Meta acaba com verificação de factos, em nome da liberdade de expressão
Nas redes sociais da Meta passa a haver liberdade para criticar, por exemplo, pessoas da comunidade LGBTQ+ e caracterizar a homossexualidade como uma doença mental, mas não é previsível que os anunciantes as abandonem, devido ao alcance da publicidade no Facebook e Instagram
Daniel Monteiro Rahman
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A Meta, dona do Facebook, Instagram e Threads, vai pôr termo à verificação de factos de terceiros, o que constitui uma alteração significativa à política de moderação de conteúdos da empresa, noticia o The Washington Post. A empresa liderada por Mark Zuckerberg revela que vai adotar um modelo de notas da comunidade, semelhante ao do X, que permite aos utilizadores adicionar contexto ou desmentir afirmações em notas que aparecem ao lado das publicações.
Repetindo pontos de vista há muito utilizados por Donald Trump seus aliados, Mark Zuckerberg justifica a medida num vídeo publicado nas redes sociais, argumentando que a abordagem da empresa à moderação de conteúdos resulta, com frequência, em “censura”. A Meta também vai abolir as restrições impostas aos temas mais polémicos, como a imigração e a identidade de género, concentrando-se em violações consideradas ilegais ou de alta gravidade.
A alteração é acompanhada por mudanças nas políticas de comunidade da Meta, que dão mais liberdade para criticar pessoas da comunidade LGBTQ+ e outros grupos marginalizados. As novas regras permitem publicações que apelam a restrições com base no género em casas de banho, desportos e escolas específicas, ou que caracterizam a homossexualidade como uma doença mental, por exemplo.
A decisão da Meta reflete a estratégia de Elon Musk quando comprou o Twitter, mas não se espera que os anunciantes abandonem as redes sociais da empresa, tal como sucedeu após as mudanças na política de moderação de conteúdos do X.
A Meta é uma plataforma muito maior e mais importante para os profissionais de marketing do que o X e tem resistido a controvérsias relativas ao teor dos seus conteúdos. Alguns dos principais anunciantes avançam ao The Wall Street Journal que não estão a planear reduzir os investimentos após as alterações, dado que os anúncios publicados na Meta lhes oferecem um retorno que não podem recusar.
“Ao contrário do X, a Meta é uma plataforma essencial para os anunciantes e será muito mais difícil abandonarem os investimentos, mesmo que as preocupações ligadas à segurança da marca aumentem”, explica Jasmine Enberg, vice-presidente e analista executiva da empresa de estudos de mercado eMarketer, em declarações ao The Washington Post.
Mark Zuckerberg reconhece que as alterações são um “compromisso” que permitirá a circulação de mais “conteúdos negativos” nas plataformas da Meta, aludindo a um “ponto de viragem cultural” estimulado pela vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais, que se tem manifestado frequentemente contra a verificação de factos, por considerar que esta constitui um impedimento à liberdade de expressão.