cerca de 10 anos”.
Quando se trata de prestar serviços para o mercado angolano, o director-geral é apoiado “directamente por uma equipa de quatro pessoas e por toda a estrutura de Lisboa sempre e quando se mostra necessária a intervenção de cada um dos colaboradores”, explica.
Sem revelar nomes de clientes no país, o responsável sublinha que a C&C prestou serviços para empresas ligadas a vários sectores da economia, “desde os serviços à comunicação, passando pela indústria extractiva”, diz, juntando a estes “campanhas de sensibilização da opinião pública de iniciativa governamental ou provincial”. Para estas acções, a consultora portuguesa estabeleceu uma parceria com uma agência de publicidade, a Orion. Entre as várias campanhas de sensibilização desenvolvidas em conjunto com esta agência encontram-se a relativa ao desarmamento da população civil angolana e a do registo eleitoral, detalha o director-geral da C&C. Os clientes trabalhados pela agência, como explica, resultam de “contactos directos e das nossas parcerias locais”. Mas acrescenta: “A partir de um determinado momento o trabalho feito e os resultados obtidos têm sido o nosso melhor cartão de visita”.
Na área do desporto, a C&C também tem experiência acumulada no mercado angolano. A comunicação do Afrobasket, em 2007, do CAN 2008 de andebol masculino e feminino e do campeonato de clubes de hóquei em patins são alguns projectos em que a C&C participou e, que segundo Fernando Fernandes, são o reflexo da “afirmação de Angola no contexto africano através do desporto”.
Mais recentemente, através de outra parceria com a Cunha Vaz & Associados, a agência de comunicação presidida por Alexandre Cordeiro, esteve envolvida na organização e comunicação da visita do Papa Bento XVI ao território angolano. Os vários projectos nos quais a C&C esteve envolvida permitem a Fernando Fernandes traçar um quadro do que é a actividade de consultoria naquele mercado. “Trabalhar em Angola não é mais nem menos difícil do que em qualquer outro lugar. Simplesmente é diferente. A cultura é diferente, a sociedade é diferente e os meios são diferentes”, elucida. Mesmo assim aponta alguns obstáculos com os quais a sua agência se tem deparado ao longo do seu percurso por terras angolanas. “A principal dificuldade ‘natural’ é, salvo honrosas e poucas excepções, a falta de meios humanos locais tecnicamente apetrechados para executar projectos de comunicação de grande envergadura. O que nos obriga a desenvolver acções paralelas de ‘formação em exercício’ praticamente em todos os projectos. Mas também é muito gratificante ver os resultados que rapidamente se registam a esse nível”, explica.
António Cunha Vaz, quando anunciou a entrada em Luanda, justificou a abertura de um escritório na capital angolana por ser um mercado com “muitas empresas em fase de crescimento” e pela “coincidência de estarem lá presentes clientes” da agência portuguesa. Agora, António Cunha Vaz revela que agência abriu, em Outubro, com a designação de CV&A Angola, S.A. “Foi aceite a denominação pelo ministério competente em Outubro de 2008. Até então e desde Maio de 2008 desenvolvíamos trabalho como consultor estrangeiro”, explica.
Neste momento, conta, o escritório é dirigido por Carlos Manuel Garcia, que é coadjuvado por “três colaboradores locais e três expatriados, e, em part-time, por mais dois locais”. Uma equipa que, tal como a intenção inicial de Cunha Vaz, está a trabalhar, a Mota-Engil, o BCP, a Visabeira e a Sagres, todas empresas que incluem o portfólio de clientes da agência em Portugal. Em termos de clientes locais, Cunha Vaz diz estar a trabalhar três empresas privadas angolanas, cujos nomes a agência “não está autorizada a revelar”. António Cunha Vaz adianta ainda que espera facturar, em 2009, naquele mercado, metade da facturação da agência em Portugal. A finalizar, refere-se às dificuldades sentidas pela sua empresa em entrar em Angola: “São as mesmas que sentimos quando iniciámos actividade em Cabo Verde e até em Espanha, isto é, temos que nos adaptar às regras locais. Logisticamente é mais difícil operar e em matéria de organização as coisas são diferentes de Portugal”.
Já a Green Media, outra agência de comunicação nacional, adiantou ao M&P a sua intenção de entrar naquele mercado até ao final do primeiro semestre deste ano, não querendo, contudo, revelar os detalhes de expansão da agência.