Inacessível nos EUA desde sábado à noite, TikTok regressa na tarde de domingo
Donald Trump quer que os EUA tenham 50% do TikTok. A Perplexity AI propõe fundir-se com as operações da rede social, numa nova empresa. Kevin O’Leary, investidor e apoiante de Trump, oferece 20 biliões de dólares para comprar a plataforma
Catarina Nunes
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O TikTok antecipa-se à data do bloqueio, previsto para domingo 19 de janeiro, e é suspenso nos Estados Unidos no sábado à noite, cerca de duas horas antes da meia noite de domingo, prazo estabelecido pelo Supremo Tribunal, na sexta-feira. Após várias horas sem acesso, a aplicação volta a funcionar na tarde de domingo (hora de Lisboa), na sequência das declarações de Donald Trump à NBC News, no sábado, sobre a intenção de permitir o funcionamento da rede social chinesa no país.
A Bytedance, dona do TikTok, agradece ao presidente eleito por “fornecer a clareza e garantia necessárias” e diz que trabalhará com Trump para “uma solução de longo prazo que mantenha o TikTok nos Estados Unidos”, noticia a imprensa internacional. Donald Trump, por seu lado, manifesta nas redes sociais que “gostaria que os Estados Unidos tivessem uma posição de 50% de propriedade numa ‘joint venture'”, porque “ao fazer isso, salvamos o TikTok, mantemo-lo em boas mãos e permitimos que continue a operar. Sem a aprovação dos EUA, não há TikTok. Com a nossa aprovação, ele vale centenas de biliões de dólares – talvez triliões”.
As propostas não se fazem esperar. No sábado, a Perplexity AI propõe à ByteDance a criação de uma nova entidade, que fundirá a empresa de inteligência artificial (IA) com as operações do TikTok nos Estados Unidos. Caso esta proposta se concretize, a nova estrutura incluirá mais investidores e permitirá que os atuais acionistas da ByteDance mantenham a participação. O negócio, porém, não abrange a compra do algoritmo da ByteDance, que define o alcance das publicações no TikTok em termos dos utilizadores que as veem.
Outros investidores são dados como interessados no TikTok. Um dia antes da Perplexity AI, Kevin O’Leary, apoiante de Donald Trump e estrela da versão canadiana do ‘Shark Tank’ anuncia na sexta-feira, 17 de janeiro, a oferta à ByteDance de 20 biliões de dólares (€19,5 mil milhões) em dinheiro para comprar o TikTok, em conjunto com Frank McCourt (investidor e dono do clube de futebol Marselha e de estádios nos Estados Unidos) e um consórcio com outros investidores.
“Desculpe, o TikTok não está disponível de momento”
Os utilizadores que tentaram aceder à plataforma na madrugada de sábado e no domingo depararam-se com a mensagem “Desculpe, o TikTok não está disponível de momento” (na foto), com a rede social e outras aplicações da Bytedance bloqueadas em lojas de ‘apps’ como a da Apple e da Google, bem como no site.
A mensagem mostrada aos utilizadores referia ainda que “foi promulgada uma lei nos Estados Unidos que proíbe o TikTok. Infelizmente, isto significa que não pode usar o TikTok por enquanto”, acrescentando que “temos a sorte de o presidente Trump ter indicado que vai trabalhar connosco para encontrar uma solução para restaurar o TikTok assim que tomar posse”.
Em entrevista à NBC News no sábado, Donald Trump revela que está a considerar conceder ao TikTok uma extensão de 90 dias, avançando que provavelmente essa prorrogação será anunciada na segunda-feira, 20 de janeiro, dia da tomada de posse como presidente e de entrada em funções na Casa Branca. Recorde-se que a administração de Joe Biden tinha deixado a Donald Trump a implementação da lei que proíbe o TikTok, uma vez que a tomada de posse do presidente eleito ocorre no dia a seguir à entrada em vigor da lei.
A ameaça à segurança nacional e a história da proibição
Em Washington, os legisladores e funcionários da administração há muito que manifestam preocupação em relação ao TikTok, que consideram uma ameaça à segurança nacional, por ser detida por uma empresa chinesa, que também detém as aplicações de edição de vídeo CapCut e Lemon8, ambas igualmente indisponíveis nos Estados Unidos, no sábado à noite.
Ao defender a lei em tribunal, a administração de Joe Biden alegava estar preocupada com a recolha pelo TikTok de grandes quantidades de dados de utilizadores dos Estados Unidos, que poderiam acabar nas mãos do Governo chinês através de coação. Outra das alegações é o facto de o algoritmo que alimenta o que os utilizadores veem no TikTok ser vulnerável à manipulação das autoridades chinesas, que podem utilizá-lo para moldar o conteúdo da plataforma de formas difíceis de detetar.
Até agora, porém, os Estados Unidos não apresentaram publicamente provas de que o TikTok tenha cedido dados de utilizadores às autoridades chinesas ou manipulado o algoritmo para favorecer os interesses chineses.
A lei que visa a Bytedance é aprovada pelo Congresso norte-americano em abril de 2024. Joe Biden assina-a rapidamente, mas a lei é processada pelo TikTok e pela ByteDance com base na Primeira Emenda. Na sexta-feira, 17 de janeiro, o Supremo Tribunal decide, por unanimidade, que os riscos para a segurança nacional devido à ligação à China se sobrepõem às preocupações de limitar o discurso da aplicação ou os 170 milhões de utilizadores nos Estados Unidos.
Na sequência desta decisão do Supremo Tribunal, o TikTok argumenta que “será forçado a ficar às escuras” se a administração não fornecer uma “declaração definitiva” às empresas que fornecem o serviço nos Estados Unidos. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, por seu lado, classifica o pedido do TikTok como uma “manobra” e alega que não há razão para o TikTok ou outras empresas “tomarem medidas nos próximos dias, antes da tomada de posse da administração Trump”.
Artigo atualizado às 18h58 com a informação do restabelecimento do TikTok