Uma semana exemplar
Esta não deve ter sido uma semana fácil para os lados do Turismo de Portugal.
Rui Oliveira Marques
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Esta não deve ter sido uma semana fácil para os lados do Turismo de Portugal. Na terça-feira o Correio da Manhã divulgou o plano de meios para uma campanha daquele instituto em que o grupo do jornal, a Cofina, estaria a ser discriminado. Depois veio o cancelamento do Red Bull Air Race no Porto, evento que envolve o mesmo organismo. Pelo meio assistiu-se ao fecho da rede de agências de viagens Marsans, que poderá deixar muitos portugueses em terra. As atenções voltaram-se uma vez mais para o Turismo de Portugal, já que dispõe apenas de uma caução de 25 mil euros para indemnizar os lesados.
A poucas semanas de se cumprir um ano desde que se soube que sócios da LPM tinham comprado a Briefing à Media Capital, o exemplo do Turismo de Portugal, cliente da agência, ajuda a perceber porque é que uma consultora de comunicação convive lado-a-lado com uma revista/site especializados em marketing.
A notícia do Correio da Manhã foi omitida. Na versão online a Briefing replica no canal LusaBrief praticamente todas as peças de media e marketing da Lusa. A agência de notícias também escreveu sobre esse assunto, mas quem dirige a Briefing terá achado que o tema não era pertinente para partilhar com os seus leitores. Já a propósito da Air Race, na edição online encontrava-se uma notícia intitulada “Turismo de Portugal acusa Red Bull de ‘falta de fiabilidade’ como promotor” em que é reproduzido, de cima a baixo, o comunicado do instituto de Luís Patrão.
Ao longo destes meses fomo-nos deparando com exemplos mais ou menos óbvios de interferência ou de favorecimento. Um dos casos mais claros terá sido em Dezembro, em plena guerra de comunicação entre Lisboa e Porto para a localização da Red Bull Air Race, quando o site foi publicando notícias como “TVI quer transmitir Red Bull Air Race de Lisboa” ou “Turismo de Lisboa abre concurso para patrocínios do Red Bull”, conseguidas graças à relação da LPM com o cliente Associação de Turismo de Lisboa. Por coincidência, a directora executiva da Associação Turismo de Lisboa, Paula Oliveira, foi capa da edição de Maio da revista.
A forma como a Briefing tem acesso à informação dos clientes da LPM por duas vezes levantou mal-estar aqui no Meios & Publicidade. Primeiro foi um concurso de publicidade da Carris em que uns esclarecimentos que o M&P tinha solicitado saíram publicados em primeiro lugar na Briefing. Esta semana foi a vez do rebranding do Azeite Condestável, que estava a ser negociado em exclusivo para o M&P, ser revelado na Briefing sem que do lado da agência justificassem de uma forma clara como é que isso aconteceu. Falhas como estas abalam irremediavelmente a confiança que um jornalista tem numa agência de comunicação.
As intervenções chegaram ao agregador de blogues do site, uma ferramenta que até parecia ser interessante. Quem critica a LPM é eliminado. Foi o caso do Do Fundo da Comunicação de João Duarte e o Comunicações ou Não de Telmo Carrapa. O blogue de Salvador da Cunha não chegou sequer a entrar. Apesar da área da comunicação ser rica em blogues, poucos restam: It´s PR Stupid, Piar e Buzzófias, para além, claro, do Lugares Mesmo Comuns, da própria LPM.
Se vivêssemos num país que prezasse a qualidade das suas publicações, a Entidade Reguladora para a Comunicação Social e a APECOM, mesmo não sendo a LPM membro da associação das agências de comunicação, já se teriam pronunciado sobre este caso de promiscuidade. É assim que a Briefing, o mais antigo título especializado em media, marketing e publicidade do país, vai entrar no ano dois da sua existência na órbita da LPM.