South by Southwest: Cannes já foi no Texas
O Festival South by Southwest (SXSW) oferece uma programação única de conferências e apresentações de ideias, produtos, pessoas e empresas que estão hoje a fazer conteúdos interactivos, filmes e música.
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O Festival South by Southwest (SXSW) oferece uma programação única de conferências e apresentações de ideias, produtos, pessoas e empresas que estão hoje a fazer conteúdos interactivos, filmes e música. Aqui a criatividade é avaliada pelo lado do negócio. As melhores ideias e projectos não ganham Leões de Ouro, recebem investimento, dinheiro. E do ponto de vista do negócio, esta agregação das indústrias tecnológica com as de produção de conteúdos não é inocente. É aqui que criadores de plataformas, de efeitos e de suportes, encontram os criadores de conteúdos musicais, realizadores, argumentistas, jornalistas, gammers, bloguers e outros não-classificáveis.
Num dos painéis que melhor exemplificam esta convergência, estavam Sean Lennon (músico e filho do pai), o criador do Farmville, o realizador de Wedding Crashers e o argumentista do site de humor Onion: música, jogos, realização, storytelling. A dupla criativa dos Mad Man dos anos 50 são agora quatro ou cinco ou dezenas de pessoas a trabalhar em colaboração e sobreposição.
Hoje não há conteúdos que não tenham que ser suportados de uma maneira muito competente nestas áreas. Por exemplo: os filmes têm que ter uma banda sonora que funcione como mais uma janela de visibilidade e negócio. Geram (muitas vezes) jogos e conteúdos/sites interactivos. E apresentam-se e divulgam-se em todas as plataformas: nos cinemas, aluguer, download, nos canais pagos, no mobile, etc, etc.
O SXSW é, portanto, um Festival para quem quer fazer coisas. Para quem quer encontrar um parceiro, uma ideia, algo que em convergência com a sua própria ideia ou produto resulte em algo mais completo. Aqui a assitência paga para ver. E vê, pergunta, avalia, faz negócio, compra e vende-se.
Sei o que digo: já fui 14 vezes ao Festival de Cannes, e também ao Eurobest, Epica, New York Festivals, Festival Ibero-Americano… Já fui jurado em quase todos estes e gostei, aprendi e recomendo que as empresas continuem a participar e a investir para que os seus quadros evoluam, vendo o trabalho dos seus pares. Mas são feiras de vaidades. O SXSW é uma feira de oportunidades.
Nos festivais que entregam prémios e estatuetas premeia-se e dá-se reconhecimento aos melhores trabalhos – mas são coisas que todos vimos (na internet e em outros media). Não sei qual será o próximo Grand Prix de Cannes. Mas aposto que já o vi.
No South by Southwest vem-se “apresentar” o próximo trabalho e não o anterior. Ninguém vem mostrar, vaidoso, o bom trabalho que fez e receber palmas por isso. Vem avaliar se o seu próximo projecto é bom e quem tem disposição e capacidade para nele entrar. Aqui não há espectadores, todos são actores.
O SXSW vende convergência de criadores. Qualidade de apresentadores e de espectadores. E também quantidade. Os números são impressionantes: quase 12 mil inscritos para Interactive (mais do dobro de todo o Festival de Cannes), mais 11 mil pessoas que assistem ao Festival de Filmes e mais 17 mil pessoas para o SXSW Music.
A sensação que fica para qualquer pessoa é que no seu raio de visão há cem, duzentas ou mil pessoas mais talentosas do que ele próprio. Não há vaidade que resista a isto. Fica a vontade de os conhecer a todos
– Keep Austin Weird
É impossível ir-se a um evento como o South by Southwest (SXSW) em Austin, Texas, sem se falar da experiência vivida. Ao mesmo tempo é também impossível descrever essa mesma experiência sendo fiel àquilo que realmente foi sentido e vivido. Simplesmente o SXSW é um exagero, mas um exagero de algo bom. Algo que não se consegue dizer o que é! São as pessoas? São. São os locais? São. São as infra-estruturas? São. É o clima? É o espaço? É a actividade? É o…? Sim, sim, sim, sim. É tudo que aliado causa uma experiência única quase esotérica que faz quem lá esteve voltar hipnotizado e com uma única certeza: a de voltar.
Austin é um local onde os nativos apenas têm um gesto em comum: o sorriso. São um povo que está sempre disposto a ajudar, a receber os outros, ávido de estórias novas e pessoas novas, que gosta de partilhar e de se misturar não perdendo, no entanto, o seu espírito e a sua génese única. São pessoas trabalhadoras, competentes que quando tiram a máscara do trabalho divertem-se de uma maneira que quem lá está de visita inveja e ao mesmo tempo admira. Para os “Austinites” não há problemas, só soluções.
A cidade em si tem praticamente tantos habitantes quanto Lisboa, no entanto, como não podia deixar de ser nos Estados Unidos, tudo é grande, enorme.
Durante o SXSW, Austin é invadido por milhares de visitantes, portanto o receio de filas enormes é previsível. Mas em situação alguma se sente que o espaço onde estamos está demasiado cheio nem nunca se espera demasiado em filas. Outro aspecto que é impossível escapar a qualquer olho desatento é o civismo dos participantes. Num festival destas dimensões era de esperar que os recintos ficassem completamente cheios de lixo, no entanto, no SXSW não! É difícil encontrar-se um copo de plástico no chão.
Austin é uma cidade fantástica! Existem aspectos únicos. Tão depressa se vê uma família a entrar no Bikinis (um Sports Bar na rua de todos os bares, onde as empregadas servem em biquini, mini-calções e botas de cowgirl) com a maior naturalidade do mundo, como se senta ao nosso lado o maior rock’n’roller para comer um hambúrguer e beber uma cerveja.
Em suma, é uma cidade única cujas experiências são únicas e muito pessoais. Pode-se considerar uma droga, pois cada um sente a cidade da sua maneira e… vicia, vicia muito. Só há uma saída de Austin: a lacrimejar e a falar do regresso, do breve regresso! Nuno Melo Cristino (criativo da Excentric)
Jorge Teixeira