Anthony Gibson: O futuro do modelo de negócio das networks multinacionais
A transformação que tem envolvido o negócio da publicidade coloca sérios desafios aos principais grupos de comunicação. Estará o modelo das grandes networks multinacionais em causa? O M&P recolheu os argumentos de quatro responsáveis de grupos com operação no mercado português. Hoje é a vez de Anthony Gibson, CEO do grupo Publicis One Portugal.
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‘Nunca existiu um período tão estimulante como este para trabalhar em comunicação’. Esta é uma frase que repito sempre que converso com estudantes universitários que estão a pensar em entrar nesta indústria. E é uma verdade em que realmente acredito. Contudo, não restam dúvidas de que os últimos três anos têm sido extremamente desafiantes, não apenas para as networks mas também para as agências independentes. Se, por um lado, os clientes iniciaram o seu próprio processo de transformação, as agências – especialmente as de network – também começaram a fazer o mesmo. Aquelas que agiram primeiro são as que estão a colher frutos positivos agora. O grupo Publicis não é excepção neste contexto e, há três anos, decidiu iniciar a sua própria disrupção. Um caminho do qual muitos duvidaram e alguns até riram, mas que hoje dá provas de ser uma solução vencedora. Para o grupo e para os seus clientes. Numa indústria que estava a viver turbulências na sua base, precisávamos de implementar um modelo de operação que se revelasse único, no qual nos pudéssemos posicionar como os parceiros ideais para os nossos clientes. Hoje, este novo modelo integra as operações do grupo Publicis em mais de 100 países. Começámos com uma visão clara: tornarmo-nos líderes em marketing e business transformation. Para alcançarmos esta ambição, temos como factor de diferenciação uma real integração de disciplinas. Da estratégia e criatividade para marcas à utilização de data-science e implementação de novas tecnologias dentro do negócio do cliente.
Mesmo dentro do nosso próprio negócio este espírito de transformação fica evidente. Deixámos de ser uma holding company para nos tornarmos uma plataforma de conexão de expertises, sempre com o cliente no centro de tudo o que fazemos. Assim, derrubámos os silos que existem nos modelos mais tradicionais e acelerámos a nossa própria transformação digital. Hoje, o revenue gerado a partir de serviços digitais e data já corresponde a 52 por cento da facturação mundial do grupo Publicis. Em Portugal está em 25 por cento e é a nossa área de maior crescimento.
É verdade que há muitos concorrentes a entrar no mercado todos os dias. Empresas de tecnologia, consultoras, grandes players digitais. Porém, por mais sedutor que isto possa parecer, ainda precisamos reconhecer que a criatividade tem de estar no centro do que fazemos. É por isso que todos os anunciantes – independentemente da importância da data – precisam de ter a criatividade como a solução. Uma grande ideia criativa – seja um anúncio, uma aplicação, um bot, uma experiência nas ruas ou nas redes sociais – tem o poder de ser notada, vista, lembrada, usada e partilhada. Só uma grande ideia consegue deixar uma impressão positiva e superar o maior obstáculo que os anunciantes têm enfrentado: a indiferença.
Quando somos bem-sucedidos na nossa transformação, quando temos todos os nossos especialistas a trabalhar de forma integrada, com o cliente no centro do que fazemos, a magia começa a acontecer. E quando colocamos uma forte componente criativa sobre tudo isto, percebemos que de facto o nosso Power of One é uma arma formidável para fazer parte das vantagens competitivas dos nossos clientes. Para mim, o futuro está nas networks que forem capazes de usar o seu vasto repertório de especialistas, da forma mais integrada e natural possível. Os que não forem capazes de fazer o mesmo, sejam redes internacionais ou agências independentes, vão ficar em pior posição para o futuro do nosso mercado. Acredito que os marketeers das mais diversas indústrias já estão a procurar a transformação dos seus negócios e a reinventar o consumer journey, coisas que só são possíveis com estratégia, tecnologia, data e criatividade.
Apesar de um contexto difícil e de o próprio grupo Publicis estar no meio de uma transformação, a qualidade dos resultados de 2017 demonstra a força da network e a sua capacidade de adaptação face às profundas mudanças da indústria. A nossa network está mais forte do que há um ano atrás. E o grupo Publicis One Portugal também. Nos últimos seis meses, as nossas acções valorizaram 12,7 por cento com a conquista de grandes contas globais, onde o nosso modelo de operação foi decisivo para clientes que estão em busca de um parceiro para a sua transformação. Tanto global quanto localmente, tivemos um ligeiro crescimento, acelerado no último quarto do ano.
Sinto que o futuro é promissor para as networks dispostas a fazer uma transformação completa e não apenas superficial. É preciso mudar a forma como a indústria tem trabalhado ao longo dos anos, fortalecendo e empoderando cada agência mas removendo barreiras de operação, de forma a integrar digital, data, tecnologia, media e criatividade para o benefício do cliente. E acredite, não é nada fácil.
Artigo de opinião de Anthony Gibson, CEO do grupo Publicis One Portugal
A transformação que tem envolvido o negócio da publicidade coloca sérios desafios aos principais grupos de comunicação. Estará o modelo das grandes networks multinacionais em causa? O M&P recolheu, para a edição desta quinzena do jornal, os argumentos de quatro responsáveis de grupos com operação no mercado português. Começamos com Anthony Gibson