‘Televisões na internet oferecem às pessoas o que elas querem ver sem perdas de tempo’
TV Net, Loures TV, PF TV e, mais recentemente, a Speaky TV são apenas alguns nomes que podem ser dados como exemplos de projectos audiovisuais na internet. A possibilidade […]
Sofia da Palma Rodrigues
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TV Net, Loures TV, PF TV e, mais recentemente, a Speaky TV são apenas alguns nomes que podem ser dados como exemplos de projectos audiovisuais na internet. A possibilidade de selecção daquilo que se quer ver sem limites temporais, conteúdos mais direccionados e a facilidade de acesso são algumas das mais-valias deste formato. Mas estarão os canais de televisão tradicional ameaçados por ele? O administrador da TV Net, Nuno Tomé, diz que não. “Os canais de televisão estão ameaçados pelos novos hábitos de consumo. As gerações mais novas tendem a ver cada vez menos televisão tradicional.
Consomem outros meios e mesmo vários meios em simultâneo. A televisão, com programas longos obrigatoriamente muito abrangentes no seu público alvo, está cada vez mais distante das novas realidade. As novas plataformas têm mais potencialidades de interacção do que a actividade passiva que é ver televisão. Por isso, o que ameaça as televisões tradicionais não são as TV online por si só, mas a capacidade destas proporcionarem novos serviços capazes de constituírem mais-valias para o consumidor.”, explica Nuno Tomé.
Para Fernando Alvim, responsável pela Speaky TV – projecto lançado este mês que se assume com uma tele-escola audiovisual, divulgadora de workshops e conferências que já aconteceram, e dirigida a “todos aqueles que gostariam de ter lá estado e não puderam” – as televisões online são fortes rivais do formato tradicional que nos tem acompanhado até agora: “Fazendo uma analogia com a imprensa escrita, as televisões online significam para os canais convencionais o mesmo que os jornais gratuitos significam para a imprensa paga. Um sério rival. A internet é hoje em dia uma espécie de rede social onde muitos se aglomeram À volta de um ecrã para ver determinados vídeos, no momento que quiserem. É certo que a televisão em muitos casos já dá também para fazer isso, mas na net convenhamos que é ainda mais fácil”, analisa Alvim. O mentor da Speaky TV reconhece ainda que a principal mais-valia de ter uma televisão na internet é o “apetecível investimento”. “Até agora, um canal de televisão só estaria ao alcance de poderosos grupos económicos e hoje quase qualquer pessoa pode ter um. Faz-me lembrar o período áureo das rádios piratas em Portugal, em que proliferaram as estações de rádio em todo o país. Só que agora é ainda mais fácil”, defende. No que toca ao financiamento do formato, Nuno Tomé discorda de Alvim quando este diz que se trata de um projecto sem grandes investimentos. Para o responsável, a TV Net oferece um conteúdo que na sua essência dá notícias baseado na produção de informação de vídeo “que não faz parte do tipo de conteúdo em que os custos são mais reduzidos”. O administrador justifica a posição ao afirmar que, desde o início, a TV Net procurou posicionar as suas emissões na liderança do segmento de mercado onde se insere. Para tal, explica, “fizemos um investimento significativo em tecnologia de captação, edição e difusão de vídeo. Temos um estúdio próprio insonorizado e tratado acusticamente. Produzimos semanalmente horas de televisão e emitimos programas de informação e entretenimento”. Com uma equipa de cerca de 12 pessoas, o modelo produtivo do canal baseia-se em ferramentas tecnológicas de desenvolvimento próprio, sendo que a TV Net já não se assume exclusivamente como uma TV online mas como uma “redacção multiplataforma que produz conteúdos para internet, mobile TV, rádio e instore TV”. “Infelizmente em Portugal, ao contrário do que acontece pelo mundo, não se tem afigurado fácil a comercialização de vídeo na internet. Há como que uma resistência à massificação do pré roll (vídeo publicitário que antecede a visualização do conteúdo escolhido pelo cibernauta”, queixa-se Nuno Tomé. E acrescenta: “A concentração dos meios em Portugal e a quase inexistência de projectos informativos online fora dos quatro ou cinco grandes grupos de media acaba por distorcer o mercado e dificultar o trabalho de quem não está integrado nestas grandes estruturas”.
Outra das ofertas neste mercado são as televisões regionais. A TV Loures é um exemplo. António Palha, director desta televisão online, diz que o projecto surgiu por “carolice” e agora é já de grande utilidade para os residentes do concelho de Loures. Com notícias, reportagens e peças de fundo dirigidas ao público da região, aquilo que surgiu por mero gosto pessoal tem já uma estrutura montada de quatro jornalistas e três estagiários. As emissões não têm uma periodicidade fixa e essa é uma das características que António Palha diz querer vir a mudar em breve.”Gostava de garantir um telejornal diário e reportagens de fundo semanalmente, para que se pudesse criar nos nossos espectadores uma habituação de formatos e, assim, visitassem diariamente a página” A TV Loures, explica o responsável, faz já algumas parcerias com eventos da região, não só garantindo a sua cobertura como angariando verbas com e através deles.
A actuar num meio pequeno, muitas vezes as dificuldades de financiamento são sentidas a dobrar. António Palha é quem o diz: “Sei que se alargássemos a nossa actuação a mais concelhos os financiamentos seriam mais facilitados. No entanto, nascemos como TV Loures e é assim que nos gostaríamos de manter. Se formos para mais concelhos, perdemos a nossa essência”, afirma o responsável, ao mesmo tempo que deixa o apelo: “Se os anunciantes da zona investissem mais na TV Loures seria muito mais produtivo porque estão a falar apenas para aqueles a que se dirigem efectivamente e não para o país inteiro”. Já Fernando Alvim explicou ter como ambição, aquando do anúncio de lançamento da Speaky TV, “cobrir o país de Norte a Sul”. O projecto conta apenas com o investimento financeiro do próprio, “que não foi assim tão elevado”, e com as mesmas seis pessoas que fazem a revista 365 e outros projectos organizados por Fernando Alvim. Este revela que “sem dúvida o facto de a Speaky TV ter custos reduzidos vai fazer com que muitas coisas possam vir a ser experimentadas. Sinto que, online, vão existir canais de tudo e, como sempre, os melhores resistirão”.
Se as televisões na internet serão ou não um formato que irá vingar no futuro ainda é cedo para dizer. Nenhum destes projectos é contabilizado no ranking Netscope, logo não existem dados públicos sobre o número de visitantes que lhes afluem. No entanto, os números apontam para que haja cada vez mais uma proliferação deste formato na internet. Sem necessidade de avultados investimentos iniciais ou de uma grande equipa, abre a possibilidade para projectos locais ou com temáticas dirigidas cujo tipo de informação não tem muitas vezes lugar nos outros meios. Por agora, é certa a posição dos responsáveis por estas televisões: esperam vingar no mercado e conquistar espectadores assíduos que não tenham que recorrer ao zapping para verem aquilo que lhes interessa.